Autor Tópico: "Admitamos: somos corruptos"  (Lida 1384 vezes)

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Offline Herf

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"Admitamos: somos corruptos"
« Online: 21 de Julho de 2008, 02:12:34 »
Domingo, 13 de julho de 2008, 00:00
"Admitamos: somos corruptos"
O Brasil ganharia se assumisse a queda que tem para a transgressão e os ilícitos, afirma Bolívar

Pedro Doria - O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - A história de Daniel Dantas se confunde com a do Brasil nos últimos 15 anos. Aluno dileto do economista Mário Henrique Simonsen, foi cogitado para o Ministério da Fazenda no governo Fernando Collor e teve atuação de destaque na venda de estatais. É também uma história passada na iniciativa privada, sempre sinuosamente entrelaçada com a política e o governo. Primeiro, pelas mãos de Antonio Carlos Magalhães, conterrâneo e protetor político. Então, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, nas estreitas relações com economistas ligados ao Plano Real, como Pérsio Arida e Elena Landau. Agora, no governo Lula, com petistas como Luiz Eduardo Greenhalgh e José Dirceu.

Dantas dominou manchetes e conflitos acionários, cultivou inimigos poderosos na iniciativa privada e no Planalto. Preso pela Polícia Federal, provocou uma briga jamais vista, com procuradores e juízes federais se levantando contra o Supremo Tribunal Federal. É uma história que insinua profundos veios de corrupção nas entranhas do Estado. "O Brasil é essencialmente corrupto e precisamos encarar isso", diz o cientista político Bolívar Lamounier, autor, com outros estudiosos, de Cultura das Transgressões no Brasil (Ed. Saraiva). "Vivemos há cem anos a ilusão de que com o crescimento econômico e a melhoria educacional tudo vai melhorar. O País está mais rico e, ao que tudo indica, mais corrupto. Existem avanços. O Ministério Público, a Polícia Federal, a própria Justiça. Mas, na avaliação do professor, temos uma política pior.

Daniel Dantas tem demonstrado habilidade de criar uma teia de sustentação em todos os governos. O que isso diz a respeito do Brasil?

É o chamado capitalismo político. Ele faz crescer sua fortuna pelos contatos políticos e o recebimento de informação privilegiada. O Brasil tem uma formação patrimonialista, ou seja, o Estado é o verdadeiro detentor da riqueza. Seu poder é avassalador. O emaranhado jurídico é tal que se tornou impossível manter uma empresa sempre em ordem. Daí a capacidade de pressão do governo ser devastadora. A influência do Estado em setores por natureza oligopólicos como telecomunicações, energia ou aviação é ainda maior. Desse jeito, um sujeito que tenha capacitação técnica e audácia, como Daniel Dantas, precisa de contatos políticos para se sustentar empresarialmente. É evidente que o caso dele, que dizem ter recorrido até a empresas de espionagem, é extremado. Mas todo grande empresário brasileiro precisa de uma relação simbiótica com o governo. Porque a mão do governo está presente em tudo.

Essa é a origem da corrupção no Brasil?

O problema da corrupção é muito mais profundo. Hoje estamos muito desarmados intelectualmente para compreender suas origens. O que nos sobra são dois consensos. O primeiro é de que a corrupção é generalizada na sociedade e todos discordamos do comportamento de todo mundo. O segundo é que a impunidade é ampla. Há uma total incapacidade de aplicar as leis. Se fôssemos punir, segundo o que manda a lei, toda a corrupção que há no País teríamos que pôr na cadeia metade da população. O que está acontecendo, agora, é uma tentativa de sair dessa síndrome da impunidade. Por isso um juiz federal manda prender, no Supremo mandam soltar, o juiz pede novamente a prisão. Mas daí pode haver um excesso do juiz federal, uma arbitrariedade, criando um clima de insegurança jurídica.

Por que não debelamos a corrupção?

Porque a enxergamos por uma ótica otimista. Atribuímos tudo ao passado: à colonização, aos portugueses, à formação do País. É uma análise evolucionista. Temos a impressão de que vamos em direção a algo melhor. O que atrapalharia seriam os grilhões do passado. Isso não é necessariamente verdade. Essa leitura esconde outra premissa, o conceito do bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau. O homem é bom, mas a sociedade o corrompe. No Brasil, a elite é ruim, mas o povo é essencialmente bom. Essa impressão é profundamente superficial. O Brasil é essencialmente corrupto. A verdade é a seguinte: nada indica que estamos a caminho de um mundo melhor. Corrupção e clientelismo não estão dando sinais de terem diminuído. Acho que estão aumentando. Quando o governo diz que temos mais informação sobre corrupção e só por isso ela aparece mais, isso soa como uma afirmação tão válida quanto qualquer outra. Só poderia aceitá-la se o governo tivesse uma lista com todos os corruptos e quanto desviaram ao longo dos tempos. No Brasil, a transgressão é generalizada e ocorre sempre por motivos econômicos. Há casos passionais, mas esses existem em qualquer sociedade e são a exceção. Estelionato, assalto, corrupção, o crime brasileiro tem causas econômicas.

Quais as causas da corrupção brasileira?

São três. A primeira é o crescimento econômico. Lá nos anos 50, desenvolvimentistas, acreditávamos que o enriquecimento do País levaria a uma população mais bem educada e enfim teríamos um Estado impessoal no qual todos que quebrassem a lei seriam punidos. O Brasil enriqueceu e nada disso aconteceu. Sempre que há um momento de crescimento econômico e modernização, surgem novas oportunidades de corrupção. É assim em todo lugar, não só nas nações pobres. Na França ou nos EUA, também. É quando aparece o conluio de grupos para fraudar licitações promovidas pelo Estado, por exemplo. Porque são oportunidades óbvias, envolvendo grandes quantias. Mesmo nas nações mais liberais, quando a economia cresce o Estado contrata muitos serviços envolvendo valores altos. Quando um país passa por uma grande transformação econômica, como é nosso caso, a tendência aumenta. No caso das privatizações, por exemplo, grandes somas passaram de uma mão para a outra e a corrupção foi inevitável, por mais que existissem controles. Na Rússia foi muito pior. O Japão tem uma corrupção monstro até hoje. A Coréia do Sul, também. São governos que concentram muito poder. A China se tornou capitalista faz quanto tempo? Vinte anos. E já ostenta um número grande de bilionários. Mesmo considerando o ritmo de crescimento chinês, essa riqueza veio como? Não pelo mérito.

E a segunda causa?

Mobilidade social. Nosso País tem 200 milhões de pessoas, metade delas muito carentes, a outra metade louca para melhorar de vida. Há muita mobilidade social. Quem diz que, no Brasil, o pobre nasce e morre pobre está no mundo da lua. Qualquer pequeno movimento da economia provoca mudanças imediatas, toda oportunidade aqui é aproveitada, pois o mercado é imenso e tem carências enormes. Nos últimos meses, por exemplo, quando o crédito para automóvel se estendeu, todo mundo comprou imediatamente sem se preocupar com quantas prestações ia pagar ou com o trânsito ruim. Automóvel facilita a vida e é um símbolo de status. O brasileiro tem uma vontade incrível de melhorar de vida, de ter melhor situação que a que seu pai teve. Junte as duas questões, oportunidades de corrupção e a vontade de melhorar de vida, e una isso à terceira causa: as normas brasileiras são frouxas.

É nossa herança portuguesa?

As normas morais, no Brasil, sempre foram fraquíssimas. Comparado à Europa, tivemos, por exemplo, uma Igreja muito fraca. O Direito, até há muito pouco tempo, não chegava a boa parte do País. As normas sociais são débeis e o Estado é incapaz de aplicá-las. A origem disso é o de menos. Nosso problema não é o passado, é o presente. Voltemos a Rousseau. Há algumas décadas, a Igreja no Brasil era fraca, mas muito reacionária. Defendia a propriedade, o latifúndio. Hoje, a Igreja é outra, acredita em Rousseau. Essa visão de que o povo é essencialmente bom, mas corrompido pelo ambiente, se espalhou por todos os setores da sociedade. É uma mentalidade que impede a aplicação da lei. Só a defesa do altruísmo é legítima. Um grupo que defenda seus interesses é considerado imoral. A palavra "interesse" soa suja, sugere um indivíduo calculista. Acreditamos em Papai Noel. Cremos que as pessoas são boas por princípio. Nos EUA, a cabeça deles não é Rousseau. É Thomas Hobbes. Para eles, as pessoas são más. É preciso vigiar o comportamento a toda hora. É preciso cumprir a lei, porque se não cumprir, a transgressão será generalizada. Polícia não tem que achar que as pessoas são boas ou são más. Tem é que olhar transgressão. A política tem que lidar com a probabilidade de certos comportamentos ocorrerem e se prevenir. Achamos que tudo que deu errado no Brasil tem uma origem social em algum ponto do latifúndio, da família patriarcal ou do que quer que seja. É ingenuidade. Nós somos uma sociedade de 200 milhões de pessoas, completamente urbana e pobre. É um País diferente.

Gilberto Freyre está obsoleto?

Completamente. No tempo dele, acreditava-se naquela idéia de que geração de riqueza levava a um mundo mais perfeito. Vinte anos atrás havia uma discussão entre a esquerda e o malufismo, em São Paulo, se a polícia devia atuar preventiva ou repressivamente. Que discussão é essa? A polícia tem que atuar, só isso. Tínhamos que estar muito mais preparados em termos jurídicos e policiais para atuar quando há transgressão. Não se combatem valores culturais ou a propensão a certos comportamentos. Você combate infrações graves da norma legal. Nós não entendemos a gravidade da situação que o Brasil enfrenta. O nível de corrupção pode aumentar. Veja o exemplo paralelo, a violência urbana. Muitos teóricos falam como se fosse uma coisa de momento que, mais à frente, vai desaparecer. Mas como vai desaparecer? O país é urbano, tem periferias imensas, o tráfico de drogas atua em larga escala, não há nenhuma medida para combater o mercado da droga, que é o consumidor, ou a entrada da droga, nas fronteiras. A violência não vai desaparecer espontaneamente. O Brasil não enfrenta a transgressão.

Ricos não iam para a cadeia antes.

É verdade. Antes havia uma diferença de classes muito grande,. Você prendia o pobre, mas não o rico. Não estou negando que a Polícia Federal esteja mais eficiente. A mudança começa com a Constituição de 1988. Antes dela, os procuradores eram subordinados aos juízes. Ela deu autonomia ao Ministério Público e uma geração nova de procuradores veio com vontade de investigar. Por sua vez, isso fez com que muitos juízes também se mexessem. O fim da ditadura despertou, dentro da Polícia Federal, um debate. Estavam acostumados a agir sob os generais, o que a democracia representaria para eles? Demoraram uma década até encontrar um rumo. Ajudados pelo Ministério Público, que começou a investigar problemas em tudo quanto é área, ela encontrou sua vocação. Não foi só isso que mudou. Inflação corrói a sociedade, força todos ao comportamento criminoso. No início dos anos 90, ninguém comprava um imóvel, em São Paulo, sem uma mala cheia de dólares. Isso criou um câmbio negro e um mercado de ilícitos do qual todos participavam. Não há mais aquela inflação. A perna que não andou, nesse processo, foi a da CPI. Ela acaba se politizando tanto que fica inócua na maioria das vezes. O caso do mensalão é uma exceção. Levou 40 nomes para o Supremo.

Qual o problema do Congresso?

Câmara e Senado estão numa mediocridade como nunca vi. Vivemos uma entressafra de líderes políticos. No tempo da Constituinte você, sem dificuldades, punha no papel 20 nomes de imensa importância no cenário político nacional. Hoje, não dá. Não há incentivo para ser político. Vão chamar você de ladrão, sua família vai ficar chateada. O indivíduo que tem uma boa formação ganhará o triplo em outra profissão e terá fim de semana. Quando o crédito do político cai para quase zero, nasce um círculo vicioso. Ou você atrai corruptos ou gente despreparada. O Executivo não tem projeto. E os partidos não têm projeto. O resultado é que, sem ter o que fazer, deputados e senadores partem para a investigação. O Executivo reage com acordos políticos. A política no Brasil se resume a isso. Só.

Antes da ditadura, partidos como UDN e PTB de fato representavam setores da sociedade. O senhor não acha que hoje isso deixou de acontecer?

A UDN era o partido da classe média urbana, aquela gente que ganhava a vida duramente e não esperava uma aposentadoria generosa. Ainda existe essa classe média urbana, muito maior hoje. É um contingente de pessoas que paga o serviço duas vezes: o imposto para a educação e a educação na escola particular. Era um partido liberal. O DEM, hoje, não é um partido liberal. Por isso mudou de nome. Um partido liberal, no Brasil, teria que vir de São Paulo ou das grandes capitais. Não é o caso. O PSDB. O que é? É o partido da reforma feita no governo Fernando Henrique. Mas não descobriu uma agenda própria depois disso. E o PT? Alguns dizem que é representativo. Não sei de quê. Qual a doutrina econômica do PT? Vimos que não tinha. O partido chegou ao poder e desdisse tudo. Não tinha projeto. E desconfia do capitalismo. Tem uma cabeça nacionalista dos anos 50, com preconceito contra o setor privado. Não é à toa que a doutora Dilma é o braço forte do governo. Os partidos, no Brasil, foram dissolvidos em 30, em 37 e em 64. Os militares acreditavam que as origens da corrupção estava neles. Dissolveram e tentaram impor um sistema bipartidário como o britânico. Quando a democracia voltou, o País era completamente diferente e os partidos de antes não queriam dizer mais nada. Ficou um vácuo. Em 1989, quando tivemos a primeira eleição presidencial, houve 22 candidatos. Eram 21 partidos de oposição. E nenhum dos partidos grandes se saiu bem. É sinal de que não representavam mais os anseios da população.

Qual a responsabilidade da ditadura pela atual corrupção?

Quando os militares instauraram o regime, diziam "nós vamos combater a corrupção". Além de se intrometerem no sistema partidário que tinha seu valor, criaram um governo dez vezes mais concentrado. Na pressa de desenvolver o País, contrataram obras públicas faraônicas. Transformaram o País apoiados num crescimento de 8% a 10% ao ano. Posso bem imaginar quanto de superfaturamento houve naqueles 21 anos.

Fonte: Estadão - http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup205122,0.htm

Offline Pregador

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #1 Online: 21 de Julho de 2008, 10:12:27 »
Bom texto: Há corrupção em todas as classes, desde o mais rico até o mais pobre. E não vou ficar aqui pagando de ético por que já devo ter feito alguma coisa corrupta sim, como todos aqui.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline JJ

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #2 Online: 21 de Julho de 2008, 11:18:35 »
Já li em um artigo que a Suécia do séc.XIX era um país pobre e corrupto. O que eles fizeram para diminuir bastante a corrupção?  :?:

Offline Pregador

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #3 Online: 21 de Julho de 2008, 11:39:17 »
Já li em um artigo que a Suécia do séc.XIX era um país pobre e corrupto. O que eles fizeram para diminuir bastante a corrupção?  :?:


Não sei, mas era bom estudar a história destes países que conseguiram superar isso para ver se dá para tentar aplicar aqui...
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Offline Dodo

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #4 Online: 21 de Julho de 2008, 13:11:43 »
É só prenderem um riquinho, que aparecem artigos e propagandas na TV culpando o povo.

" Olha, você molha a mão do guarda com dez reais, daí vem o Dantas e tenta comprar o delegado da PF com um milhão de reais. Viu que mau exemplo você dá?"

"A culpa é do homem massa, como já dizia Ortega y Gasset, as elites são santas e incapazes de algum crime"

"Aquele sorveteiro deu um picolé para o guarda, na esperança de que este o acuda quando necessário, isso é coisa que se faça?"

Até concordo com Amememés, corrupção existe em todas as classes, mas só lembram disso quando acontece algum escândalo do porte do Daniel Dantas. As elites e os formadores de opinião que dêm o exemplo: cortem a própria carne e deixem de ser corporativistas.
Agora com novelas mostrando o vilão riquinho se dando bem, artigos engraçadinhos sobre corrupção (quando eu assinava a Veja, em 1994, era comum reportagens sobre festas privadas para políticos, regadas a muita mulher e bebida, num tom jocoso, como se isso fosse aceitável e não vergonhoso), e um monte de gente culpando o PT e as esquerdas pela desgraça nacional (por que não pediram o impeachment dele, Lula, quando puderam? medo de uma revolta popular? cade o DEM e o PSDB, os paladinos da moralidade e honestidade? ah ah ah ...), fica difícil para qualquer um ter algum senso de dever cívico com tudo isto que acontece, afinal, "quem anda com porco, come farelo."

Em tempo: corrupção tem muito a ver com impunidade, isso fica meio óbvio quando você vê um José Dirceu da vida, muito tranquilo, livre, leve e solto.

Em tempo 2: antes que me chamem de esquerdista, isto e aquilo; por mim, metade do governo já tinha ido pro paredão e morto com lança chamas (a pena de morte pode ser divertida, ué..).
« Última modificação: 21 de Julho de 2008, 13:22:30 por Dodo »
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Galthaar

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #5 Online: 21 de Julho de 2008, 17:44:51 »

Ampliando para uma discussão mais filosófica:

A corrupção me parece ser uma reação que engloba o interesse do ego versus o interesse social, dependente da punibilidade e chances de detecção. De modo geral, quando se aumentam as chances de detecção e a punibilidade, a corrupção reduz, e vice-versa. O problema de um país como o Brasil é que a reação está na direção do aumento de corrupção, o que piora automaticamente a punibilidade (pois os controladores do meio são os próprios corruptos) e a chance de detecção (devido a conchavos). Em suma, a corrupção instaurada e não combatida, amplia-se com o tempo (não acredito que haja um equilíbrio).

Fica a pergunta (que infelizmente não consigo responder): o que fazer para modificar o sentido da reação sendo que quem a controla são os próprios corruptos (devido a um subproduto desta reação chamado analfabetismo político e redução da educação do país)?

"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

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Offline Moro

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #6 Online: 21 de Julho de 2008, 21:58:06 »
Não concordo com a afirmação de que a elite e/ou os políticos são mais culpados do que nós. Como já disse, nós somos realmente representados pelos políticos no congresso. O que vocês acham que aconteceria se fôssemos à praça da Sé e pegássemos 500 pessoas aleatoriamente e tocássemos pelos nossos congressistas, o Brasil iria melhorar?

E quanto à corrupção concordo plenamente com a afirmação de que a impunidade é seu principal combustível.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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Offline FxF

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #7 Online: 22 de Julho de 2008, 15:58:56 »
" Olha, você molha a mão do guarda com dez reais, daí vem o Dantas e tenta comprar o delegado da PF com um milhão de reais. Viu que mau exemplo você dá?"
Do ponto de vista moral não tem diferença entre um e outro...

Offline Moro

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #8 Online: 22 de Julho de 2008, 22:34:41 »
Outro ponto é que a corrupção quase nunca é marcado por acessos de sadismo de quem a pratica, algo como aquele monstruoso buuuaaahhh dos filmes de terror. É uma situação que é feita de tal modo que os participantes tenham uma desculpa para o que estão fazendo. Uma vez propus a um grupo de colegas o seguinte cenário

Onde: Uma empresa qualquer
Funcionário Terceirizado (F): Salário 4000,00 a.m
Chefe (C): Salario indeterminado, ótima posição

C: F, veja te considero um excelente profissional, e está na hora de reconhecer você
F: Poxa, obrigado
C: Sim, vou dobrar o seu mensal e te dar desafios novos
F: (embasbacado)
C: A questão é assim: Você vai contratar uma equipe para prestar serviços e passar uma nota de 22.000 mensais, pagamos o seu salário de 8.000, sua equipe com mais 7.000 e tenho um projeto muito importante que não consigo justificar por pura burocracia, então você me deposita os restantes 7.000 para eu financiar esse projeto.

Contexto:

Se você aceita, você se dá bem financeiramente e seu chefe vai confiar em você, você vai subir na empresa
Se você não aceita, a fila anda (outro vai pegar, vai ser promovido e ter uma equipe) , você sequer pode acusar seu chefe de algo e seu chefe vai ignorar você, possivelmente você vai chegar em uma situação de ter que abandonar o emprego

Opções

1- Você recusa
2- Você aceita
3- Você pede demissão
4- Você recusa e denuncia seu chefe
5- Você negocia um percentual maior


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Offline Adriano

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #9 Online: 22 de Julho de 2008, 23:08:17 »

Ampliando para uma discussão mais filosófica:

A corrupção me parece ser uma reação que engloba o interesse do ego versus o interesse social, dependente da punibilidade e chances de detecção. De modo geral, quando se aumentam as chances de detecção e a punibilidade, a corrupção reduz, e vice-versa. O problema de um país como o Brasil é que a reação está na direção do aumento de corrupção, o que piora automaticamente a punibilidade (pois os controladores do meio são os próprios corruptos) e a chance de detecção (devido a conchavos). Em suma, a corrupção instaurada e não combatida, amplia-se com o tempo (não acredito que haja um equilíbrio).

Fica a pergunta (que infelizmente não consigo responder): o que fazer para modificar o sentido da reação sendo que quem a controla são os próprios corruptos (devido a um subproduto desta reação chamado analfabetismo político e redução da educação do país)?


Tem muito estudo voltado nessa linha de pesquisa sobre os aspectos funcionais do estado. É a aplicação da metodologia econômica ao governo, ao invés do mercado apenas. Mas de qualquer maneira a aplicação política fica restrita aos políticos.

Citar
Desde meados da década de cinquenta que se tem vindo a desenvolver um importante programa de investigação conhecido por public choice, ou teoria da escolha pública, cujo principal objectivo é o de aplicar um método da ciência económica a um objecto que tradicionalmente tem sido considerado no âmbito da ciência política: grupos de interesse, partidos políticos, processo eleitoral, análise da burocracia, escolha parlamentar e análise constitucional. O objectivo deste artigo é essencialmente clarificar o interesse deste programa de investigação que é interdisciplinar (muito embora com predominância de economistas) e que, apesar do seu grande desenvolvimento ainda é pouco conhecido em Portugal

http://pascal.iseg.utl.pt/~ppereira/docs/analsoc6.pdf
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Offline FxF

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #10 Online: 23 de Julho de 2008, 00:34:30 »
Outro ponto é que a corrupção quase nunca é marcado por acessos de sadismo de quem a pratica, algo como aquele monstruoso buuuaaahhh dos filmes de terror. É uma situação que é feita de tal modo que os participantes tenham uma desculpa para o que estão fazendo. Uma vez propus a um grupo de colegas o seguinte cenário

Onde: Uma empresa qualquer
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C: F, veja te considero um excelente profissional, e está na hora de reconhecer você
F: Poxa, obrigado
C: Sim, vou dobrar o seu mensal e te dar desafios novos
F: (embasbacado)
C: A questão é assim: Você vai contratar uma equipe para prestar serviços e passar uma nota de 22.000 mensais, pagamos o seu salário de 8.000, sua equipe com mais 7.000 e tenho um projeto muito importante que não consigo justificar por pura burocracia, então você me deposita os restantes 7.000 para eu financiar esse projeto.

Contexto:

Se você aceita, você se dá bem financeiramente e seu chefe vai confiar em você, você vai subir na empresa
Se você não aceita, a fila anda (outro vai pegar, vai ser promovido e ter uma equipe) , você sequer pode acusar seu chefe de algo e seu chefe vai ignorar você, possivelmente você vai chegar em uma situação de ter que abandonar o emprego

Opções

1- Você recusa
2- Você aceita
3- Você pede demissão
4- Você recusa e denuncia seu chefe
5- Você negocia um percentual maior
Como vivemos no Brasil, parece uma questão interessante.

Mas em alguns outros países seria uma proposta absurda, onde a única opção existente é a 4.

Offline Moro

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #11 Online: 25 de Julho de 2008, 22:30:55 »
Bom, no jantar que propus a pergunta, aconteceu a mesma coisa... silêncio...
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Offline Orbe

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #12 Online: 26 de Julho de 2008, 05:12:55 »
Outro ponto é que a corrupção quase nunca é marcado por acessos de sadismo de quem a pratica, algo como aquele monstruoso buuuaaahhh dos filmes de terror. É uma situação que é feita de tal modo que os participantes tenham uma desculpa para o que estão fazendo. Uma vez propus a um grupo de colegas o seguinte cenário

Onde: Uma empresa qualquer
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C: F, veja te considero um excelente profissional, e está na hora de reconhecer você
F: Poxa, obrigado
C: Sim, vou dobrar o seu mensal e te dar desafios novos
F: (embasbacado)
C: A questão é assim: Você vai contratar uma equipe para prestar serviços e passar uma nota de 22.000 mensais, pagamos o seu salário de 8.000, sua equipe com mais 7.000 e tenho um projeto muito importante que não consigo justificar por pura burocracia, então você me deposita os restantes 7.000 para eu financiar esse projeto.

Contexto:

Se você aceita, você se dá bem financeiramente e seu chefe vai confiar em você, você vai subir na empresa
Se você não aceita, a fila anda (outro vai pegar, vai ser promovido e ter uma equipe) , você sequer pode acusar seu chefe de algo e seu chefe vai ignorar você, possivelmente você vai chegar em uma situação de ter que abandonar o emprego

Opções

1- Você recusa
2- Você aceita
3- Você pede demissão
4- Você recusa e denuncia seu chefe
5- Você negocia um percentual maior




Nesse contexto eu aceitaria. Seria idiotice não aceitar. Mas guardando registros de tudo e me preparando para distorcer a história sobre o esquema para, quando for necessário, poder empurrar a culpa toda para o chefe.

Se você não tivesse especificado o contexto, eu diria que iria recusar e denunciar o meu chefe para os superiores dele. Não por honestidade, mas para poder subir na empresa de uma forma mais "segura". É sempre melhor não correr o risco de a qualquer momento ser pego por corrupção.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Lua

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #13 Online: 26 de Julho de 2008, 16:41:53 »
Tenho acompanhado de perto o cenário político de uma cidade do interior e convivo com uma infinidade de políticos. Depois dessa 'árdua convivência', devo dizer que perdi de vez a fé de que alguém possa agir com honestidade e moralidade quando está no poder. Inúmeras pessoas tidas como 'do povo', que galgaram altas posições no governo hoje parecem ter esquecido que foram eleitos por votos de cidadãos. E o triste é verificar que as coisas não mudam... Os que condenam hoje, adentram o governo e fazem o mesmo que os antecedentes faziam... quando não fazem pior...

Quanto à situação proposta pelo Agnóstico, é algo tão corriqueiro e infelizmente não se restringe unicamente à Administração Pública... Somos corruptos em todos os setores de nossa vida (e com isso não me esquivo de admitir que também sou assim) e em situações tão tolas que sequer notamos que agimos contra as regras e visando unicamente nossas necessidades...
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Offline Dr. Manhattan

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #14 Online: 26 de Julho de 2008, 16:48:07 »
Outro ponto é que a corrupção quase nunca é marcado por acessos de sadismo de quem a pratica, algo como aquele monstruoso buuuaaahhh dos filmes de terror. É uma situação que é feita de tal modo que os participantes tenham uma desculpa para o que estão fazendo. Uma vez propus a um grupo de colegas o seguinte cenário

(...)

Opções

1- Você recusa
2- Você aceita
3- Você pede demissão
4- Você recusa e denuncia seu chefe
5- Você negocia um percentual maior


Minha opcao é a 1. Já passei por uma situacao parecida. Nao envolvia dinheiro, mas feria a ética. E minha opcao foi a mesma. Nao denunciaria, pois
o chefe do chefe pode estar envolvido também.
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Offline Adriano

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #15 Online: 26 de Julho de 2008, 21:22:47 »
Tenho acompanhado de perto o cenário político de uma cidade do interior e convivo com uma infinidade de políticos. Depois dessa 'árdua convivência', devo dizer que perdi de vez a fé de que alguém possa agir com honestidade e moralidade quando está no poder. Inúmeras pessoas tidas como 'do povo', que galgaram altas posições no governo hoje parecem ter esquecido que foram eleitos por votos de cidadãos. E o triste é verificar que as coisas não mudam... Os que condenam hoje, adentram o governo e fazem o mesmo que os antecedentes faziam... quando não fazem pior...
Por isso que considero que o sistema jurídico/administrativo colabora para a situação de impunidade e até mesmo de incentivo a tais práticas. O melhor seria mudar a estrutura do estado de forma a evitar a corrupção por parte dos políticos. É muita liberdade, uma liberdade exacerbada e que somente corroi a prestação de serviços públicos.
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Offline Lua

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #16 Online: 27 de Julho de 2008, 01:41:09 »
Por isso que considero que o sistema jurídico/administrativo colabora para a situação de impunidade e até mesmo de incentivo a tais práticas. O melhor seria mudar a estrutura do estado de forma a evitar a corrupção por parte dos políticos. É muita liberdade, uma liberdade exacerbada e que somente corroi a prestação de serviços públicos.

Apesar da situação caótica, devo abrir um parêntese aqui para falar sobre algumas mudanças que tenho notado em relação à busca por moralidade e preservação do interesse público. O MP tem trabalhado arduamente nesse sentido e posso afimar que na área eleitoral o cerco está se fechando para políticos de passado desonesto. Para os aspirantes a cargos na A.Pública as coisas também não têm sido fáceis, vez que a legislação impôs uma série de restrições e vedações a candidatos. Até mesmo os eleitores estão precisando se adequar às novas regras, já que pedir benefícios em troca de voto é crime...

E voltando às suas colocações, Adriano... Concordo que é preciso alterar a estrutura do estado. No entanto, estamos esquecendo que as leis são elaboradas e aprovadas por um séquito de políticos corruptos que não estão interessados em preservar uma moralidade que eles mesmos desconhecem. Felizmente, algumas leis tem sido utilizadas para coibir tais práticas e alguns institutos passaram a abarcar a moralidade como inerente à própria idéia de Administração Pública, vez que o interesse público deve ser preservado e resguardado de eventuais atentados por parte de certos indivíduos.

Se o sistema atual colabora para o que vemos hoje? Sem dúvida. As leis parecem se flexibilizar nas mãos de advogados, juízes e desembargadores. Há uma espécie de 'corrupção generalizada' que se estende em todos os setores do estado, sendo que uns resguardam outros e outros denunciam irregularidades pelo simples fato de serem prejudicados por elas ou não terem se beneficiado com os lucros (na verdade, ninguém lembra do papel que assumiu... importa seu umbigo e o de mais ninguém). Lamentável... :(
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Offline Eremita

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Re: "Admitamos: somos corruptos"
« Resposta #17 Online: 31 de Julho de 2008, 00:48:23 »
Vou discutir um caso bastante específico: digamos que um político tenha a chance de roubar 10 mil reais de um cofre público. Vou xupinhar umas coisas do post do Galthaar porque me parecem bastante sensatas.

Corrupção é problema aonde o interesse do indivíduo conflita com o interesse do coletivo.
O político obtém um lucro ao roubar os 10 mil reais, por poder trocá-los por bens.
A sociedade obtém um prejuízo, devido a menos dinheiro para obras públicas.

Disto, conclui-se que uma forma plausível de evitar a corrupção é fazer com que o interesse individual não conflite com o interesse coletivo.
Duas formas para se fazer isso seriam
a)Fazer com que, no roubo, o político tenha prejuízo, ou
b)Fazer com que, no roubo, a sociedade tenha lucros.

Como eu sinceramente não tenho a mínima idéia de como a parte "b" pode ser aplicada, vamos à "a".

Quais prejuízos o político poderia ter? Um deles seria obrigá-lo a repassar em dobro ("punição") aos cofres públicos o dinheiro que roubou. No caso, seriam 20 mil reais.

Agora, vamos pra teoria dos jogos. Se a chance de ocorrer a "punição" for de 10%; em 90% das vezes o político ganhará 10 mil, e em 10% das vezes perderá 20 mil. Se ele roubar infinitas vezes, ele ganhará, em média, 90%*10k - 10%*20k = 9k - 2k = 7k por roubo. Portanto, o roubo ainda seria vantajoso.

Entretanto, se aumentarmos a chance de ocorrer "punição" para 40%, ele "ganhará" 60%*10k - 40%*20k = 6k-8k = -2k, ou seja, perderá em média 2 mil reais por roubo. Sendo portanto desvantajoso para ele.

Notem que tanto a chance de ser punido como a severidade da punição interferem nisso. O que confirma o que o Agnostico disse sobre impunidade ser problema.

Usei esse exemplo por ser simples, só usar quantidades de mesmo "calibre". E se a punição fosse ver o Sol nascer quadrado por uns anos? Aí a coisa complica, porque não sabemos quantos mil reais valem um ano para uma pessoa. Você ficaria preso por um ano por quantos reais? Varia muito, de pessoa para pessoa.

Nesse caso, ouso dizer que a melhor saída para corrupção seriam penas equivalentes ao furto (monetárias), e menor impunidade.
Latebra optima insania est.

 

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