Até tu, Brutus!
Vander Claudio
A célebre frase de Júlio César, glorioso imperador romano e um dos homens mais cultos de seu tempo, dita quando os conspiradores o envolveram dando-lhe 23 punhaladas, caberia bem agora no repertório do presidente Lula: Tu quoque, Brutus, fili mi! (Até tu, Brutus, meu filho!). As derradeiras palavras de Júlio César demonstram, antes de tudo, um coração dilacerado pela ingratidão, especialmente de Brutus, filho único e adotivo, um dos responsáveis pela conspiração que culminou no seu assassinato.
Esta mesma surpresa deve (ou deveria) estar assombrando Lula, ante as últimas revelações sobre a corrupção no governo, promovidas principalmente pelas lideranças de seu partido. Lula deveria largar um “Até tu, Brutus”, direcionado ao ex-ministro José Dirceu que seria, de acordo com as denúncias de Roberto Jefferson, a mente por detrás das falcatruas.
Das duas, uma: ou Lula é ainda mais simples do que se ousou imaginar, ou a cúpula petista acha mesmo que somos um bando de imbecis, vivendo em uma republiqueta de bananas onde tudo é possível, desde que se esteja do lado de lá do poder. É impressionante a cara de espanto que o presidente faz agora, tal qual um marido traído. A pergunta que fica é: onde Lula esteve esse tempo todo, enquanto José Dirceu governava o país?
A estratégia de isolar o governo das denúncias deixa no ar a desconfiança de que Lula não tomou ainda para si a responsabilidade para a qual foi eleito, a de governar o Brasil. Aparentemente ele havia terceirizado essa árdua tarefa, fazendo as vezes de rei enquanto o Dirceu ajeitava o resto. Visto desta forma, o presidente, então, não passaria de um fantoche carismático. E agora, como fica?
O governo não é do Lula, o governo é do PT. Lula apenas emprestou seu nome e seu carisma para que o partido chegasse ao poder. Uma vez lá, o partido fez e aconteceu. Agora Lula tenta desvincular seu nome das denúncias de corrupção para, pelo menos, preservar a sua biografia.
Talvez fosse mais fácil mudar de partido...he he he