Futuro de esperançaEli Haulfon
Conversa vai, conversa vem e é inevitável que alguém acabe fazendo mais ou menos esse comentário: "Este País não tem futuro", porque, como mostram os recentes e até antigos acontecimentos, não se pode confiar no presente (ou seja em nós mesmos, adultos) e muito menos nos jovens (ou seja, no futuro).
O dia a dia tem mostrado para quem quer enxergar que, na maioria das vezes, não é bem assim e se é verdade que alguns jovens só querem saber de sexo, drogas e rock and roll é verdade também que muitos outros jovens nos dão diariamente lições de trabalho, de competência, de honestidade, de dignidade, de esperança e o que é mais importante de uma ingênua e gostosa e até poética pureza diante da vida, o que só assim, não os amedronta diante da vida. Do presente e do futuro.
Minha doce e jovem amiga Marcele provou isso mais uma vez recentemente. Aproximou-se de mim e tímida disse: "Estou preocupada. Comprei no camelô um pregador por R$ 2 e só paguei R$ 1,25 porque me enganei na hora de apanhar as moedas na mochila. O camelô disse que tinha pago R$ 1,50 pelo pregador e estava vendendo por R$ 2. Será que vou prejudicá-lo?
Com jovens que mostram e tem essa honestidade e essa preocupação com o próximo podemos, sim, acreditar que este País tem garantido um futuro de qualidade. Como será, não tenho dúvidas, o da jovem Marcele como mulher e como professora de Educação Física.
* Que bom se todos os adultos também agissem assim. Não agem e o exemplo que tem mostrado aos jovens é o que envergonha qualquer cidadão decente (ainda existem cidadãos e até políticos decentes) agora diante da carimbada e selada desonestidade e com um mês no aumentativo que o faz financeiramente (só para alguns) virar mensalão e corrupção num lamentável, vergonhoso e deprimente espetáculo protagonizado pelo deputado Roberto Jefferson que, como temos visto, não é o único ator de um espetáculo em não se sabe mais quem são os mocinhos (se houver) e quem são os bandidos.
* Que bom se todos os adultos, especialmente os que supostamente teriam de garantir um futuro melhor para o País agindo com a honestidade e a preocupação da jovem Marcele e certamente de outros tantos jovens. Os jovens estão crescendo com a certeza de que honestidade é uma grande virtude. É uma imagem distorcida: honestidade não é virtude.
É OBRIGAÇÃO. Nossos tão injustamente criticados jovens acabarão acreditando quer no cartão de visitas não precisarão colocar o nome e a profissão, mas sim o nome e o adjetivo honesto. Assim: "Fulano de tal - honesto." Ficou comum, preste atenção, apresentar uma pessoa fazendo ressaltando em primeiro lugar que é uma pessoa honesta para só depois dizer que é um competente médico ou advogado, ou motorista, ou operário, competente seja lá o que for porque isso na verdade já nem importa tanto assim. O que importa é que seja honesto.
* Se depender de jovens como a Marcele no futuro todos serão e não precisarão de um cartão de visitas dizendo isso. E todos nós poderemos respirar aliviados.
É isso aí...