Eu não costumo assistir novelas. Mas esta é diferente. Não é aquele maniqueísmo sem-vergonha da maioria das outras, é uma novela que explora ambigüidade moral e foge dos clichês. O João Emanuel Carneiro é um autor de uma nova geração, escreveu Cobras e Lagartos que não era menos revolucionária. Acompanho sem nenhuma vergonha.
Quanto à assassina, só podia ser a Flora mesmo - a Donatela está no fundo do poço, ela já foi abandonada por todo mundo. Se ela fosse a vilã a novela teria que terminar ontem, pois já estava derrotada. E não podia ser outra pessoa porque em ambas as versões da história, a da Flora e a da Donatela, elas se colocam como testemunhas oculares. Portanto uma delas estava mentindo. Se o assassino fosse outra pessoa então as duas estariam mentindo, como explicar isso sem comprometer a moral de ambas? Nesse caso em vez de uma mocinha e uma vilã teríamos duas cúmplices.
A última semana deixou previsível que a Flora seria assassina e fico feliz pelo autor não ter inventado nenhuma estripulia para brincar com a inteligênca do espectador (como no último capítulo de Paraíso Tropical, que inventou um final ad hoc completamente ridículo que não tinha nenhuma conexão com o resto da trama), ele se manteve fiel à lógica.
Vejam essa entrevista dele no G1:
Quero incomodar o espectador