Disse um filosofo, acho que Locke, de que "nao ha nada na mente que nao tenha estado antes nos sentidos".
Podemos, em um exercicio de imaginacao, imaginar alguem que desde o nascimento fosse desprovido dos 5 sentidos ( visao, audicao, tato, olfato e paladar ). Aqui nao interessa saber se tal situacao e possivel ou nao, mas sim se podemos usa-la para descobrir alguma coisa nova.
Dizem que Albert Einstein adolescente se perguntava o que alguem que viajasse a velocidade da luz veria se segurasse um espelho diante de si o olhasse para ele. Nao sei se a estoria e verdadeira e é óbvio que nao ha como esta situacao se verificar no mundo real... mas uma imaginacao deste tipo pode ter ajudado Einstein em alguma coisa, nem que seja apenas para despertar a curiosidade.
Portanto pretendo usar a imaginacao de forma analoga, sem se preocupar se o que imagino pode ou nao acontecer de fato. O que me interessa sao as consequencias que uma investigacao desta imaginacao pode ter.
Voltando entao... O que pensaria alguem que desde o nascimento fosse totalmente desprovido dos 5 sentidos?
Se Locke esta certo, ele nao poderia pensar coisa alguma, acho.
Suspeito que talvez Locke esteja certo. Tudo o que imaginamos e pensamos provem de imagens, simbolos e sentimentos que sao resultado ou sao influenciados pela nossa interacao com o mundo exterior. Mesmo quando pensamos em coisas ou situacoes irreais, usamos como pecas, coisas que conhecemos.
Por exemplo, um Unicornio. Obviamente um unicornio nao existe, mas o cavalo branco, o chifre e as asas tomados separadamente existem em outros seres e juntos formam o unicornio. Podemos tambem combinar formas e padroes preexistentes e formar outros que nao existem em lugar algum alem de nossas mentes imaginativas.
Mas e aquilo que nao e tangivel? Se for verdade que existe alma, entao existe algo que nossos 5 sentidos nao podem dar testemunho...
Mas afirmo que mesmo estas coisas podem ser construidas, como o unicornio. Frequentemente, senao sempre, o espiritual e visto como antitese do que e material. Ora, nao precisamos "ver" nada espiritual embaixo dos nossos narizes para formar uma nocao do que seja algo desta natureza. Bastaria imagina-la como algo em oposicao ao que os sentidos dao testemunho ou em oposicao ao que chamamos materia e depois adicionar mais elementos criado algo novo.
Neste sentido, o espiritual seria apenas com referencia a seu oposto e talvez fosse mais exato chama-lo "não-material" em lugar de "espiritual". Ou talvez o espiritual fosse uma especie de "gradacao" da materialidade, num espectro ou continuum de uma qualidade hipotetica que chamariamos "materialidade".
Mesmo assim o espiritual seria com referencia a uma certa "gradacao" desta materialidade, uma gradacao que podemos perceber, ou seja, com referencia a uma coisa que sabemos existir.
Onde quero chegar? Estou tentando mostrar que mesmo as coisas que consideramos inacessiveis aos sentidos podem ser criadas com referencia ao que os nossos sentidos permitem perceber e, neste caso, a afirmacao de Locke(?) continuaria incólume.
Portanto pergunto novamente: Aquela pessoa pensaria alguma coisa? Sem ter nenhum material para construir seus pensamentos, sem ter nenhuma referencia que a possibilite imaginar outras coisas num jogo de gradacoes e oposicoes, como o pensar seria possivel?
Eu chegaria mesmo ao ponto de pensar se aquela pessoa teria consciencia de sua propria existencia!
O exercicio de imaginacao serviu para alguma coisa entao. Dele, eu extrai um argumento para apoiar a afirmacao do filosofo...
Se o argumento é bom ou não é outro assunto... Porem, no mínimo serviu como um exercício de aprendizado.
Qual é a opinião de vocês?