Nenhum profissional sério de educação física submeterá crianças sem a idade adequada para a prática de uma modalidade esportiva a treinamentos extenuantes e prejudiciais ao seu desenvolvimento e se isso acontecer acho que ele terá sérios problemas com o seu Conselho Regional de Educação Física.
Onde talvez possamos excluir Cuba e o próprio país-sede das olimíadas, bem como alguns outros países, que não são exatamente famosos por se importar com direitos humanos, mas adoram "imagem".
Aprender a conviver com a derrota também não é nenhum trauma, mas uma lição importante que as pessoas devem aprender e que o esporte é utilíssimo em transmitir. É bem melhor cultivar nas crianças o espírito esportivo e as noções de esforço e recompensa junto com outras como trabalho em equipe do que deixá-las crescer mimadas e hiper-protegidas para poupá-las de experimentar perder de vez em quando - eu tenho é medo do que uma criança assim poderia se tornar...
Não estou dizendo que as crianças não devessem praticar esportes, apenas questiono o status "profissional" do esporte para crianças, mais do que de trabalhos menos competitivos.
E o atletismo infantil não impede as crianças de freqüentarem a escola, ao contrário do que acontece freqüentemente com o trabalho infantil - nessas circunstâncias as crianças geralmente precisam trabalhar para complementar a renda da casa e mais tempo na escola significa menos dinheiro para a família. Programas sociais como o Bolsa Escola e o Bolsa Família, que distribuem renda (supostamente) sob a condição de as crianças freqüentarem a escola são, no meu ponto de vista, uma boa solução para esse problema.
Mas teoricamente, também não haveria problema algum em crianças trabalharem, se não atrapalhasse os estudos ou provocasse lesões físicas graves, assim como uma prática de esportes ideal. E o trabalho, assim como os esportes, também tem "lições de vida".
A maior diferença que vejo é que, fora desse contexto profissional, o esporte é geralmente tido como diversão, lazer, enquanto que "só trabalho", não. Justamente nisso talvez esteja uma das lições, de que a vida não é só diversão.