Autor Tópico: Musharraf renuncia à presidência do Paquistão  (Lida 391 vezes)

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Musharraf renuncia à presidência do Paquistão
« Online: 18 de Agosto de 2008, 16:17:07 »
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Musharraf renuncia à presidência do Paquistão

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, renunciou ao cargo nesta segunda-feira em meio a uma campanha de impeachment contra ele lançada por partidos da oposição. Para o lugar de Musharraf assume o poder o presidente do Senado, Mohammedmian Soomro.

Segundo informou a agência de notícias EFE, Soomro tomou posse hoje e ocupará o cargo de forma interina até a realização de novas eleições, algo que a Constituição prevê que sejam realizadas em um prazo de um a dois meses.

Musharraf é acusado de incompetência e de ter violado a Constituição do país. Em um discurso à nação, Musharraf disse que um processo de impeachment não seria de interesse do país, mas insistiu que nenhuma acusação contra ele contra pode ser provada.

O presidente paquistanês disse que não é hora para mais confrontos e que está renunciando depois de consultar seus conselheiros. Ele disse que "alegações falsas" foram feitas contra ele por pessoas que "tentaram transformar a verdade em mentiras".

Campanha de impeachment

A campanha de impeachment foi lançada na semana passada por líderes do Partido do Povo do Paquistão (PPP), da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, e pela Liga Muçulmana do Paquistão Nawaz (PML-N, na sigla em inglês), liderado pelo ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif.

Os dois grupos afirmavam que teriam condições de mobilizar os dois terços do Parlamento necessários para aprovar o impeachment.

Musharraf defendeu suas ações nos últimos nove anos, dizendo que liderou o Paquistão em algumas de suas piores crises desde a independência em 1947, incluindo uma crise com a Índia que quase levou à guerra e as consequências dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, que deu início à chamada guerra contra o terror.

Ele disse ainda que nos últimos oito meses, desde que deixou de exercer os poderes do Executivo, a economia do Paquistão vem se deteriorando.

Aliado dos EUA

Musharraf, ex-comandante do Exército e um aliado-chave dos Estados Unidos na chamada guerra contra o terror, chegou ao poder através de um golpe de Estado sem violência em 1999.

No ano passado, ele foi forçado a deixar o controle das Forças Armadas. A imagem pública de Musharraf ficou prejudicada depois que ele demitiu o Ministro da Justiça e quase 60 juízes para evitar que eles declarassem sua reeleição como presidente inválida.

Os partidos de oposição chegaram ao governo de coalizão em fevereiro depois de uma vitória esmagadora das urnas, enfraquecendo ainda mais o governo de Musharraf.

Mas analistas acreditam que ele ainda tem bastante influência sobre os militares e a reação do grupo ao anúncio desta segunda-feira permanecerá importante.

População comemora

Inúmeros paquistaneses saíram às ruas para manifestar sua alegria imediatamente após o anúncio de demissão do presidente Pervez Musharraf.

"Decidi pedir demissão". Assim que o ex-general, no poder desde seu golpe de Estado sem violência em 12 de outubro de 1999, pronunciou esta frase, os paquistaneses começaram a gritar de alegria em todas as grandes cidades do país, em manifestações organizadas de última hora para escutar, na rua, seu discurso à nação.

"A nação está muito feliz", gritava Saba Gul, estudante universitário de Lahore, dançando pelas ruelas da cidade velha. Todos à volta dele se abraçavam calorosamente. Eles trocavam guloseimas, um gesto tradicional que acompanha todas as celebrações no Paquistão.

Em Peshawar, a grande cidade do noroeste, perto das zonas tribais onde o exército lançou recentemente uma ofensiva contra os talibãs e os combatentes da Al-Qaeda, os manifestantes atiraram com kalachnikov para o alto, pontuando os gritos hostis contra Musharraf.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/08/18/musharraf_renuncia_a_presidencia_do_paquistao_1575424.html
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Ministro espera que saída de Musharraf traga "estabilidade política"

Islamabad, 18 ago (EFE).- O ministro de Assuntos Exteriores paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, mostrou hoje sua confiança em que a renúncia de Musharraf trará "estabilidade política" ao Paquistão.
"Tínhamos aconselhado a ele que o fizesse (renunciar). A democracia e suas instituições se devem fortalecer neste momento", disse Qureshi em uma entrevista ao canal privado de televisão "Dawn".

O ministro disse também que a história se encarregará de julgar as ações de Musharraf e assegurou que se os paquistaneses estivessem satisfeitos com ele, lhe tivessem concedido seu apoio nas eleições de fevereiro.

Qureshi não descartou que sejam apresentadas acusações contra o presidente.

"Estas decisões serão tomadas hoje pelos membros da coalizão governamental", disse.

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, anunciou hoje sua renúncia de seu cargo para evitar o processo de destituição que o Governo se dispunha a iniciar contra ele esta semana.

Musharraf assegurou que as acusações que a coalizão governamental preparou contra ele são "falsas" e justificou sua decisão de renunciar em seu desejo de evitar "instabilidade".

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/08/18/ministro_espera_que_saida_de_musharraf_traga_estabilidade_politica_1575729.html

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Musharraf, um aliado dos Estados Unidos no barril de pólvora paquistanês

O presidente paquistanês, Pervez Musharraf, que anunciou sua renúncia nesta segunda-feira, foi um aliado-chave dos Estados Unidos na chamada "guerra contra o terrorismo" e fez valer durante anos seu papel de baluarte anti-islamita no sul da Ásia para sustentar seu poder.
Com a popularidade em seus mais baixos níveis, Musharraf, um membro dos comandos de elite que chegou ao poder através de um golpe de Estado sem sangue em 1999, acabou cedendo às pressões de seus adversários.

A coalizão de governo formada em março por Asif Alí Zardari - viúvo da ex-primeira-ministra Benazir Bhuto, assassinada em dezembro - e pelo ex-chefe de Governo Nawaz Sharif acabou conseguindo seu objetivo de derrubar o homem que, durante nove anos, governou o país com mão-de-ferro.

Uma ironia do destino, já que o golpe de Musharraf derrubou o mesmo Sharif e o levou ao exílio, voltando apenas em 2007 ao país.

Com Napoleão e Nixon como modelos, o general Musharraf se apresentou ao mundo como o principal baluarte contra Osama Bin Laden e Al-Qaeda e, para permanecer no poder agora, se mostrou até mesmo disposto a fazer algumas concessões, como renunciar ao uniforme militar e assinar um acordo que parecia impossível com a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, então no exílio.

Musharraf chegou ao poder em 12 de outubro de 1999 sem disparar um só tiro, mas sua grande oportunidade política aconteceu em setembro de 2001, após os atentados terroristas nos Estados Unidos.

O general entendeu rapidamente que podia se beneficiar da "compreensão" dos Estados Unidos em sua "guerra contra o terrorismo", um lema que também abraçou.

De Napoleão Bonaparte dizia gostar do estilo direto e sem concessões à diplomacia, enquanto do americano Richard Nixon destacava o instinto e capacidade de adaptação às circunstâncias.

Musharraf não hesitava em se apresentar como o salvador da nação paquistanesa, assim como o primeiro combatente na frente de batalha contra Bin Laden.

Para esta última atribuição era preciso levar em consideração que, para Washington, a Al-Qaeda reconstuiu suas forças nas zonas tribais do noroeste do Paquistão.

Seus inimigos afirmam, no entanto, que Musharraf sucumbiu há muito tempo a uma patologia bem conhecida dos ditadores: o sentimento de sentir-se indispensável para o país.

Certamente, Musharraf podia se vangloriar de ter sobrevivido a duas tentativas de atentado por parte da Al-Qaeda.

"Considero-me um homem com sorte. Napoleão disse que além de todas as qualidades necessárias, um líder deve ter sorte se pretende ter êxito. Assim suponho que devo ter êxito", escreveu uma vez em seu site.

Como bom militar, Musharraf dizia amar seu uniforme, mas garantiu que, se fosse reeleito, seria apenas um civil, e assim o fez, abandonando o comando do Estado-Maior.

Musharraf foi condecorado durante a guerra contra a Índia em 1965 e a partir deste ano integrou uma unidade de elite.

Sua ascensão política começou no dia 7 de outubro de 1998, quando o primeiro-ministro Nawaz Sharif o nomeou chefe do Estado-Maior.

Em 1999, durante um novo confronto com a Índia, no território de Kargil, na Caxemira indiana, Sharif ordenou a retirada do Exército sob pressão de Washington e acusou Musharraf.

O premier tentou derrubar Musharraf, mas o general tinha o apoio dos militares, que o ajudaram a tomar o poder.

Musharraf prometeu restaurar a democracia depois de erradicar a corrupção. Porém, após um referendo em 2002, permaneceu no cargo, sem abandonar o uniforme.

Condenado em 1999 pela comunidade internacional, Musharraf se tornou um protegido de Washington após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Em novembro de 2007 decretou estado de emergência alegando a necessidade de frear a onda de atentados islamita e de se opor às "ingerências" da Suprema Corte, com a qual manteve várias disputas, como o questionamento da legalidade de sua reeleição via parlamento de 6 de outubro de 2007.

Essas tensões aconteciam num contexto de protestos populares nesta potência nuclear que viveu a metade de seus 61 anos de independência sob governo de militares golpistas e a outra dirigidos por governos civis submetidos à toda-poderosa influência do exército.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2008/08/18/musharraf_um_aliado_dos_estados_unidos_no_barril_de_polvora_paquistanes_1576329.html

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Análise: Saída de Musharraf sinaliza mudança na guerra ao terror

A renúncia do presidente paquistanês Pervez Musharraf é um sinal de como a chamada 'guerra contra o terror' está mudando. Musharraf já foi considerado o pilar da aliança paquistanesa com os Estados Unidos.
Agora, estão contados os dias em que apenas um homem é capaz de estabelecer e executar políticas no governo no Paquistão.

O país começa a apostar mais na emergência de instituições democráticas para oferecer uma alternativa ao extremismo.

Logo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o presidente americano, George W. Bush, estabeleceu frentes de batalha, e o presidente Musharraf se posicionou para ocupar a linha de frente.

Mas hoje a Al-Qaeda é vista como uma organização enfraquecida - na defensiva no Iraque e incapaz de se reorganizar no Afeganistão - apesar de manter a ambição e o potencial para causar danos reais.

Em uma situação como essa, há menos necessidade de apelos contra o extremismo e mais necessidade de construir governos representativos, tanto no Iraque como, agora, no Paquistão.

Isto explica, em parte, por que para os Estados Unidos e a Grã-Bretanha a saída do ex-aliado importa menos do que no passado. A época de Musharraf veio e passou.

Mudança de liderança
A 'guerra contra o terror' está provando ser um conflito de seu tempo, semelhante talvez à Guerra Fria, que viu o comunismo no poder na Rússia, metade da Europa e na China por 50 anos antes de o regime acabar ou mudar significativamente.

Naquele tempo, as democracias ocidentais adotaram uma abordagem dupla - mantinham um forte poder militar de dissuasão, enquanto desenvolviam governos mais dinâmicos.

As mesmas táticas são observadas agora, à medida que a guerra contra o terror segue adiante.

No lugar de Musharraf entra uma liderança civil, embora em um governo de coalizão instável, cujo futuro é incerto e cuja capacidade de combater o extremismo em áreas tribais ainda não foi testada. Ainda não se sabe quem será o próximo presidente.

Mas a coalizão foi produto de eleições, não de um golpe, e portanto está sendo protegida por Washington e Londres como uma base mais sólida para a ação futura, em detrimento do enfraquecido Musharraf.

Segundo os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, é das áreas tribais paquistanesas que os integrantes do Talebã saem para lutar no Afeganistão, onde representam um perigo real às forças da Otan que apóiam o presidente Hamid Karzai.

A ligação representa uma grande razão para que os Estados Unidos e a Grã-Bretanha acompanhem - e tentem influenciar - os eventos no Paquistão tão de perto.

O papel dos militares
Mas muito dependerá, como sempre no Paquistão, dos militares. O chefe do Exército, general Ashfaq Kayani, se colocou ao lado da liderança civil e, há pouco tempo, demonstrou suas intenções reposicionando comandantes apontados por Musharraf.

O Exército ainda tem uma grande tarefa nas regiões fronteiriças. O Paquistão continua no coração de uma região que preocupa grande parte do mundo.

Entretanto, previsões alarmantes de que o país, que possui armas nucleares, cairia nas mãos de fundamentalistas islâmicos não se materializaram.

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2008/08/18/analise_saida_de_musharraf_sinaliza_mudanca_na_guerra_ao_terror_1576232.html

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Re: Musharraf renuncia à presidência do Paquistão
« Resposta #1 Online: 19 de Agosto de 2008, 23:36:16 »
Ao menos, teve mais dignidade que o Collor: não esperou o impedimento.
Latebra optima insania est.

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Re: Musharraf renuncia à presidência do Paquistão
« Resposta #2 Online: 18 de Março de 2009, 00:12:13 »
Paquistão reconduz juiz preso por Musharraf à chefia do Supremo

O governo do Paquistão reconduziu ao cargo nesta segunda-feira o ex-presidente da Suprema Corte do país, que tinha sido demitido e mantido em prisão domiciliar em pelo ex-presidente Pervez Musharraf em 2007.

O primeiro-ministro, Yousaf Raza Gilani, disse que Iftikhar Chaudhry retornará ao posto no final de março. O juiz elogiou o que chamou de "vitória da democracia".

Com o anúncio, grupos da oposição e manifestantes que vinham realizando uma série de protestos pedindo a reabilitação de Chaudhry cancelaram uma marcha para a capital, Islamabad.

O enviado americano para o Paquistão, Richard Holbrooke, elogiou a decisão do governo paquistanês e disse esperar, segundo o jornal New York Times, que ela ajude a diluir a ameaça de "uma perigosa confrontação".

Chaudhry e outros 60 juízes foram retirados dos cargos por Musharraf em novembro de 2007. Desde então, muitos deles conseguiram retornar aos seus cargos, mas o governo parecia relutante em reinstalar o ex-presidente da Suprema Corte no cargo.

A campanha pelo retorno dos juízes afastados se transformou em um braço-de-ferro entre o principal líder da oposição no Paquistão, Nawaz Sharif, e o presidente Asif Ali Zardari, segundo a correspondente da BBC em Islamabad, Barbara Plett.

Manifestação

A oposição planejava uma marcha até a capital para exigir a volta de Chaudhry.

O líder da oposição Nawaz Sharif que tinha deixado sua casa em Lahore para se juntar aos manifestantes, cancelou a marcha ao saber do anúncio do governo e pediu que seus partidários celebrassem "com dignidade".

A casa de Sharif tinha sido cercada pela polícia, mas o governo negou que ele estivesse sendo mantido em prisão domiciliar.

No domingo, a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo contra partidários de Sharif, que responderam com pedras.

Decisão

A decisão do governo sobre Chaudhry veio após uma noite de reuniões entre o presidente Asif Ali Zardari, o primeiro-ministro, Yousuf Raza Gilani, e chefes militares.

Zardari, viúvo da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, prometeu reverter a decisão de Musharraf quando chegou ao poder no ano passado, depois do assassinato da esposa. Mas sua rivalidade com Sharif é antiga - data da década de 90.

Sharif e Zardari chegaram a formar uma parceria no governo após eleições parlamentares em fevereiro de 2008. Mas o PML-N deixou a aliança, queixando-se da relutância do partido de Zardari, Partido do Povo do Paquistão (PPP), de reinstaurar os juízes.

As relações entre os rivais ficaram ainda mais tensas nas últimas semanas, quando a Suprema Corte decidiu proibir que Sharif e seu irmão, Shahbaz, sejam eleitos para cargos públicos. Shahbaz Sharif é ministro em sua província, Punjab.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090316_paquistaojuizfn.shtml

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