Autor Tópico: Livro: A Filha da Revolução de John Reed disponível para download  (Lida 943 vezes)

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Offline Velho

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Livro: A Filha da Revolução de John Reed disponível para download
« Online: 27 de Agosto de 2008, 12:37:03 »
Olá a todos, recebi da editora CONRAD, por e-mail, que o Livro A Filha da revolução de John Reed estava disponível para download gratuito, então resolvi compartilhar com o pessoal do fórum. Acabo de terminar de baixá-lo, li apenas o prefácio o qual abaixo transcrevo:

"É um pouco  embaraçoso  ter que admitir para um sujeito que você conhece que ele é um gênio.” As palavras de Walter Lippmann a respeito de John Reed demonstram como o autor de Os Dez Dias que Abalaram o Mundo era visto já por seus contemporâneos. Um gênio e um herói. Muitos heróis reunidos em um só homem. Poucas pessoas tiveram maneiras tão espetaculares de transformar suas idéias em prática.
Filho de uma família  rica  e  tradicional  do Oregon, John Reed  forma-se  em Harvard  em 1910. Depois da formatura, parte para a Europa. A típica atitude de um estudante da Harvard de seu tempo. A diferença é que Reed faz sua viagem como trabalhador em um cargueiro. Desembarca na  Inglaterra  já preso, acusado de assassinato. Ele prova sua inocência e segue como andarilho pela Inglaterra, Espanha e França. Arrumando um jeito de, novamente, ser detido nesses outros países.
“A verdadeira paixão de Jack é ser preso”,  reclama um amigo irritado ao receber a notícia de que John Reed estaria em uma cadeia na Itália, por nadar em uma fonte desenhada por Michelângelo.
Volta para os Estados Unidos e, em pouco tempo, é proclamado o Golden Boy da cena boêmia de Greenwich Village. Suas poesias são publicadas ao lado das de Ezra Pound, William Butler Yeats e William Carlos Williams.
Quando resolve fazer teatro, coloca mais de dois mil operários grevistas representando operários grevistas, no Madison Square Garden, e o seu espetáculo é aclamado como uma nova forma de arte. Decide ser repórter e rapidamente torna-se tão popular que seu salário passa a ser um dos maiores da América. Os jornais o anunciam como “o Kipling americano”, quando isso era um grande elogio. E o próprio Kipling vem a público para elogiar, de maneira entusiástica, o trabalho de John Reed.
Seus  contemporâneos  acompanham  todas  as  suas aventuras. Chocados e, ao mesmo tempo, maravilhados. Num dado momento, John Reed está preso  junto com trabalhadores imigrantes grevistas, em outro está vivendo com uma milionária em Florença. Ora está cavalgando junto ao exército de Pancho Villa durante a  revolução mexicana, ora está numa festa em Paris com Gertrude Stein  e Pablo Picasso. Ou nas  trincheiras nos Bálcãs. Ainda  na  França,  apaixona-se  pela  namorada  de um amigo e foge com ela para tentar se casar em Berlim, em plena Primeira Grande Guerra. Logo chega a notícia de que está preso na Rússia czarista. Mas depois está noutra prisão, na Finlândia.
Então, Reed  aparece  defendendo  a  si  próprio num julgamento  espetacular  nos EUA. Nesse meio  tempo, consegue  fazer  teatro  com Eugene O’Neill,  entrevistar Trotsky, jogar em Monte Carlo e ser aplaudido por guerrilheiros mexicanos numa de suas brilhantes exibições de bebedeira. Quando morre, aos 33 anos, é enterrado com todas as honras na Praça Vermelha, como herói da Revolução Russa. Passara-se apenas dez anos desde o dia em que se formara em Harvard.
Um humorista bolchevique, um desordeiro profissional, fundador do Partido Comunista Norte-americano e defensor da revolução sexual, um jornalista que era notícia, um “playboy da revolução” e um feminista militante, John Reed teve o cuidado de cruzar todas as fronteiras que viu pela frente.
E isso aparece claro em seu texto. Se Os Dez Dias que Abalaram o Mundo é considerado um marco na história do  jornalismo e o principal  livro-reportagem do século XX,  é,  ao mesmo  tempo,  literatura. E  se  as  histórias deste livro são jóias da literatura norte-americana, são também reportagens.
John Reed  aparece  aqui  como um  elo  entre Mark Twain, Jack London, Walt Whitman e aquilo a que nos acostumamos chamar de new journalism.
As histórias deste livro são crônicas (esta é a melhor palavra?) que John Reed escreveu para publicações alternativas de seu tempo, num trabalho paralelo ao que
fazia para a grande imprensa.
“Mesmo quando os cofres dos magnatas do jornalismo se abriram para ele e seu nome era  famoso em  todo o país, Jack Reed sempre foi fiel à nossa pequena revista revolucionária, que não pagava nada e não tinha mais que dez mil leitores”, conta Max Eastman, na época editor do The Masses. “Ele nunca falhou em suas colaborações. Não importava  onde  estivesse,  nunca  deixou  de  nos enviar histórias melhores que aquelas que vendia para seus empregadores.”
O conto que dá nome a este  livro é um exemplo da mistura de realidade e literatura, que fez alguém dizer que “se a vida de John Reed parece ficção, seus contos sempre são fatos”. Publicada pelo The Masses em fevereiro de 1915, “A filha da revolução” retrata a perplexidade de Reed e sua geração ante a brutalidade estúpida e tediosa da Primeira Guerra Mundial.
Sabe-se que Reed realmente freqüentou aquele pedaço de Paris durante a Guerra. O personagem chamado Fred é na verdade Fred Boyd, socialista inglês e amigo de Reed. Marcelle talvez não tenha existido antes, mas aparece  tão viva neste conto que certamente passou a existir de fato depois.
A história seguinte, “O mundo perdido”, é tão impressionante quanto, pelo que tem de atual. O personagem Takits, um ex-militante comunista sérvio, transformado em soldado leal do exército nacionalista sérvio, mostra o quanto a História pode se repetir. Foi publicada em fevereiro de 1916 também pelo The Masses, mas soa como um  retrato dos Bálcãs de hoje, perdidos em guerras e esquecimentos fatais.
Em abril, dois meses depois de “O mundo perdido”, o The Masses publicou “Noite na Broadway”. E no mês seguinte, “O capitalista”. Duas histórias em Nova York. Esta é a cidade de Reed. Não a Nova York do Poder, mas a cidade dos vagabundos, prostitutas, mendigos e malandros. É dela que Reed fala também em “Onde o coração está”, “Outro caso de ingratidão”, “Um gosto de justiça” e “Ver é crer”. São algumas das histórias mais citadas por aqueles estudiosos que consideram Reed precursor de Norman Mailer, Hunter S. Thompson e Tom Wolfe.
“Mac, o americano” realmente existiu. Um sujeito a quem  o  escritor  recorreu  como auxílio para  conseguir entrar nos  sertões  do México  durante  a Revolução  deVilla  e Zapata. A  antipatia  de Reed  pelo  companheiro é  explícita. Se  esse  conto  amarra-se  com  “Endymion” e  “Retratos mexicanos”  como  descrição  da marginália norte-americana na fronteira, amarra-se também a “Os direitos das pequenas nações” como retrato do “americano horrível”. Vemos aqui o avô daquele americano de camisa havaiana e óculos Rayban envolvido em negocia-
tas sangrentas da United Fruits ou nas ações da CIA em defesa do “Mundo Livre”. Cínicos, corruptos, arrogantes e incapazes de ver qualquer beleza em algo que não seja uma América Branca  idealizada,  que  só  existe na TV. Reed até pode desprezar aristocratas decadentes como os personagens de  “A coisa certa a  fazer”,  “Endymion” e “O chefe de  família”, mas seu ódio sempre esteve reservado para os americanos tranqüilos de mãos sujas, como Mac e Frank.
O livro vai então à Rússia das vésperas da revolução bolchevique. Fala de soldados disputando cigarros, lama, esperanças  e de um  gentil pastor  ortodoxo desempregado que perdeu suas ovelhas para a Revolução. Então chegamos em Chicago, em um julgamento de militantes operários.
Paris, Bálcãs,  Texas, Nova  York, México, Rússia  e Chicago.  John Reed não  seguiu  o  conselho  de  cantar sua aldeia para falar do Universo. Mas Reed falou de seu tempo, e assim falou de todos os tempos.

Rogério de Campos


Link: http://www.lojaconrad.com.br/Classicos/A_Filha_da_Revolucao_i.asp

Offline Luiz Souto

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Re: Livro: A Filha da Revolução de John Reed disponível para download
« Resposta #1 Online: 27 de Agosto de 2008, 21:53:51 »
Baixei anteontem  :hihi:

Gosto muito do John Reed , estou para começar a ler " Guerra dos Balcãs" também editado pela Conrad.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Eremita

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Re: Livro: A Filha da Revolução de John Reed disponível para download
« Resposta #2 Online: 03 de Setembro de 2008, 03:13:03 »
Baixei agora... mas considerando a "pilha" de e-books que tenho pra ler, e de livros de verdade...
Terminei hoje o Liberdade de Imprensa, do Marx, e já comecei o Hannibal, do Thomas Harris. Esse ainda vai demorar pr'eu ler.
Latebra optima insania est.

Offline Velho

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Re: Livro: A Filha da Revolução de John Reed disponível para download
« Resposta #3 Online: 05 de Setembro de 2008, 11:29:07 »
Eu ainda estou terminando de ler, mas, até agora, gostei bastante. Principalmente das crônicas intituladas “A Filha da Revolução” e “Mac, o americano”, estou pensando em comprar o livro Guerra dos Bálcãs...
 Realmente, é incrível como ele “mistura” realidade com literatura. Acho que pelo fato dele ter vagado pelo mundo, ajuda a criar essa dúvida de que seus personagens sejam ou não verdadeiros. Fico pensando se realmente Marcelle existiu... É engraçado como se criam barreiras nas pessoas, a ponto de que, mesmo buscando sua liberdade, ainda se sintam culpadas e erradas por fazê-lo.
Eremita, por o livro ser uma compilação de crônicas da pra ir lendo aos pouquinhos, sem correr o risco de perder o “fio da meada”, e as crônicas, ainda por cima, são curtinhas...

 

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