Autor Tópico: Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi  (Lida 889 vezes)

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Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Online: 05 de Setembro de 2008, 18:29:54 »
Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
 
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, chegou nesta sexta-feira à Líbia para uma visita histórica, que sinaliza mais um passo da reabilitação do país junto à comunidade internacional.

Esta é a primeira vez que um secretário de Estado americano vai ao país desde 1953.

No início do mês, Líbia e Estados Unidos assinaram um acordo em que concordaram em pagar indenizações para vítimas e familiares de vítimas de ataques realizados pelos governos líbios e americanos.

O acordo inclui indenizações relacionadas ao ataque ao vôo da Pan Am que caiu sobre a cidade escocesa de Lockerbie, em 1988, assumido pela Líbia em 2003, e o bombardeio americano às cidades líbias de Trípoli e Benghazi, dois anos antes.

"Não vão existir mais guerras, ataques ou atos de terrorismo", afirmou o líder líbio, Muamar Khadafi, no começo da semana, quando o país comemorou os 39 anos da revolução que o levou ao poder.

Livro Verde

Em 1969, o jovem oficial do Exército líbio Muamar Khadafi, aos 27 anos de idade, inspirado nas idéias nacionalistas e de pan-arabismo do então líder egípcio Damal Abdel Nasser, derrubou a monarquia do país em um golpe de Estado não-violento.

A posição pró-ocidental da Líbia mudou e Khadafi fechou as bases militares americanas e britânicas existentes no país. A ideologia nacionalista, baseada no Livro Verde, de sua autoria, propunha uma alternativa aos blocos ocidentais e socialista.

Criticada por não permitir dissidência política dentro do país, a Líbia passou a ser associada com uma série de ataques internacionais (como o vôo da Pan Am), além de apoiar grupos rebeldes como o irlandês IRA e outras organizações radicais em países vizinhos como o Chade.

Em 1986, após um atentado na Alemanha que matou três soldados americanos, o então presidente americano, Ronald Reagan, apelidou Khadafi de "cachorro louco", antes de autorizar o bombardeio de cidades líbias como represália.

A ONU aprovou sanções econômicas contra o país em 1993 por causa do ataque ao avião.

Reaproximação

Analistas dizem que a Líbia começou a buscar uma reaproximação com o Ocidente quando, em 1999, entregou suspeitos do ataque de 1986 para julgamento.

No entanto, um momento crucial para a posição internacional da Líbia foi sua inclusão no chamado Eixo do Mal, termo usado pelo presidente americano George W. Bush em 2002 para se referir a países que buscavam adquirir "armas de destruição em massa".

Rapidamente, o país renunciou ao seu programa bélico e, no ano seguinte, foi retirado da lista divulgada pelo Departamento de Estado americano de paises que apóiam o terrorismo.

Estados Unidos e Líbia reativaram relações diplomáticas em 2006, e o país passou a ser considerado exemplo de pressão diplomática construtiva para lidar com outras nações consideradas párias.

Mudança

Em artigo publicado no jornal egípico Daily News, o ex-ministro das Relações Exteriores de Malta Michael Frendo afirma que as medidas promovidas por Khadafi nos últimos anos sinalizam "uma grande mudança de atitude interna, porque o país deseja construir uma economia que não seja baseada exclusivamente no petróleo".

"Mas é ingênuo esperar que as mudanças vão criar rapidamente uma democracia no estilo europeu", acrescentou. "Khadafi, entretanto, parece querer conciliar suas idéias (expostas no Livro Verde) com uma economia mais aberta."

"E essa abertura é bem-vinda porque a Líbia permanece próxima da África em geral e dos países árabes", disse Frendo. "Com uma mentalidade mais positiva, o país pode ajudar a aliviar tensões nestas regiões."

Em editorial, o jornal estatal líbio El Jamahiriya afirma que "Washington se libertou de sua mentalidade antiga, de ver o mundo como um Estado americano, e passou a ver os Estados Unidos como um Estado do mundo".

Nesta sexta-feira, Rice participa da iftar (a refeição no início da noite, após um dia de jejum, como manda a tradição do Ramadã, o mês santo muçulmano) com Khadafi.

Na pauta do encontro, devem constar temas como os conflitos no Chade e na região sudanesa de Darfur.

Após a Líbia, Rice deve visitar também Tunísia, Argélia e Marrocos, antes de voltar aos Estados Unidos no dia 7 de setembro.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080905_rice_libia_rc.shtml

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Re: Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Resposta #1 Online: 10 de Julho de 2009, 01:53:07 »
Obama aperta mão de presidente líbio; países retomaram relações há 3 anos

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apertou hoje a mão do seu colega líbio, Muammar Kadafi, num jantar oferecido pelo chefe de Estado italiano, Giorgio Napolitano, por ocasião da cúpula do G8 (os sete países mais industrializados e a Rússia), que acontece em L'Aquila.

Obama cumprimentou o ditador líbio, que combinava um turbante com um traje em tons laranjas, rosados e vermelhos, enquanto ambos se preparavam para a foto de família do encontro.

Antes, o conselheiro adjunto de Segurança Nacional da Casa Branca, Denis McDonough, já tinha dito que, para Obama, não seria inconveniente nenhum saudar Kadafi.


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aperta a mão do seu colega líbio, Muammar Kadafi, no G8

O chefe de Estado líbio, atual presidente da União Africana (UA), está em L'Áquila para o encontro que os líderes do G8 terão com chefes de Estado e de Governo da África.

Por conta da disposição de lugares feita pelos organizadores do jantar oferecido por Napolitano, Obama ficará sentado quatro assentos depois de Kadafi.

Líbia e EUA restabeleceram relações diplomáticas há apenas três anos, após décadas de inimizade.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/07/09/obama+aperta+mao+de+presidente+libio+paises+retomaram+relacoes+ha+3+anos+7218901.html

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Offline JJ

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Re:Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Resposta #2 Online: 22 de Agosto de 2017, 16:42:01 »

Mentiras e verdades sobre a Líbia e detalhes sórdidos da execução de Kadafi
 

Que os olhos reapareçam
Como a estrela perpétua
Rosa multifoliada
Do reino em sombras da morte
A única esperança
De homens vazios.
T.S. Eliot, “Os homens ocos”
(Epígrafe acrescentada pelos tradutores)


Estão disputando as carcaças, como abutres. O ministro francês da Defesa disse que um avião Rafale atirou contra o comboio. O Pentágono disse que o pegaram com um avião-robô comandado à distância, um drone Predator, que lançou um míssil Hellfire. Ferido, o comandante Muammar Gaddafi tentou abrigar-se num cano sujo, debaixo de uma rodovia – eco fantasmagórico da “toca” de Saddam Hussein. E foi encontrado pelos “rebeldes” do Conselho Nacional de Transição. E foi executado.

Abdel-Jalil Abdel-Aziz, médico líbio que acompanhou o cadáver de Gaddafi numa ambulância e o examinou, disse que havia dois tiros, um no peito, um na cabeça.

O Conselho Nacional de Transição – que há meses aplica mentiras, mentiras e mais mentiras – jura que ele morreu sob “fogo cruzado”. Pode ter sido uma gangue. Pode ter sido Mohammad al-Bibi, de 20 anos, com um boné de beisebol dos New York Yankees que posou para o mundo exibindo a pistola dourada de Gaddafi, talvez tentando receber a gorda recompensa de $20 milhões por Gaddafi “vivo ou morto”.


A coisa vai ficando cada vez mais intrigante, se se recorda que aconteceu exatamente o que a secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton anunciara durante visita relâmpago a Trípoli, menos de 48 horas antes: Gaddafi seria “capturado ou morto”. A Rainha das Fadinhas satisfez o pedido de Clinton, que recebeu a notícia pela tela de um telefone BlackBerry – e respondeu com o terremoto semântico: “Uau!”


Ao vencedor, os restos. Foi obra de todos: da OTAN, do Pentágono e do Conselho Nacional de Transição. Desde o instante em que uma Resolução da ONU para implantar zona aérea de exclusão sobre a Líbia tornou-se autorização para “mudar o regime”, o Plano A sempre foi capturá-lo e matá-lo. Targeted assassination: assassinato predefinido, assassinato premeditado – essa é a política oficial do governo Barack Obama. Nunca houve Plano B.


Permita-me bombardeá-lo, para protegê-lo


Sobre a “responsabilidade de proteger” (R2P) civis, cabem todas as dúvidas a respeito da explicação oferecida pelo secretário-geral da OTAN Anders Fogh Rasmussen: “a OTAN e nossos parceiros cumprimos com sucesso o mandado histórico a nós atribuído pela ONU, para proteger o povo da Líbia”. Quem queira constatar o quanto a OTAN bem protegeu a população civis, meta-se num caminhão e vá a Sirte – a nova Fallujah.
As reações foram muito instrutivas. O burocrata do Conselho Nacional de Transição Abdel Ghoga foi ao Coliseu do Império Romano e disse ao povo que “Os revolucionários ganharam a cabeça do tirano”.


O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que a morte de Gaddafi significa que “estamos vendo a força da liderança dos EUA em todo o mundo”. É como “pegamos ele”, como todos teriam mesmo de esperar que pegassem, também considerando que Washington pagou nada menos que 80% dos custos de operação dos cabeça-fraca da OTAN (mais de $1 bilhão – que, como Occupy Wall Street poderia bem denunciar, muito mais úteis seriam para ajudar a criar empregos nos EUA). Esquisito, a Casa Branca dizer que “nós fizemos tudo”, porque a Casa Branca sempre disse que não era guerra, era não-sei-o-quê “cinético”. E que não estavam no comando.

Coube a esse prodígio da estratégia política universal, o vice-presidente Joe Biden, ser ainda mais iluminador que Obama: “Os EUA gastaram nesse caso $2 bilhões e não perderam uma única vida. É muito melhor fórmula de como negociar com o mundo, sempre andando adiante, do que a que usávamos no passado”.


Mundo, fique avisado: doravante, com você, o império negociará assim.


Conheçam o meu amor humanitário


Assim sendo, parabéns à “comunidade internacional” – a qual, como todos sabem, é formada de Washington, uns gatos-pingados estados-membros da OTAN e as potências democráticas do Golfo Persa, a saber: Qatar e os Emirados Árabes Unidos (EAU).


Essa “comunidade internacional”, pelo menos, adorou o resultado. A União Europeia saudou “o fim de uma era de despotismo” – apesar de, praticamente todas as quintas-feiras, lá estarem, beijando a fímbria das túnicas de Gaddafi: hoje, caíram em si, em editoriais sobre os 42 anos do reinado do “bufão”.


Gaddafi seria o mais inconveniente dos convidados à Corte Criminal de Haia, porque se deliciaria relembrando todos os detalhes dos beija-mãos, abraços cálidos e os excelentes negócios que o ocidente passou a viver de suplicar-lhe, depois que o promoveu, de “cachorro louco” (Ronald Reagan) a “nosso filho da puta”. Também teria grande prazer ao relembrar, com detalhes, o passado sombrio desses oportunistas que hoje posam como “revolucionários” e “democratas”.


Quanto à lei internacional, lá ficou num buraco tão imundo quanto aquele em que Gaddafi foi capturado vivo. Saddam, ditador do Iraque, mereceu pelo menos um julgamento falso, em corte falsificada, antes de enfrentar o carrasco. Osama bin Laden foi simplesmente morto, assassinato simples, depois de os EUA invadirem território do Paquistão. Gaddafi foi queimado, numa mistura de assassinato e guerra aérea.


Abutres congestionam o espaço aéreo. Mohammed El Senussi, em sua base londrina, herdeiro do trono líbio (o rei Ídris foi derrubado em 1969) está pronto para chegar, já se tendo apresentado como “servidor do povo líbio que decidirá o que deseja”. Tradução: quero o trono. Obviamente, é o candidato favorito da Casa de Saud, contrarrevolucionária.


E o que dizer das mulas daqueles think-tanks de Washington, para os quais esse seria “o momento Ceausescu da Primavera Árabe”? Se pelo menos o ditador romeno tivesse melhorado o padrão de vida dos cidadãos – os líbios tinham saúde pública gratuita, educação pública gratuita, incentivos para os recém-casados e mais, e mais – uma fração, que fosse, do que Gaddafi fez na Líbia. Além do quê, Nicolae Ceausescu não foi deposto com bombardeio “humanitário” pela OTAN. Só cérebros embalsamados engoliriam a propaganda do bombardeio “humanitário” da OTAN (mais de 40 mil bombas, e continuando…) – que destruiu a infraestrutura da Líbia devolvendo-a à Idade da Pedra (“Choque e Pavor” em câmera lenta. Alguém aposta?).


Nada disso teve algo a ver com “responsabilidade de proteger”, R2P – o incansável bombardeio da população civil em Sirte é prova.


Como os quatro principais membros dos BRIC sabiam desde antes da votação na ONU da Resolução 1973, sempre se tratou de impor a OTAN como senhora do Mediterrâneo – Mediterrâneo, lago da OTAN; sempre se tratou de guerra do comando dos EUA na África, Africom, contra a China; sempre se tratou de criar uma base estratégica chave; sempre se tratou de franceses e britânicos porem as mãos nos ricos contratos para explorar, em proveito deles, os recursos naturais da Líbia. E sempre se tratou de o Ocidente retomar o controle da narrativa da Primavera Árabe, depois de o Ocidente ter sido apanhado de calças curtas na Tunísia e no Egito.


Ouçam os suspiros dos bárbaros


Bem-vindos à nova Líbia. Milícias islâmicas intolerantes converterão em inferno a vida das mulheres líbias. Centenas de milhares de africanos subsaarianos – os que não conseguiram escapar – serão perseguidos com crueldade máxima. A riqueza natural da Líbia será saqueada. Aquela coleção de armamento antiaéreo de que os islâmicos se apropriaram serão razão excepcionalmente convincente para alimentar a “guerra ao terror”. A “guerra ao terror” será eterna. Muito sangue correrá – sangue de guerra civil, porque a Tripolitania jamais aceitará ser governada pela atrasada Cirenaica.


Quanto aos ditadores que sobrevivem pelo mundo, ganharam um seguro de vida, presente da Empresa OTAN Inc.: Hosni Mubarak do Egito, Zine al-Abidine Ben Ali da Tunísia, e Abdullah Saleh do Iêmen foram espertos e já aceitaram. Todos sabemos que nunca haverá responsabilidade para proteger tibetanos e uigures, ou o povo de Myanmar, aquele gulag mostro, ou o povo do Uzbequistão, ou os curdos da Turquia, ou os pashtuns dos dois lados da Linha Durand, imperialmente marcada.


Todos sabemos que a única mudança em que o mundo acreditará, só acontecerá no dia em que a OTAN implantar uma zona aérea de exclusão sobre a Arábia Saudita, para proteger os xiitas na província do leste, com o Pentágono despejando um tapete de mísseis Hellfire sobre aqueles milhares de príncipes medievais, corruptos, da Casa de Saud. Nunca acontecerá.

Mas é assim que o ocidente expira: com uma explosão da OTAN e milhares de suspiros bárbaros, sem lei. Não gostaram? Metam na cara uma máscara de Guy Fawkes e saiam às ruas , para agitar, do jeito que o diabo gosta. Muito.


https://www.pragmatismopolitico.com.br/2011/10/mentiras-e-verdades-sobre-libia-kadafi.html


Pepe Escobar, RedeCastorPhoto | Tradução: Coletivo Vila Vudu

Offline Fabrício

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Re:Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Resposta #3 Online: 22 de Agosto de 2017, 16:47:40 »
Citar
Quanto à lei internacional, lá ficou num buraco tão imundo quanto aquele em que Gaddafi foi capturado vivo. Saddam, ditador do Iraque, mereceu pelo menos um julgamento falso, em corte falsificada, antes de enfrentar o carrasco. Osama bin Laden foi simplesmente morto, assassinato simples, depois de os EUA invadirem território do Paquistão. Gaddafi foi queimado, numa mistura de assassinato e guerra aérea.

Rola uma lágrima pelo meu rosto ao lembrar destes cidadãos injustiçados, pobres coitados!
"Deus prefere os ateus"

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re:Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Resposta #4 Online: 22 de Agosto de 2017, 18:38:43 »
Justiça era bem feita com os julgamentos coletivos em um estádio de futebol, todos feitos pelos Castro e o Guevara nos anos 60, onde julgavam dezenas de réus juntos.

A esquerdalha brasileira fica até com tesão quando lembra.

Offline JJ

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Re:Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Resposta #5 Online: 13 de Janeiro de 2020, 09:18:43 »
Reunião de líderes da Líbia em Moscou deve dar 'mais resultados' do que na ONU, diz analista


© REUTERS / Ismail Zetouni

ORIENTE MÉDIO E ÁFRICA

07:47 13.01.2020



Nesta segunda-feira (13), as partes em conflito na Líbia irão se reunir em Moscou para dar "um primeiro passo" no estagnado processo de paz no país. Para alcançar resultados, são necessárias "negociações diretas" e intermediação de países "com influência real", diz analista.

Uma primeira etapa das negociações para a resolução do conflito líbio pode ocorrer hoje (13) na reunião entre o premiê do Governo do Acordo Nacional (GNA), Fayez Sarraj, e o líder do Exército Nacional Líbio (LNA), marechal Khalifa Haftar, a ser celebrada em Moscou, na Rússia.

De acordo com o diretor acadêmico do fórum de Valdai, Fiodor Lukianov, a chance das negociações alcançarem resultados em Moscou é maior do que em outras plataformas, inclusive na ONU.

"Eu acredito que a possibilidade de ser atingido algum resultado precisamente em Moscou é maior do que em qualquer outro lugar. Notemos, por exemplo, a tentativa da Itália de mediar as negociações alguns dias atrás, que acabou em um tremendo fracasso", disse Lukianov à Sputnik.

Mesmo assim, Lukianov acredita que os resultados desta reunião devem ser parciais. Para ele, um conflito dessa envergadura não pode ser resolvido somente com uma reunião.

"Esse tipo de conflito demanda uma série de encontros [para ser solucionado], uma série de negociações e mediadores internacionais empenhados", lembrou.
No entanto, a reunião em Moscou deve marcar um início importante no processo de paz da Líbia, cujas negociações em outras plataformas estão estagnadas:

"Sem o início deste tipo de processo – direto ou com participação de atores internacionais com influência real – não se iria obter nada. Portanto, me parece que se trata de um primeiro passo […] Mas, claro, não há garantias."

A situação é bastante difícil, uma vez que Haftar e seus aliados acreditam que existe uma solução militar para o problema líbio.

"O general Haftar e aqueles que o apoiam no mundo árabe acreditam que, ao fim e ao cabo, a situação será resolvida militarmente. A Rússia, como eu vejo, acredita que não há uma solução militar para o conflito e que é necessário buscar outras formas de chegar a um acordo, o que corresponde aos princípios da ONU."


Lukianov acredita que a realização da reunião em Moscou é um complemento aos processos de paz negociados em plataformas multilaterais, como a da ONU.

"Qualquer resultado estável e de longo prazo [que seja atingido em Moscou] deverá ser legitimado através do sistema da ONU. Apesar de a organização estar em crise, não há alternativas a ela", lembrou.

O especialista lembra que processo similar ocorreu no caso sírio: a plataforma de Astana foi criada para complementar as negociações lideradas pela ONU em Geneva, que atingiam poucos resultados.

"Essa situação me lembra o processo de Astana, que foi criado não como alternativa, ao menos como um complemento sério e relevante complemento ao processo de Geneva, conduzido pela ONU. Como vimos, [Astana] obteve muito mais resultados do que Geneva", concluiu.

Nesta segunda-feira (13), o premiê do Governo do Acordo Nacional (GNA), Fayez Sarraj, e o líder do Exército Nacional Líbio (LNA), marechal Khalifa Haftar, se reunirão em Moscou, conforme informou a chancelaria russa.


A reunião é resultado de uma iniciativa conjunta entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que acordaram suas posições acerca do conflito líbio em um recente encontro em Istambul.


https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/2020011315000346-reuniao-de-lideres-da-libia-em-moscou-deve-dar-mais-resultados-do-que-na-onu-diz-analista/


« Última modificação: 13 de Janeiro de 2020, 09:31:34 por JJ »

Offline JJ

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Re:Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Resposta #6 Online: 13 de Janeiro de 2020, 09:33:33 »
Do The New York Times

Hillary Clinton, “poder inteligente” e a queda de um ditador


Por Jo Becker e Scott Shane

Traduzido por Luiz de Queiroz do Jornal GGN


No momento que Mahmoud Jibril passou pela alfândega do aeroporto Le Bourget e correu para dentro de Paris, a secretária de estado americana estava esperando há horas. Mas essa não era uma reunião que Hillary Clinton pudesse cancelar. O encontro poderia decidir se os Estados Unidos iriam novamente para a guerra.

Nos espasmos da Primavera Árabe, o coronel Muammar el-Qaddafi estava encarando uma revolta furiosa de cidadãos líbios determinados a encerrar seu quixotesco comando de 42 anos. As forças do ditador estavam se aproximando de Bengasi, o cone da rebelião, e ameaçando causar um banho de sangue. A França e a Grã-Bretanha estavam instando os Estados Unidos a se juntar a eles na campanha militar para deter as tropas do coronel Qaddafi e agora a Liga dos Estados Árabes também estava pedindo alguma ação.

O presidente Obama estava profundamente preocupado com a ideia de começar outra empreitada militar em um país muçulmano. A maioria dos seus conselheiros sêniores recomendava que ele ficasse de fora. Mesmo assim, ele despachou a senhora Clinton para sondar o senhor Jibril, um líder da oposição líbia. Sua reunião tarde da noite em 14 de março de 2011 seria a primeira oportunidade para um alto oficial americano ter uma noção de quem era, exatamente, que o mundo estava pedindo para os Estados Unidos apoiarem.

Em sua suíte no hotel Westin, ela e o senhor Jibril, um cientista político com doutorado pela Universidade de Pittsburgh, falaram longamente sobre a rápida evolução da situação militar na Líbia. Mas a senhora Clinton claramente estava pensando também no Iraque e na sua dura lição sobre o intervencionismo americano.

Será que a oposição do Conselho Nacional de Transição [NTC, na sigla em inglês] realmente representava o todo de um país profundamente dividido, ou apenas uma região? E se o coronel Qaddafi renunciasse, fugisse ou fosse assassinado, eles realmente tinham um plano para o que viria a seguir?


“Ela estava fazendo todo tipo de perguntas que você possa imaginar”, lembrou o senhor Jibril.

A senhora Clinton foi conquistada. Os líderes da oposição “disseram todas as coisas certas sobre apoiar a democracia e a inclusão e construir as instituições líbias, o que ofereceu alguma esperança de que nós poderíamos conseguir realizar isso”, disse Philip H. Gordon, um dos secretários assistentes de Hillary. “Eles nos falaram o que nós queríamos ouvir. E nós gostaríamos de acreditar”.

A convicção da senhora Clinton seria crítica na hora de persuadir o senhor Obama a se juntar aos aliados nos bombardeios às forças do coronel Qaddafi. De fato, o secretário de Defesa de Obama, Robert M. Gates, diria mais tarde que em uma decisão apertada “51-49”, foi o apoio da senhora Clinton que convenceu o ambivalente presidente.

As consequências seriam mais vastas do que qualquer um teria imaginado, deixando a Líbia um estado falido e um refúgio terrorista, um lugar onde as mais terríveis respostas para as perguntas da senhora Clinton passaram a se realizar.

Essa é a história de uma mulher cujo voto no Senado a favor da guerra do Iraque pode ter condenado sua primeira campanha presidencial e que mesmo assim pagou para ver e pressionou por uma ação militar em outro país muçulmano. Enquanto ela mais uma vez busca a Casa Branca, fazendo campanha em cima de sua experiência como diplomata chefe da nação, uma análise da intervenção que ela capitaneou mostra aquele que foi indiscutivelmente o seu momento de maior influência como secretária de Estado. É um retrato em andamento, rico em evidências sobre o tipo de presidente que ela pode ser, especialmente por sua abordagem expansiva para o grande enigma da política externa de hoje em dia: se, quando, onde e como os Estados Unidos devem manejar seu poderio militar, na Síria e em qualquer outro lugar do Oriente Médio.

Desde os primeiros dias do debate sobre a Líbia, a senhora Clinton foi uma estudante diligente e uma inquisidora implacável, absorvendo longos livros de instruções, convidando visões contrárias de subordinados, estudando as contrapartes estrangeiras para aprender como conquista-las. Ela foi pragmática e se mostrou disposta a improvisar para tentar encontrar a solução definitiva. Mas, acima de tudo, aos olhos de muitos que a observaram de perto, seu histórico na Líbia ilustra como, encarando um dilema de segurança nacional ou de política estrangeira, ela estava inclinada a agir, em contraste marcante com a abordagem mais reticente do senhor Obama.


Anne-Marie Slaughter, sua diretora de Planejamento Político no Departamento de Estado, observou que, em conversas e em seu livro de memórias, a senhora Clinton repetidamente fala sobre querer ser “flagrada tentando”. Em outras palavras, ela preferiria ser criticada pelo que ela fez do que por não ter feito nada.

“Ela é muito cuidadosa e ponderada”, disse a senhorita Slaughter. “Mas quando a escolha está entre a ação e a inação, e existem riscos em qualquer direção – o que acontece frequentemente – ela prefere ser flagrada tentando”.

A análise do The New York Times sobre a intervenção oferece uma contabilidade detalhada sobre como a crença da senhora Clinton no poder da América de fazer o bem no mundo encalhou em um país tribal, sem nenhum governo funcional, com facções rivais e uma quantidade atordoante de armas. O Times entrevistou mais de 50 oficiais americanos, líbios e europeus, incluindo muitos dos atores principais da crise. Praticamente todos concordaram em comentar publicamente a questão. Eles expressaram arrependimento, frustração e em alguns casos desnorteamento sobre o que deu errado e o que poderia ter sido feito diferentemente.

O erro foi a decisão de intervir, para começo de conversa? Ou o prolongamento da missão original de proteger civis para expulsar um ditador? Ou o fracasso de enviar uma força de manutenção da paz depois do conflito?

A senhora Clinton recusou uma entrevista. Mas em público ela disse que ainda é “cedo para dizer” o que vai acontecer na Líbia, e convocou o povo americano para uma abordagem mais intervencionista na Síria.

A queda da Líbia no caos começou com uma decisão apressada de ir para a guerra, tomada no que um alto oficial chamou de “sombra de incerteza” a respeito das intenções do coronel Qaddafi. A missão inexoravelmente evoluiu, mesmo com a previsão da senhora Clinton sobre os perigos de querer derrubar outro homem forte do Oriente Médio. Ela pressionou um programa secreto americano para fornecer armas para as milícias rebeldes, um esforço nunca antes confirmado.


Apenas depois que o coronel Qaddafi caiu e depois que “as endorfinas da revolução” (nas palavras de um diplomata americano) se dissiparam é que ficou claro que os novos líderes da Líbia não estavam à altura da tarefa de unificar o país. O que a campanha da senhora Clinton e do presidente Obama apontou como as provas do sucesso apenas agravaram as divisões na Líbia.

A Líbia, agora, com uma população menor do que o Tennessee, representa uma ameaça desproporcional, para a segurança da região e além, colocando em dúvida se a intervenção preveniu uma catástrofe humanitária ou meramente ajudou a criar uma de outro tipo.

A pilhagem dos vastos arsenais de armas do coronel Qaddafi durante a intervenção alimentou a guerra civil Síria, empoderou grupos terroristas da Nigéria ao Sinai e desestabilizou Mali, onde militantes islâmicos invadiram um hotel Radisson em novembro e mataram 20 pessoas.

Um comércio crescente de seres humanos enviou 250 mil refugiados através do Mar Mediterrâneo, com centenas se afogando no trajeto. Uma guerra civil na Líbia deixou o país com dois governos rivais, cidades em ruínas e mais de quatro mil mortos.


No meio daquela briga, o Estado Islâmico construiu um dos mais importantes postos avançados na costa da Líbia, um reduto para onde recuar depois de bombardeios à Síria e ao Iraque. Com o Pentágono dizendo que o rápido crescimento do contingente do Estado Islâmico agora coloca seus números entre 5 mil e 6.500 soldados, alguns dos altos assessores de segurança nacional do senhor Obama estão pressionando por uma segunda intervenção militar americana na Líbia. Em 19 de fevereiro, aviões de guerra americanos que caçavam um militante tunisiano bombardearam um campo de treinamento no oeste da Líbia, matando pelo menos 41 pessoas.

“Nós tínhamos um sonho”, disse o senhor Jibril, que serviu como o primeiro primeiro-ministro interino da Líbia. “E para ser honesto com você, nós tínhamos uma oportunidade de ouro de trazer esse país de volta à vida. Infelizmente, esse sonho se despedaçou”.


Durante a campanha e durante as implacáveis investigações do Congresso, críticos republicanos usaram uma tragédia singular, o ataque terrorista de 11 de setembro de 2012 ao complexo diplomático dos Estados Unidos em Bengasi, que provocou a morte do embaixador J. Christopher Stevens e três outros americanos, o que caiu como um martelo na antiga secretária de Estado. Enquanto as tentativas de colocar a culpa na senhora Clinton foram largamente frustradas, a nomeação do seu rival para as corridas presidenciais pelo lado democrata, senador Bernie Sanders, de Vermont, mirou em seu papel na ampla narrativa da intervenção líbia; durante um debate recente, ele disse temer que “a secretária Clinton está dedicada demais em realizar mudanças de regimes”.

O presidente Obama disse que o fracasso em fazer mais na Líbia foi sua maior lição em política estrangeira. E Gérard Araud, o embaixador francês das Nações Unidas durante a revolução, está profundamente perturbado pelos desfechos da intervenção de 2011: o Estado Islâmico a apenas “300 milhas da Europa”, uma crise de refugiados que “é uma tragédia humana tanto quanto política” e a desestabilização da maior parte do oeste da África.

“Você tem que fazer uma escolha moral: aceitar um banho de sangue em Bengasi e que Qaddafi permaneça no poder, ou o que está acontecendo agora”, disse o senhor Araud. “É uma questão dura, porque agora os interesses nacionais do Ocidente estão muito impactados pelo que está acontecendo na Líbia”.

Voluntários rebeldes em Bengasi, Líbia, em Março de 2011. A senhora Clinton persuadiu o presidente Omaba a se juntar aos aliados nos ataques aéreos na Líbia, e eventualmente pressionou  por um programa secreto para fornecer armas para as milícias rebeldes. Crédito Lynsey Addario para o The New York Times

Voluntários rebeldes em Bengasi, Líbia, em Março de 2011. A senhora Clinton persuadiu o presidente Omaba a se juntar aos aliados nos ataques aéreos na Líbia, e eventualmente pressionou  por um programa secreto para fornecer armas para as milícias rebeldes. Crédito Lynsey Addario para o The New York Times

Uma nova guerra

Era final de tarde em 15 de março de 2011 e o senhor Araud tinha acabado de deixar seu escritório quando o telefone tocou. Era sua contraparte americana, Susan E. Rice, com uma mensagem espinhosa.

A França e a Grã-Bretanha estavam pressionando por um voto no Conselho de Segurança das Nações Unidas a favor de uma restrição do espaço aéreo da Líbia para evitar que o coronel Qaddafi chacinasse seus oponentes. A senhorita Rice estava ligando para recuar, em sua linguagem caracteristicamente apimentada.

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“Ela disse, e eu cito, ‘Vocês não vão nos arrastar para essa merda de guerra de vocês’”, disse o senhor Araud, agora embaixador da França em Washington. “Ela disse, ‘Nós vamos acabar sendo obrigados a seguir e apoiar vocês, e nós não queremos isso’. A conversa ficou tensa. Eu respondi, ‘A França não é uma subsidiária dos Estados Unidos’. Era uma política da administração Obama na época que eles não queriam uma nova guerra árabe”.

Nas semanas anteriores, uma série de reuniões de alta cúpula tratou da rebelião crescente, e alguns dos assessores mais jovens da Casa Branca acreditavam que o presidente deveria se juntar aos esforços internacionais.



https://jornalggn.com.br/eua-canada/a-politica-externa-de-hillary-clinton-na-libia/
« Última modificação: 13 de Janeiro de 2020, 09:54:46 por JJ »

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Re:Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Resposta #7 Online: 13 de Janeiro de 2020, 09:54:55 »
10/10/2012 17h36 - Atualizado em 10/10/2012 17h36

Al-Qaeda cresce a cada dia na Líbia, diz militar americano


Comissão apura atentado que matou embaixador e mais 4 em Benghazi.

Governo acredita que grupos ligados à rede terrorista estejam envolvidos.

Da AFP


A presença da rede terrorista da Al-Qaeda na Líbia cresce a cada dia, disse nesta quarta-feira (10) o ex-comandante de uma equipe de segurança especial em Trípoli aos legisladores americanos, durante audiência sobre o ataque de militantes ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi.
A presença da Al-Qaeda "cresce a cada dia. Eles estão certamente mais estabelecidos do que nós", disse o tenente-coronel Andrew Wood, que chefiou uma equipe de segurança de 16 integrantes em Trípoli.

Wood participava de uma audiência do Comitê de Supervisão e Reforma Governamental da Câmara de Representantes dos Estados Unidos sobre o ataque de 11 de setembro contra o consulado de Benghazi, que se celebra em meio a acusações sobre possíveis falhas de segurança cometidas pelo governo.
O governo disse agora acreditar que o ataque, no qual morreram quatro pessoas, tenha sido praticado por grupos vinculados à Al-Qaeda. Inicialmente, os funcionários americanos tinham dito que o ataque havia sido provocado por um protesto contra um filme anti-islâmico.

No começo do ano, o presidente Barack Obama havia dito aos cidadãos americanos que o objetivo de derrotar da rede Al-Qaeda estava ao alcance, mais de uma
década depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Em discurso presidencial durante visita surpresa ao Afeganistão, Obama assegurou: "o objetivo que me propus de derrotar a Al-Qaeda e negar-lhe a
possibilidade de se reconstruir agora está ao nosso alcance".


No entanto, tem sido registrada uma preocupação crescente sobre a possibilidade de que a Al-Qaeda esteja capitalizando o caos e a convulsão nos países árabes e do Oriente Médio, causados pela Primavera Árabe, ao tentar mover-se para áreas conturbadas.

Neste sentido, um funcionário americano disse que estão investigando se o braço da Al-Qaeda do Norte da África pode ter estado por trás do ataque em
Benghaz

http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2012/10/al-qaeda-cresce-cada-dia-na-libia-diz-militar-americano.html
« Última modificação: 13 de Janeiro de 2020, 10:03:30 por JJ »

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Re:Condoleezza Rice faz visita histórica à Líbia de Khadafi
« Resposta #8 Online: 13 de Janeiro de 2020, 09:55:34 »

Por que a Líbia volta a ser tomada pela guerra civil

9 abril 2019



Soldados de Misrata estão ajudando a defender a cidade de Trípoli

Pelo menos 2.800 pessoas fugiram de combates perto da capital da Líbia, Trípoli, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

A entidade afirma ainda que outros civis estão encurralados pelos confrontos e isolados de serviços de emergência.

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A ofensiva contra a cidade começou na última quinta-feira, quando o general Khalifa Haftar anunciou que tomaria Trípoli do governo da Líbia apoiado pela ONU.

Nesta segunda-feira, o aeroporto de Matiga, o único em funcionamento em Trípoli, foi atingido por ataques aéreos realizados por forças leais a Haftar, segundo a ONU. A entidade fala em desrespeito à lei internacional.

Não há relatos de vítimas ou aviões civis atingidos. Segundo um porta-voz de Haftar, o ataque mirava um caça militar MiG que estava no local.


Nos últimos dias, as potências internacionais começaram a retirar suas equipes do país.

O primeiro-ministro líbio, Fayez al-Serraj, acusou Haftar e as forças sob seu comando de tentativa de golpe de Estado e prometeu responder aos insurgentes com força.

A Líbia foi dilacerada pela violência, pela instabilidade política e pelas lutas pelo poder, desde que o governante de longa data, Muammar Gaddafi, foi deposto e morto em 2011.

As milícias que ganharam força desde então se dividem em diversos aspectos, como político, religioso, étnico e ideológico. Há militantes islâmicos, moderados, monarquistas e liberais que tiveram pouca experiência democrática no país.

O que há de mais recente nos confrontos?

O Ministério da Saúde Pública disse na segunda-feira que pelo menos 25 pessoas foram mortas e 80 ficaram feridas, incluindo civis e soldados. As forças do general Haftar disseram que perderam pelo menos 19 combatentes.


Ao menos 2.800 pessoas fugiram dos combates na região de Trípoli, capital da Líbia

A ONU chegou a pedir uma trégua de duas horas para que vítimas e civis pudessem ser socorridos, mas a solicitação foi ignorada e o combate continuou.

Em resposta, a União Europeia e vários países, incluindo os EUA e a Rússia, pediram o fim dos confrontos.

"Esta campanha militar unilateral contra Trípoli está colocando em risco civis e prejudicando as perspectivas de um futuro melhor para todos os líbios", disse Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA.

As negociações apoiadas pela ONU foram marcadas para o próximo dia 14 com o objetivo discutir um roteiro para novas eleições. Mas ainda não está claro se elas serão mantidas.

Um porta-voz da ONU disse à agência de notícias AFP que eles "ainda esperam por uma resposta positiva".

Qual é a situação nas imediações de Trípoli?
As forças do Exército Nacional Líbio (ENL), lideradas pelo general Haftar, vêm realizando um ataque multivariado contra Trípoli.


A multinacional italiana de petróleo e gás Eni decidiu retirar todos os funcionários italianos da Líbia

O ENL informou que realizou seu primeiro ataque aéreo no domingo - um dia depois de o Governo de Unidade Nacional (GNA), apoiado pela ONU, atacá-lo com ataques aéreos.

Houve confrontos no entorno de um aeroporto desativado em Trípoli.

O primeiro-ministro, Fayez al-Serraj, disse no sábado que defenderá a capital. Ele disse ter feito concessões ao general Haftar para evitar derramamento de sangue, mas acabou "apunhalado pelas costas".

Quem já deixou o país?

O Comando dos Estados Unidos para a África - que é responsável pelas operações militares dos EUA e pela ligação na África - disse que transferiu um contingente de forças dos EUA para fora do país devido ao "aumento da agitação".

Houve relatos de que uma nave anfíbia rápida sendo usada na operação.

A ministra das Relações Exteriores da Índia, Sushma Swaraj, disse que o contingente total de 15 membros da força de paz da Força de Reserva Central foi retirado de Trípoli porque a situação na Líbia "piorou repentinamente".

A multinacional italiana de petróleo e gás Eni decidiu retirar todos os funcionários italianos do país.

A ONU também deve retirar boa parte de sua equipe e manter apenas o essencial no país.

Há relatos de moradores de Trípoli terem começado a estocar alimentos e combustível. Mas o editor de assuntos árabes da BBC, Sebastian Usher, diz que muitos dos que estão perto dos combates hesitam em suas casas por medo de saques.

Líbios temem uma longa ofensiva em Trípoli, como a que o general Haftar adotou para tomar a cidade de Benghazi, no leste, de milícias em 2017.

Quem é o general Haftar?

A Líbia foi destruída por uma série de conflitos desde a derrubada de Gaddafi em 2011. Desde então dezenas de milícias operam no país.

O Governo de Unidade Nacional (GNA) foi criado durante negociações em 2015, mas tem lutado para assegurar o controle nacional.

Recentemente houve uma polarização na disputa de poder: parte se aliou ao GNA, apoiada pela ONU, sediada em Trípoli, e outra ao ENL, do general Haftar, que tem força no leste da Líbia e recebe apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos.

Haftar é parte do cenário político líbio há quatro décadas. Sua ascensão política e militar teve um salto em 1969, quando ele ajudou o coronel Gaddafi a tomar o poder do rei Idris.

Ele subiu na hierarquia das Forças Armadas até os anos 1980, quando liderava as forças líbias em um conflito no Chade e acabou derrotado, preso e abandonado por Gaddafi. Haftar se exilou nos EUA, onde se aproximou das tentativas americanas de derrubar o mandatário líbio.

Em 2011, ele retornou à Líbia durante a guerra civil que levaria à queda e morte de Gaddafi - e no rescaldo se apresentou como o principal oponente de milícias islâmicas no leste da Líbia.


Depois de assumir o controle de Benghazi, Haftar voltou sua atenção para alcançar o cargo mais alto do país

Por três anos ele lutou contra diversos grupos, incluindo os alinhados à al-Qaeda, na cidade de Benghazi. Mas seus críticos acusaram-no de rotular de "terrorista" qualquer pessoa que desafie sua autoridade.

Em 2015, o Parlamento eleito o nomeou como líder do Exército Nacional Líbio. Depois de tomar o controle de Benghazi, ele voltou suas atenções para o cargo mais alto do país. Mas um de seus principais obstáculos é uma cláusula no acordo intermediado pela ONU que impede que uma figura militar assuma o cargo político.

Em janeiro deste ano, suas forças lançaram uma ofensiva para tomar dois campos de petróleo no sul do país. Estima-se que ele controle a maior parte das reservas de petróleo da Líbia.

Ele tem apoio internacional?

Sim, há muito tempo. Haftar tem o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos - e fez uma visita à Arábia Saudita uma semana antes de lançar a ofensiva em Trípoli. O general Haftar fez várias viagens à Rússia, foi recebido em um porta-aviões russo na Líbia e no domingo a Rússia vetou uma declaração do Conselho de Segurança da ONU condenando seu avanço sobre Trípoli.


Presidente Emmanuel Macron (centro) tentou mediar encontro entre o primeiro-ministro Sarraj (esquerda) e Khalifa Haftar (direita)

A França, que assumiu um papel de mediação, negou tomar partido apesar das suspeitas sobre sua relação com o general. O presidente francês, Emmanuel Macron, foi o primeiro líder ocidental a convidá-lo para a Europa em conversações de paz, e a França lançou ataques aéreos em apoio às forças do general Haftar em fevereiro. Eles atacaram as forças da oposição chadiana que lutavam contra o ENL no sul.

Observadores dizem que a participação de Haftar em conversas na França, Itália e Emirados Árabes Unidos buscava mais posicioná-lo no cenário internacional do que buscar um acordo.

A maioria das nações ocidentais apoia o governo de unidade. Desde a ofensiva em Trípoli, a ONU, os EUA e a União Europeia pediram a interrupção imediata dos combates e das negociações que envolvem Haftar.

Analistas dizem que Haftar pode ter feito esse movimento porque a ONU anunciou uma "conferência nacional" na cidade líbia de Ghadames, que será realizada entre 14 e 16 de abril, para discutir com comunidades locais um roteiro para eleições no país.

Com mais território sob seu controle, Haftar pode sentir que tem à mão algo mais forte que qualquer mesa de negociação.

Em entrevista em abril de 2016, o presidente americano Barack Obama disse que o pior erro de seu governo foi não ter preparado o terreno para a sucessão de Gaddafi.

De volta à estaca zero?

Análise de Rana Jawad, correspondente da BBC North Africa, em Tunis

A ofensiva do perigoso general sugere que, apesar da condenação internacional de seus recentes movimentos, ele acredita que só pode assegurar um lugar na futura composição política da Líbia por meios militares.

Diplomatas estão preocupados porque a maneira e o timing do ataque significam que é improvável que ele recue, a menos que seja derrotado.

Poucos pensaram que ele iria em frente e lançaria esta operação - algo que Haftar ameaçava fazer havia muito tempo - porque acreditavam que as conversas em andamento que o levaram a Paris, Palermo e Emirados Árabes Unidos serviriam para ganhar tempo até que um novo acordo político fosse alcançado por meio de negociações e de um eventual processo eleitoral.

Hoje, as nações ocidentais têm poucas cartas para tentar reduzir a violência e, mais uma vez, encontram-se em uma posição em que talvez precisem começar todo o processo do zero.



https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47870201

 

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