Daniel e Atheist,
-Outro aspecto a se considerar é como muita gente vê a relação de dependência entre a Evolução e as mutações.Isso começa pela noção dos antievolucionistas de que recombinação genética não permite a variação fora da capacidade genética.Me corrijam se eu estiver enganado, mas a recombinação possui sim mecanismos com efeitos mutagênicos. Os geneticistas D. J. Begun e C. F. Aquadro chegaram essa conclusão analisando a divergência entre nucleotídeos está correlacionada de nucleotídeos entre as espécies.Ou seja, ocorreu coincidência entre baixo nível de polimorfismo e baixa taxa de recombinação.
Sem dúvida alguma. Os criacionistas batem nas mutações por acharem mais fácil, talvez. O detalhe é que a variação não acontece apenas por mutações. Recombinação também gera variação e, na minha opinião, é muito mais efetiva que mutações.
Entretanto, se analisarmos desta forma, erros na replicação, erros na recombinação, elementos transponíveis, todos eles são fontes de variação que causam mutações. Mutações, por definição, é a alteração na sequência de nucleotídeos. Mas qual a fonte de variação, ou de mutação, não vem ao caso. De qualquer forma será aleatória e na maioria neutra.
O que eles não compreendem é que o simples embaralhar de alelos muitas vezes é suficiente para juntar genes que se dão melhor em conjunto. Mas aí é coisa demais para a cabeça deles, penso eu.
-Outra coisa a considerar eu estava lendo sobre a reportagem da Scientific American de maio chamada "Genoma Versátil" onde ela se referia que o splicing alternativo era mais comum do que se pensava em organismos complxos.Eu estive aqui pensando sobre esse mecanismo, será que ele poderia ser um ajudante nos processos que conduzem a Evolução? Ou quem sabe um "economizador de mutações", já que o tipo mais comum de S.A. é aquele em que o supressor exônico de splicing faz com que um éxon seja deixado de fora do mRNA final, produzindo assim uma nova proteína...Vou citar um caso, que não sei se tem relação com o que falei antes.Eu tava lendo num site de bioquímica em espanhol que dizia um bom exemplo de splicing alternativo é o gene da tropomiosina, uma proteína estrutural.O splicing alternativo produz cinco versões distintas desta molécula que se expressam em 5 tecidos diferentes do corpo:o músculo esquelético, o músculo liso,os fibroblastos,o fígado e o cérebro.As células ,e cada tipo de tecido, encaixam de forma diferente os 11 éxons que dispõe o gene, produzindo as distintas formas da proteína.
Isso é interessantíssimo. Acho que ainda é necessário mais pesquisas para podermos entender o papel do splicing alternativo na evolução. Ao meu ver, parece um acelerador potente, pois com uma mesma sequência de nucleotídeos pode fornecer proteínas diferentes e, consequentemente, características diferentes. O que se precisa agora é estudar a relação com os mecanismos de regulação.
-Não sei se você lembram que qd o Édson passou aqui, ele insistia muito na questão adição do "material genético".Acho que ele se referia como o acúmulo de mutações pode levar a uma transformação mais acentuada.É muito comum você ver em livros antievolucionistas dizendo que mesmo com mutação a essência do genoma não muda, e que uma bactéria em experiências nunca se tornou qualquer outro tipo celular.Continuando sobre a questão do questionamento do Édson sobre como alterações drásticas se formam; a Nina chegou a se referir ao gene homeobox,ele geralmente é o agente responsável nos casos em que bastam alterações pequenas no DNA para produzir diferenças drásticas.Acho que isso tem uma relação com uma notícia da Folha que saiu há uns 3 anos comentando uma reportagem que saiu na Nature.Vejam o link:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u6089.shtml
Acho que essa notícia foi mais uma pedra no sapato de quem não quer admitir a Evolução.
Criacionistas em geral não aceitam (ou esquecem ou não entendem) duplicações gênicas. Este tipo de alteração fornece material necessário para que novos genes surjam. O mais importante: isso é verificado na natureza. Muitas famílias gênicas são reconhecidamente originadas de uma região gênica original e várias cópias alteradas posteriormente.
Agora, esta reportagem da Folha é bem interessante. Um pouco depois vi uma notícia, se não me engano na New Scientist, demonstrando insetos adquirindo resistência à inseticida com apenas uma mutação também...
É claro que, dentre as mutações que causam algum efeito (as que não são neutras), boa parte é deletéria, pois há muito mais maneiras de se estar morto do que de se estar vivo. Mas a coisa é muito diferente do que pregam os criacionistas.