Autor Tópico: Cinema nacional  (Lida 7904 vezes)

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Cinema nacional
« Online: 25 de Setembro de 2008, 15:22:44 »
Muito filme e pouco público, os males do cinema brasileiro são

Ao final de 2008, tudo indica, o cinema brasileiro terá andado seis casinhas para trás, levando menos gente aos cinemas do que em 2002, quando 7,8 milhões de pessoas assistiram filmes nacionais. É verdade que esta acentuada queda (no ano passado foram 10,3 milhões de espectadores) pode ser vista como reflexo de um fenômeno maior, de redução no número total de espectadores nos cinemas, mas há algo de genuinamente brasileiro na crise: nunca se produziu tanto filme no País. No último final de semana, em São Paulo, havia 26 filmes brasileiros em cartaz contra 37 estrangeiros.

Parafraseando Mario de Andrade e seu Macunaíma, que disse “muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são”, poderíamos então concluir, numa rápida olhada a esses estranhos números, que “muito filme e pouco público, os males do cinema brasileiro são.”

“É o maior boom de que se tem notícia”, diz o cineasta Paulo Sérgio Almeida, diretor do Filme B, empresa especializada em números do mercado de cinema. Há hoje 569 filmes sendo feitos no Brasil. Esse número inclui filmes em todas as fases, desde trabalhos ainda em pré-produção até filmes prontos, à espera de lançamento. “É uma bolha”, reconhece Almeida.

Entender os vários significados desse paradoxo (produção em crescimento, público em queda) mobiliza hoje o mundo do cinema brasileiro. Produtores, exibidores, cineastas, agentes financiadores e burocratas do Ministério da Cultura têm explicações diferentes e, muitas vezes, complementares para o fenômeno.



O primeiro ponto a tentar compreender é o da redução do número total de espectadores nos cinemas. Desde 2004, quando houve o melhor resultado, 117 milhões de espectadores, a queda vem sendo gradual, ano a ano, e deve resultar em 2008 num número considerado desastroso pela indústria. A se confirmar a estimativa de 82 milhões de espectadores, isso significará que este ano a indústria exibidora vendeu 35 milhões de ingressos a menos do que em 2004.

Preocupado com esses números, o Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Rio de Janeiro encomendou uma pesquisa nacional para tentar entender o que está levando – e deixando de levar – o público aos cinemas. Dos brasileiros moradores nos dez principais centros urbanos do país, 48% têm o hábito de ir ao cinema, incluindo-se aí os que vão uma vez por semana, uma vez por mês e muito de vez em quando.

A pesquisa mostra que ir ao cinema está longe de ser a principal atividade de lazer do brasileiro, e perde de longe para programas muito mais fáceis e baratos, como assistir um DVD, ver um filme na televisão e passear no shopping. A pesquisa mostra, também, que o público prefere filmes estrangeiros a brasileiros, e filmes dublados a legendados (o relatório completo da pesquisa está disponível no site do sindicato).



Como explicar esse refluxo de público num momento de crescimento econômico do País e aumento da renda da população? A pesquisa do sindicato dos distribuidores mostra que existe, de fato, uma percepção que ir ao cinema é muito caro. “A culpa é da farsa da meia-entrada”, dispara Adhemar Oliveira, diretor de programação dos cinemas do Grupo Espaço de Cinema, que inclui as salas das redes Espaço Unibanco e Arteplex, em vários estados do país.

Segundo Oliveira, há cinemas hoje em que mais de 80% do público paga meia-entrada. “Não é possível, né?”, diz. A falta de fiscalização levou a uma disseminação de carteirinhas de estudante, contra as quais os cinemas nada podem fazer. “Os 15%, 20% que pagam inteira, de fato, estão pagando caro. Eles pagam R$ 18, R$ 20. Mas, para os demais, o preço do ingresso está barato”, constata. “Um casal que fica seis meses sem ir ao cinema e junta o dinheiro economizado, compra um home-theater”, acrescenta Paulo Sergio Almeida.


"Era Uma Vez", de Breno Silveira, foi modificado após exibições teste / Divulgação

Oliveira lista outros problemas. O mais conhecido, a pirataria. A disseminação de DVDs piratas, de filmes que, às vezes, ainda nem estrearam, ou acabaram de estrear, assusta os exibidores. “Também não estamos conseguindo conquistar novos consumidores”, admite o executivo. Almeida acrescenta um terceiro problema: “Não tem mais um cinema perto de você. Nem a rede Luis Severiano, que popularizou esse slogan, tem muito mais cinemas de rua”.

Reflexos dessa crise já podem ser notados em alguns números da indústria exibidora. Agora, no início de setembro, oito salas de cinema do Shopping Santa Úrsula, em Ribeirão Preto, foram fechadas. Também no início deste mês, mas em Juiz de Fora, seis salas do Shopping Alameda também encerraram as suas atividades.



E onde entra o cinema brasileiro nesta crise? Como entender a queda drástica de público na comparação com o aumento impressionante da produção?

“A imagem do cinema brasileiro é boa, mas os produtos não estão agradando, os filmes não são atraentes”, começa Paulo Sergio Almeida. De fato, a pesquisa do sindicato dos distribuidores não aponta uma rejeição ao cinema brasileiro, ainda que o público prefira filmes estrangeiros, mas traz uma questão reveladora: o que leva o público aos cinemas é, em primeiro lugar, o tema do filme (31%), seguido por elenco (22%), gênero (10%), indicação de amigos (7%), o fato de estar todo mundo falando de determinado filme (6%), propaganda (6%), uma boa crítica (5%) e, em último lugar, o diretor (5%).

Esses dados assustam as pessoas diretamente envolvidas com a indústria. Afinal, como na França, o modelo principal de produção, no Brasil, gira em torno da figura do diretor, o chamado modelo do “cinema de autor”, no qual Ele é a mola propulsora, a pessoa que decide o tema, capta os recursos, escolhe o elenco e, eventualmente, ainda escreve o roteiro do filme.

Em oposição a esse modelo, ganha corpo no País, já há alguns anos, uma formulação mais complexa, na qual o papel do diretor é confrontado com o do produtor profissional, que introduz questões objetivas, ligadas à ótica do mercado.

Uma das mais bem-sucedidas produtoras brasileiras, a Conspiração Filmes, por exemplo, apresenta todos os seus projetos, seja ainda em fase de sinopse, seja já com roteiro desenvolvido, para os distribuidores. “Se ouvimos muitos ‘não’ dos distribuidores, normalmente desistimos do projeto”, conta Eliana Soarez, diretora do núcleo de cinema da produtora. “Temos a preocupação de fazer filmes para o mercado.”

Quando o filme está pronto, a Conspiração o exibe para platéias escolhidas, a título de teste, e faz modificações, em função dos comentários. Foi o caso de “Era uma Vez”, segunda maior bilheteria do cinema brasileiro em 2008, com mais de 500 mil espectadores. Depois de testes com o público, o diretor Breno Silveira acrescentou uma fala, no final do filme, dita pelo próprio ator, Thiago Martins, e não pelo personagem dele. Antes de estrear um filme, a Conspiração também faz testes com o cartaz e o trailer, para saber se eles estão obtendo o efeito desejado.

Há consenso de que uma indústria de cinema saudável é resultado do equilíbrio entre os chamado filmes “de autor” e os filmes focados no mercado. O problema, sugerem os números do cinema brasileiro em 2008, é que houve um desbalanceamento.


Mal-recebido pela crítica, "Bezerra de Menezes" tem agradado o público / Divulgação

De um lado, parece, há recursos como nunca houve. Graças às mais variadas leis de incentivo fiscal – federais, estaduais, municipais –, bem como ao papel de grupos distribuidores internacionais, as chamadas “majors”, e à Globo Filmes, que estão investindo em cinema, a produção no Brasil vive o seu momento de maior pico.

De outro lado, não está havendo resposta do público. Apenas um filme brasileiro superou a casa do milhão de espectadores em 2008. “Meu Nome Não é Johnny”, contabiliza cerca de 2 milhões de ingressos vendidos este ano. É um típico projeto pensado por um produtor, a carioca Marisa Leão, que contratou um diretor, Mauro Lima, para realizá-lo.

Filmes que ajudavam nas estatísticas do cinema brasileiro, como as produções de Renato Aragão e Xuxa, já não surtem o mesmo efeito nas bilheterias – e eles não encontraram substitutos. “Se você tem num ano quatro produtos que dão certo, os números são bons. Esse ano isso não aconteceu”, observa Adhemar Oliveira. “Dos 26 filmes brasileiros em cartaz em São Paulo, 23 devem ter passado por festivais, tiveram aquela badalação toda, mas para o mercado...”, diz Oliveira, sem completar a frase.

O que o público quer ver? Segundo Eliana Soarez, da Conspiração, as pessoas, em sua maioria, querem ir ao cinema para se divertir. “Querem magia, emoção e histórias humanas. Na leitura do público, os filmes brasileiros são muito realistas”. Um modelo do que o público quer, na visão da Conspiração, é o filme “Dois Filhos de Francisco”, que conta a história dos cantores Zezé de Camargo e Luciano, e atraiu mais de 5 milhões de espectadores. De olho nesse segmento, da cinebiografia, a empresa está se preparando para filmar “Os Gonzagas”, sobre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha.

Exemplar deste gosto do público por, digamos, história humanas, é o sucesso de “Bezerra de Menezes”, biografia de um médico, que viveu no século 19 e foi um importante divulgador do espiritismo no Brasil. Execrado de forma quase unânime pela crítica, o filme, com Carlos Vereza no papel-título, já foi assistido por 250 mil espectadores. É o segundo filme brasileiro mais bem-sucedido hoje em cartaz, se considerarmos a co-produção internacional “Ensaio sobre a Cegueira”, que já atraiu 280 mil espectadores.

Diante desses números e desse estranho paradoxo – tantos filmes em cartaz, tão pouco público para vê-los – Adhemar Oliveira observa: “Tem alguma tomada desconectada nesse mercado”. Convém descobrir logo como conectá-la.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mauricio_stycer/2008/09/25/muito_filme_e_pouco_publico_os_males_do_cinema_brasileiro_sao_1936629.html

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Offline Diego

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Re: Cinema nacional
« Resposta #1 Online: 25 de Setembro de 2008, 15:31:44 »
Não sou fã de cinema nacional e assumo que tenho um certo preconceito com os filmes brasileiros.

Dos filmes que assisti, somente 1 realmente me impressionou: Tropa de Elite.

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Offline Týr

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Re: Cinema nacional
« Resposta #2 Online: 25 de Setembro de 2008, 16:39:27 »
Por que andar de Fusca se podemos andar de Ferrari?

É como dizem: "Tô pagando!"

Offline Unknown

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Re: Cinema nacional
« Resposta #3 Online: 25 de Setembro de 2008, 16:57:56 »
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Offline Dr. Manhattan

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Re: Cinema nacional
« Resposta #4 Online: 25 de Setembro de 2008, 17:47:43 »
Pois eu já acho que tanto a diminuiçao de público como o aumento do número de filmes é algo que no final
das contas vai ser positivo: maior competiçao pelo público = maior estímulo para a qualidade da produçao.
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Offline Peter Duarte

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Re: Cinema nacional
« Resposta #5 Online: 25 de Setembro de 2008, 17:59:48 »
Gosto muito de três diretores nacionais:

Fernando Meireles - Cidade de Deus, Jardineiro Fiel e Ensaio Sobre a Cegueira.

Walter Salles - Central do Brasil, Diários de Motocicleta e Linha de Passe.

Luiz Fernando Carvalho - Lavoura Arcaica (na minha opinião, a obra-prima do cinema nacional).
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Offline JUS EST ARS

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Re: Cinema nacional
« Resposta #6 Online: 25 de Setembro de 2008, 18:00:51 »


Diários de Motocicleta foi realmente muito bom :ok:



Offline Galthaar

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Re: Cinema nacional
« Resposta #7 Online: 25 de Setembro de 2008, 18:54:44 »

Estou louco para ver o retorno de Zé do Caixão em Encarnação do Demônio, dizem que este filme é muito bom para os amantes de gore.

"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

Moishe Postone, Tempo, trabalho e dominação social

Offline Dodo

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Re: Cinema nacional
« Resposta #8 Online: 25 de Setembro de 2008, 22:20:58 »

Estou louco para ver o retorno de Zé do Caixão em Encarnação do Demônio, dizem que este filme é muito bom para os amantes de gore.



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Offline Galthaar

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Re: Cinema nacional
« Resposta #9 Online: 26 de Setembro de 2008, 04:11:52 »

Ei Dodo, veja só esta crítica da Boca do Inferno, me deixou com água na boca:

http://www.bocadoinferno.com/romepeige/artigos/encarnacao.html

AVISO IMPORTANTE: Quem não gosta de gore, por favor não abra o link, pois possui fotos de mulheres nuas e sangue para todos os lados.

« Última modificação: 26 de Setembro de 2008, 04:33:15 por Galthaar »
"A dominação social no capitalismo, no seu nível mais fundamental, não consiste na dominação das pessoas por outras pessoas, mas na dominação das pessoas por estruturas sociais abstratas constituídas pelas próprias pessoas."

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Offline Dodo

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Re: Cinema nacional
« Resposta #10 Online: 26 de Setembro de 2008, 04:44:26 »
Eu já tinha lido, inclusive considero o Mojica um cara de grande coragem, fazer filme de terro no Brasil não é para qualquer um, não apenas por causa dos detalhes técnicos, quem assitiu as produções italianas da década de 80 pode muito bem notar que algumas coisas (roteiro, por exemplo) eram deixadas de lado, mas também pelo preconceito que o brasileiro tem por tudo que é feito aqui.


E eu sem andar direito ainda.. vou ter de esperar para ver em DVD.  :'(
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Alfred E. Newman

Offline Galthaar

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Re: Cinema nacional
« Resposta #11 Online: 26 de Setembro de 2008, 05:01:17 »

Até porque a crítica adora bater em filmes de terror, nunca os analisam como parte de um gênero específico feito para um público específico. Este filme do Mojica já ganhou premiação na Europa, espero que faça sucesso no Brasil, embora eu ache difícil.

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Offline uiliníli

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Re: Cinema nacional
« Resposta #12 Online: 27 de Setembro de 2008, 18:43:17 »
"Encarnação do Demônio" filme do Zé do Caixão é disparado o pior filme que já tive a infelicidade de assistir na vida. Não é um filme de terror. É um filme de gore, simplesmente. José Mojica é um péssimo ator e somos obrigados a suportá-lo em cena por quase toda a duração do filme, que se resume a Zé do Caixão andando, conversando com seus ajudantes ridículos, torturando alguém das maneiras mais hediondas possíveis, se assustando com fantasmas (aqueles gritinhos que ele dá quando vê uma assombração são uma piada... e quem é que pode respeitar um vilão medroso) e seus inimigos falando palavrão. Ah, sim, e putaria também, já que em filme brasileiro isso não pode faltar.

Mas, como eu disse, esse não é um filme de terror, já que Mojica não tem competência para causar medo - ele tenta compensar isso causando asco, repugnância, e daí o abuso da violência extrema. A violência em si, para mim não é um problema. Eu não sou particularmente um amante de gore, mas tolero se a violência for contextualizada e se houver legitimas situações de medo - sou fã de filmes de zumbi em geral e de O Massacre da Serra Elétrica. Acho que a única coisa positiva no filme são as criaturas monstruosas que aparecem, eu adorei os fantasmas em preto e branco com cara de bonecos e a caracterização do inferno dada.

Quanto ao tema dos filmes nacionais, acho que ainda existe muita impostura por parte dos autores que desagrada o público. Na semana passada assisti ao filme Corpo na universidade em uma seção à qual o diretor do filme foi convidado. Pela sinopse achei que seria um filmaço, mas o que vi foi um filme chato, com roteiro muito enigmático (aquilo que eles chamam de "formas de narrativa experimentais") e péssimas atuações para variar. Me deu tanto sono e me desagradou tanto que resolvi ir embora sem participar do debate com o diretor que aconteceria depois: ficou parecendo para mim que o cara fez aquele filme para si mesmo, e não para o público. Se ele não se importava com o que o público queria, por que eu me importaria com o que ele teria a dizer? Ainda mais depois de um filme que me deixou a sensação de que perdi duas horas da minha vida que podiam ter sido bem melhor aproveitadas...

Sendo assim não admira que os filmes nacionais não atraiam público. Espero que essa crise leve as coisas a um equilíbrio, um meio termo, onde nem os diretores tenham todas as suas liberdades tolhidas pela lógica do mercado e nem o público pagante (se bem que de Corpo eu não posso reclamar porque a sessão a que fui era gratuita) fique refém do ego dos autores.

Offline Herf

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Re: Cinema nacional
« Resposta #13 Online: 27 de Setembro de 2008, 19:47:04 »
O "cinema nacional", salvo algumas sortudas exceções, costuma ter desempenho ridículo porque não tem foco comercial. Não está sob a pavorosa lógica do mercado, tão temida e desprezada pelos iluminados que se sentem na missão de educar o povo. No dia em que o cinema nacional parar de receber dinheiro do contribuinte para ser bancado e auxílio do estado para ser exibido, das duas uma: ou começarão a fazer filmes com verdadeiro potencial de atrair público ou, o que eu acho mais provável, as produções brasileiras deixarão a pretensão de competir com as produções estrangeiras e cairão no underground. Pois investir no "cinema nacional" é algo tão artificial como investir no desenvolvimento do "futebol americano nacional" ou do "sumô nacional". Brasileiro não sabe fazer cinema e nem precisa saber isso.
« Última modificação: 27 de Setembro de 2008, 22:26:57 por Herf »

Offline FxF

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Re: Cinema nacional
« Resposta #14 Online: 27 de Setembro de 2008, 22:20:24 »
O "cinema nacional", salvo algumas sortudas excessões, costuma ter desempenho ridículo porque não tem foco comercial. Não está sob a pavorosa lógica do mercado, tão temida e desprezada pelos iluminados que se sentem na missão de educar o povo. No dia em que o cinema nacional parar de receber dinheiro do contribuinte para ser bancado e auxílio do estado para ser exibido, das duas uma: começarão a fazer filmes com verdadeiro potencial de atrair público ou, o que eu acho mais provável, as produções brasileiras deixarão a pretensão de competir com as produções estrangeiras e cairão no underground. Pois investir no "cinema nacional" é algo tão artificial como investir no desenvolvimento do "futebol americano nacional" ou do "sumô nacional". Brasileiro não sabe fazer cinema e nem precisa saber isso.
Perfeito.

Offline Dodo

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Re: Cinema nacional
« Resposta #15 Online: 28 de Setembro de 2008, 03:40:30 »
Uilinili, mesmo que o filme do Zé do Caixão seja muito ruim, com certeza será melhor que a porcaria do Hostel, partes 1 e 2. Sem falar no Pulse, Mirrors e muitas outras produções vendidas como sendo terror, mas que não conseguem assustar nem minha filha de seis anos. Se bem que minha filha assiste terror desde os seis meses, então é meio difícil assutá-la.
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Offline uiliníli

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Re: Cinema nacional
« Resposta #16 Online: 28 de Setembro de 2008, 10:37:02 »
Uilinili, mesmo que o filme do Zé do Caixão seja muito ruim, com certeza será melhor que a porcaria do Hostel, partes 1 e 2. Sem falar no Pulse, Mirrors e muitas outras produções vendidas como sendo terror, mas que não conseguem assustar nem minha filha de seis anos. Se bem que minha filha assiste terror desde os seis meses, então é meio difícil assutá-la.

Não assisti a esses filmes, mas eles teriam que se esforçar muito para superar o Zé do Caixão... de qualquer forma é comparar lixo com lixo. Eu te aconselho a não perder seu tempo, a não ser que você goste muito de trash.

Offline Dodo

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Re: Cinema nacional
« Resposta #17 Online: 28 de Setembro de 2008, 11:26:52 »
Uilinili, mesmo que o filme do Zé do Caixão seja muito ruim, com certeza será melhor que a porcaria do Hostel, partes 1 e 2. Sem falar no Pulse, Mirrors e muitas outras produções vendidas como sendo terror, mas que não conseguem assustar nem minha filha de seis anos. Se bem que minha filha assiste terror desde os seis meses, então é meio difícil assutá-la.

Não assisti a esses filmes, mas eles teriam que se esforçar muito para superar o Zé do Caixão... de qualquer forma é comparar lixo com lixo. Eu te aconselho a não perder seu tempo, a não ser que você goste muito de trash.

Gosto.
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Offline Luiz Souto

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Re: Cinema nacional
« Resposta #18 Online: 28 de Setembro de 2008, 12:41:19 »
O "cinema nacional", salvo algumas sortudas exceções, costuma ter desempenho ridículo porque não tem foco comercial. Não está sob a pavorosa lógica do mercado, tão temida e desprezada pelos iluminados que se sentem na missão de educar o povo. No dia em que o cinema nacional parar de receber dinheiro do contribuinte para ser bancado e auxílio do estado para ser exibido, das duas uma: ou começarão a fazer filmes com verdadeiro potencial de atrair público ou, o que eu acho mais provável, as produções brasileiras deixarão a pretensão de competir com as produções estrangeiras e cairão no underground. Pois investir no "cinema nacional" é algo tão artificial como investir no desenvolvimento do "futebol americano nacional" ou do "sumô nacional". Brasileiro não sabe fazer cinema e nem precisa saber isso.
Brasileiro sabe fazer cinema e temos não só bons cineastas como bons técnicos em todas as áreas de produção cinematográfica.
Quanto a produzir filmes com foco comercial temos um problema: como se define de antemão se um filme terá ou não sucesso comercial? Não só aqui , mas em países com forte indústria cinematográfica , diversos são os filmes feitos para ter sucesso comercial  , com forte investimento , e que naufragam quando exibidos ( lembra-se de Waterworld ?) e  outros filmes em princípio underground que estouram ( Balada do Pistoleiro , o primeiro , sem Antonio Banderas). Hoje é fácil dizer , depois do sucesso , que Cidade de Deus tem uma resposta de público boa mas quem , lendo o roteiro e vendo as inovações estéticas introduzidas pelo Fernando Meirelles ,iria garantir isso antes dele ser lançado?
Cinema ( e teatro também) são produções de alto risco.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Herf

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Re: Cinema nacional
« Resposta #19 Online: 28 de Setembro de 2008, 17:04:27 »
Não se pode ter cem por cento de certeza sobre o sucesso de um filme, mas os produtores exclusivamente comerciais tampouco jogam no escuro, e nem poderiam, afinal, sobrevivem disso. Têm que ter uma noção do que está na cabeça do público. Diferente daqui, onde o artista/produtor não depende exclusivamente (e às vezes não depende absolutamente nada) do sucesso comercial da sua obra, mas sim do patrocínio de alguma estatal, aprovações do ministério da cultura e subsídios diretos e indiretos.

Offline FxF

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Re: Cinema nacional
« Resposta #20 Online: 28 de Setembro de 2008, 17:14:54 »
E convenhamos, filmes cultos não são nenhuma fórmula para sucesso comercial, e sim o oposto, o brasileiro não se interessa muito por cultura.

Offline Dodo

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Re: Cinema nacional
« Resposta #21 Online: 28 de Setembro de 2008, 17:57:10 »
O mercado tem a seguinte atitude para com o cinema brasileiro:

Quando houver a certeza de um público cativo para filmes nacionais, eles irão investir. Até lá muitos filmes só serão produzidos se conseguirem patrocínio.

Então veremos o Digo Mainardi e o Ipojuca Pontes falando como o mercado salvou o cinema brasileiro.

É a mesma lógica usada para salvar um banco, o governo (nós) fica com o prejuízo e o novo dono, com os clientes e os lucros.

« Última modificação: 28 de Setembro de 2008, 18:00:52 por Dodo »
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Offline Herf

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Re: Cinema nacional
« Resposta #22 Online: 28 de Setembro de 2008, 22:05:24 »
O mercado tem a seguinte atitude para com o cinema brasileiro:

Quando houver a certeza de um público cativo para filmes nacionais, eles irão investir. Até lá muitos filmes só serão produzidos se conseguirem patrocínio.
Sim, a lógica é essa: se não há quem assista, não haverá quem invista. Ocorre que não há nenhum motivo para se supor que os brasileiros devam gostar de filmes brasileiros e, com isso, usar do dinheiro público para investir em filmes brasileiros, enfiando-os goela abaixo do povo que não gosta das coisas "certas".

Se o cinema nacional não se sustenta com suas próprias pernas, azar o dele (e dos que sobrevivem de verbas). Não se pode fazer com que pessoas que não estão interessadas em uma produção artística qualquer tenham que pagar por ela.

Offline Dodo

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Re: Cinema nacional
« Resposta #23 Online: 29 de Setembro de 2008, 02:08:40 »
Sim, a lógica é essa: se não há quem assista, não haverá quem invista. Ocorre que não há nenhum motivo para se supor que os brasileiros devam gostar de filmes brasileiros e, com isso, usar do dinheiro público para investir em filmes brasileiros, enfiando-os goela abaixo do povo que não gosta das coisas "certas".

Como não existem motivos para se supor que o brasileiro goste de filmes nacionais?
O que existe é um certo consenso de que ainda não se sabe qual o formato de filme nacional mais agrada ao público brasileiro. Seria impossível levar as telas uma superprodução como a Harry Potter, mas um roteiro bem cuidado e uma produção caprichada, poderiam obter sucesso ao adaptar para o cinema a obra mais conhecida de Monteiro Lobato: o Sitio do Pica Pau Amarelo.

A propósito, o mercado já começou a enxergar o potencial do cinema latino-americano. Veja o que encontrei:

Citar
Brasileiros também investem
Os brasileiros também estão se movimentando. A empresa Aracruz Celulose, o banco de investimentos Rio Bravo Investimentos e o BNDES anunciaram a criação de um fundo de cinema, o RB Cinema I Funcine, num total de US$ 6,5 milhões. A idéia é investir em produções brasileiras com potencial de mercado internacional, entre US$ 240 mil e US$ 725 mil por filme.

Os três primeiros títulos que receberão dinheiro do Funcine são "Querô", adaptação da peça homônima de Plínio Marcos (1935-1999) por Carlos Cortez, "O Dia em que Meus Pais Saíram de Férias", de Cao Hamburger, e "O Maior Amor do Mundo", de Cacá Diegues.

O último é uma co-produção da Sony Brazil, com estréia prevista para o semestre que vem, e tem Taís Araújo, Hugo Carvana e José Wilker no elenco. Já "Querô", a estréia na direção de Cortez, é co-produzido pela Gullane e tem o apoio da Unicef e do Instituto Sundance.

E o longa de Hamburger, que iria se chamar "Minha Vida de Goleiro", mas mudou de nome por razões de mercado (o nome afastaria a platéia feminina, concluiu-se), é baseado no livro de Luiz Schwarcz, se passa nos anos 70 e é co-produzido pela Gullane Filmes e pela Miravista, o selo latino-americano da Disney.

Notícia completa: http://www.brasilcultura.com.br/conteudo.php?id=1646&menu=94&sub=1721

Aqui tem outra reportagem: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u375644.shtml
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Alfred E. Newman

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Re: Cinema nacional
« Resposta #24 Online: 29 de Setembro de 2008, 10:18:11 »
O ruim dos filmes no cinema nacional são exclusivamente os atores e atrizes globais. Já são batidos e deveriam ser exclusivo das novelas; no cinema deveriam ter os próprios nomes conceituados; e não esses atores e atrizes meia boca.
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