Autor Tópico: México enfrenta dilema entre violência e corrupção  (Lida 545 vezes)

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México enfrenta dilema entre violência e corrupção
« Online: 25 de Setembro de 2008, 17:10:12 »
México enfrenta dilema entre violência e corrupção
 
A guerra contra as drogas está perto de completar um século e o problema - em nível mundial, longe de se resolver - cresceu em termos de consumo de drogas ilegais e gerou custos muito altos para vários países que participam da cadeia de produção, transportes e venda de drogas.

Os custos são particularmente altos em países latino-americanos que, coincidentemente, contam com fracas instituições de segurança e Justiça, que fazem com que os efeitos do narcotráfico cheguem a ameaçar a governança do próprio país.

Este tem sido o caso do México, pelo menos nas últimas duas ou três décadas.

Apesar de maconha e heroína serem produzidas no México desde o início do século 20, o problema cresceu preocupantemente a partir de meados dos anos 80, quando a cocaína produzida na Colômbia inundou o mercado americano, usando as rotas dos traficantes de maconha do México.

Esse tráfico alimentou de forma feroz o crescimento das quadrilhas mexicanas que, em meados dos anos 90, chegaram a ocupar o vazio deixado pelos cartéis colombianos que haviam sido desmantelados.

O fortalecimento dos cartéis mexicanos provocou um aumento dos efeitos colaterais do narcotráfico: a corrupção e a violência.

Violência funcional

A violência começou entre quadrilhas de traficantes, que a usavam para operar como negócio ilegal, como em ajustes de contas, manutenção da disciplina dentro das organizações e execuções contra os traficantes que invadissem "áreas" alheias.

Dois fatores foram chave para a continuação desta violência funcional: a existência de um mediador dentro do mundo do tráfico – papel que muitos atribuem a Amado Carrillo, o chefe do cartel de Juárez – e uma política de tolerância do governo mexicano que, a fim de evitar que a violência ameaçasse a estabilidade, permitiu aos traficantes que operassem sob algumas regras implícitas.

   
Violência contra policiais também aumentou

Esses dois elementos, por sua vez, abriram caminho para o desenvolvimento de uma ampla corrupção que afetou todas as forças encarregadas de combater o tráfico, inclusive o Exército.

Esta "narcocorrupção" se encaixava bem em um sistema político autoritário, para o qual o Estado de Direito não era uma prioridade e cujo funcionamento dependia, em boa medida, de uma corrupção instalada também em outros aspectos da vida social.

Neste sentido, seria um erro dizer que a corrupção chegou ao México com o narcotráfico, mas é possível afirmar que ela foi potencializada e ganhou nova dimensão com o tráfico.

Esta corrupção, por sua vez, se inseriu em uma cultura de ilegalidade prevalecente entre a população que persiste até hoje.

Batalha

Com a eleição de Vicente Fox para a Presidência, a política de tolerância em relação ao tráfico mudou, e vários "chefões" foram presos.

Essa mudança de política diminuiu relativamente a corrupção no nível do governo federal, mas a violência aumentou por conta do desequilíbrio entre as quadrilhas de traficantes.

Com o desequilíbrio, aumentou a disputa entre os cartéis, como a guerra travada entre o grupo de Sinaloa e o do Golfo, em 2005.

A diminuição da narcocorrupção também se deve ao fato de Fox pertencer ao PAN (Partido de Ação Nacional), que rompeu o monopólio do PRI (Partido Revolucionário Institucional), que havia passado 71 anos no poder.

A mudança de poder afetou algumas redes de corrupção estabelecidas pelo narcotráfico. Paradoxalmente, a alternância política também teve o efeito de mover a corrupção do narcotráfico aos níveis municipais e estaduais.

O governo do presidente Felipe Calderón decidiu não apenas manter a política de combate contra as organizações traficantes, mas também aumentá-la de maneira significativa, com uma série de operações policiais e militares.

Esta política constituiu, em si mesma, uma mensagem aberta às quadrilhas de tráfico de que deveriam encerrar a guerra iniciada em 2005.

Esta guerra teve aparentemente uma trégua em meados de 2007, quando os níveis da narcoviolência diminuíram, segundo registram algumas fontes, supostamente por conta de um pacto entre os dois cartéis.

Nova ofensiva

No início de 2008, no entanto, Calderón lançou uma nova ofensiva contra a estrutura dos cartéis, e não apenas contra a liderança, como havia feito o governo de Fox.

Essa ofensiva provocou uma fragmentação dos grandes cartéis e o conseqüente aumento da violência entre as quadrilhas, assim como de ataques contra a polícia e o Exército mexicanos.

O cenário atual mostra uma diminuição importante da corrupção em nível federal, mas não tanto em níveis municipais e estaduais.

Ao mesmo tempo, a violência ligada ao tráfico aumentou de maneira alarmante, o que deixa o governo de Calderón com o dilema de prosseguir com esta guerra, com o custo em termos de execuções, ou regressar a uma política de tolerância, já adotada por governos do PRI no passado, com o conseqüente aumento da corrupção.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/09/080924_mexiconarcocorrupcao_ba.shtml

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Re: México enfrenta dilema entre violência e corrupção
« Resposta #1 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 02:44:11 »
Mortos pelo tráfico no México 'já passam de mil em 2009'

A violência provocada pelo narcotráfico no México já matou mais de mil pessoas desde o início do ano, um número excedente em relação aos anos anteriores que indica que a violência no país pode estar se agravando ainda mais.

Segundo dados do jornal El Universal, um dos principais do país, esse número de foi completado em 20 de fevereiro, pouco mais de dois meses antes da data em que a cifra de mil mortos foi alcançada no ano passado - 22 de abril. Em 2007, a data foi 14 de maio.

Os dados divulgados pelo jornal são compilados com base em informações de polícias e delegacias regionais.

O governo do México não possui dados atualizados. A contagem oficial mais recente de vítimas do narcotráfico, fornecida pela Procuradoria Geral da República, se refere ao total de mortos até novembro de 2008, de 5.370. O próprio órgão estima que o total de mortos no ano passado tenha sido de cerca seis mil, quase o dobro de 2007, quando morreram 2.712 pessoas.

"A violência desatou e, hoje, afeta não só quem está envolvido no tráfico, como quem teve o azar de estar no local errado, no momento errado", disse à BBC Brasil Luis de La Barrera, do Instituto Cidadão de Estudos sobre a Insegurança (Icesi).

Além disso, segundo alguns pesquisadores, a chamada "ética na delinquência" - pactos entre traficantes que poupavam a vida de seus familiares - já não existe mais.

Crianças e bebês

Georgina Sánchez, diretora executiva do Grupo de Análise da Segurança com Democracia (Casede), diz que, apenas em 2008, 113 crianças e bebês foram mortas em ações do crime organizado.

"Sem contar aqueles que se tornam vítimas porque ficam órfãos ou por serem obrigados a conviver com o medo", disse ela à BBC Brasil.

O número crescente de sequestros - a Comissão Nacional dos Direitos Humanos estima uma média de sete por dia - também é um indicador alarmante, assim como a quantidade e o tipo de armamento encontrado nas mãos dos criminosos.

Segundo o Casede, há mais de 15 milhões de armas ilegais no país, sendo 90% delas provenientes dos Estados Unidos.

Ações recentes também levaram especialistas a acreditar que o conflito também passou a envolver grupos paramilitares, a exemplo do que ocorre na Colômbia.

Outra questão que colaborou para o incremento da violência é o fato de o México ter deixado de ser apenas rota da droga para os Estados Unidos para se tornar um país de consumidores disputados pelos diversos grupos de traficantes.

Documento divulgado pelas Nações Unidas na semana passada indica que o consumo de cocaína no país duplicou nos últimos seis anos.

O alto nível de corrupção nos mais diversos órgãos públicos é outro fator que contribui para este cenário.

No ano passado, o ex-chefe da agência mexicana contra o crime organizado, Noé Ramírez Mandujano, foi detido pela própria entidade que comandava, acusado de receber 450 mil dólares mensais de narcotraficantes.

"Apenas 2% das denúncias chegam a um juiz e, destas, apenas 1% leva à condenação dos culpados", diz Georgina.

Solução

Nos últimos dez anos, o governo implementou pelo menos sete programas para resolver o problema de segurança pública e a atual administração já afirmou que as Forças Armadas continuarão à frente das operações nas ruas do país até 2012.

Em junho de 2008, o Congresso americano aprovou o Plano Mérida, um projeto estabelecido em acordo com México e países da América Central para combater o tráfico de drogas e o crime organizado.

Os Estados Unidos se comprometeram a proporcionar equipamento, treinamento e assistência técnica para ajudar nas operações da Justiça e aprovaram o envio inicial de US$ 400 milhões para o México.

Para as ONGs, é inegável que o governo esteja agindo, mas suas medidas não têm sido suficientes.

"Apenas 5% do total dos policiais estão capacitados para enfrentar o narcotráfico. Por isso é que as Forças Armadas foram acionadas ", diz Georgina.

A política do presidente Felipe Calderón também é vista como incompleta por alguns críticos que identificam nela a ausência de ações preventivas.

"O governo está encarando tudo como uma guerra, um enfrentamento frontal, com uma política reativa e repressiva", diz Elena Azaola, do Centro de Pesquisas e Estudos Superiores de Antropologia Social.

Segundo Elena, faltam, entre outras coisas, oportunidades para os jovens, que, em muitos casos, acabam marginalizados.

Outra proposta para combater a violência que vem ganhando espaço no país é a descriminalização de algumas drogas. Especialistas alertam, no entanto, que a ideia só teria um efeito positivo como uma medida multilateral entre diversos países e se fossem adotadas, paralelamente, políticas de prevenção do consumo e reabilitação dos dependentes.

Para René Jiménez, pesquisador da Unidade de Análise sobre A Violência, da Universidade Nacional Autônoma do México, é necessário o comprometimento de todos os cidadãos para mudar o cenário.

"Enquanto alguns se sentirem beneficiados pela situação e outros desprotegidos pela falta de garantias do Estado, não haverá solução", afirma.

"O povo já aprendeu que pode mudar as coisas com o voto, agora está aprendendo, aos poucos, a exercer sua cidadania. O crime organizado é formado por cinco milhões de pessoas, mas nós ainda somos maioria e podemos vencê-los."

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/02/090223_mexicomortes.shtml

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Offline FxF

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Re: México enfrenta dilema entre violência e corrupção
« Resposta #2 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 02:48:10 »
Legalização das drogas? É idêntico ao caso da lei seca nos EUA.

Offline Renato T

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Re: México enfrenta dilema entre violência e corrupção
« Resposta #3 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 08:34:06 »
Porque diz isso, ILF?

Offline Zeichner

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Re: México enfrenta dilema entre violência e corrupção
« Resposta #4 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 11:07:08 »
depois de 70 anos de um governo socialista ( PRI), o povo está aprendendo a votar, e a descobrir as vantagens de alternância no poder. E muita coisa precisa ser feita para ajustar o país.

Offline Lua

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Re: México enfrenta dilema entre violência e corrupção
« Resposta #5 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 16:14:22 »

São situações como essa que me fazem defender a alternância de governantes no poder como uma forma de manutenção da democracia e melhoramento de sistemas que tendem a ficar defasados quando na mão de um único grupo político.

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Offline JJ

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Re: México enfrenta dilema entre violência e corrupção
« Resposta #6 Online: 27 de Fevereiro de 2009, 10:28:50 »
Eles não são vizinhos do maravilhoso Estados Unidos ? Que aliás, é um consumidor de boa parte das drogas que transitam pelo México ??



Então porque o maravilhoso  e bonzão Estados Unidos não  dá uma ajuda substancial para reduzir fortemente o tráfico no México?


Eles não são os bonzões que invadem países no oriente médio com uma superforça militar, e prendem e arrebentam ??



 8-)




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« Última modificação: 27 de Fevereiro de 2009, 10:31:04 por JJ »

 

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