André, ocorre o seguinte: o português tinha uma regrinha complicada pra esses clíticos de pronomes, que pouco-a-pouco está caindo.
Se for pela normativa, tanto brasileiros como portugueses estão errados, já que estes usam a ênclise indiscriminadamente e aqueles a próclise (e ao que me parece, mesóclises estão caindo em desuso dos dois lados).
Uma coisa que reparo é adoramos usar o pronome de tratamento 'você' em lugar do pronome 'tu', ele praticamente substitui a 2ª pessoa do caso reto. Em compensação, para os demais casos pronominais, preservamos as formas da 2ª pessoa, por exemplo dizemos "Você sabe que eu te amo" em vez de "Você sabe que eu a amo". Ou seria "lhe amo"? Eu mesmo não sei, de tão comum que é para mim usar "te" nesse contexto.
Eu achei interessante o comentário do André sobre a razão de enquadrar a gramática normativa na área ciência do fórum, e apesar de seu pedido para não transformarmos este tópico em uma discussão sobre se ela é ciência ou não, não posso resistir a fazer um comentário: um cientista é alguém que observa um fenômeno, formula hipóteses para explicá-lo e testa essas hipóteses com experimentos. O cientista não dita à natureza como ela deve se comportar.
O gramático faz justamente o contrário, ele impõe com base na tradição um modelo segundo o qual seu objeto de estudo, a língua deveria se comportar. Então ele observa a maneira como as pessoas realmente falam e escrevem e diz que elas estão todas erradas, pois não obedecem à sua hipótese. A gramática normativa é anticiência.
A gente tá fazendo a mesma coisa que os ingleses fizeram: trocar o pronome da segunda pessoa por um pronome de tratamento.
No inglês médio, "thou" é "você/tu", e "you" é "vocês/vós". Mas, por questão de respeito, costumava-se utilizar o "vós" para o singular também, até o ponto do pronome "thou" ser esquecido.
(Menos quando o povão precisa ler Shakespeare

)
No português, a gente deve lembrar que "você" se originou de "vossa mercê", que nada mais é que um pronome de tratamento!
Quanto a gramática prescrever ou não regras, existe a gramática prescritiva e a gramática descritiva. Acho que os nomes explicam... rsrsrsrs.
Pessoalmente, tenho horror à prescritiva

Ciência vs. não-ciência: a descritiva é ciência, pois se propõe a explicar determinado fenômeno. A prescritiva não, pois tudo o que ela faz é estabelecer normas do que se deve ou não fazer.
Então, a língua é a língua. Se mesmo falando e escrevendo errado a gente se entende, então alguma lógica deve haver na nossa comunicação. É aí que começa a eterna batalha entre o bem e o ma... errm... digo, entre os lingüistas e os gramáticos 
Evolução lingüística: o português nada mais é que um latim falado má e porcamente. E uma norma culta nada mais é do que a linguagem informal de alguns séculos atrás.