Autor Tópico: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo  (Lida 1677 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Online: 11 de Outubro de 2008, 13:07:47 »
Alguém conhece coisas particularmente interessantes sobre estimativas de crescimento máximo humano, e sobre os níveis em que se poderia modificar o meio ambiente natural sem comprometer o modo de vida humano de forma significativa?

De um lado, há os eco-fundamentalistas, que por vezes parecem defender cada espécie viva como fundamental, numa linha de argumentação que tem ares duma mistura de hipótese "Desenho Inteligente", com hipótese de Gaia e de pan-adaptacionismo. Do outro lado, tem cálculos cornucopistas hiper-otimistas sobre as possibilidades de crescimento que aparentemente falham em ver os problemas presentes de superpopulação e pobreza, e fazem considerações como que todas pessoas do mundo poderiam ficar de pé uma ao lado da outra e não ocuparem ainda todo espaço do Sergipe, e que ainda há muita área para ser plantada, como o Sahara e a Antártica, chegando até a contar a massa do planeta inteira como "recurso natural" (já ouvi isso).

Uma noção mais realista das coisas está em algum lugar no meio termo.

Então, alguém andou lendo qualquer coisa interessante sobre o assunto?

Me interesso pela viabilidade de humanos sempre manterem um ecossistema mínimo de acordo com criação voluntária das espécies necessárias versus idéias meio como de "espécies-chave" cuja extinção pudesse ter um efeito de reação em cadeia mais importante do que a maior parte das espécies aparentemente tem. A importância de estoques de variabilidade genética e a suscetibilidade à pandemias também são assuntos interessantes relacionados.

Offline Herf

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #1 Online: 11 de Outubro de 2008, 14:54:00 »
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e fazem considerações como que todas pessoas do mundo poderiam ficar de pé uma ao lado da outra e não ocuparem ainda todo espaço do Sergipe
Por acaso estou lendo mais sexo é mais seguro do Steven Landsburg, e ali diz que se dividíssemos o estado do Texas em lotes de 464 m^2 e abrigássemos em cada lote quatro pessoas, caberia lá toda a população do mundo. (Pelos meus cálculos deu apenas 46,41 m^2 para cada quatro pessoas, consirderando a população do mundo em seis bilhões e a área do Texas que consta na Wikipedia).

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #2 Online: 11 de Outubro de 2008, 15:52:54 »
Só lembrando que são 6,6 bilhões de pessoas no mundo. Engraçado, todo mundo só lembra da casa dos bilhões, acho meio parecido com o "efeito R$ N,99".

Offline Wolfischer

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #3 Online: 12 de Outubro de 2008, 20:58:58 »
Prefiro pensar em volumes.
A humanidade toda caberia dentro de Lago Ness, ocupando apenas 1/3 do volume.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #4 Online: 12 de Outubro de 2008, 21:48:01 »
De Jared Diamond:

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[...] Another one-liner that you often hear to diminish the environmental problems that CI is concerned about goes as follows: "You environmentalists care less for people than you do for some lousy species of earthworm, snail darter or furbish lousewort." Okay, let's talk about lousy earthworms. Does all of the gardeners among you know earthworms are the main force maintaining the texture and fertility of our soil? For example, populations of earthworms are plummeting now in China because of China's heavy use of pesticides and fertilizers. China's pasture-grass production has decreased by 50 percent—in large part because of declines in those lousy earthworms. Now that China has lost half of its food-growing potential for its more than one billion people, you can just calculate how many trillions of dollars that's worth to the economy. [...]

http://www.sciam.com/podcast/episode.cfm?id=21D9D2C4-E7F2-99DF-3E7FE44D9B7D0A77


Estranho não ter ouvido falar disso na época em que se falava da crise de alimentos. Será que a China aumentou as importações?

Offline Moro

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #5 Online: 12 de Outubro de 2008, 22:00:30 »
gostaria de ver as fontes deste cara
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #6 Online: 14 de Outubro de 2008, 19:04:17 »
Também fiquei curioso. Num site aparentemente meio oficial da China só achei uns dados que iam até 2006.



Algo meio relacionado ao assunto todo, mas que talvez merecesse um tópico próprio, ou fosse mais adequado a um outro já existente, sobre aquecimento global e ambientalismo:

http://www.brainwaveweb.com/diavlogs/10545

O jornalista científico John Horgan conversa com Michael Shellenberger, no Science Saturday. Shellenberger opina que, os ambientalistas estão errados ao adotar uma postura pessimista e apocalíptica, acha que temos plena condição de resolver o problema, mas não seria possível que isso viesse espontâneamente do mercado. Também é cético quanto a regulações simples, como cotas e mercados de emissões, ou aquelas coisas que todo mundo poderia fazer como deixar os pneus dos carros um pouco mais cheios.

Em vez disso, ele diz que deveria se ter em mente algo meio do tipo "New Deal", ou a corrida armamentista e tecnológica da guerra fria. Diz que algumas coisas, como a própria internet, tiveram no seu desenvolvimento e viabilização participação vital dos governos, especialmente para fins militares, me parece. Achei meio irônico que Al Gore tivesse tido um papel significativo nisso da internet, ao mesmo tempo em que seu filme sugere "soluções" muito mais mundanas e tímidas, como essa de encher mais os pneus.

Offline Eremita

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #7 Online: 15 de Outubro de 2008, 07:26:13 »
Eu acho que, no caso, precisaríamos de dois dados:

O primeiro seria a população mínima humana que nos asseguraria de uma possível extinção. Há segurança nos números, e é muito mais fácil se se extingüir uma espécie com 6,6mil espécies que com 6,6bi.

O segundo seria a população máxima.

Para o segundo (que é o tema do tópico), precisamos saber:

a)A área que temos disponível;
b)Qual a área necessária para cada ser humano, incluindo a destinada a produção alimentar e industrial.
Só sugiro um pouco de cuidado com o ponto (b), pois é um número dinâmico (depende da tecnologia utilizada e dos recursos energéticos disponíveis).
Latebra optima insania est.

Offline Aronax

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #8 Online: 26 de Junho de 2011, 12:46:50 »
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A bomba-relógio da superpopulação
O biólogo americano Paul Ehrlich revela como a degeneração do meio ambiente e as grandes epidemias podem avançar rapidamente se não for brecado o crescimento populacional do planeta, que está no ritmo de 1 bilhão de habitantes adicionais a cada 11 anos.

Um cientista revela como a degeneração do meio ambiente e as grandes epidemias podem ter uma causa explosiva.

Por Flávio Dieguez e René Decol

Quando publicou o livro A bomba populacional, em 1968, o biólogo americano Paul Ehrlich, da Universidade Stanford, em São Francisco, Califórnia, acendeu o pavio de uma enorme polêmica. Experiente analista das agressões ao ambiente e com profundos conhecimentos de ecologia, ele não se preocupava com a mera falta de espaço num mundo abarrotado. Naquela época, já antecipava as formidáveis dores de cabeça dos anos 80 e 90. Efeito estufa, chuva ácida, Aids, escassez de alimentos, destruição da camada de ozônio, redução da diversidade biológica e das florestas tropicais. Tudo isso, argumentava o cientista, faz parte de um grande distúrbio da natureza, em escala planetária. Ehrlich, vale lembrar, lançou esse alerta em 1968, quando os atuais desastres eram apenas enredos de ficção científica. Mas o crescimento demográfico já estava decolando de forma sequer sonhada em décadas anteriores. Basta ver que, a cada ano, 80 milhões de novos habitantes eram adicionados aos 3,5 bilhões já existentes. E o mais importante era a velocidade do crescimento: a humanidade havia gasto dezenas de milhares de anos para ganhar seu primeiro bilhão de habitantes, fato que ocorreu por volta de 1800. Mas, em seguida, foram necessários apenas mais 130 anos para dobrar aquele número, de tal modo que em 1930, 2 bilhões de pessoas se espalhavam pelo planeta.

O próximo passo se deu em tempo ainda menor, 30 anos e assim por diante. Na década de 90 o crescimento entra em sua fase mais intensa quando bastam 11 anos para produzir 1 bilhão de pessoas , mas se nada for feito para contê-lo, o ritmo explosivo deverá prosseguir até a metade do próximo século. Esse tipo de atropelo é que poderia levar a espécie humana a um beco sem saída, já que ela não terá um futuro saudável se sua quantidade dobrar dos atuais 5,5 bilhões para mais de 10 bilhões. Há três décadas, o argumento de Ehrlich era simples: se o crescimento da população não fosse contido, a própria natureza se incumbiria de contê-lo. Nada mais didático do que o sufocante exemplo dos alimentos: à medida que aumenta o número de bocas, se torna cada vez mais difícil produzir comida para todo mundo. E isso eleva a taxa de mortalidade.

Menos óbvio, mas tão revelador quanto o exemplo anterior, é o caso das epidemias: o excesso de gente leva à proliferação de microorganismos e dificulta os serviços de prevenção e tratamento das doenças. Será possível que o homem tão orgulhoso de seu domínio sobre a natureza se deixe arrastar a essa espécie de apocalipse ecológico? Ehrlich acredita que sim. Tanto que, quase 25 anos depois, ele volta ao tema por meio de um novo livro, publicado em 1990 e ainda não editado em português. Seu título Explosão populacional significa justamente que a bomba antevista em 1968 afinal explodiu.

Uma das muitas evidências a seu favor foi a eclosão da Aids e outras epidemias cuja força vai muito além do que imaginavam os especialistas há pouco mais de uma década. Para Ehrlich, essa era uma ameaça previsível, pelo menos em linhas gerais, e muitos cientistas importantes, em retrospectiva, concordam com isso. É perfeita uma declaração do virologista americano Howard Temin, premiado com o Nobel de Medicina em 1975, a respeito da Aids: O que me surpreende é que tenha havido apenas uma epidemia desse tipo. Certamente não é fácil avaliar até que ponto o biólogo de Stanford está certo, especialmente porque suas previsões são apenas qualitativas, ou seja, não podem ser colocadas em números ou mesmo afirmações precisas.

Mas um esboço de seus principais argumentos ajuda a entender por que o cientista se sente tão seguro de si. Um dos principais focos de sua atenção é o chamado ambiente imunológico ou seja, tudo aquilo que pode criar maior ou menor facilidade à eclosão e transmissão de doenças. Sua conclusão é que a situação se torna mais precária a cada ano. Um motivo básico, muito marcante nos países do Terceiro Mundo, é o número cada vez maior de pessoas vivendo nas cidades. Esse acúmulo, aliado a condições sanitárias delicadas ou deploráveis, faz com que as pessoas se tornem alvo ideal para epidemias velhas e novas.

O vírus da Aids é apenas um dos muitos microorganismos letais, tão difíceis de controlar, que surpreenderam os especialistas nos últimos anos. Mas ele é exemplar porque pode já ter acionado um mecanismo do tipo previsto por Ehrlich, por meio do qual a natureza eleva a taxa de mortalidade e contrabalança o crescimento populacional. Na África, pelo menos, simulações por computador indicam que a doença promoverá uma significativa queda no ritmo de aumento da população até o ano 2 000. Algumas regiões centro-africanas ganham novos habitantes a uma taxa de 3% ao ano, de tal modo que, ao fim de 12 meses, um país de 10 milhões de habitantes terá 10,3 milhões.

Em vez disso, a taxa cairia para 2% e o número de habitantes subiria para 10,2 milhões, 100 000 pessoas a menos que no cálculo anterior. Essa previsão é ainda mais sombria pelo fato de levar em conta apenas 25 anos de proliferação do vírus, a partir de 1975 (gráfico). A crise mundial de alimentos encerra possibilidade parecida, assinala Ehrlich. E bem mais complicada, pois a fome crônica já afeta quase 800 milhões de pessoas e talvez venha a se tornar mais aguda onde não é tão grave na atualidade. Seja como for, em conseqüência da fome o ambiente epidemiológico se tornará ainda mais precário. Outra complicação é que a emissão de poluentes compromete a agricultura do futuro.

Os dados essenciais seriam os do Worldwatch Institute, sediado em Washington, nos Estados Unidos, sobre as tendências mundiais de produção agrícola. Ehrlich comparou a curva populacional com a produção de cereais básicos. O resultado sugere que a quantidade total de alimentos dificilmente aumentará, bem ao contrário da população.

A partir da metade da década de 80, parece ter-se esgotado a chamada revolução verde programa americano cuja meta era repassar técnicas modernas aos países pobres. Em certos países da África, a revolução foi simplesmente devorada por lutas tribais e caos político. Logo abaixo do Saara, por exemplo, a produção total pode até ter aumentado, mas a quantidade por pessoa caiu 20% desde 1970. Essa tendência vale para o conjunto dos países, ainda que a porcentagem de queda seja menor. Mas o problema é mais grave na África, onde o fracasso das colheitas, entre outras coi- sas, levou à morte mais de 5 milhões de crianças.

Com um detalhe decisivo: mesmo quando a má nutrição não foi causa direta das mortes, ela foi o meio que propiciou o desenvolvimento de doenças letais. Na América Latina, igualmente, a produção de cereais por pessoa vem caindo desde 1981, num declínio da ordem de 10%. Outra tendência alarmante: imensas áreas estão deixando de produzir alimentos de acordo com as necessidades.

Antes da Segunda Guerra, Ásia, África, América Latina, e América do Norte eram exportadoras de alimentos. Hoje, a situação se inverteu: três quartos das exportações de grãos provêm da América do Norte e cerca de 100 países dependem delas, de uma forma ou de outra, pois se voltaram para a produção industrial, relegando a agricultura a um plano secundário. Para piorar, os próprios americanos começam a se deparar com insuperáveis obstáculos naturais: ali, em 1988, devido a uma devastadora seca, se perdeu um terço da colheita de grãos. Pela primeira vez desde a década de 50, esse país consumiu mais cereais do que colheu, e a fração perdida correspondia ao total exportado para aqueles 100 países.

A seca de 1988 explica por que a grande questão do futuro, segundo Ehrlich, é o efeito do clima sobre as colheitas. Esta deve ser prejudicada, antes de mais nada, por uma aguda carência de água no planeta, já que o aquecimento global da atmosfera é a mais importante alteração do clima. A menor disponibilidade de água, por sua vez, levará a uma menor quantidade de cereais.

Em seguida, uma cadeia de efeitos devem se associar de maneira complexa. Populações famintas se tornarão um prato cheio para doenças epidêmicas, e estas elevarão as taxas de mortalidade. As grandes cidades serão alvo certo de distúrbios, pois vão se agigantar velozmente nas regiões pobres. Isso faz prever desde a falta de moradia até serviços aparentemente triviais, como a coleta de lixo. Esta última, em alguns países, já começa a tomar estatura titânica .

Assim, não é difícil antecipar lúgubres perspectivas políticas. Diante de tantos obstáculos, as formas democráticas de governo enfrentariam desafios crescentes, sob constante risco de extinção. Governos nacionais poderão se ver enfraquecidos, profetiza Ehrlich. Em alguns casos acabariam substituídos por uma combinação de feudalismo e tribalismo. Outra perspectiva bastante concreta é a proliferação do fanatismo religioso. Talvez não seja exagero enxergar um sinal dessa tendência num fato bem sabido: os países árabes, onde estão alguns dos recordistas em crescimento populacional, também abrigam os mais fortes movimentos de extremado caráter sectário, ligado à religião.

Caso esse cenário se concretize, representaria uma regressão histórica da humanidade a uma organização política e social semelhante àquela que imperava na Idade Média. Mas seria grave injustiça ignorar que Ehrlich sempre fala em tendências: nada disso precisa acontecer, obrigatoriamente. Como um experimentado cientista nunca um candidato a profeta , ele conhece bem os limites dos sólidos argumentos que apresenta. Por isso tem perfeita consciência que as tendências negativas podem ser revertidas por meio de atitudes mais racionais e mais bem informadas, por parte dos diversos governos.

Isso efetivamente já aconteceu devido ao recuo na guerra fria, que opunha os Estados Unidos à antiga União Soviética. Houve então um relaxamento da tensão política, tornando menos provável a ignição de um conflito nuclear. O próprio Ehrlich merece crédito por essa mudança, pois foi ardoroso crítico da guerra, contra a qual ajudou a escrever um contundente estudo científico, conhecido como Inverno nuclear. Esse trabalho, de 1983, analisava o destino da humanidade após um eventual confronto atômico, mostrando como ele poderia reduzir a civilização aos níveis da pré-história.

O risco não está totalmente afastado, mas já não é tão grande. Da mesma forma, é perfeitamente possível corrigir os atuais tropeços ambientais, e Ehrlich apresenta o que pensa ser a melhor maneira de fazer a correção. A primeira medida é evidente: diminuir o ritmo de crescimento populacional da forma mais rápida possível. Sua idéia é iníciar um amplo programa de controle da natalidade, capaz de fixar um teto definido para a população mundial. Esta não pode ser tão grande que não possa ser sustentada por meio dos recursos disponíveis a cada momento. A expressão sustentada, para Ehrlich, significa que todos devem ter vida de boa qualidade e produtiva.

O sistema econômico também deveria ser remodelado de forma a reduzir o consumo nos países mais ricos. Tal medida é imprescindível para preservar o meio ambiente e não desperdiçar recursos não renováveis do planeta. Ao lado disso, o cientista recomenda o emprego de tecnologias alternativas, isto é, que prejudicam a natureza o mínimo possível. Afinal, o maior perigo, em toda essa história, parece estar na lentidão dos grandes fenômenos naturais, comparados à existência humana. Assim, não são facilmente percebidos, a não ser quando já estão em fase avançada.

É claro que as medidas saneadoras devem ser executadas de acordo com um plano bem elaborado, que também terá de ser corrigido passo a passo, ao longo do tempo. Por isso, Ehrlich criou uma equação para descrever o efeito ambiental da explosão demográfica. Essa equação tem a forma I = PCT, onde I é o impacto ambiental, P é a população, C consumo médio por pessoa e T nível tecnológico. O exemplo da China ajuda a entender como ela funciona. Lá, a população foi fortemente controlada. Estatísticas da ONU (Organização das Nações Unidas) mostram que ela cresceu 2,22% entre 1970 e 1975. Controlada, essa taxa caiu para 1,24% entre 1980 e 1985 e 1,19% entre 1985 e 1990. O impacto no meio ambiente, portanto, deveria diminuir, mas não diminui devido ao desenvolvimento nesse caso, representado pelo consumo de água, o item C da equação.

O gasto total de água é imenso, já que a China é o país mais populoso do mundo. Mas o consumo por pessoa ainda é pequeno, cerca de um quinto do consumo nos Estados Unidos. Mesmo assim, a demanda vem crescendo rapidamente devido a importantes mudanças sociais. Até o ano 2 000, a indústria deve absorver o dobro da água consumida hoje, e os centros urbanos vão quadruplicar a sua cota. Como resultado, espera-se escassez de água em 450 das 644 maiores cidades chinesas, por volta do fim do século. Tal exemplo é ainda mais edificante porque revela a clara necessidade de maior solidariedade entre os países: para que alguns tenham vida melhor, por meio do avanço tecnológico, outros têm que abrir mão de recursos excedentes e muitas vezes exagerados. Afinal, talvez esteja aí a raiz do problema: se chegar a um acordo sobre a melhor maneira de distribuir as riquezas do mundo, a humanidade terá dado largo passo rumo a um futuro digno de se viver.
Uma verdade ou um ser podem ser vistos de vários pontos, porém a verdade e o ser estão acima de pontos de vista.

Offline Sergiomgbr

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #9 Online: 26 de Junho de 2011, 14:16:47 »
Porque o homem pensa antropocentricamente (como gosta de dizer o Cientista), ele precisa ver o mundo de uma perspectiva de perpetuação da espécie. Isso mais parece o modo "irracional" de a natureza agir que ocorre desde o princípio dos tempos. Ainda há o pensamento de que tudo o que o homem pode querer de melhor se relaciona a estudar para ser um vencedor, se realizar profissionalmente e comprar casa, carro, casar e procriar. O mesmo esqueminha da mãe natureza. Assim fazem desde as bactérias e vírus até os chipanzés. Esse procriar o torna um igual  com as outras criaturas no mundo, oque faz parecer ser a humanidade, apenas uma "subordinada" a  mais da natureza.
Certamente se pudermos excluir de nosso sucesso a determinação de evitar a nossa própria extinção, já teremos criado uma sociedade realmente inovadora.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline _tiago

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Offline Geotecton

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Re: Limites do crescimento humano / ecossistema mínimo
« Resposta #11 Online: 27 de Junho de 2011, 13:41:52 »
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A bomba-relógio da superpopulação
[...]
Caso esse cenário se concretize, representaria uma regressão histórica da humanidade a uma organização política e social semelhante àquela que imperava na Idade Média. Mas seria grave injustiça ignorar que Ehrlich sempre fala em tendências: nada disso precisa acontecer, obrigatoriamente. Como um experimentado cientista nunca um candidato a profeta , ele conhece bem os limites dos sólidos argumentos que apresenta. Por isso tem perfeita consciência que as tendências negativas podem ser revertidas por meio de atitudes mais racionais e mais bem informadas, por parte dos diversos governos.
[...]

As tendências negativas podem ser revertidas mas não há garantia alguma que elas serão, principalmente porque em muitos casos de modificações ambientais não se sabe exatamente quando é o point of no return. Além disto há situações que são simplesmente ignoradas ou são tratadas com primarismo científico sob o véu de uma ambição política que beira o nojento.

Casos conspícuos: Coleta, separação, reaproveitamento e disposição de lixo; uso da água, seja em ambientes urbanos ou não e o desmatamento.
Foto USGS

 

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