Tópico: Seleção bacteriana por antibióticos, antissépticos e desinfetantes

[Buckaroo Banzai]

É exemplo clássico de evolução a resistencia de patógenos à antibióticos.

Mas o mesmo se aplica a coisas como antissépticos bucais e desinfetantes? Ou seu funcionamento é algo mais improvável de ser algo ao qual possa haver resistência biológica?

Já ouvi, recentemente, algo sobre problemas parecidos ao se usar bactericidas para limpeza doméstica, que não é algo recomendável.

[FxF]

Mas o mesmo se aplica a coisas como antissépticos bucais e desinfetantes?

Teoricamente sim.

[Luiz Souto]

É exemplo clássico de evolução a resistencia de patógenos à antibióticos.

Mas o mesmo se aplica a coisas como antissépticos bucais e desinfetantes? Ou seu funcionamento é algo mais improvável de ser algo ao qual possa haver resistência biológica?

Já ouvi, recentemente, algo sobre problemas parecidos ao se usar bactericidas para limpeza doméstica, que não é algo recomendável.

A resistência aos antibióticos ocorre devido à especificidade deles , já que atuam sobre determinados passos do metabolismo bacteriano e podem ser superados por populações selecionadas.
Já os antissépticos e desinfetantes tem uma ação inespecífica. Uma célula humana será destruida pela adição de glutaraldeído ou iodo ao meio de cultura tanto quanto uma bactéria. A possibilidade de resistência por seleção é bem menor. Não tenho informação sobre antissépticos bucais em geral , mas houve preocupação quanto ao surgimento de  cepas de S. aureus ao Clorhexidine ( antisséptico usado em lavegens de mãos e alguns preparados bucais) as quais ,que eu saiba , não foram confirmadas .

[Tupac]

Já os antissépticos e desinfetantes tem uma ação inespecífica.

Como assim? Os cremes dentais que combatem a placa bacteriana são inespecíficos???

[Zen]

Creio eu que a diferença básica é que anti-sépticos e desinfetantes dão uma resposta imediata agressiva contra a bactéria, qual uma alteração do pH, ou algum produto químico que o ataque diretamente destruindo suas estruturas quimicamente (mesmo em sua forma cística). Mas em ambos os casos eles são condicionais para destruir as bactérias por dependerem de estar presentes em altas concentrações sendo aplicado mais diretamente o possível contra o micróbio.
Em contra partida (ao que me consta) os antibióticos se constituem de elementos que ao entrar em contato com a bactéria são metabolizados e consequentemente a destruindo.

Tendo eu isso em vista, creio muito mais improvável haver qualquer tipo de resistência condicionada pelo uso destes por serem de tal forma mais diretamente agressivos. Alem disso produtos como anti-sépticos e desinfetantes tem composição e “princípios ativos” diferentes, algum com mais de um.

Quanto aos antibióticos ao que me parece (e realmente preciso de maiores informações sobre isso) existem apenas 4 diferentes conhecidos. Lembro de um documentário da Discovery que falava sobre isso, e das bactérias que agora só são eliminadas pelo antibiótico mais regulado pelos órgãos de saúde.

[Buckaroo Banzai]

Então é meio análogo (mas ainda numa analogia bastante solta) com a possibilidade de evolução de algo como resistência imunológica de um animal a algum patógeno (isso sendo análogo à resistência aos antibióticos), versus a evolução de "resistência" coisas como um esguicho de ácido sulfúrico, explosões de coquetel Molotov e coisas do tipo (análogo eventual "resistência" a outras substâncias).

Por outro lado, vale lembrar que as bactérias são mais evolutivamente flexíveis de modo geral, então a segunda analogia pode ser consideravelmente mais fraca. Não é a toa que se tem bactérias que resistem a níveis de radiação mortais para quaisquer outros seres, e também tem o caso das que se alimentam de nylon e etc. Coisas um pouco mais "imprevistas", que parecem um pouco mais com um "salto" de adaptação incrível.

[FxF]

A princípio o "esguicho de ácido sulfúrico" somente levaria mais tempo para haver evolução, principalmente sendo algo com continuidade e em larga escala.

[Buckaroo Banzai]

Na verdade é meio complicado evoluírem certas coisas, porque a evolução de verdade se dá por vantagens reprodutivas de variações pré-existentes, e não necessidades. Assim, por exemplo, mesmo que tartarugas de aço que não morressem atropeladas fosse uma adaptação concebível contra atropelamentos, isso nunca surgiria, não importa o quanto se ficasse colocando tartarugas para serem atropeladas nas estradas. Mesmo algo mais simples, como esquilos geneticamente um pouco mais espertos que não fossem atropelados nas estradas, tem dificuldades porque para 1 esquilo um pouco mais esperto vivendo próximo a uma estrada que não é atropelado por sua adaptação, há ainda uma esmagadora maioria de esquilos que não precisam dessa adaptação porque vivem mais longe da estrada, e mesmo os que vivem próximo mas não são mortos, por não serem tantos os carros, em comparação com a extensão da estrada.

O problema de evolução contra algo como ácido sulfúrico, explosão, etc, é meio parecido. Precisaria haver algo como uma pele ou carapaça que já fosse razoavelmente resistente por acaso, e variações hereditárias no grau de resistência, ao mesmo tempo em que essa ameaça é crescente, mas inicialmente não 100% letal, tênue o bastante para haverem os que sobrevivem ou tem mais prole devido à variações hereditárias determinando maior resistência ao ácido.

[LIAN]

Alguns anti-sépticos têm ação bacteriostática, inibindo a proliferação bacteriana; já os desinfetantes matam as bactérias do ambiente, não necessariamente patogênicas, salvo raras exceções como em hospitais, onde nem mesmo desinfetantes matam algumas bactérias já resistentes. Mas sempre tem o álcool iodado e a estufa para evitar maiores complicações.