É, parece que a decisão da juíza foi abusiva... pelo menos se a justificativa foi mesmo a destacada no texto. Mas, acho que decisões semelhantes devessem ser tomadas contra pais de qualquer religião caso estes cometessem abusos contra seus filhos em função da fé.
Uma mãe que bate no filho porque este não quer ir para a igreja; ou outra que berra impropérios contra a filha "desavergonhada" no portão da casa, para toda a vizinhança ouvir que ela não é mais virgem como a "santa" madre igreja diz que deveria; ou um pai que ameaça o filho de abandono material caso este assuma outro credo (ou muito melhor: nenhum credo) devem, sim, ser punidos pelo Estado.
Dia destes mesmo ví uma cena tristíssima, e pensei exatamente isto: que os professores da escola da pobre menina deviam se manifestar, acionar conselhos tutelares, a polícia... mas além do comodismo de achar que "isso não é problema meu" tem o medo (como se vê, justificável) de ser pichado como preconceituoso, intolerante...
A cena era uma família de pentecostais, provavelmente da Obra de Restauração, talvez da Deus é Amor... vestidos em seus trajes típicos e, sobretudo, esquisitos (procurei imagens no Google, não consegui; mas são vestidos ridículos, sem corte, feitos de cetim e em uma única cor, geralmente alguma cor bem fora de moda). Era indefectível a feição de vergonha e tristeza da menina.
Imagine se seus pais que te obrigassem a se vestir de palhaço dia e noite, noite e dia... a ir para escola com maquiagem de palhaço e sapato 48?
Agora, imagine que existisse uma igreja pentecostal que tivesse como únicas vestes permitidas aos seus fiéis, exatamente, roupas de palhaço? Não é sobre pessoas admitirem para sí tais regras, nem é sobre convencer aos filhos de que tais regras sejam boas. É sobre coagir os filhos pela força física ou financeira ou ambas a seguir tais hábitos, mesmo quando há clara rejeição por parte dos filhos às recomendações religiosas dos pais.
Isto deveria ser crime, tipificado; e deveria, sim, resultar em duras, duríssimas punições.