Autor Tópico: A solidão amiga  (Lida 2774 vezes)

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Offline uiliníli

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A solidão amiga
« Online: 13 de Novembro de 2008, 22:42:25 »
Para o pessoal deprimido e solitário aqui do fórum:

A solidão amiga

Rubem Alves

A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, “parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis“. A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: “Como se comporta a Sua Solidão?“ Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

“Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos
poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

“...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília...“

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.

(Correio Popular, 30/06/2002)

http://www.rubemalves.com.br/asolidaoamiga.htm

Offline Renato T

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Re: A solidão amiga
« Resposta #1 Online: 14 de Novembro de 2008, 09:53:09 »
Não sei porque mas, ao ler esse texto, me imaginei em uma sala escura, sentado em um sófa confortável, enrolado em um cobertor, com um copo de café em uma mão..  :|

Offline Benito

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Re: A solidão amiga
« Resposta #2 Online: 14 de Novembro de 2008, 11:37:59 »
Legal.
A tal da comparação é danada para acabar com a felicidade do sujeito, né?
Vejo a solidão de forma positiva, como estar em casa escolhendo alguma coisa na estante, ruminando fantasias ou mesmo brincando de carrinho com meu filho (Na próxima semana chega o segundo), sem precisar dar satisfação de meus gostos pessoais para ninguém.
... pelo direito ao grito ...
Meu blog (diário) pessoal:
www.benitokierke.wordpress.com

Offline uiliníli

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Re: A solidão amiga
« Resposta #3 Online: 14 de Novembro de 2008, 11:40:37 »
Legal.
A tal da comparação é danada para acabar com a felicidade do sujeito, né?
Vejo a solidão de forma positiva, como estar em casa escolhendo alguma coisa na estante, ruminando fantasias ou mesmo brincando de carrinho com meu filho (Na próxima semana chega o segundo), sem precisar dar satisfação de meus gostos pessoais para ninguém.

Parabéns, papai :ok:

Offline Südenbauer

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Re: A solidão amiga
« Resposta #4 Online: 14 de Novembro de 2008, 13:31:10 »
Excelente texto.

Offline N3RD

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Re: A solidão amiga
« Resposta #5 Online: 14 de Novembro de 2008, 22:10:45 »
Gostei do texto.  :ok:


Acho que deveria ser postado mais "textos" aqui no fórum!!
« Última modificação: 14 de Novembro de 2008, 22:13:12 por N3RD »
Não deseje.

Offline uiliníli

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Re: A solidão amiga
« Resposta #6 Online: 15 de Novembro de 2008, 11:18:31 »
Gostei do texto.  :ok:


Acho que deveria ser postado mais "textos" aqui no fórum!!

Por que as aspas?

Offline N3RD

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Re: A solidão amiga
« Resposta #7 Online: 15 de Novembro de 2008, 12:53:04 »
Para diferenciar os dois "tipos" de texto que há ao meu ver aqui no fórum.



 
Não deseje.

Offline Prometheus

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Re: A solidão amiga
« Resposta #8 Online: 15 de Novembro de 2008, 16:09:43 »
uiliníli,parabéns pelo tópico,gostei muitíssimo.
O profundo
tédio, que como névoa silenciosa desliza para cá e para lá nos abismos da
existência, nivela todas as coisas, os homens e a gente mesmo com elas, numa
estranha indiferença. Esse tédio manifesta o ente em sua totalidade.(Heidegger)

A angústia manifesta o nada.(Heidegger)

Offline uiliníli

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Re: A solidão amiga
« Resposta #9 Online: 15 de Novembro de 2008, 16:21:28 »
uiliníli,parabéns pelo tópico,gostei muitíssimo.

Parabéns é ao Rubem Alves, eu só fiz copiar e colar :lol:

Offline JJ

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Re: A solidão amiga
« Resposta #10 Online: 15 de Novembro de 2008, 20:48:21 »
uiliníli,parabéns pelo tópico,gostei muitíssimo.

Parabéns é ao Rubem Alves, eu só fiz copiar e colar :lol:


Também gostei. Texto legal, aliás como todos os textos que já li do Rubem Alves.

Só faço uma resalva, a de que  o texto é  para qualquer um, inclusive os que vivem rodeados de gente, e não só "para  o pessoal deprimido e solitário aqui do fórum".

Valeu por colocar o texto aqui no fórum uiliníli !  :ok:


.

Offline uiliníli

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Re: A solidão amiga
« Resposta #11 Online: 15 de Novembro de 2008, 20:56:14 »
Só faço uma resalva, a de que  o texto é  para qualquer um, inclusive os que vivem rodeados de gente, e não só "para  o pessoal deprimido e solitário aqui do fórum".


É que eu achei ele procurando uma citação do Sartre para por em um post do tópico "Depressão e Ateísmo", onde eu estava falando com pessoas deprimidas e solitárias :)

Offline Tupac

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Re: A solidão amiga
« Resposta #12 Online: 16 de Novembro de 2008, 11:14:44 »
Meu amigo... fiquei emocionado... texto de uma verdade profunda...

Obrigado uili por me apresentar... não conhecia e agora posso contemplar essas coisas belas...
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
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"O que é afirmado sem argumentos, pode ser descartado sem argumentos." - Navalha de Hitchens

Offline Lua

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Re: A solidão amiga
« Resposta #13 Online: 29 de Dezembro de 2008, 23:43:04 »

:ok:

Texto belíssimo... E ao lê-lo, me sentir feliz por não almejar as festas, o barulho, a bebida solta e ilimitada durante todo o tempo... Morei sozinha e posso afirmar que foi um dos períodos que mais aprendi: não haviam vozes me dizendo como ou o que fazer. Havia a paz de abrir a janela e poder contemplar a lua ouvindo uma boa música e saboreando um bom vinho... Havia a tranquilidade de poder ler e imaginar lugares e pessoas ou de criá-los com minha própria caneta... Assim, aprendi a ouvir e respeitar o silêncio...
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Offline Fabrício

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Re: A solidão amiga
« Resposta #14 Online: 02 de Janeiro de 2009, 20:24:58 »
Texto excelente! :ok:
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Offline lusitano

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Re: A solidão amiga
« Resposta #15 Online: 31 de Janeiro de 2009, 12:35:45 »
Caro uilinili.

Isso que você nos conta, é muito belo e romântico. Faz-me lembrar, que houve um tempo, em que "alguém" curtiu a mais absoluta e fantástica solidão.  E depois, Baaaaah........... a saturação: por causa disso, aqui estamos nós.

-----------------------------------------------------------------------
especulativamente - artur.
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

_______________________________________
Especulando realismo fantástico, em termos de
__________________________
paralogismo comparado - artur.

Offline yud

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Re: A solidão amiga
« Resposta #16 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 10:58:23 »
Obrigado por compartilhar esse texto Uilinili,

ler ele foi como fazer uma viagem para dentro de mim, agora mais do que nunca sei que não estou sozinho dentro de minha amiga solidão.
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Offline N3RD

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Re: A solidão amiga
« Resposta #17 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 12:58:08 »
Você se conheceu mais profundamente ? =X
Não deseje.

Offline yud

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Re: A solidão amiga
« Resposta #18 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 13:10:28 »
Você se conheceu mais profundamente ? =X

Na verdade não, apenas uma viagem corriqueira. 8-)
Acredito que a solidão só é cruel e triste para quem não se conhece o suficiente.

Estar sozinho é a mesma coisa que estar acompanhado de você mesmo?
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Offline N3RD

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Re: A solidão amiga
« Resposta #19 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 13:40:05 »
Citar
Estar sozinho é a mesma coisa que estar acompanhado de você mesmo?

Acho que sim. Você tem que se aturar quando está sozinho.  :bola:
Não deseje.

Offline Lua

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Re: A solidão amiga
« Resposta #20 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 17:07:46 »

Mas existem pessoas que temem ficar sozinhos... Não se sentem bem quando estão em silêncio, não tentam mergulhar vez ou outra na solidão e na observação de seus atos... Eu costumo ter um certo receio com pessoas que não suportam a si mesmas... ::)
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Offline N3RD

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Re: A solidão amiga
« Resposta #21 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 20:17:38 »
Porque este emoction está olhando para cima ?
Não deseje.

Offline uiliníli

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Re: A solidão amiga
« Resposta #22 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 20:22:53 »
Porque este emoction está olhando para cima ?

Quer dizer que ela está insinuando alguma coisa nas entrelinhas ::)

Offline yud

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Re: A solidão amiga
« Resposta #23 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 20:24:15 »

Mas existem pessoas que temem ficar sozinhos... Não se sentem bem quando estão em silêncio, não tentam mergulhar vez ou outra na solidão e na observação de seus atos... Eu costumo ter um certo receio com pessoas que não suportam a si mesmas... ::)

Interessante você falar isso Lua, eu viví com duas mulheres que tiveram (tem) problemas com pânico e depressão, e ambas não suportavam ficar sozinhas. Sempre que isso acontecia se refugiavam na TV ou no telefone e, indo um pouco mais longe, o que notei também é que essa fuga nunca era direcionada para livros, sempre para algo que "pensasse por elas".

Sem contar que antes de conhecê-las a fuga era exatamente para festas, farras e afins, não conseguiam ficar em casa tranqüilamente e simplesmente ler um livro.

Não sei existe uma ligação entre o pânico e uma falta de auto-conhecimento, mas parece que andam bem próximos um do outro.
 
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Offline Lua

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Re: A solidão amiga
« Resposta #24 Online: 05 de Fevereiro de 2009, 20:47:26 »
Não sei explicar se existe relação entre pânico e falta de auto-conhecimento, mas não é impossível que exista...

E você está certo em um ponto: pessoas que não gostam de ficar sozinhas tendem a buscar situações, pessoas e ambientes que pensem por elas. Não estão acostumadas a pensar em si mesmas ou a ficarem em silêncio nem que seja por alguns minutos. O motivo: não sei explicar.

Às vezes, é preciso parar e ouvir o silêncio. Pensar no que se é, no que existe e no que queremos. Se estamos todo o tempo perdidos ou acorrentados ao fluxo das coisas, não conseguiremos paz em instante algum. Tem horas que me afasto e fico quieta - é o meu momento de avaliar meus atos e o que quero para mim. Se demoro muito para fazer isso, sufoco e começo a me sentir péssima... :(
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