http://www.diariodopara.com.br/noticiafull.php?idnot=13607ROMA(ITA)- A decisão do Tribunal Supremo de autorizar a supressão da alimentação a Eluana Englaro, uma mulher de 37 anos que se encontra em estado vegetativo há 16, aprofunda a divisão sobre a eutanásia na sociedade italiana que, em muitos setores, exige uma legislação ao respeito.
Enquanto Giuseppe Englaro, pai de Eluana, levará discretamente sua filha a uma clínica em Udine para que se execute a decisão pela que lutava há uma década, Igreja Católica e cientistas, políticos conservadores e liberais, e o resto da opinião pública, mostram hoje as profundas divisões sobre o "direito a morrer".
As divergências inundam hoje as ruas italianas e os fóruns de discussão na internet, onde alguns expressam "solidariedade" com o pai de Eluana e uma vitória do "Estado de Direito" e outros acusam "violação da liberdade de uma pessoa que não se pode expressar".
"Deixar de alimentar Eluana equivale a um homicídio, significa condená-la a um fim monstruoso (...). O direito à morte não existe, a vida é sagrada", expressou assim a posição da Igreja Católica o "ministro da Saúde" do Vaticano, cardeal Javier Lozano Barragán, em entrevista publicada hoje pelo jornal La Stampa.
No mesmo jornal, o ex-ministro da Saúde e oncologista Umberto Veronesi afirma que a sentença "é uma vitória dos princípios da Constituição e uma demonstração de valor e coerência dos juízes".
Veronesi ponderou, entretanto, que o caso de Eluana não é "eutanásia" já que a paciente não pediu a interrupção da vida e aponta à necessidade, para que não se repitam tragédias como esta, de uma lei que preveja o testamento vital.
Alheias às polêmicas, as freiras que desde 1994 se ocupam de Eluana pediram hoje em uma nota que a deixem a seu cuidado na clínica de Lecco, próxima a Milão. "Há quem a considera morta, mas nós a sentimos viva", argumentam as religiosas.