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Mar avança e Holanda estuda expansão da costa
« Online: 16 de Novembro de 2008, 01:34:57 »
Mar avança e Holanda estuda expansão da costa


Em virtude do avanço do mar, Holanda estuda construção de ilhas

A Holanda é um pequeno país de relevo plano, que extraiu do mar boa parte de sua terra, e o povo gosta de dizer que, embora Deus possa ter criado o mundo, foram os holandeses que criaram seu país.

Considerem o caso de Lelystad, uma cidade costeira formada por casinhas de tijolos protegidas por imensos diques. Nos anos 60, ela abrigava principalmente barracões, que serviam de residência aos operários encarregados de construir diques e drenar água para criar terra para agricultura, moradia e indústria. Desde então, Lelystad não parou de crescer, e já chega aos 73 mil habitantes.

Hoje, como vem sendo o caso há séculos, os holandeses precisam de mais terra a fim de acomodar uma população crescente. Também precisam enfrentar uma nova ameaça às suas terras, cerca de dois terços das quais estão abaixo do nível do mar: o espectro da alta dos níveis do oceano associada ao aquecimento global.

Por isso, uma comissão do governo recentemente propôs expandir a costa da Holanda a fim de enfrentar o desafio da alta dos oceanos; outra comissão propôs a construção de ilhas ao largo da costa holandesa, que serviriam como recifes formando uma barreira no Mar do Norte.

Uma dessas comissões -inspirada por Dubai, que construiu diversas ilhas ao largo de suas costas em forma de gigantescas palmeiras, como parte de um plano de desenvolvimento urbano- sugeriu, de maneira um tanto fantasiosa, que as ilhas holandesas tivessem a forma de plantas, especificamente de tulipas. Um blogueiro brincalhão, aludindo à tradicional tolerância dos holandeses à maconha, sugeriu em lugar disso a forma de folhas de cannabis.

"Era uma brincadeira, uma metáfora", disse Hans de Boer, membro da comissão, sobre a proposta quanto à forma das ilhas. "Nós propusemos uma metáfora, e todo mundo queria tomar parte na discussão".

A idéia, diz Boer, seria não só aumentar a área de terra disponível e proteger a costa mas demonstrar a competência da engenharia holandesa. Ao mesmo tempo, uma ilha poderia servir como pólo energético, adotando um formato de anel que permitiria criar a chamada energia azul, que usa o contraste entre água doce e água salgada para gerar eletricidade, com a alta e baixa das marés. Turbinas eólicas poderiam produzir ainda mais energia, ele diz.

É claro que há os céticos, especialmente entre as pessoas que têm mais experiência com a construção de ilhas. "Formatos engraçadinhos como tulipas, tamancos e moinhos são uma boa maneira de promover o debate, mas não deveriam ser considerados como realistas", disse Bert Groothuizen, gerente de marketing da Van Oord, a maior empreiteira de dragagem da Holanda e construtora das ilhas-palmeira de Dubai, à agência de notícias Reuters.

"Ilhas oferecem proteção contra ondas, porque do lado que não fica exposto ao mar aberto a ação das ondas é menor", ele explicou em entrevista por telefone de seu escritório, em Roterdã. Mas, ao contrário do que aconteceu em Dubai, elas teriam de ser posicionadas diversos quilômetros mar adentro. "E isso seria muito mais caro", ele diz.

Um projeto como esse deve custar bilhões de dólares - ninguém tem uma estimativa precisa -, e a construção levaria décadas. Mas as comissões do governo insistem em que suas idéias para ilhas ou para expandir a costa são sérias, e os contribuintes do país, conhecidos por sua frugalidade, não se rebelaram.

A estação de bombeamento em Lelystad é uma das maiores entre as que marcam as terras recuperadas ao mar, e oferece um exemplo de como os holandeses aprenderam a viver abaixo do nível do mar.

"Houve escassez de alimentos na Primeira Guerra Mundial, e a Holanda desejava autonomia alimentar", disse Evert van der Horst, engenheiro chefe de uma estação próxima a Lelystad que drena as terras recuperadas.

Por isso, os holandeses construíram um dique que separava do oceano o corpo aquático que conheciam como Zuiderzee. A porção de água separada recebeu o nome Ijseelmeer, o de um rio próximo, diz Horst, e a porção ocidental da área foi drenada para permitir cultivo.

Ele foi um dos milhares de holandeses nascidos em terra firme que se instalou lá. Durante todo o inverno, as quatro grandes bombas a diesel da estação - que estão sendo convertidas a acionamento elétrico, mais eficiente - operam de modo intermitente.

Mas "no verão cada árvore absorve 300 litros diários de água", diz Horst, 64, o que torna o bombeamento desnecessário. "Dá para sentir o cheiro da água nas árvores".

Uma das piores crises da história de Lelystad aconteceu em 1994. "Tivemos muita chuva antes do Natal, e por isso acionamos as bombas", disse. Depois de meses de bombeamento contínuo, elas foram desligadas em abril.

Empresas holandesas conquistaram renome nos últimos anos ao ajudar outros países a reclamar terras cobertas pelo mar. Além das ilhas de Dubai, a ilha artificial que abriga o novo aeroporto de Hong Kong foi construída pela Van Oord. Agora, o governo da Holanda está pedindo que seus engenheiros e construtores voltem para casa a fim de ajudar a combater o mar.

O crescimento de cidades como Lelystad se mantém, e o número de habitantes do país, já superpovoado, não pára de crescer. Com população de 16,5 milhões de habitantes, a Holanda tem área de 41 mil quilômetros quadrados, o que resulta em densidade populacional de mais de 400 pessoas por quilômetro quadrado, o triplo da que existe no Estado de Nova York, que os holandeses colonizaram.

Groothuizen, da Van Oord, considera que estender a costa é mais eficiente do que construir ilhas. "No passado", ele reflete, "os diques eram rígidos, claro, mas agora nós favorecemos uma linha costeira não rígida, em harmonia com a natureza. É um retorno ao século 17".

Por sobre o dique que protege Lelystad fica o restaurante 't Dijkhuysje, ou Casa do Dique, no passado um depósito de suprimentos usados para combater emergências nos diques. "Água não nos incomoda", diz Rob Sengers, que cozinha no restaurante há oito anos. E uma elevação no nível do mar causada pelo aquecimento global, preocupa?

"Talvez isso aconteça, mais ou mais tarde", ele diz. "Meus filhos talvez presenciem".

http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3315342-EI8142,00-Mar+avanca+e+Holanda+estuda+expansao+da+costa.html

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

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