Autor Tópico: Padres, revolucionários de esquerda e poetas lunáticos  (Lida 568 vezes)

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Offline Renato T

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Padres, revolucionários de esquerda e poetas lunáticos
« Online: 28 de Novembro de 2008, 09:38:23 »

Fonte: http://www.esmtg.pt/option=com_content&task=view&id=440&Itemid=110

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Padres, revolucionários de esquerda e poetas lunáticos 



Nunca mais me esqueço do que, há muitos anos, um colega mais velho de Matemática, entretanto reformado, me disse na sala de professores desta escola. Esse colega era conhecido por assumir frequentemente uma atitude provocadora e até politicamente incorrecta, como agora se diz. Estava então eu a lamentar-me baixinho pelo facto de tantas pessoas pensarem que os filósofos são aqueles que procuram saber tudo sobre coisa nenhuma quando o colega se virou para mim e disse: «olha lá, pá, ainda não cheguei a perceber se tu és dos padres, dos revolucionários de esquerda ou dos pseudo-poetas lunáticos.»

Fiquei intrigado com o comentário dele e perguntei o que queria dizer com aquilo. «Ora, retorquiu ele, todos os professores de filosofia que conheci parecem ou padres ou revolucionários de esquerda ou tolinhos armados em poetas lunáticos.» Achei a generalização algo abusiva, mas quis saber como caracterizava ele cada um desses grupos. A resposta foi, mais ou menos, nestes termos: «os padres ensinam filosofia como se fosse catequese; os revolucionários de esquerda não estão interessados em ensinar seja o que for, mas em levar a rapaziada a dizer inanidades contra o sistema; os pseudo-poetas são aqueles que, incapazes de raciocinar disciplinadamente, querem é liberdade para dizer a primeira parvoíce que lhes passe pela tola.»

Penso que o comentário do colega foi injusto, pois felizmente não se aplica a muitos professores de filosofia. Mas, ainda assim, não deixou de me fazer pensar. A verdade é que ele estava a tentar denunciar aquilo em que a filosofia não se pode tornar e que, nesse caso, a tornaria dispensável. O colega queria, no fundo, protestar contra a ideia de que a filosofia é um conjunto de preceitos que se transmitem dogmaticamente (como no caso dos padres) ou um gesto de pura contestação ideológica seja contra o que for (como no caso dos revolucionários) ou ainda um pretexto para cada um exprimir o que lhe vai na alma, seja lá isso o que for (como no caso dos pseudo-poetas). Sem desprimor para os verdadeiros padres, revolucionários e poetas.

Ora bem, esta ideia não é uma invenção dele. A verdade é que a tentação para muitos de nós santificarmos ou idolatrarmos os nossos filósofos preferidos pode fazer-nos deslizar facilmente do campo do exercício crítico que caracteriza a filosofia para o campo da catequese religiosa ou do panfleto. Assim como é fácil ser impaciente e criticar sem antes ter compreendido ou confundir a ausência de dogmas com a livre expressão de sentimentos e o reino do vale tudo. A filosofia não é religião, não é política e não é poesia. A filosofia ocupa-se dos seus próprios problemas, apesar de alguns deles serem acerca da religião, da política e da poesia. E ainda bem para a filosofia, para a política e para a poesia que é assim.

É certo que estes domínios por vezes se contaminam, tal como se pode misturar água com café. Mas, tal como a água não passa a ser café e o café não passa a ser água, também a filosofia não passa a ser poesia nem a poesia filosofia. E também não é de estranhar que a melhor filosofia se manifeste na discussão directa com os filósofos, pois afinal são eles os profissionais do ofício, os que mais treinados estão para formular correctamente e discutir criticamente os problemas filosóficos.

A filosofia não precisa de se tornar literatura, poesia ou outra coisa qualquer para ter dignidade. Só quem não vê valor intrínseco na filosofia precisa de o ir buscar a outro lado. E a literatura e a poesia também não precisam da filosofia para nos deleitarem. Seria tudo muito mais pobre e desinteressante se não fosse assim.                     

Aires Almeida


Gostei dos estereótipos que foram expostos. No caso, recebi essa matéria por e-mail com sob o título "Padres, guevarinhas ou pseudo-poetas", o que acabou por me arrancar um sorriso quando na verdade deveriam ser lágrimas  :?. Acabei vendo a fonte e é, de fato, um belo texto...

Offline Zeichner

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Re: Padres, revolucionários de esquerda e poetas lunáticos
« Resposta #1 Online: 30 de Novembro de 2008, 12:02:02 »
o pior é que o Governo do Luis Falaréfácil Lula da Silva implantou as disciplinas de filosofia e sociologia no ensino médio, ou seja, aparelharam as escolas com o pensamento esquerdista, onde se tirarão aulas importantes pra dar empregos pros padrecos, pros guevarinhas e pros poeteiros malucos.

 

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