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Ministério: mortes de macacos no Rio seriam coincidênciaFelipe Sáles"Coincidência temporal" é a primeira hipótese do Ministério da Saúde para a morte misteriosa de cerca de 50 macacos, uma capivara e um esquilo em regiões distintas da capital fluminense. O Rio registrou a morte de quase um animal por dia desde a segunda-feira da semana passada, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Depois de exames de febre amarela, raiva e dengue terem dado resultado negativo, o herpes tornou-se outra forte suspeita para explicar parte da mortandade - embora apenas cinco dos 15 primatas analisados até o momento tenham confirmado o diagnóstico."Nas três últimas semanas estivemos focados no assunto e praticamente todo dia encontramos um animal doente ou morto. Hoje (sexta-feira), graças a Deus, não tivemos nenhum caso", disse a bióloga do Jardim Botânico Cristiane Hollanda Rangel, sem saber que no mesmo dia mais um macaco havia sido encontrado morto na Estrada do Corcovado.O médico¿veterinário Alessandro Romano, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, acredita que as mortes sejam o que os estudiosos chamam de "coincidência temporal". Ele é um dos membros da força-tarefa - composta por 13 instituições federais, estaduais e municipais - criada para investigar o caso."Há alguns casos individuais de mortes provocadas por acidentes, infecções bacterianas no útero e obstruções no fígado", disse Romano. "Boa parte foi morta por herpes, e outra por situações adversas. É o que chamamos de coincidência temporal. Por ano registramos mais de 800 mortes de macacos por motivos diversos".Quase um caso por diaDe setembro até o dia 17 deste mês, 39 macacos¿pregos e sagüis mortos foram recolhidos, mas apenas 33 tiveram condições de serem analisados em virtude da condição dos corpos. Quinze foram enviados a dois laboratórios do Rio, especializados no diagnóstico de raiva, e a um laboratório de São Paulo para auferir casos de febre amarela e dengue. Todos deram negativo. Herpes deu positivo em apenas cinco casos - todos de um mesmo bando presente em um condomínio em Campo Grande."O número de mortos vem crescendo e já atingiu a casa dos 50 macacos vitimados. Mas não chame de epizootia (doença contagiosa entre animais)", pediu Mário Sérgio Ribeiro, técnico em vigilância ambiental da Divisão de Riscos Ambientais da Secretaria Estadual de Saúde. "Por enquanto é uma mortandade que está nos chamando atenção. A boa notícia é que descartamos febre amarela, nossa principal preocupação".Arbovírus preocupa autoridadesUm dos temores das autoridades quanto à enfermidade que acomete macacos no Rio é de que a doença seja transmitida por arbovírus - ou seja, vírus transmitidos por mosquitos. Com isso, seria maior o risco de que o homem viesse a ser infectado pela doença que, nos macacos, mata em até dois dias."Se o homem entrar na mata e for infectado pelo vetor silvestre, poderia trazê-lo para a área urbana", disse o técnico em vigilância ambiental da Divisão de Riscos Ambientais da Secretaria Estadual de Saúde, Mário Sérgio Ribeiro.Por outro lado, Ribeiro afirmou que pode ser uma doença tipicamente silvestre, causada pela intoxicação de plantas ou alimentos, por exemplo. Por ora, a confirmação de que não é febre amarela nem foi transmitida ao homem é a melhor notícia."A população pode ir normalmente aos parques, pois nada confirma que seja transmitido ao homem", afirmou Ribeiro. "Mas é sempre bom ressaltar que, ainda mais agora, a população deve evitar dar alimentos aos animais. No caso de herpes, por exemplo, é bastante provável que os cinco macacos infectados tenham contraído a doença através do homem".Embora tolerável para o homem, o herpes é fatal para os macacos e apresenta sintomas semelhantes aos demonstrados pelos animais encontrados doentes - fraqueza, falta de locomoção, desidratação e desmaios. A força-tarefa que investiga a doença se reunirá novamente na semana que vem para apurar os resultados dos exames e levantar os dados colhidos até o momento.Segundo Ribeiro, porém, não há um prazo definido para que o mistério seja solucionado. Para ele, a maior preocupação no momento deve partir dos órgãos ambientais, caso os próximos exames descartem de vez a contaminação de seres humanos.