Conheci muitas linhas budistas, e posso afirmar que "aguardar Maitreya" é algo bastante raro em praticamente todas.
Sim, esse ensinamento existe, e há sem dúvida quem deposite suas esperanças nele. Mas simplesmente não é muito frequente.
Aliás, não acho que seja tão diferente em muitas outras crenças. Mesmo no Cristianismo, que é quem mais aposta suas fichas na "chegada do Messias", muita gente tem o bom senso de não negar o presente em função de uma esperança futura.
E sim, é claramente um erro. No mínimo é preguiça.
Imagino que na maioria dos casos é uma manifestação mais pretensiosa do mito da Cocagne. Quase todos nós, quando crianças pequenas, tinhamos muitos desejos e nos frustrávamos facilmente. Uma das formas mais frequentes de amenizar essa frustração é acreditar que ela é resultado de alguma circunstância que não vai durar, que não é "representativa" da "verdadeira realidade".
Daí o apelo da idéia de um Jardim do Éden, de um País da Cocagne, de um Reino dos Céus, de uma Terra Pura; reinos etéreos aos quais supostamente "pertencemos" embora os fatos teimem em não querer apoiar essa crença.
Alguns conseguem superar esse apego bobo, outros não. Não é coincidência que se agradeça a Deus quando se consegue, por exemplo, aprovação em um concurso ou alguma outra coisa bastante mundana; muita gente espera, conscientemente ou não, que Deus queira recompensá-la por sua "crença fiel" proporcionando a ela pelo menos vislumbres do "verdadeiro e justo" mundo "real".
É um tanto infantil, mas acontece que a imensa maioria das pessoas é infantil nos aspectos emocionais e religiosos.