http://www.diariodopara.com.br/noticiafull.php?idnot=13745A depressão em crianças e adolescentes cada vez mais é considerada um grande problema de saúde pública. No Brasil, cerca de 20% das pessoas que apresentam sintomas depressivos são adolescentes. As meninas têm o dobro de chance dos meninos de apresentarem esses sintomas. Jovens com baixa-estima têm 6,4 vezes mais chances e os insatisfeitos com sua vida 3,2 vezes mais possibilidades. Os números são de um estudo que avalia fatores que podem causar transtorno depressivo em adolescentes realizado pela Fiocruz com 1.923 alunos entre 11 e 19 anos de 38 escolas públicas e privadas de São Gonçalo-RJ. Entre eles, 10% apresentaram sintomas depressivos.
As duas principais causas da depressão dos adolescentes são a separação dos pais e a experiência de violência cometida pela mãe. Adolescentes vítimas de agressões severas como chutes, mordidas, murros, espancamentos, ameaças ou uso de arma e faca mostraram ter 6,5 vezes mais possibilidades de sofrer de depressão. Os que vivenciaram a separação dos pais tem 73% mais chances. Mudanças de moradia, problemas maternos de saúde mental e nascimento de irmãos são outros motivos que levam os adolescentes à depressão.
>> Estrutura familiar"A separação dos pais por si só não acarreta problemas para os filhos", explica Joviana Avanci, uma das pesquisadoras. "O mais importante é o que aconteceu com a família antes, durante e depois que a separação ocorreu. O fim da união não precisa ser vista pelo adolescente como perda, conflito, disputa e mágoa."
Para a pesquisadora, cabe aos pais permanecerem próximos de seus filhos, deixando-os certos de que sua condição de pai ou mãe jamais será abalada, mesmo com essa nova organização familiar. Alimentar sentimentos de discórdia com o ex-parceiro pode prejudicar substancialmente a adaptação do adolescente à nova realidade.
Segundo Joviana, usar a violência para educar os filhos é uma prática comum não apenas no Brasil, mas em todo o mundo e a mudança nesse comportamento pode levar algumas décadas.
"É preciso que profissionais de escola e de saúde que lidam com as famílias estejam atentos a vitimização da violência", acredita Joviana. "A atenção não deve ser exclusivamente para punir. Deve ser, principalmente, para orientar e fornecer outras estratégias educativas."
As adolescentes são mais vulneráveis às mudanças físicas que acompanham a puberdade. Esse fator somado com a prematura maturação da vida social são alguns dos motivos que fazem a meninas serem mais suscetíveis à depressão.
Os pesquisadores verificaram que a depressão não se diferencia entre adolescentes de classes sociais mais altas ou baixas. Esse, no entanto, não é um consenso na medicina. Estudos internacionais costumam constatar a prevalência da depressão em classes sociais menos favorecidas.