Autor Tópico: Marxismo e Igreja  (Lida 646 vezes)

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Offline Zeichner

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Marxismo e Igreja
« Online: 24 de Dezembro de 2008, 12:23:06 »
Uma pergunta para alguém que já tenha conhecimento da situação.
Como se explica a Teologia da Libertação?
Como pode existir um movimento marxista dentro da Igreja, se Marx disse que a religião era o Ópio do Povo?

E porque esta visão teve tanta influência dentro do Brasil?

Offline Dodo

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Re: Marxismo e Igreja
« Resposta #1 Online: 24 de Dezembro de 2008, 15:37:19 »
A Teologia da Libertação não é unânime entre os católicos, para muitos esse "movimento" não tem nenhum significado.

Dois motivos levaram ela se espalhar pelo Brasil:

- O mais conhecido é o desejo das comunidades eclesiais de base* atuarem mais em conformidade com os anseios e problemas enfrentados pelo homem comum, para os quais as missas e sacramentos não poderiam dar nada além de um alento momentâneo. Resumindo, era um inversão das palavras de Jesus: "Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus."

- O outro motivo, não muito alardeado, foi uma espécie de mea-culpa sobre o apoio de certos setores mais conservadores da igreja ao regime militar.

Quanto as palavras de Marx, cabe lembrar que nem toda pessoa que defende teses "esquerdistas" é um marxista, então essa comparação é um tanto exagerada. Voltando um pouco no tempo, muitos intelectuais, artistas, estudantes e religiosos defendiam teses que eram o pilar do socialismo utópico: igualdade, oportunidade para todos, fim da exploração, etc. Devido a isso, angariar simpatias de personalidades da esquerda não foi muito difícil, daí a pecha de "Teologia do Socialismo".

Lembrando que, tanto o Papa João Paulo II quanto seu sucessor, jamais deram qualquer apoio a certos setores proguessistas do clero, sejam eles esquerdistas ou não. Pergunte para o Ratzinger o que ele acha da idéia de colocar um padre usando calção de banho para celebrar uma missa na praia.

*é uma espécie de pastoral mais popular.
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

Offline Zeichner

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Re: Marxismo e Igreja
« Resposta #2 Online: 25 de Dezembro de 2008, 20:34:52 »
Sim... a Igreja em Roma é contrária, mas vemos muitos padres vinculados ao PT no país.
e envolvidos com movimentos claramente socialistas. No Brasil esta mistura ficou muito forte,
inclusive com a Igreja cedendo prédios e terrenos para formar grupos de invasão do
Movimento Sem Terra, tudo em nome desta Teologia da Libertação.

Uma coisa é não ser reconhecido, outra é estar, na prática, lutando pela revolução socialista.
Como pode a igreja defender quem quer acabar com ela?

Offline Luiz Souto

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Re: Marxismo e Igreja
« Resposta #3 Online: 25 de Dezembro de 2008, 21:40:29 »
A Teologia da Libertação usa elementos marxistas na sua interpretação da realidade social , mas obviamente não compartilha com Marx do ateísmo nem da crítica deste à religião como uma das formas de alienação humana.
As propostas da TL correspondem ao denominado socialismo cristão , em que a repartição justa das riquezas e a redução da desigualdade se dá pelo exercício da solidariedade. A concepção socialista cristã obviamente não contempla o fim das religiões , ao contrário , considera que é objetivo do cristianismo trazer o reino de deus para a Terra.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Dodo

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Re: Marxismo e Igreja
« Resposta #4 Online: 25 de Dezembro de 2008, 22:11:48 »
Uma coisa é não ser reconhecido, outra é estar, na prática, lutando pela revolução socialista.
Como pode a igreja defender quem quer acabar com ela?

Eu não tenho muito a acrescentar na resposta do Luiz Souto, a não ser o fato de que, espalhadas pelo Brasil, existem muitas comunidades paupérrimas que são atendidas por estas comunidades eclesiais. Essa visão in loco do sofrimento humano, e porque não dizer também da desigualdade, sensibilizou uma parte do clero, muitos deles jovens politizados, que tinham uma concepção de mundo diferente daquela defendida pelos clérigos mais tradicionalistas.

Só um exemplo, na época que foi publicado o livro "Quarto de Despejo", uma compilação do diário da então favelada Carolina Maria de Jesus, o seu impacto foi tão grande que surgiu na época um grupo de unversitários que lutavam pela extinção das favelas. Essa visão imediatista, acrescida de muita boa vontade e idealismo, era exatamente a mesma dos teólogos que criaram a Teologia da Libertação.
Você é único, assim como todos os outros.
Alfred E. Newman

 

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