Autor Tópico: Pinker versus Spelke sobre diferenças entre os sexos na atividade científica  (Lida 1328 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Debate interessante, desengatado pela infame declaração do Larry Summers por volta de 2005. O debate também se deu por volta daquela época.

Destaque para a contraposição ao Steven Pinker pela Elizabeth Spelke, também do departamento de psicologia de Harvard, uma vez que o lado homens-são-de-Marte-mulheres-são-de-Vênus da coisa é consideravelmente mais batido e mais abordado pela mídia.

http://mbb.harvard.edu/resources/pastnews2005.php

São três as possibilidades de vídeo, mas apenas essas duas valem a pena, a outra tem cerca de 1GB mas não compensa em qualidade.

http://mbb.harvard.edu/content/The_Science_of_Gender_and_Science.rm
(~200MB) - esse pode ser assistido "online", sem baixar, se tiver o plugin do real player ou equivalente, ou colando o link no programa em si.

http://mbb.harvard.edu/videos/spelke384K_Stream.mov
(~400MB)

Os slides das apresentações estão disponíveis aqui:

http://www.edge.org/3rd_culture/debate05/debate05_index.html

Mas os links para os vídeos desse último endereço não estão mais ativos.


Os slides resumem bem a apresentação, mas eles discorreram um pouco mais sobre cada ponto, e depois houve um breve debate.


A posição geral da Spelke não é de que não existam diferenças entre os sexos, mas que elas não parecem ser as causas das diferenças de representação das mulheres em áreas científicas. Outro ponto interessante ressaltado é que as diferenças existentes também não são exatamente como os chavões HSDMMSDV, "homens são sistematizadores, mulheres empatizadoras", "mulheres são verbais, homens são matemáticos", mas coisas mais sutis, como tendências a diferentes "estratégias" de raciocínio matemático.

Mais significativamente que essas diferenças, há as diferenças de percepção, "preconceitos", causando discriminação contra mulheres, mesmo quando as pessoas são totalmente contra esses preconceitos. Ela comenta estudos sobre como os pais, mesmo relatando que não tratam seus filhos bebês de forma diferente de acordo com o sexo, na verdade já o fazem de maneira consistente, de acordo com diversos estudos interessantes. Isso não acaba na infância, como alguns efeitos da influência dos pais na personalidade, mas provavelmente é algo que se mantém por toda a vida. E de fato, CVs idênticos dentro de uma variação média são avaliados diferentemente de acordo com o sexo. Um CV medíocre "é melhor" se for de um homem do que de uma mulher, algo que independe do avaliador ser homem ou mulher, interessantemente. Isso perde o efeito conforme o nível de qualificação aumenta, de qualquer forma; não é como se as pessoas sofressem total "alucinação"; o mesmo vale para reações não-ambiguas dos bebês.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Pinker versus Spelke sobre diferenças entre os sexos na atividade científica
« Resposta #1 Online: 16 de Janeiro de 2012, 02:38:36 »
Episódio de uma série chamada "brainwash", apresentada por um comediante:

<a href="http://www.mrctv.org/jwplayer/player.swf?file=http://mrc-tv.s3.amazonaws.com/sites/default/files/videos/converted/108600.mp4&amp;image=http://mrc-tv.s3.amazonaws.com/sites/default/files/video_thumbs/108600/108600_0001.jpg" target="_blank" class="new_win">http://www.mrctv.org/jwplayer/player.swf?file=http://mrc-tv.s3.amazonaws.com/sites/default/files/videos/converted/108600.mp4&amp;image=http://mrc-tv.s3.amazonaws.com/sites/default/files/video_thumbs/108600/108600_0001.jpg</a>

O resumo do vídeo é que na Suécia há toda uma série de leis favorecendo a igualdade entre os sexos, e no entanto ainda há disparidades clássicas de representação em diversas áreas de atuação, o que é chamado de "paradoxo sueco". O apresentador então vai tentar buscar respostas, perguntando para cientistas sociais suecos e biólogos ingleses e americanos. Os primeiros dizem ser essencialmente uma inércia de tradições anteriores, enquanto que os segundos afirmam haver uma contribuição biológica significativa/essencialmente determinante nisso. "Essencialmente determinante" é minha interpretação da colocação de um deles que constatou que em países onde as pessoas são mais livres há maior, e não menor, tendência às divisões tradicionais (ou ditadas por preferências inatas naturais) de trabalho e profissões, enquanto que nos mais pobres, as pessoas seriam mais forçadas a ganhar a vida mesmo em áreas diferentes daquelas que prefeririam atuar se pudessem escolher. Mas ao mesmo tempo um dos outros da área mais biológica (Simon Baron-Cohen) colocou que a proposição é bastante modesta, apenas de que há influência biológica, o que não tem implícita a afirmação de que essa influência é que está essencialmente determinando essas preferências quando há uma escolha mais livre.

Os pesquisadores são confrontados com as afirmações do lado oposto e ficam em ambos os lados um tanto quanto pasmos que o outro lado afirme o que está afirmando. Em maior dificuldade se viram os cientistas sociais, que não tinham bem como defender uma influência zero da biologia dos sexos, o melhor que puderam fazer era lançar dúvidas vagas sobre a metodologia/análise das observações, ou dizer que são estudos antigos e atualmente descreditados, o que não é bem o caso.



Embora eu não pense de modo algum que há zero influência de biologia, tenho um certo ceticismo quanto a essa parte de metodologia/análise de observações. Imagino que são coisas realmente fáceis de serem influenciadas pelas expectativas teóricas, talvez devesse haver algo meio como "duplo cego" ou algo tão cego quanto possível, ainda que não fosse duplo (o que talvez já seja o caso, não sei). Essa dúvidas é embasada tanto em algumas notícias recentes de fraudes e dados fabricados em áreas associadas, bem como a própria precisão de alguns "resultados" de experimentos dessas áreas. Lembro por exemplo de um que dizia que, depois de serem influenciados por termos como "Flórida", as pessoas mudavam inconscienemente a forma como se moviam, parecendo idosos, a explicação sendo a associação dos termos com pessoas idosas (a Flórida é meio conhecida como "estado de aposentados"), algo que me parece bem possivelmente o caso das pessoas enxergando aquilo que querem enxergar, de acordo com a teoria, e que possivelmente não seria constatado por observadores neutros/ignorantes sobre que hipótese está sendo testada (possivelmente mesmo se fosse uma avaliação de múltiplas alternativas em vez de um relatório livre). Acho que apresentação da Spelke também tem coisas um pouco relacionadas a esse aspecto das coisas.

 

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