Podemos classificar os crimes de acordo com as suas motivações: podemos ter crimes políticos, passionais, crimes cometidos para "manter a honra", etc. Mas essa classificação é pouco útil se não reconhecemos qualquer particularidade moral em qualquer uma das categorias. Um crime político, por exemplo, é moralmente diferente dos demais apenas por ser um crime cometido por motivações políticas? Por que?
No livro "Nada de novo no front" tem uma passagem onde o personagem que narra a história questiona o ato de matar, ele se pergunta porque algo tão condenável em qualquer outra época é tolerado e incentivado em época de guerra.
Fazendo uma analogia, o crime político seria aquele que só aconteceu devido as circunstâncias do momento, supondo-se que não seria cometido se as mesmas fossem diferentes. Sem ditadura, sem terroristas; sem repressão, sem luta armada e assim por diante.
Apenas isso não o torna moralmente aceitável, como exemplo podemos citar o Gabeira, que é proibido de entrar nos EUA por ter participado do sequestro de um embaixador daquele país, porém torna fácil de encontrar atenuantes, haja vista que o próprio regime militar concedeu anistia aos exilados políticos, tendo eles participado da luta armada ou não.
Tendo como pano de fundo apenas a ditadura brasileira, que foi mais branda que a do Chile e da Argentina, pelo menos no número de mortos, podemos considerar que a anistia foi uma forma dos militares acenarem com a possibilidade de um acordo de cavalheiros, evitando assim serem eles também punidos pelos cimes cometidos outrora.
Só para lembrar, aproveitando a lembrança do asilo dado a Cesare Battisti, o Brasil também concedeu asilo político, em 1989, onde já não tinhamos o regime militar, ao ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, ato este que também foi criticado por certos setores da sociedade.