Toda vez que se beneficia uma empresa, qualquer que seja, mesmo estatal, quem paga a conta é o consumiudor, que terá que pagar mais caro pelos mesmos bens e serviços .
Não e assim tão simples, Zeichner.
O que faz os preços baixarem são os menores custos e principalmente a
concorrência. Em uma situação onde costuma haver ausência ou muito pouca concorrência (como na maioria das atividades em que empresas estatais se envolvem), transformar um monopólio estatal em um monopólio privado provavelmente fará os preços subirem mais, pois o objetivo da empresa privada é o lucro, e na ausência de concorrência, ela colocará os maiores preços pagáveis que puder. Já a empresa estatal,
em teoria, não tem o lucro como objetivo principal, mas a oferta dos bens ou serviços em questão a preços menores. Ela pode muito bem vender os seus produtos ou serviços a preço de custo. O lucro possível ao qual ela "abdica" em prol de um preço menor funcionaria como uma espécie de subsídio, semelhante ao que os governos europeus e americano fazem, só que de outra forma.
A empresa estatal também teria uma segunda "vantagem": seus lucros poderiam (tirada a parte para reinvestimentos) ser aplicados em investimentos públicos importantes ou em gastos com saúde, educação, etc coisa que não ocorreria com o lucro privado (exceto a parte dos impostos).
Tudo isso que eu falei é
em princípio,
em teoria. Na prática, o que temos?
Empresas privadas, por terem donos, costumam ser melhor cuidadas e administradas do que empresas estatais, implicando em menores custos e desperdícios (incluindo aí a corrupção) e maior eficiência produtiva. Em países com alto grau de corrupção e impunidade então...nem se fala.
A questão então é equacionar o ganho em produtividade e eficiência de, um lado, e a perda da possibilidade de colocar preços muito menores e de usar o lucro para fins públicos, de outro.
(Isso falando de um dilema monopólio estatal x monopólio privado. Quando há concorrência privada, não existe esse dilema: privatizado trás infinitamente mais ganhos para todos)
Se o país tiver uma justiça eficiente e pouca corrupção, é preferível um monopólio estatal a um monopólio privado pelos motivos já expostos.
Se o país tiver muita corrupção e impunidade (como o Brasil), é preferível um monopólio privado tomando algumas medidas que minimizem a tendência a alta exagerada dos preços, como:
1-Leilões prévios, em que o grupo que se comprometer a oferecer o menor preço ao consumidor é escolhido para comprar a empresa ou explorar um serviço;
2- Compromissos em contratos prévios da empresa com o estado, envolvendo cotas mínimas de produção, cobertura do serviço, peridiocidade e taxa de reajuste dos preços, etc
3- Existência de uma agência reguladora eficiente, com canal aberto para críticas e sugestões do público.
Tomando estas precauçõs acima, é muito melhor um monopólio privado do que um estatal em países como o Brasil.