Autor Tópico: Epicuro - Carta a Meneceu  (Lida 10589 vezes)

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Offline Luiz Souto

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Epicuro - Carta a Meneceu
« Online: 01 de Fevereiro de 2009, 19:38:40 »
A Carta a Meneceu

1. Sempre é tempo de filosofar, sejamos velhos ou jovens

           Epicuro saúda Meneceu.

            Quem é jovem não espere para fazer filosofia; quem é velho não se canse disso. Com efeito, ninguém é imaturo ou superado em relação à saúde da alma. Quem diz que ainda não é hora de fazer filosofia, ou que a hora já passou, parece-se com quem diz, em relação à felicidade, que ainda não é o momento dela, ou que ele já passou. Por isso, tanto o jovem como o velho devem fazer filosofia; um para que, embora envelhecendo, permaneça sempre jovem de bens por causa do passado, o outro para que se sinta jovem e velho ao mesmo tempo, para que não tema o futuro. É preciso, portanto, ocupar-se de tudo o que leva à felicidade, se é fato que quando ela está conosco, possuímos tudo, e que, quando não está conosco, fazemos de tudo para obtê-la.

 
2. Os deuses existem e são imortais e felizes

            Pratica e medita aquilo que te ensinei continuamente, convicto de que se trata do abecê para uma vida feliz. Em primeiro lugar, considera que a divindade é um vivente incorruptível e feliz, como a noção comum do divino costuma aceitar, e não lhe atribuas qualquer coisa estranha à imortalidade ou de pouca consonância com a felicidade. Em relação à divindade, pensa tudo o que serve para preservar sua felicidade unida com a imortalidade. Os deuses existem de fato e o conhecimento que deles se tem é evidente. Eles, porém, não são como a maioria os crê, pois não continuam coerentemente a considerá-los como os concebem. Ímpio não é quem nega os deuses como a maioria os quer, e sim aquele que atribui aos deuses as opiniões que deles tem a maioria. Com efeito, as opiniões da maioria sobre os deuses não são prolepses, mas enganosas hipolepses (Conceito inadequado, fundado sobre a opinião corrente). Daqui se segue que dos deuses se fazem derivar para os homens as razões de todo maior dano e de todo bem; os deuses, com efeito, entregues continuamente às suas virtudes, são queridos por todos os seus semelhantes, mas rejeitam como estranho tudo o que não é semelhante a eles

 
3. O que é a morte para o homem

            Habituados a considerar que a morte é nada para nós, do momento que todo bem e todo mal reside na sensação, e a morte é privação de sensação. Por isso, a noção correta de que a morte é nada para nós, torna alegre o fato de que a vida seja concluída com a morte, não lhe concedendo um tempo infinito, e sim lhe subtraindo o desejo da imortalidade. Não há nada de terrível na vida para quem tenha compreendido bem que não há nada de terrível no fato de não viver mais. Por isso, é tolo quem diz temer a morte, não porque trará dor ao momento em que ela se apresentar a nós, mas porque nos faz sofrer na sua espera; com efeito, tolamente pode causar sofrimento na espera, ao mesmo tempo em que não faz sofrer com sua presença.

            Portanto, o mal que nos faz ter arrepios, ou seja, a morte, é nada para nós, a partir do momento que, quando vivemos, a morte não existe, e quando, ao contrário, existe a morte, nós não existimos mais. A morte, portanto, não se refere a nós, nem quando estamos vivos, nem quando estamos mortos, porque para os vivos ela não existe, e os mortos, ao contrário, não existem mais. Os outros, por sua vez, fogem por vezes da morte como do pior dos males, outras vezes a [procuram] como alívio [das desgraças] da vida. [O sábio, ao invés, nem rejeita a vida], nem teme o não viver mais; com efeito, a vida não lhe é molesta, e ele também não crê que a morte seja um mal. Assim como para o alimento, ele não se serve dele em abundância, mas escolhe o melhor; também não procura gozar o tempo mais longo, mas o melhor.

 
4. Indicações sobre o modo de entender a vida e o futuro

             E quem exorta o jovem a viver bem, e o velho a concluir bem a sua vicissitude mortal é um tolo, não só por tudo o que é digno de aceitar da vida, mas também porque uma só é a reta preparação para bem viver e para bem morrer. Ainda pior é o que diz: “[...] não nascer é ótimo, mas, se nascidos, passar o mais depressa possível pelas portas do Hades”. (Teognides (séc. VI a.C.))

            Se tal pessoa está mesmo convencida do que diz, por que não morre imediatamente? É seu legítimo direito fazê-lo, se de fato está convicto disto; ao contrário, se quer brincar, age como tolo em coisas que não comportam brincadeira. É preciso lembrar que o futuro não é inteiramente [nosso], nem inteiramente não nosso, para não esperar que absolutamente tenha de se realizar, nem desesperar, como se absolutamente não tenha de se realizar.

   
5. Como é preciso julgar os prazeres e as dores

             É necessário depois pensar por analogia que alguns desejos são naturais, outros vãos; entre os naturais, alguns são necessários, outros são simplesmente naturais. Depois, dos necessários alguns são tais em relação à felicidade, outros são assim em relação ao bem-estar físico, outros ainda em relação à própria vida. Com efeito, uma sólida noção de desejo sabe guiar cada escolha e cada rejeição para a saúde do corpo e para a ataraxia da alma, uma vez que justamente este é o fim da vida feliz. Com efeito, justamente com este escopo fazemos de tudo, a fim de não experimentar nem sofrimento nem perturbação. Uma vez que isto se verifique em nós, toda tempestade da alma se aplaca, porque o ser humano não sabe que outra coisa desejar que lhe falte, nem que outra coisa pedir para tornar pleno o bem da alma e do corpo. Sentimos necessidade do prazer, quando sofremos pela sua falta, [quando, ao contrário, não sofremos], então não temos nenhuma necessidade do prazer.

            Por estes motivos, dizemos que o prazer é princípio e termo último de uma vida feliz. Com efeito, sabemos que o prazer é o bem primeiro e conatural a nós, a partir do prazer permitimos toda escolha e toda rejeição, e al prazer nos reportamos para avaliar todo bem com a sensação assumida como norma. E, a partir do momento que este é o bem primeiro e conatural a nós, justamente por isto não aceitamos todo prazer, mas acontece o caso de que descuramos muitos deles,quando disso provier um incômodo maior; e assim consideramos que muitas dores são preferíveis aos prazeres, no caso que um prazer maior nos toque depois deter resistido longamente ao sofrimento. Todos os prazeres, portanto, porque têm uma natureza congênita a nós, são um bem, todavia, porém, nem todos devem ser aceitos. Da mesma forma, toda dor é um mal, todavia, porém, nem todas são de tal gênero que delas devêssemos fugir sempre. É preciso julgar tudo isso em base ao cálculo e a uma visão geral da utilidade e do dano.Com efeito, podemos experimentar que o bem, por certo tempo, é mal, e, vice-versa, que o mal pode ser um bem.

 
6. A independência em relação aos desejos

            Também consideramos um grande bem a independência em relação aos desejos, não com o escopo de gozar apenas um pouco, mas porque se não temos o muito, nos possa bastar o pouco, corretamente convictos de que melhor goza da abundância quem menos sente a sua necessidade, que tudo o que é requerido por natureza é facilmente obtenível, e tudo o que, ao contrário, é vão, dificilmente se adquires, que os alimentos frugais produzem um prazer idêntico ao de uma farta mesa, quando eliminarmos a dor da necessidade, e que pão e água oferecem o máximo dos prazeres, quando deles se serve quem deles tem necessidade.

   
7. Como devemos entender o praze e a sua ligação com a virtude

             Portanto, o hábito de um alimento simples e de modo nenhum refinado,de um lado confere saúde, do outro torna o homem alegre nas ocupações necessárias da vida, e se nós nos aproximamos, de vem em quando, a um teor de vida suntuoso, nos dispomos melhor em relação a ele, e ficamos sem medo do destino. Por conseguinte, quando dizemos que o prazer é o fim último, não pretendemos falar dos prazeres dos dissolutos e nem dos que consistem na crápula, como afirmam aqueles que não conhecem, não partilham ou mal entendem nossos princípios, e sim, ao contrário, pretendemos falar da falta de dor no corpo e da falta de perturbação na alma. Com efeito, não são os simpósios ou os banquetes contínuos, o aproveitar de jovenzinhos e mulheres, ou o peixe e tudo o que pode oferecer uma rica mesa que levam a uma existência feliz, e sim uma límpida capacidade de raciocínio que esteja consciente de cada aceitação e de cada rejeição, e elimine a vacuidade das opiniões, pelas quais a pior das perturbações surpreende a alma.

            De tudo isso, o princípio e o bem supremo é a prudência que, justamente por isso, constitui algo de ainda maior valor da filosofia. Dela se originam todas as outras virtudes, e ela ensina como não é possível uma vida feliz sem que seja sábia, bela e justa, [e também que seja sábia, bela e justa] sem que seja feliz. As virtudes, com efeito, são conaturais à vida feliz, que, por sua vez, não é separável das virtudes.

 
8. A causa do bem e do mal   está no próprio homem

             Por outro lado, a quem consideras melhor do que aquele que tem idéias santas sobre os deuses, que não tem medo algum da morte, que conhece a fundo o fim natural, que tenha firme consciência que é fácil realizar e prático alcançar o limite extremo do bem, enquanto o limite extremo do mal tem tempo e penas breves? Ou de quem proclama que [o destino], por alguns considerado senhor absoluto de tudo [...]? [...] em parte acontecem por necessidade [...[, em parte, ao contrário, pelo capricho da sorte, outros ainda estão em nosso poder, porque se constata que a necessidade é irresponsável, a sorte é instável, ao passo que aquilo que está em nós é livre e, por isso, ligado a zombaria e a elogio. Na realidade, era melhor ater-se ao mito que circunda os deuses, em vez de servir o destino dos físicos. Com efeito, o primeiro subentende a esperança de aplacar os deuses, honrando-os; o segundo, ao contrário, conserva toda a implacabilidade do necessário. [O sábio] não crê que a sorte seja um deus, como pensam os demais (com efeito, nada é realizado desordenadamente pela divindade), e nem que ela seja uma causa vaga; com efeito, o sábio [não] pensa que bem e mal, no que se refere à vida, sejam concedidos aos homens pela fortuna, e que todavia o início dos grandes bens e dos grandes males se encontre sob a influência dela. Ele pensa finalmente que é melhor ser desafortunados com um pouco de sabedoria, ao invés de afortunados sem qualquer sabedoria, porque nas coisas humanas é melhor que uma reta decisão [não] seja coroada pela fortuna, em vez de [uma decisão errada] o ser.

            Rumina contigo mesmo, dia e noite, estas argumentações e outras ainda semelhantes a elas, discute também com quem está próximo de tuas posições.


Epicuro, Cartas e máximas.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

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Offline Lua

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #1 Online: 02 de Fevereiro de 2009, 02:03:01 »
Poucos textos caem tão bem à inauguração de um 'café filosófico'. Esse, além de desmistificar tabus sociais, ainda esclarece a postura de Epicuro a respeito dos 'prazeres'. Confesso que antes de me deparar com esse texto eu via Epicuro sob a ótica do senso comum: era ele o filósofo que incentivava o prazer pelo prazer, sem que qualquer sorte de virtude fosse enaltecida. Estava enganada - isso há cerca de oito anos atrás.

Citar
(...)que os alimentos frugais produzem um prazer idêntico ao de uma farta mesa, quando eliminarmos a dor da necessidade, e que pão e água oferecem o máximo dos prazeres, quando deles se serve quem deles tem necessidade.

Há uma proporcionalidade entre a necessidade e aquilo que se almeja possuir: quem tem necessidade de pão e leite, sentirá satisfação unicamente em possuí-los. Aqueles que almejam coisas diversas e que não as possuem, certamente que viverão constantemente insatisfeitos e queixando-se da vida. Aliás, é partindo disso que posso compreender o porquê de vivermos em um sistema que cria necessidades o tempo inteiro: satisfação é um dos passos principais para obter a tal 'felicidade'.

A necessidade precisa ser criada para que busquemos sua satisfação. Como diria Marx (em um dos momentos em que consegui gostar de lê-lo): "Sem necessidade não há produção; ora, o consumo reproduz as necessidades". É interessante notar o quanto o sistema torna supérfluas velhas necessidades e as substitui por novas: um celular era somente um aparelho utilizado para falar, hoje em dia, precisa tirar fotos, produzir vídeos, acessar a internet e baixar arquivos.

"Deste modo, a produção não cria só um objeto para o sujeito;cria também um sujeito para o objeto. (...)Por conseguinte, produz o objeto de consumo, o modo de consumo e o impulso para consumir,". (Marx). O sistema acaba se vocacionando para criar e suprir finalidades por si mesmo: gera não apenas o objeto, mas o próprio indivíduo que irá consumí-lo. O surgimento de novas necessidades e a impossibilidade de supri-las acaba despertando uma 'classe' de indivíduos insatisfeitos e infelizes - para felicidade dos livros de auto-ajuda e terapeutas/psicólogos de plantão.
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Offline Hugo

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #2 Online: 02 de Fevereiro de 2009, 12:13:15 »
A Lua mandou muito bem.

Estou sem tempo no momento, mas irei fazer uma ligação entre:

1- Epicuro e Hume na questão da busca pelo  prazer;
2- Epicuro e Schopenhauer na questão da morte.

"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Johnny Cash

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #3 Online: 02 de Fevereiro de 2009, 17:51:22 »
A necessidade precisa ser criada para que busquemos sua satisfação. Como diria Marx (em um dos momentos em que consegui gostar de lê-lo): "Sem necessidade não há produção; ora, o consumo reproduz as necessidades". É interessante notar o quanto o sistema torna supérfluas velhas necessidades e as substitui por novas: um celular era somente um aparelho utilizado para falar, hoje em dia, precisa tirar fotos, produzir vídeos, acessar a internet e baixar arquivos.

A vontade ainda é superior a necessidade, não?

De que adianta existir a necessidade, se não existe a vontade de produzir?
Porém, pode-se produzir havendo somente a vontade.

Essa é uma questão que nunca compreendi muito bem.

Offline Luiz Souto

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #4 Online: 02 de Fevereiro de 2009, 18:28:17 »
Pô  Lua  , com você este Café promete... :)

O que me recordou a citação do Epicuro é com outro conceito de Marx , em que ele coloca que " liberdade é o reconhecimento da necessidade".
Não há liberdade absoluta , como não há desejo absoluto. Conhecer nossas necessidades é conhecer nossos limites e o tamanho do que precisamos para sermos livres.
Algo muito legal é que o epicurismo é uma filosofia materialista e feliz.Ao contrário das doutrinas religiosas que colocam a felicidade no mais além , Epicuro procura a felicidade no que há , no reconhecimento da potência do real e na adequação do homem ao mundo ( mas não é conformista!)

A necessidade precisa ser criada para que busquemos sua satisfação. Como diria Marx (em um dos momentos em que consegui gostar de lê-lo): "Sem necessidade não há produção; ora, o consumo reproduz as necessidades". É interessante notar o quanto o sistema torna supérfluas velhas necessidades e as substitui por novas: um celular era somente um aparelho utilizado para falar, hoje em dia, precisa tirar fotos, produzir vídeos, acessar a internet e baixar arquivos.

A vontade ainda é superior a necessidade, não?

De que adianta existir a necessidade, se não existe a vontade de produzir?
Porém, pode-se produzir havendo somente a vontade.

Essa é uma questão que nunca compreendi muito bem.

Se você tem necessidade , e não um mero capricho , produzirá ou buscará o que necessita.
Mas se não houver necessidade o que produzirá? Como saberá o que é o desnecessário que quer produzir por mera vontade?
Se você diz " vou produzir por minha vontade algo não necessário" estará produzindo algo que é necessário à você , pela necessidade da expressão da sua vontade ; poderá não ter valor para outros mas terá o valor individual para você.
No fim a necessidade é o que leva á produção e apropiação das coisas , ainda que a forma destas serem produzidas/apropiadas possa criar novas necessidades.
A questão que Epicuro inicia é a da alienação , a de transferir para fora de nós  , da nossa razão , a necessidade e permitir que as condições externas ( sociais , culturais ,...) ditem o que necessitamos:
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  Com efeito, não são os simpósios ou os banquetes contínuos, o aproveitar de jovenzinhos e mulheres, ou o peixe e tudo o que pode oferecer uma rica mesa que levam a uma existência feliz, e sim uma límpida capacidade de raciocínio que esteja consciente de cada aceitação e de cada rejeição, e elimine a vacuidade das opiniões, pelas quais a pior das perturbações surpreende a alma.

Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

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Offline Renato T

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #5 Online: 03 de Fevereiro de 2009, 08:51:51 »
Não tinha lido nada sobre Epicuro anteriormente, mas achei esse é texto ótimo.



A questão da felicidade em Epicuro me parece voltada para a "paz de espírito", a ataraxia, que só é alcançada quando conseguimos reconhecer o que queremos e conseguimos direcionar nossas decisões e nossas bucas por prazer para viver uma vida feliz. A busca por algo que é necessário tende a agitar a alma impedindo que se tenha uma vida feliz, assim como sofremos e nossa alma nos agita pela falta de prazer, como dito aqui: "Sentimos necessidade do prazer, quando sofremos pela sua falta, [quando, ao contrário, não sofremos], então não temos nenhuma necessidade do prazer. ". Sendo assim, me parece que muito dos prazeres são desejados e necessários para tranquilizar a alma, levando a uma vida feliz.
Entretanto, algo que também é tratado por Epicuro é que a busca pelo prazer não é cega, não deve "atirar para todos os lados". Os prazeres devem ser medidos e pesados, já que alguns prazeres trazem alguns incômodos, sendo necessário rejeita-los, preferindo a dor ao próprio prazer. Como diz Epicuro, É preciso julgar tudo isso em base ao cálculo e a uma visão geral da utilidade e do dano.Com efeito, podemos experimentar que o bem, por certo tempo, é mal, e, vice-versa, que o mal pode ser um bem. , é necessario julgar bem o que se busca para que o prazer não seja, na verdade, um mal, possibilitando que a vida seja feliz.

           

Offline Johnny Cash

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #6 Online: 03 de Fevereiro de 2009, 16:43:49 »

...

A necessidade precisa ser criada para que busquemos sua satisfação. Como diria Marx (em um dos momentos em que consegui gostar de lê-lo): "Sem necessidade não há produção; ora, o consumo reproduz as necessidades". É interessante notar o quanto o sistema torna supérfluas velhas necessidades e as substitui por novas: um celular era somente um aparelho utilizado para falar, hoje em dia, precisa tirar fotos, produzir vídeos, acessar a internet e baixar arquivos.

A vontade ainda é superior a necessidade, não?

De que adianta existir a necessidade, se não existe a vontade de produzir?
Porém, pode-se produzir havendo somente a vontade.

Essa é uma questão que nunca compreendi muito bem.

Se você tem necessidade , e não um mero capricho , produzirá ou buscará o que necessita.
Mas se não houver necessidade o que produzirá? Como saberá o que é o desnecessário que quer produzir por mera vontade?
Se você diz " vou produzir por minha vontade algo não necessário" estará produzindo algo que é necessário à você , pela necessidade da expressão da sua vontade ; poderá não ter valor para outros mas terá o valor individual para você.
No fim a necessidade é o que leva á produção e apropiação das coisas , ainda que a forma destas serem produzidas/apropiadas possa criar novas necessidades.
A questão que Epicuro inicia é a da alienação , a de transferir para fora de nós  , da nossa razão , a necessidade e permitir que as condições externas ( sociais , culturais ,...) ditem o que necessitamos:
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  Com efeito, não são os simpósios ou os banquetes contínuos, o aproveitar de jovenzinhos e mulheres, ou o peixe e tudo o que pode oferecer uma rica mesa que levam a uma existência feliz, e sim uma límpida capacidade de raciocínio que esteja consciente de cada aceitação e de cada rejeição, e elimine a vacuidade das opiniões, pelas quais a pior das perturbações surpreende a alma.

Ok, mas, não seria então uma junção de necessidade e vontade?

A existência solitária da necessidade, não garante que ela será atendida.

Por exemplo, se eu tiver necessidade de comer, porém não possuir vontade de fazê-lo, eu acabarei por não atender o que me é necessário. Não é? E nesse caso a minha vontade estará superando, em certo aspecto, minha necessidade.
Ou eu estarei apenas atendendo outra necessidade que ainda não é tão clara para mim?

Peço paciência a vocês.  :biglol:
Estou me esforçando para ser o mais claro possível.

EDIT: lembrando que, o que me levou a iniciar esse pensamento foi a citação de Marx no post da Lua e não o texto de Epicuro.
« Última modificação: 03 de Fevereiro de 2009, 19:01:23 por Johnny Cash »

Offline uiliníli

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #7 Online: 03 de Fevereiro de 2009, 17:32:59 »
Texto genial. Não entendo como os filósofos não se deram por satisfeitos depois de Epicuro e não foram fazer outra coisa :P

Offline Hugo

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #8 Online: 07 de Fevereiro de 2009, 20:14:10 »
Minha contribuição:


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I - Introdução

Epicuro nasceu por volta de 341 a.C em Samos, morou em Atenas, Cólofon e Lâmpsaco, e veio a falecer em Atenas, por volta de 270 a.C, quando tinha setenta e dois anos de idade. Epicuro também foi escritor, sendo autor de mais de trezentos volumes sem citações de outros autores. Escreveu Da Natureza, em trinta e sete livros, mas apenas as suas três cartas ficaram para nós como legado. A primeira dirigida a Heródoto tratando da física; a segunda dirigida a Pítocles, tratando da meteorologia e da astronomia e aterceira dirigida a Meneceu, tratando das concepções sobre a vida humana, que é de nosso interesse nesse trabalho em que vamos analisar sua ética como fatos relacionados com a escolha e rejeição. Os epicuristas chamam esta ética de "ciência do que deve ser escolhido e rejeitado, e também dos modos de vida e do fim supremo" (GOMES, 2003, p 151).
A carta a meneceu tem como ponto basilar a abordagem da ética que ensina a viver de forma que a felicidade deve ser almejada através da busca do prazer, com vista a alcançar a saúde do espírito. Para ele a vida deve ser vivida de forma intensa, mas não de forma irresponsável. Para se ter uma vida feliz é necessário refletir sobre as grandes questões que afligem o homem, a saber, a morte, o medo, o sofrimento, etc... O princípio de toda escolha ou rejeição, na ética epicurista, é o prazer e a dor. A ética grega, nesta época, tinha como objetivo a busca do bem do indivíduo e a sabedoria e serenidade eram pré-requisitos para o sucesso da empreitada. Quando o cidadão grego se afasta da participação política, devidas às novas condições impostas ao mundo grego, o indivíduo busca o conhecimento, não para a preparação da atividade política e sim para o aprimoramento interior do homem. A partir daí a filosofia busca estabelecer normas universais para a conduta humana. O problema ético torna-se, então, o centro da especulação das correntes filosóficas.

 
II - A ética

O ponto básico da carta a Meneceu, sem dúvida, é abordar a ética de um ponto de vista da felicidade, isto é, de como agir para se alcançar a "saúde do espírito". De início Epicuro exorta Meneceu sobre a necessidade de Filosofar, mesmo sendo velho, pois a Filosofia não é privilégio apenas dos jovens e sim "útil tanto ao jovem quanto ao velho", pois o jovem envelhecerá sem sentir o medo das coisas que virão e o velho sentir-se rejuvenescer pelas recordações das coisas que já passaram.
Para GOMES Epicuro está dizendo o seguinte:
"Assim sendo, é bom entender a importância da filosofia. Quem a entende chama-se sábio e é o ser capaz de saber a importância do Viver." (GOMES, 2003,p 153)
Mas qual são as características fundamentais da ética epicurista como está sendo exposta na carta? Ora, podemos refletir que o objetivo ético da busca do prazer pela ausência da dor (aponía) e a falta de pertubações da alma (ataraxía) se apóia sobre a consciência que o homem adquire mediante uma rigorosa reflexão teórica sobre esse temas. A ética epicurista não ensina apenas a buscar o prazer, mas também a evitá-lo quando for necessário.


III - A divindade

Epicuro começa a descrever os ensinamentos, ou, elementos fundamentais para se ter uma vida feliz e saudável. Para ele os deuses existem e nós temos o conhecimento acerca deles, porém a imagem que a maioria das pessoas faz dele é equivocada e atribui o conceito de ímpio não àqueles que o negam mas, aos que fazem um juízo falso dos deuses. É necessário considerar a divindade como um ente imortal e bem aventurado e não são os causadores dos malefícios aos maus e benefícios aos bons. Para Epicuro os deuses não interferem em nada na realidade humana:
"... já a imagem que deles faz a maioria das pessoas, essa não existe: as pessoas não costumam preservar a noção que têm dos deuses. Ímpio não é quem rejeita os deuses em que a maioria crê, mas sim quem atribui aos deuses os falsos juízos dessa maioria. Com efeito, os juízos do povo a respeito dos deuses não se baseiam em noções inatas, mas em opiniões falsas. Daí a crença de que eles causam os maiores malefícios aos maus e os benefícios aos bons." (EPICURO, 2002, p 23)

Epicuro venera os deuses, não para receber auxílio, mas porque eles encarnam o ideal estético grego da vida, e é necessário imitá-los, sendo na veneração que os homens o imitam e tentam viver como os deuses.

IV- A morte

Epicuro passa a abordar um tema muito importante e misterioso para toda a humanidade, a saber, a morte. Toda a Filosofia de Epicuro está baseada nas sensações, isto é, só o que podemos sentir, o prazer ou a dor e aí o Filosofo é chamado de Hedonista, quer dizer, uma doutrina:
"... filosófica que considera o prazer como único bem possível, portanto como fundamento da vida moral. Essa doutrina foi sustentada poruma das escolas socráticas, a Cirenaica, fundada por Aristipo; foi retomada por Epicuro, segundo o qual ‘o prazer é o princípio e o fim da vida feliz’" (DIÓG. L., X, 129; Abbagnano, 2000, p 497)
O filósofo exorta Meneceu de que a morte para nós não é nada, pois "...todo o bem e todo o mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações." (EPICURO, 2002, p 27). Para Epicuro o valor da vida é que se tem de dar ênfase. A vida, embora curta, tem que ser bem vivida e justifica de que nada adianta viver muito, se não viver bem. Epicuro salienta a importância da qualidade em detrimento da quantidade. Ser sábio é entender que a vida não é um fardo e a morte não é um mal.
" A morte é um fato pelo qual a razão mostra, se os átomos se dissolvem, somos mortais. Pensar a imortalidade seria um sonho. Interessa é ter uma vida com mais qualidade, sem precisar, para isso, de mais quantidade. Para Epicuro, o homem poderia ter uma vaidade semelhante aos deuses, mesmo sendo mortal”. ( GOMES, 2003, p 154).
Epicuro trabalha também na morte a questão de que alguns a desejam para dar fim aos males da vida; enquanto outros fogem dela como se ela fosse o maior de todos os males. No Fausto, Goethe coloca em Margarida, a amante infanticida de Fausto, a vontade de morrer depois que ela é presa por ter matado seu filho e sua mãe. Mesmo ela tendo a porta aberta da sua cela e Fausto chamando-a para a liberdade, ela retém seu instinto e não aceita, preferindo a execução:
"Fausto: Podes! só o queiras! vês aberta a porta!
Margarida: Não devo; para mim a esperança está morta.
Por que fugir? se estão mesmo a espreitar-me.
Tão triste é esmolar na indigência,
E, ainda mais, doendo a consciência!
É tão triste vaguear entre estranhos, errante.
E hão de agarrar-me, não obstante! " (Goethe, 2004, p 515).

Essa visão de morte de Epicuro, nos mostra que o Filosofo não espera nada após a morte: não existe vida após morte, não existe imortalidade. Só possuímos uma vida e é nessa única vida que temos a obrigação de vivê-la da melhor forma e a melhor forma, para Epicuro, é a busca da felicidade. A sua ética é voltada para ensinar a viver suportando ou evitando a dor, o medo e o sofrimento e a maneira mais eficaz é procurando o prazer, que não é mais que a ausência de dor. Não devemos nos preocupar com a morte, pois, certamente ela virá, mas enquanto não chegar, nós existimos e quando ela vier, não existiremos mais.
"Então, o mais terrível de todos os males, a morte, não significa nada para nós, justamente porque, quando estamos vivos, é a morte que não está presente; ao contrário,  quando a morte está presente, nós é que não estamos." (EPICURO, 2002, p 29).

Na questão do suicida, Epicuro o chama de tolo e questiona o porquê de se viver tão depressa e achar que a morte é a resolução de todos os problemas da vida. Ora, mas se acha que a morte é um desejo "... por que não se vai dessa vida? Pois é livre para fazê-lo, se for esse realmente seu desejo..." (Epicuro, 2002, p 33)

V - O Futuro

A sorte, o acaso, ou a fortuna, que era representada pela deusa Tyche, da sorte e da esperança e que possuía um templo em Roma chamado de templo de Fortuna Virilis, era, de uma forma ou de outra, criticada por Epicuro, pois ele acha que não deveríamos esperar esse tipo de auxílio. A espera desse auxílio nos faz ficar ansiosos e esperançosos e quando não acontece nos desesperamos e consequentemente sofremos. Essa espera é uma espera do futuro que talvez chegue e talvez nunca chegue. Epicuro afirma que : "... o futuro não é nem totalmente nosso, nem totalmente não-nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais." (EPICURO, 2002, p 33)

VI - Os Desejos

Epicuro fala para Meneceu na Carta sobre a Felicidade sobre dois tipos de desejos, a saber, os que são naturais (physikaí) e os que são inúteis (kenaí). Os naturais são os desejos humanos que são próprios à natureza, isto é, physis, que são os desejos de comer, beber, dormir que nos fazem afastar da dor, do desprazer. Os desejos inúteis ou vazios, são os que resultam de opiniões falsas a cerca dos desejos, por exemplo, o desejo de poder (política). Da vida política os homens esperam poder, fama e riqueza, que são desejos não-naturais nem necessários, portanto, desejos inúteis (kenaí). Para Epicuro são desejos vazios e enganosos em que o homem ao obtê-lo não satisfaz o próprio desejo e, ao contrário, já projeta mais e mais e sofre desesperadamente a espera da satisfação. Schopenhauer esclarece o desejo com muita clareza quando diz:
"Todo querer (desejo) tem de nascer de uma necessidade; toda necessidade, entretanto, é uma carência sentida, a qual é forçosamente um sofrimento (...) a satisfação, no entanto é breve e módica: com ela crescem as exigências (...) a satisfação última de um desejo é, nela mesma, apenas aparente: nada nos torna efetivamente contentes, pois, assim que um  desejo é satisfeito, um novo ocupa o seu lugar." (Schopenhauer, 2001,p 90).
Schopenhauer está falando precisamente desses desejos que Epicuro nomeia como inúteis e vãos, pois não satisfazem o homem, isto é, nada o torna efetivamente contente, nada o tornará feliz.
Os desejos que são responsáveis pela nossa felicidade, segundo Epicuro, são os desejos naturais, pois trazem bem-estar ao nosso corpo e bem-estar para a própria vida. Mas antes de tudo é necessário ter o conhecimento desses desejos, isto é, para podermos escolher alguns e recusar outros, é necessário saber o que nos trará prazer e os que nos trará dor, pois, para Epicuro, o prazer é o início e o fim de uma vida feliz. O Filósofo afirma que só sentimos necessidade do prazer, quando não o estamos possuindo e carecemos dele, por que, de outra maneira, não haveria necessidade. Podemos afirmar que o prazer é um bem para o homem, porque permite a esse homem escolher ou recusá-lo, pois Epicuro quando fala de prazer, não está se referindo a qualquer prazer:
" O prazer que gera efeito desagradável, não é compensado; todavia precisamos lembrar que nem toda dor deve ser evitada.  A dor pode vir a trazer benefício." (GOMES, 2003, p 156)
Epicuro afirma que o prazer é o bem primeiro e inato, porém, nem por isso podemos escolher qualquer prazer, pois, o prazer pode também trazer efeitos desagradáveis. Para Epicuro, os prazeres precisam ser bem aproveitados e analisados de forma qualitativa e nunca quantitativa. O prazer não é conseguido pelo seu excesso, nem pelo requinte, mas é alcançado pelo supressão de uma necessidade surgida e que é satisfeita de forma mais simples possível. Aqui, Epicuro nos dá uma grande aula de ética. Nossa sociedade utilitarista e consumista, procura desesperadamente a satisfação de desejos cada vez mais complexos e inalcanssáveis. Desejos criados para o consumo desenfreado em que as pessoas fazem de tudo para satisfazê-los, achando que são desejos naturais.
Para Epicuro, o mais prazeroso não é o caro, porque, o prazer não é conseguido pelo excesso, nem pelo requinte, mas pela supressão de uma necessidade que pode ser sanada de forma simples e com pouco custo. Podemos entender então, prazer como ausência dos sofrimentos do corpo e da alma. Para se ter uma vida feliz, Epicura dá sua receita simples, a saber, que o verdadeiro prazer é o prazer calmo, isto é, o ideal da vida está numa serenidade permanente, feita de uma sociedade constante, que não é perturbada nem pelo sofrimento, nem pelo desejo. Mas é o corpo que  se inquieta primeiro e necessita ser acalmado. Epicuro sabe disso é diz que os prazeres do corpo não proporcionam essa felicidade, porque são misturados de febre e inquietação, por isso:
"O verdadeiro prazer se goza antes no prazer do espírito, mais profundo, mais completo que o prazer do corpo, porque o corpo se limita à sensação presente, enquanto que o espírito se reporta ao passado e espera o porvir." (GOMES, 2003, p 157)
O Filósofo exorta Meneceu fazendo uma pergunta em relação ao sábio e ao mesmo tempo respondendo-a a dizer que não pode existir alguém mais feliz que o sábio, pois, ele tem um juízo reverente acerca dos deuses; não se preocupa com a morte; que compreende a finalidade da natureza; sabe que o bem supremo está nas coisas mais simples  e fáceis de se conseguir; que o mal ou dura pouco, ou só nos causa leves sofrimentos; que o destino não tem poder sobre a vida humana e que a nossa vontade é livre.  Esse é uma síntese do homem sábio e feliz para Epicuro.
 
VII - Conclusão

A ética é um campo da filosofia que se volta, através do estudo, para os problemas práticos do homem que sempre se preocupou com questões relativas à morte, à solidão, à angústia, ao medo, etc... Na carta sobre a felicidade podemos constatar uma ética que busca ensinar a evitar a dor, o medo, o sofrimento que sempre aflige o homem. A abordagem de Epicuro sobre a moral é sobre a forma que o homem deve tomar para agir e encarar a vida, quando se procura a felicidade. Essa busca destingue Epicuro dos outros filósofos , porque, para ele qualquer pessoa, independentemente da sua idade, pode buscar a felicidade, quando se dedica a filosofia. A contribuição maior de Epicuro é a sua ética que nos ensina a cuidar de nosso corpo e de nossa mente, sempre como um bem que ajuda a construir uma sociedade mais feliz e fundada na amizade, porque, a amizade desempenha um papel fundamental na felicidade e corresponde a um desejo que não é nem natural nem necessário. A amizade é uma forma de amor que não desperta paixões carnais e que satisfaz o espírito de forma plena.
Para ser feliz é necessário ser sábio e para ser sábio é imprescendível ser feliz, porque, sem isso a vida seria mais difícil de ser aturada. Para Epicuro, temos que passar por essa vida o mais agradavelmente possível, sendo a busca do prazer o bem primitivo e inato.





 
Referências


GOMES, Táuria Oliveira. A Ética de Epicuro: um Estudo da Carta a Meneceu. Revista Print by UFSJ, jul. 2003.
ABBAGNANO, Nicolai. Dicionário de Filosofia. 4 ed. São Paulo,Martins Fontes, 2000)
GOETHE, Johann W. Von. Fausto uma tragédia. Trad. Jenny K. Segall. Ed 34, São Paulo, 2004.
SCHOPENHAUER, Arthur. Metafísica do belo. Trad. Jair Barbosa, São Paulo, Ed. UNESP, 2003.
"O medo de coisas invisíveis é a semente natural daquilo que todo mundo, em seu íntimo, chama de religião". (Thomas Hobbes, Leviatã)

Offline Renato T

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #9 Online: 09 de Fevereiro de 2009, 11:29:42 »
Encontrei um texto do filósofo Antonio Patativa de Sales que me pareceu bom e que trata dos temas que estamos discutindo aqui. Vou postar o Link porque é em PDF e fica todo desorganizado quando copio para cá.

Link: www.unicap.br/Arte/ler.php?art_cod=1540

Offline lusitano

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #10 Online: 25 de Fevereiro de 2009, 17:51:12 »
Caro Luiz Souto.

Excelente texto a carta de Epicuro a Meneceu.

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Especulativamente - artur.
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Especulando realismo fantástico, em termos de
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paralogismo comparado - artur.

Offline Lion

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Re: Epicuro - Carta a Meneceu
« Resposta #11 Online: 22 de Março de 2009, 16:44:08 »
Há um ótimo livro a respeito de Epicuro e consequentemente sobre o epicurismo escrito por João Quartim de Morais (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4783965Z1)  chamado “Epicuro:  As Luzes da Ética”, são aproximadamente 100 páginas de uma leitura super agradável, aos interessados pelo filósofo eu recomendo essa leitura..... A leitura de Lucrécio também é recomendável visto que ele foi de vital importância ao epicurismo.

 

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