14/02/2009 - 09h20
Com plano anticrise aprovado, EUA farão a maior intervenção em décadas
MARÍA PEÑA
da Efe, em Washington
Após quatro semanas de disputas partidárias sobre como driblar a crise, o Congresso dos Estados Unidos aprovou neste sábado um plano de estímulo de US$ 787 bilhões, no que representa a maior intervenção do governo desde a Segunda Guerra Mundial (1938-1945).
A medida, uma das prioridades da Casa Branca, vai agora às mãos do presidente Barack Obama para promulgação, possivelmente já na próxima segunda-feira (16).
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A votação, que normalmente não dura mais que 15 minutos, se estendeu durante horas, até quase 2h (no horário de Brasília), de modo a dar tempo ao senador democrata Sherrod Brown para que retornasse a Washington para votar. Brown havia ido ao Estado de Ohio para o funeral de sua mãe
O Senado aprovou a medida com 60 votos a favor e 38 contra. Poucas horas antes, a Câmara o havia ratificado com 246 a favor e 183 contra.
O plano de estímulo prevê criar entre 3 milhões e 4 milhões de empregos, aplicar US$ 308,3 bilhões em gastos fiscais, US$ 267 bilhões em ajudas sociais diretas e US$ 212 bilhões em cortes tributários para pessoas físicas e empresas, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso.
Durante o debate, o senador Charles Schumer e outros democratas insistiram que o plano é a dose necessária perante uma crise que pôs a economia em crise --3,6 milhões de empregos foram perdidos desde o início da recessão, em dezembro de 2007.
O senador republicano John McCain e a maioria de seus correligionários replicaram dizendo que o plano contém "excessivos" gastos públicos e não cria empregos em curto prazo.
Da mesma forma, reiteraram que, incluindo os juros, o custo do plano chegará a US$ 1,1 trilhão, e elevará o déficit e a dívida nacional. Os republicanos se queixaram também que foram excluídos da sessão bicameral para elaboração do texto definitivo do plano.
Três semanas depois da posse de Obama, "o Congresso está agindo de forma rápida e ousada para que seja cumprida sua promessa de novos empregos, nova esperança, e um novo rumo para o povo americano", disse a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi.
Entre outras coisas, o plano amplia de 26 a 46 semanas o período de seguro-desemprego, embora o benefício seja estendido a 59 semanas em estados com altas taxas de desemprego.
O pacote também prevê cortes tributários escalonados de US$ 400 para indivíduos e até US$ 800 para famílias até 2010, em função de seus salários.
Além disso, autoriza fundos para os governos estaduais, a maioria dos quais enfrentam graves pressões orçamentárias. Por exemplo, a Califórnia, com um déficit de aproximadamente US$ 41 bilhões, receberá US$ 26 bilhões, e boa parte dos recursos será destinada a programas de educação e serviços médicos nos próximos 18 meses.
As pessoas que comprarem casas pela primeira vez entre janeiro e agosto deste ano poderão receber um crédito tributário de US$ 8 mil, US$ 500 a mais do que é previsto pela atual lei.
Os universitários receberiam um crédito de até US$ 2.500 por sua matrícula e outros gastos com educação, como a compra de livros e computadores.
Vitória e derrota
O plano de estímulo claramente definiu vencedores e perdedores em cada segmento econômico, e um sabor de derrota aos republicanos, que qualificam a proposta de cara e ineficaz porque, em sua opinião, hipotecará futuras gerações e pouco ajudará a reativar a economia.
"[O plano] é uma tremenda mentira, é uma fraude, porque não vai criar os empregos que promete e vai piorar a economia, pois a maioria dos fundos não vai ter um efeito imediato. Ninguém defende não fazer nada, o que queremos é que se faça algo responsável", disse o republicano Mario Díaz-Balart, da Flórida.
Diante de pressões do setor exportador e dos parceiros comerciais dos EUA, o plano diluiu a polêmica cláusula Buy American que, salvo exceções, exige o uso de ferro, aço e produtos manufaturados americanos em obras de infraestrutura financiadas pelo plano.
No entanto, esta se aplicará, segundo afirma o texto, "de forma consequente com as obrigações dos EUA sob acordos internacionais", pelo que as obras públicas poderão contar com produtos estrangeiros.
A maioria dos analistas afirma que demorará para que o pacote de medidas surta efeito e, apesar de não afetar a perda de empregos imediatamente, começará a revitalizar o crescimento dos EUA no final do ano
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A doutrina liberal está sendo desprezada , coitadinha dela !!!!!!!! :'( :'(
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