Violência reacende discussão sobre lei para trotes
Dez anos depois da morte do estudante Edison Tsung Chi Hsueh durante um trote do curso de medicina na Universidade de São Paulo (USP), a recepção violenta dos calouros nas universidades brasileiras continua fazendo vítimas. Na semana passada, os trotes aplicados no estudante de medicina veterinária da Anhanguera Educacional, em Leme (SP), que foi parar em um hospital em coma alcoólico depois que foi chicoteado e obrigado a tomar bebida alcoólica, e da caloura das Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul que, grávida de três meses, sofreu queimaduras durante um trote, acirraram, mais uma vez, a discussão, no legislativo brasileiro, acerca da falta de limites dos universitários.
Na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei nº 1.023/95, que criminaliza o trote violento e tramita há 14 anos, está pronto para ir à votação pelo Plenário, em regime de urgência. No senado, encontra-se, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o Projeto de Lei 404/2008, que altera os códigos Penal e Militar para tipificar o crime de trote vexatório em estabelecimentos de ensino ou de treinamento militar.
De autoria do senador Renato Casagrande (PSB-ES), o PL prevê detenção de seis meses a dois anos e multa, além das punições já previstas no Código Penal. Depois de definirem, essa semana, com quem ficará o comando das comissões da Casa, Casagrande tentará convencer os colegas a aprovarem o projeto ainda neste semestre.
Impasse
Tentativa de coibir os trotes por meio de lei já foi feita em São Paulo. Em 2006, a Assembléia Legislativa do estado aprovou o Projeto de Lei 361/99, do deputado estadual Rafael Silva, que previa a proibição do trote de qualquer modalidade nas escolas da rede pública. Mas a proposição foi vetada pelo governador José Serra. Silva apresentou o projeto em 1999 motivado pelo depoimento de uma estudante que teve os seios pintados durante um trote na universidade.
"Os homens tinham que ficar de cueca e as meninas tinham que levantar a blusa. Depois os veteranos colocavam as mãos sujas de tintas nos seios delas", conta o deputado. "As pessoas olham esses trotes vexatórios e falam: 'ah, Deixa para lá. É normal. Eles são jovens'. E aí o bandido da faculdade fica impune", disse.
Segundo o deputado, o governador argumentou que já existem leis federais que punem agressões. Mas Silva ainda não se deu por vencido e espera que a indignação da sociedade com os recentes trotes violentos o ajude na luta para derrubar o veto.
Para o especialista em direito penal Leonardo Pantaleão, o argumento de Serra é valido e qualquer nova legislação para punir os agressores é desnecessária. Na opinião do especialista, seria suficiente fazer valer o atual Código Penal, "já suficientemente rigoroso", e dar estrutura necessária para os órgão responsáveis.
Pantaleão lembra que as universidades podem ser responsabilizadas civilmente pelos trotes. Enquanto os agressores podem responder criminalmente. Em caso de lesão corporal leve a pena varia de três meses a um ano de detenção. Se a lesão for considerada grave a punição vai de um a cinco anos de reclusão. Caso a agressão cause deformidade permanente ou morte, a pena pode ir de dois a oito anos de reclusão.
JB Online
Fonte:
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3577432-EI7896,00.htmlE lá vamos nós de novo, pelo menos até acontecer outra coisa que sacuda a opinião pública.

Até hoje me lembro do congresso discutindo a maioridade penal, bem como penas maiores para certos crimes, quando houve o assassinato da jovem Liana Friedenbach e seu namorado.
Já, já, o trote cai no esquecimento e tudo volta ao normal. Normal?
