O problema não é só suportar um período máximo de confinamento, mas estimar com certo grau de certeza a melhor hora de abandonar o jogo. Aparentemente parece impossível, pois não temos informações dos outros participantes mas o problema permite uma abordagem matemática simples, como vou explicar abaixo.
Primeiro, uma noção de estatística, conforme publicado no Nature de 27/5/93 sob o título “Implications of the Copernican Principle for Our Future Prospects”.
Se você observa algo em um momento aleatório, há uma chance de 50% de você o capturar nos dois quartos centrais do seu período de observabilidade (Argumento Copernicano de 50%). (fig.1)
Num dos extremos (fig.2), o futuro é 3 vezes mais longo que o passado, ao passo que, no outro extremo (fig.3), o futuro tem um terço da duração do passado. Existe uma chance de 50% de você estar confinado entre esses dois extremos e de a duração do futuro ser de um terço a 3 vezes o passado.
Muitas vezes os cientistas adotam o critério de fazer previsões somente quando têm uma chance de pelo menos 95% de estarem corretos. Fazendo as devidas adaptações, a figura acima se transforma na figura abaixo.
Agora estamos trabalhando com uma confiabilidade de 95%, isto é 95% de chance de você o capturar nos 95% centrais de seu período de observabilidade (fig. 4). Num dos extremos do diagrama (fig. 5) o futuro é 39 vezes mais longo que o passado, ao passo que, no outro extremo (fig. 6) o futuro tem 1/39 da duração do passado. Existe uma chance de 95% de você estar situado entre esses dois extremos e de a duração do futuro ser de 1/39 a 39 vezes o passado.
Agora suponha que após X dias de confinamento, o participante deseja estimar com 95% de certeza da situação dos outros dois participantes, considerando que os 3 permanecem confinados nesses X dias. Como vimos, a duração do futuro se situa entre X/39 e 39X com 95% de confiabilidade. Se isso vale para os concorrentes, uma estratégia vencedora seria tentar permanecer confinado por no mínimo 39X dias.


No artigo do Nature, o físico J. Richard Gott utiliza esse argumento para estimar o futuro da espécie humana que partindo do princípio que o homo sapiens existe há 200.000 anos, existe uma probabilidade com 95% de confiabilidade que poderá durar no mínimo 5.100 anos e no máximo 7,8 milhões de anos (1/39 e 39 vezes 200.000 anos respectivamente. O artigo causou certo incomodo entre os matemáticos pela abordagem simplista, apesar de estar totalmente correto.