Genética da hipertensãoAgência FAPESP – Um novo estudo internacional acaba de identificar as primeiras variantes genéticas envolvidas na hipertensão. As variantes podem representar uma estratégia para lidar com o problema.
A pesquisa foi publicada neste domingo (15/2) no site da revista
Nature Genetics. Pressão alta é um dos principais fatores de risco de doenças cardiovasculares e de outros problemas graves, como derrame e insuficiência renal.
Thomas Wang, do Instituto Nacional de Coração, Pulmão e Sangue, e colegas realizaram uma ampla análise genômica de indivíduos europeus e identificaram duas variantes comuns que afetam a pressão sanguínea.
As variantes estão localizadas em genes que codificam proteínas produzidas pelo coração e pelos vasos sanguíneos, chamadas peptídeos natriuréticos, que regulam o processo de excreção de sal pela urina.
Desde a descoberta de que o coração secreta uma família de hormônios que atuam no relaxamento de vasos sanguíneos e promovem a remoção do excesso de sal – em uma resposta cardiovascular a algum tipo de estresse –, tem-se especulado que os peptídeos natriuréticos possam estar envolvidos na regulagem da pressão sanguínea em humanos.
Segundo a nova pesquisa, os efeitos que as variantes genéticas (chamadas NPPA e NPPB) podem ter na pressão sanguínea é muito significativo. Agentes terapêuticos que possam atuar no sistema de produção de peptídeos natriuréticos e que, portanto, resultem em tratamento eficiente contra a hipertensão já estão sendo avaliados na continuação do estudo.
Estudos feitos com animais em que o gene NPPA foi “nocauteado”, deixando de funcionar, apontaram um aumento na pressão sanguínea.
“Sabe-se que a hipertensão é comum entre pessoas de uma mesma família e algumas síndromes genéticas raras que elevam a pressão sanguínea já foram identificadas. Mas tem sido difícil estabelecer as bases genéticas comuns para esse problema que afeta 1 bilhão de pessoas em todo o mundo”, disse Christopher Newton-Cheh, do Centro de Pesquisa em Genética Humana do Hospital Geral de Massachusetts, um dos autores do estudo.
“Ainda é cedo para dizer que o exame de níveis de peptídeos natriuréticos ou de variantes genéticas possa diagnosticar o risco de hipertensão, mas no futuro poderá ser possível tratar pessoas com deficiência dessas proteínas com terapias que possam restaurar seus níveis normais e, com isso, reduzir o risco”, disse Wang.
“Provavelmente serão descobertos muitos outros genes que contribuem para alterações na pressão sanguínea. O maior desafio será compreender os mecanismos por trás desses efeitos”, disse Newton-Cheh. Wang e Newton-Cheh, os dois principais autores do estudo, também são professores na Escola Médica Harvard.
O artigo
Association of common variants in NPPA and NPPB with circulating natriuretic peptides and blood pressure, de Thomas Wang e outros, pode ser lido por assinantes da
Nature Genetics em
www.nature.com/ng.
http://www.agencia.fapesp.br/materia/10111/divulgacao-cientifica/genetica-da-hipertensao.htm