A grosso modo ele diz que:
1. Dawkins, Hitchens, Dennet entre outros compartilham de uma linha de pensamento bastante forte no séc. XIX, que afirmava que com a revolução industrial e o avanço da ciência, a religião ficaria em segundo plano na vida das pessoas, mas que no séc. XXI, isso está mais para uma afirmação baseada em crença, do que para uma teoria cientificamente baseada
2. Diz que é fato que a religião declinou muito em muitos países (citando a Irlanda como exemplo recente), que a maioria dos britânicos não pautam suas vidas segundo o que determina a igreja e que muitos povos europeus podem até ser denominados pós-cristãos. Mas que, ao mesmo tempo, isso não prova que o declínio da religião é definitivo e tampouco universal. Como evidência, diz que os EUA não é mais secular hoje do que era há 150 anos, afirmando que o movimento secularista é, de certo modo, ilusório.
3. Dispara afirmando que a religião não só está ganhando terreno, como a secularização está em decadência. Como evidência, aponta o próprio ateísmo militante como fruto desse quadro, afirmando que a hostilidade à religião é exatamente uma resposta ao avanço da mesma.
4. Faz uma divagação sobre a obra "Bússola de Ouro" do Phillip Pullman, chegando à conclusão de que os secularistas dizem que a fé é um impecilho para que o sujeito trace seu próprio destino, mas que essa idéia de traçar o próprio destinho tem origem bíblica (livre-arbítrio). Assim sendo, a crença de que o indivíduo tem o direito de excercer seu livre-arbítrio é um legado da fé e, assim como vários tipos de ateísmo, a obra de Pullman é derivado do cristianismo.
5. Argumenta que o ateísmo militante trilha os mesmos passos do cristianismo e do islamismo:
a) deseja uma "conversão universal";
b) não tem dúvida que toda vida humana será transformada todos aceitarem sua visão de mundo;
c) está certo de que apenas um modo de vida (o seu) é o correto para todo mundo.
Diz que quando ateus militantes demonizam a religião, fazem um tipo irônico de humanismo, pois condenam um impulso tipicamente humano.
6. Diz que, ao contrário do que Dennet insiste em afirmar, "provar que deus existe" não é uma preocupação para as grandes religiões (cita o cristianismo, o islã, o budismo e o hinduísmo). Diz que somente uma parcela do cristianismo ocidental, influenciado pela filosofia grega, é que tenta transformar a religião em uma teoria explicável. Diz que a idéia de que a religião é um tipo tosco de ciência também vem do positivismo do séc. XIX (citando JG Frazer)
7. Diz que a "teoria mimética da religião" (Dawkins) é um nonsense, pois aplica o pensamento Darwiniano fora de sua esfera e aponta para o erro de usar a ciência com viés ideológico, fazendo alusão aos regimes nazista e soviético.
8. Recorre ao argumento de que os ateus não têm interesse histórico nos regimes ateístas pois estes mostram do que são capazes os regimes que adotam o ateísmo como projeto político (argumento do Stalinismo/Maoísmo). Diz que Dawkins é simplista ao evitar associar os crimes nazistas ao ateísmo afirmando que "Hitler e Stalin não eram ateus e que não há evidências de que ser ateu sistematicamente leve alguém a agir de maneira ruim". Para isso, cita que Hitler era darwinista e usou o eugenismo — que se desenvolveu no materialismo iluminista — para concretizar o holocausto judeu. (Ele admite que a demonização dos judeus foi fomentada pela igreja e que esta colaborou com o regime nazista "num grau horrível"). Diz que não há sombra de dúvida que a crença nazista na raça superior foi um tipo de ateísmo que tornou os crimes nazistas possíveis.
9. Diz que a idéia de religião que os ateus usam foi moldada pelo monoteísmo e que, por trás do secularismo fundamentalista existe, na verdade, uma concepção histórica que deriva da própria religião.
10. Diz que a visão secular de que a humanidade caminha para um objetivo (uma sociedade apoiada no conhecimento científico) é baseada em fé. É o mesmo conceito que diz que o objetivo da humanidade é "a salvação". Assim, conclui que a idéia histórica de progresso é um mito criado pela necessidade de sentido, de significado para vida humana.
11. Diz que uns dos erros do secularismo é acreditar que o progresso científico será reproduzido na população e mostra várias evidências de que isso é uma crença. A crença no progresso é oriunda da visão de mundo do cristianismo como narrativa universal. E, segundo ele, deveria ser a primeira coisa a ser questionada pelo ateísmo. Segundo ele, foi o que Nietzsche fez quando criticou o cristianismo.
12. "Paga pau" para o ateu francês Michel Onfray, que pega esse gancho do Nietzsche e declara que os ateus militantes são uma "cópia do clero", depois traça um paralelo entre as 3 religiões monoteístas e conclui que, pelo judaísmo não ser uma fé missionária, ao ateísmo militante só resta ser cria do cristianismo ou do islã.
13. Alude ao fato de que as pessoas se esquecem que as violências baseadas na fé partiram de iniciativas seculares. Como evidência, apresenta o terrorismo islâmico que, para ele, é mais um projeto político do que religioso; um tipo de facismo islâmico onde terroristas seculares acreditam que estão desencadeando um processo histórico que culminará num "mundo melhor".
14. Termina argumentando que um esforço para erradicar a religião só resultará no seu reaparecimento de uma forma mais degradada e grotesca e que a crença numa "revolução mundial" ou numa "democracia universal" ou "nos poderes ocultos dos celulares" são mais ofensivas à razão do que a religião e correm mais risco de desaparecer do que esta.