Índios de tribo da Amazônia são acusados de canibalismoA Polícia Civil do Amazonas indiciou quatro índios da etnia Kulina por assassinar, esquartejar e ainda comer parte das vísceras do fazendeiro Océlio Alves de Carvalho, de 21 anos, em um ritual de canibalismo no município de Envira, a 1.215 quilômetros de Manaus, no Amazonas. O crime aconteceu na semana passada. Conhecidos como Gracinho, Messias, Tucumã e Macaquinho, eles continuam foragidos. A notícia foi destaque no portal da CNN .
Os índios teriam fugido para a mata. De acordo com o secretário municipal de Comunicação, Luís Moura, nenhuma ação para prender os suspeitos foi realizada. Segundo o secretário, a legislação que protege os indígenas não permite que a Polícia Militar ou a Polícia Civil entrem na tribo para fazer as investigações.
A notícia do crime teria sido espalhada pelos próprios índios, que passaram a comentar com os moradores da aldeia, onde moram cerca de 190 famílias kulina.
Índios teriam boa relação com fazendeiroSegundo o chefe de gabinete da prefeitura de Envira, Maronilton da Silva Clementino, os índios tinham boa relação com o fazendeiro.
Eles se conheciam e ajudavam uns aos outros. Os índios o convidaram para ir até a reserva há três dias e ele nunca mais foi visto.
- Eles se conheciam e as vezes ajudavam uns aos outros. Os índios o convidaram para ir até a reserva há três dias e ele nunca mais foi visto - disse Clementino, em entrevista à CNN.
O delegado da cidade, sargento José Carlos Corrêa, criticou a Fundação Nacional do Índio (Funai), por, segundo ele, não ter se manifestado sobre o caso.
- Em nenhum momento ela se manifestou em vir acompanhar o caso, que é grave e requer todo um cuidado. Apenas um representante da Funai esteve aqui quatro dias depois do ocorrido, quando pedimos quase que socorro para resgatar o corpo, pois a polícia não pode entrar na aldeia sem autorização. Sem autorização nenhuma, duas pessoas da família com outro cidadão foram até a aldeia e resgataram o corpo correndo até o risco de serem mortas também pelos indígenas - afirmou o delegado, em entrevista à GlobonewsTV.
Funai nega antropofagiaEm nota, a Funai negou que tenha havido um ritual de canibalismo na aldeia dos índios kulina, em Envira. Segundo o órgão, não existe prática de canibalismo entre os indígenas desde o período colonial. "Não existe a prática de antropofagia entre os povos indígenas no Brasil contemporâneo. A única informação a respeito deste costume data do período colonial. Em relação ao assassinato de Océlio Alves Carvalho por quatro indígenas da etnia Kulina da aldeia Cacau, não se pode afirmar que houve tal prática", diz o texto.
A Funai confirma que Océlio tinha convívio social com os indígenas e consumia bebidas alcoólicas dentro da aldeia. Os kulina não são considerados isolados pelo órgão.
Tribos teriam problemas com alcoolismoO prefeito de Envira, Rômulo Matos, disse que este é mais um caso relacionado ao alto índice de alcoolismo dentro da comunidade indígena. Clementino também cita os problemas de alcoolismo nas tribos e diz que os outros fazendeiros estão com medo.
- A família está irritada com as leis, que protegem os índios, mas não os protege. Eles (os índios) começaram a beber e os fazendeiros daqui estão com medo e se perguntando quem seria o próximo - disse Clementino.
O delegado também cita os problemas com o álcool, mas culpa os comerciantes por venderem bebida aos índios.
- A razão (para o crime) é simples. São comerciantes irresponsáveis que acabam vendendo a cachaça, o álcool para o índio e o índio se torna violento. Na hora da morte (do fazendeiro) eles estavam bebendo o álcool que eles chama de Cabeça Azul - afirmou o delegado, que lembrou que este não é o primeiro caso de violência no município.
- Já tivemos outros casos de outras pessoas que foram mortas pelas etnias aqui mesmo na cidade.
A reportagem da CNN cita ainda dados da Funai que diz que aproximadamente 2.500 índios kulina vivem na região. Ela lembra ainda que a tribo Kulina é classificada como "isolada", mas alguns índios têm contato com a população não-indígena.
http://www.portalms.com.br/noticias/Indios-de-tribo-da-Amazonia-sao-acusados-de-canibalismo/Brasil/Geral/30602.html
Pajé yawanawá nega prática de canibalismo entre kulina do EnviraAo contrário do que foi alardeado pela mídia, o velho pajé Tata Yawanawá, 94, da Terra Indígena do Rio Gregório, no Acre, afirma que o canibalismo não faz parte da tradição dos índios da etnia kulina.
Quatro índios kulina foram indiciados no começo do mês pela Polícia Civil acusados de matar e esquartejar Océlio Alves de Carvalho, 21, no município de Envira (AM), na divisa com o Acre. Os indígenas foram acusados de comer parte das vísceras da vítima em um ritual de suposto canibalismo.
- Fiquei sabendo que nossos parentes txapunawa, conhecidos como kulina pelos brancos, estão sendo acusados de prática de canibalismo contra um branco no município de Envira, no estado do Amazonas. Fui convidado a falar sobre este assunto pelo Blog da Amazônia e devo esclarecer que jamais meus avós e pais mencionaram a prática desse tipo de ritual entre nossos parentes txapunawa - disse com exclusividade o pajé.
Assista ao vídeo com o pajé Tata YawanawáTata conhece os txapunawa (kulina) como grandes cantadores, fortes pajés e por gostarem de comer cobra jibóia. Desde jovem, o pajé aprendeu com os mais velhos a tomar uni, uma bebida considerada sagrada, também conhecida como ayahuasca. Ele reza e usa as plantas para tratar pessoas enfermas com a medicina tradicional indígena.
O pajé ouviu do pai dele que existiram alguns povos muito antigos que guerreavam entre si e quando morriam comiam os mortos.
- Não perdiam nada, cremavam o falecido e faziam uma sopa. Faziam isso porque acreditavam que podiam incorporar o espírito do falecido. Mas isso foi há muito tempo atrás. Há muito tempo não escuto que isso esteja acontecendo em nossa realidade - acrescentou.
Tatá considera que os brancos “não são animais para a gente comer”. Segundo ele, tanto os yawanawá quanto os kulina não são urubus para comer humanos mortos.
- Devem estar enganados ou mentindo quando dizem que os kulinas estão comendo os mortos. Não podemos comer uma pessoa igual a gente. Segundo os mais velhos, os povos que comiam seus mortos, só comiam seus próprios parentes. Eles não comiam os brancos. Eles diziam que os brancos era azedos e amargos. Por isso nunca comiam os brancos.
Estudiosos contestam a mídiaA ONG Survival International anunciou hoje que vários especialistas mundiais duvidam seriamente da autenticidade da cobertura dada pela mídia sobre o suposto canibalismo entre os kulina.
Donald Pollock, presidente do Departamento de Antropologia da Universidade Estatal de Nova Iorque em Buffalo, disse que os Kulina não tem história ou tradição de canibalismo, e expressaram aversão à idéia muitas vezes.
- Estou confiante que as acusações atuais serão refutadas como falsas quando forem completamente investigadas - acrescentou Pollock.
Domingos Silva, antropólogo da Universidade Federal de Santa Catarina, disse à Survival que os kulina, em toda a bibliografia que conhece, nos anos todos em que os estudou, na convivência que teve com eles no Alto Purus, ou na troca de informações com sertanistas experimentados da região, nunca deram qualquer sinal de prática canibalística.
Daniel Everett, presidente do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas de Universidade do Estado de Illinois, e autor do best-seller “Não Durma, Aqui tem Cobra”, trabalhou com todos os grupos da família Arawan, da qual fazem parte os kulina.
- Não conheço nenhuma prova de que os kulina ou qualquer outro grupo Arawan tenham alguma vez praticado canibalismo.
Segundo a ONG, a fonte das reportagens parece estar limitada ao prefeito de uma cidade próxima, que disse à polícia ter sido informado por um membro do povo de que o “ritual” teria acontecido.
- Fatos foram atribuídos aos índios sem ter sido feito um inquérito. Houve sim um pré-julgamento dos índios, parte de uma grande campanha de difamação que tem por detrás outros interesses - afirmou Ivar Busatto, coordenador da organização não-governamental OPAN, que há anos trabalha com os Kulina.
O depoimento do pajé Tata foi gravado, editado e traduzido pelo líder indígena Joaquim Tashka Yawanawá, que mantém o blog Yuxinawa sobre a vida de seu povo.
http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2009/02/19/paje-yawanawa-nega-pratica-de-canibalismo-entre-kulina-do-envira/
“Canibalismo kulina foi uma farsa midiática”, diz antropólogo no AcrePesquisador do Núcleo de Estudos Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe, da Universidade Federal de Santa Catarina, o antropólogo Domingos Bueno Silva, 47, conhece bastante a etnia kulina, que ficou mundialmente famosa neste mês, quando quatro indígenas da aldeia Cacau, no município de Envira (AM), foram indiciados pela Polícia Civil acusados de suposta prática de canibalismo.
O antropólogo trabalhou durante dois anos com os kulina, tendo como foco a pesquisa “Música e pessoalidade: Por uma Antropologia da Música entre os Kulina do Alto Purus”. Nascido em Bragança Paulista (SP), Domingos Bueno Silva está no Acre há 10 anos, dos quais cinco como professor visitante na Universidade Federal do Acre, consultor e perito judicial em varias trabalhos.
- O canibalismo kulina foi uma farsa midiática que se orquestrou em torno desse acontecimento duvidoso - afirma o antropólogo sobre o assassinato de um branco pelos kulina na divisa dos estados do Acre e Amazonas.
Confira a entrevista:
Quem são os kulina?Eles pertencem à família linguística arawá. Até a chegada dos brancos, formavam um dos grupos mais numerosos nos estados do Acre e sul do Amazonas. Ele se autodenominam madija (pronuncia-se madirrá), que significa “os que são gente”. Os brancos são tratados genericamente por cariás. Os madija falam predominantemente a língua kulina nas aldeias, inclusive as crianças, sendo quase todos os raros bilíngües do sexo masculino e mais velhos. Geralmente, esses são os que trabalharam na juventude para os patrões brancos nos seringais e na extração de madeira, que têm mais conhecimento da língua portuguesa, embora nas aldeias próximas às cidades a necessidade de estabelecer relações com a sociedade envolvente esteja mudando essa realidade.
Quando você tomou conhecimento da notícia sobre canibalismo envolvendo os kulina?É com satisfação que atendo ao seu convite para dar minha contribuição para elucidar os fatos veiculados nos meios de comunicação do Brasil e da Europa sobre um suposto caso de canibalismo kulina. Particularmente, tomei contato com esse acontecimento quando estava em trânsito no inicio do mês e fui consultado por e-mail por repórteres da revista Época, da rede CNN e também pelo pessoal da Survival International, que tem uma política correta de defesa dos povos indígenas em todo o planeta. Imediatamente respondi à Survival, que veiculou no site dela, no dia 19, em seis idiomas, uma nota conjunta com Donald Pollock e Daniel Everett, onde denunciamos que o canibalismo kulina foi uma farsa midiática que se orquestrou em torno desse acontecimento duvidoso.
Por que duvidoso?Assuntos ligados a tabus provocam a imaginação das pessoas e induzem ao erro. Esse caso precisa ser esclarecido a partir dos fatos e não baseado em nossos medos ancestrais, movidos por preconceito e desconhecimento do outro. Não posso acreditar na versão de canibalismo ritual no caso do Océlio pelo simples fato de que toda uma cultura com histórico centenário de contato com brancos e vizinhos não poderia, de um momento para o outro, se tornar outra.
Existe ou existiu canibalismo ritual praticado pelos indígenas?O canibalismo que se conhece nas terras baixas da América Latina, registrado por viajantes desde Cabral, tem um significado ritualístico que extrapola o ato de devorar um ser da mesma espécie. Prisioneiros tupi, por exemplo, aguardavam o momento de sua morte com grande dignidade, sequer pensando em fugir de seus algozes, posto que ficavam em liberdade. Os tupi acreditavam que ao comerem partes de seus inimigos, herdariam sua força e habilidade. Dessa forma, apenas os inimigos fortes e destros nas armas, grandes guerreiros, eram devorados. Em um certo sentido, era uma espécie de honraria.
Mas os kulina nunca praticaram canibalismo ritualístico?Os kulina, em toda a bibliografia que conheço, nos anos todos em que os estudei, na convivência que tive com eles no Alto Purus, ou na troca de informações com sertanistas experimentados da região, nunca deram qualquer sinal de prática canibalística, principalmente com indivíduos de outra etnia. É por isso que não acredito na forma como esse episódio foi relatado. Provavelmente existem muitas nuances ainda não identificadas em torno dessa questão. Serão elas que explicarão o que realmente aconteceu. Aconteceu um crime. Alguém foi assassinado por alguém. Mais do que isso, nesse momento, é pura especulação.
O que mais o incomodou ao acompanhar o canibalismo da mídia?As entrevistas dos agentes envolvidos ouvidos pela mídia são recheadas de pérolas preconceituosas do tipo “os índios kulina quando bebem ficam extremamente violentos”, lembrando muito as justificativas das correrias, que afirmavam que os índios comiam criancinhas, eram canibais, preguiçosos, ladrões, enfim, que afirmavam que “índio bom é índio morto”.
Foto do acervo do Museu do Índio (1928) mostra os kulina após o contatoComo são os kulinas?Os kulina que eu conheço, no entanto, são um dos povos da Região Norte mais fortemente ligados às suas tradições, particularmente sua língua, música e praticas xamânicas. São relutantes em manter contato com outras etnias, índios ou não índios, sendo reconhecidos como grandes xamãs pelos vizinhos, além de serem historicamente lembrados como grandes guerreiros, pelo menos até antes do contato com os brancos, quando passaram a trabalhar para os patrões nos seringais.
Algum fato marcante durante os anos de convívio com eles?Uma das imagens mais marcantes que me recordo do cotidiano da aldeia de Santa Júlia é a de uma índia dando banho em seu filhinho recém nascido. Ela colocava água na boca e borrifava o bebê para abrandar o calor e limpá-lo com um pano. Isso não condiz com uma tribo assassina, canibal. É claro que existe a possibilidade de tal fato ter acontecido, praticado por alguém por motivos ainda não esclarecidos. Mas, nesse caso, teríamos que supor também que os alemães são antropófagos, baseado no episódio daquele homem que praticava canibalismo e chegou a divulgar receitas de fígado humano na internet.
Chama a atenção nesse caso também a versão veiculada pelo delegado da cidade?Sim. Segundo o delegado, dois kulina seriam testemunhas do crime. Um jovem da aldeia Macapá e um professor da aldeia do Cacau. No entanto, há que se ponderar que todo agrupamento humano é fragmentado. Pessoas unem-se e separam-se por necessidade. Nesse momento, por algum motivo, alguns parecem estar dispostos a sacrificar a própria unidade social para atacar ou delatar outros. Isso não é uma prática comum entre pessoas da mesma etnia de pequenos agrupamentos. Normalmente acontece o contrário: ninguém viu nada. Certamente isso é indício também de alguma inconsistência na história veiculada.
Existem rivalidades no grupo?As rivalidades inter-étnicas dos kulina são de caráter histórico e prosaico, envolvendo demarcações, fronteiras, direcionamento de recursos governamentais ou qualquer outra coisa, mas quase sempre o grupo atua como um bloco. Essa rivalidade se expressa muito mais em antipatias mútuas, das quais não tenho relato de que chegassem as vias de fato. Os conflitos que existem no Acre, de que tenho notícia, quase sempre envolvem invasão de áreas indígenas por brancos. Isso levanta a questão de que as terras indígenas são para usufruto dos povos historicamente reconhecidos como índios. As reservas possuem riquezas minerais, botânicas, animais, florestais, enfim, riquezas que os vizinhos muitas vezes não tem mais.
E os brancos…A despeito das demarcações, muitos brancos não tem a exata percepção do valor dessas reservas e de sua responsabilidade em auxiliar a preservá-las, posto que são mais que simples glebas de terra de uso exclusivo de determinadas minorias. As opiniões freqüentes são de que as áreas são muito grandes, que os índios são preguiçosos, que não produzem nas terras, como se fossem colonos. Enfim, é um pouco da ideologia rondonista de integração dos índios à cultura brasileira, misturada com puro preconceito.
A relação de brancos e índios na floresta mudou?Frequentemente ocorrem problemas com vizinhos que invadem as reservas para tirar madeira, caçar e pescar. Claro que eventualmente esse relacionamento pode ser cordial, o que depende da postura de quem invade a área, podendo ou não gerar tensões. Um seringueiro que caça um animal para se alimentar ou tira madeira para fazer uma casa pequena é muito diferente de alguém que caça ou pesca para vender, ou tira madeira nobre para os madeireiros.
E esse convívio gera mudanças?Sem dúvida alguma esse contato com a sociedade do entorno e com a forma de vida dos brancos provoca profundas mudanças na vida desses povos da floresta, que não estavam preparados para o vírus da gripe dos conquistadores, bem como para o dinheiro e as facilidades tecnológicas. Somos homo sapiens. Não há diferença biológica alguma entre índios e brancos. A diferença está na cultura…
O dinheiro é sempre fator de crise?Quando você injeta recursos financeiros numa sociedade sem recursos e com um sistema de reciprocidade horizontal, sem fortes estruturas hierárquicas, a tendência é desorganizar esse sistema de reciprocidades, criando novas referências no grupo. Um indivíduo jovem, que, em situações normais, teria pouca influência decisória no grupo, poderia se transformar, da noite para o dia, no “dono do motor” ou no “dono casa de farinha”, com recursos materiais totalmente incompatíveis com o restante do grupo. Isso já aconteceu com outras sociedades que tem minério, sobretudo ouro, diamantes ou madeira em suas áreas. Apenas o tempo dirá o quão danosa essas novas categorias serão para os kulina e outros grupos étnicos amazônicos.
Os índios seguirão tutelados?Embora os índios brasileiros sejam legalmente tutelados, isso não significa que não podem ou devem responder à lei. Existem vários juristas que se debruçam sobre essa questão. A tutela estatal existe basicamente para protegê-los contra interesses espúrios da sociedade não índia. Nesse sentido, acredito que a Funai deva esclarecer os fatos. Às vezes não é fácil posicionar-se, até mesmo porque podem existir parentes envolvidos, mas nesse caso, isso é imprescindível, por causa da repercussão internacional e nacional alcançada. E eu particularmente me interesso muito por ele.
http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/2009/02/25/canibalismo-kulina-foi-uma-farsa-midiatica-diz-antropologo-no-acre/