Autor Tópico: A moral provisória de Jesus  (Lida 1422 vezes)

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Offline Fernando Silva

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A moral provisória de Jesus
« Online: 27 de Fevereiro de 2009, 11:19:35 »
As regras de moral estão relacionadas aos costumes de cada povo. Elas nos permitem viver em sociedade, minimizando os conflitos com nossos semelhantes e tornando nossa vida mais fácil. Não são perfeitas, não são absolutas e muito menos imutáveis. Variam com a ocasião, com o lugar, com a época. De um modo geral, aperfeiçoam-se com o tempo.

Diante disto, o que pensar da moral pregada por Jesus? Seria ela o padrão absoluto de excelência, conforme acreditam os cristãos?

Em primeiro lugar, não há como discutir o que Jesus disse. Os filósofos gregos, muito antes dele, debateram a fundo este assunto. Podemos concordar com eles ou não, mas, pelo menos, eles apresentaram suas razões, eles nos deram argumentos que podemos analisar.

Jesus, ao contrário, apenas nos impôs sua doutrina, arbitrariamente, sem maiores explicações, por meio de promessas e ameaças. Ele não era um moralista. Sua missão era anunciar a vinda próxima do Reino de Deus e seu preceito básico era o de que os homens devem se dedicar inteiramente a Deus se quiserem entrar no céu:

"Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo" (Mateus 04:17)

" 'Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?'
Jesus respondeu: 'Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento.'
(Mateus 22:36-38).

Ou seja, seus mandamentos, em sua maior parte, se referem ao que é preciso fazer para se alcançar a recompensa em outra vida: obediência total e amor compulsório.

Não acreditar nele era o grande pecado:

"Se alguém não os receber bem, e não escutar a palavra de vocês, ao sair dessa casa e dessa cidade, sacudam a poeira dos pés.
Eu garanto a vocês: no dia do julgamento as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos rigor do que essa cidade."
(Mateus 10-14-15).

Quando Jesus fala em ter fé, ele fala em obedecer sem discutir.

Se aceitamos algo sem analisar, mas apenas porque é o que se exige de nós, em obediência cega, renunciamos à busca da verdade, renunciamos ao uso de nossa mente. Recorrer à razão se torna um pecado.

Embora, em poucos casos, trate das relações interpessoais, sua moral pouco se importa com a melhoria da vida terrena. Isto até que faz sentido: Jesus afirmou que partiria, mas logo voltaria para estabelecer seu reino. Voltaria, de fato, enquanto "alguns dos que o ouviam ainda estivessem vivos" (Marcos 09:01).

Sua moral era uma moral provisória, a ser seguida no pouco tempo de existência que restava ao mundo.

Isto talvez explique por que ninguém se preocupou em registrar sua biografia para que os fatos chegassem às gerações futuras. Não haveria gerações futuras. Apenas décadas depois, quando seus discípulos, desiludidos, se deram conta de que ele só voltaria em futuro incerto e não sabido, é que começaram as tentativas de se produzir uma biografia.

E, como o tempo que restava à humanidade era curto, faziam sentido mandamentos do tipo "abandonar a família, os pais, a mulher e os filhos" ou "vender tudo o que se tem e dar aos pobres" (Lucas 18:22). Ou, um absurdo para os costumes da época, "deixar o pai insepulto e seguir a Jesus".

Mas ... e o Sermão da Montanha, alguns dirão? Mais uma vez, não passa de promessas a serem cumpridas numa outra vida.

Como é possível se ter uma vida digna se a gente dá a outra face a quem nos bate, se a gente também entrega a camisa a quem nos pediu o casaco, se a gente anda duas milhas quando alguém nos manda andar uma?

Temos, é claro, a "Regra de Ouro", mas ela nada tem de original. Foi enunciada por Confúcio 500 anos antes de Cristo e já fazia parte da Lei, como o próprio Jesus afirma em Mateus 07:12.
Ou "ama teu próximo como a ti mesmo" (Mateus 22:39), que é uma cópia de Levítico 19:18.

Além disto, era uma moral sectarista, limitada às "ovelhas perdidas de Israel", e o resto da humanidade que se danasse (Marcos 04:10-12, 13:22 e 13:27 ou João 06:37, 44 e 65 ou 17:02 e 06).

Isto fica claro neste trecho:

"Jesus enviou os Doze com estas recomendações: "Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus 10:05-06)

Ou neste, embora, mais adiante, ele pareça se arrepender da própria grosseria:

"Jesus respondeu: 'Eu fui mandado somente para as ovelhas perdidas do povo de Israel'. Mas a mulher, aproximando-se, ajoelhou-se diante de Jesus, e começou a implorar: 'Senhor, ajuda-me'
Jesus lhe disse: 'Não está certo tirar o pão dos filhos, e jogá-lo aos cachorrinhos'"
(Mateus 15: 24-26)

Para piorar, alguns dos mandamentos de Jesus são absurdos, já que exigem que eliminemos nossos sentimentos: "não olhar para as mulheres com desejo" (Mateus 05:27-28) ou "não sentir raiva do irmão" (Mateus 05:21-22). Ora, podemos controlar como reagimos a nossos sentimentos, podemos controlar nossas ações, mas não podemos anular nossos sentimentos mais íntimos sem anular nossa personalidade. Entretanto, Jesus declara que até os sentimentos são pecaminosos. Para seguir a Jesus, temos que destruir aquilo que somos, sentimos e pensamos.

Inversamente, ele nos ordena "amar a Deus" e "amar ao próximo", como se sentimentos pudessem ser ligados ou desligados voluntariamente. Sentimentos surgem a partir de valores que observamos nas pessoas. Se não os observamos, como fazer para despertar esses sentimentos sem mentir para nós mesmos? Mas Jesus não nos dá essas respostas, apenas nos ameaça com castigos eternos se não obedecermos.

Como podemos nos tornar "mansos e humildes" a não ser destruindo nossa autoestima e nossa vontade própria? Por medo do castigo?

Como é possível se contruir uma civilização se o sofrimento é uma virtude, se a prosperidade e a felicidade são condenáveis?

"Felizes de vocês se os homens os odeiam, se os expulsam, os insultam e amaldiçoam o nome de vocês, por causa do Filho do Homem. Alegrem-se nesse dia, pulem de alegria, pois será grande a recompensa de vocês no céu, porque era assim que os antepassados deles tratavam os profetas. Mas, ai de vocês, os ricos, porque já têm a sua consolação! Ai de vocês, que agora têm fartura, porque vão passar fome! Ai de vocês, que agora riem, porque vão ficar aflitos e irão chorar!" (Lucas 06:22-25)

Fica claro que estes eram mandamentos para os poucos anos que ainda restavam ao mundo, e não um guia moral para uma civilização que se estenderia por muitas gerações, indefinidamente.
Sua validade é questionável.

Inspirado em "Atheism-The case against God", por George H. Smith.
« Última modificação: 27 de Fevereiro de 2009, 13:06:09 por Fernando Silva »

Offline Anne

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #1 Online: 28 de Fevereiro de 2009, 00:16:07 »
PARTICIPO ATIVAMENTE NUM SITE EVANGÉLICO, E VOLTA E MEIA ESTAMPAM COM ORGULHO Q A MORALIDDE TEM PRINCÍPIOS RELIGIOSOS E NÃO SOCIAIS, POSSO USAR ALGUNS DE SEUS DISCERNIMENTOS? (CLARO Q POSSO)

VALEU, VC DISSE EXATAMENTE O Q EU PENSO COM MENAS PALAVRAS. :ok:

Offline -Huxley-

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #2 Online: 28 de Fevereiro de 2009, 00:52:02 »
O mandamento "Ama o teu próximo como a ti mesmo" não é mandamento, e sim um apelo a demonstração de falta de amor próprio. As pessoas que de fato merecem a atenção do altruísta que "ama o próximo como a si mesmo" são negligenciadas em favor daqueles que nada fizeram para merecer tal coisa. O altruísta interessado em amar mais e sair amando a humanidade adoidado acaba se esquecendo de amar melhor.

O mandamento "Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento" é apenas uma tática para colocar o religioso no cabresto. A coisa mais cínica desta história é a religião oferecer uma cenoura numa mão e um chicote divino na outra, cujo uso de um ou de outro dependerá de o fiel cumprir ou não o mandamento principal.

 
 

Offline Fernando Silva

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #3 Online: 28 de Fevereiro de 2009, 08:59:06 »
POSSO USAR ALGUNS DE SEUS DISCERNIMENTOS? (CLARO Q POSSO):
À vontade, mas acho que este texto é mais específico quanto à relação entre moral e religião:
http://ateusdobrasil.com.br/artigos/comportamentos/moral-e-etica-sem-religiao/

Ou este, quanto à moralidade de Jesus de um modo geral:
http://ateusdobrasil.com.br/artigos/contradicoes/por-que-jesus/

Offline MLNKARLOS

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #4 Online: 28 de Fevereiro de 2009, 18:34:27 »
Vamos partir do conceito não pragmático, mais interpretativo, pois esta parece a proposta do tópico.

Então vou propor minha interpretação desconsiderando tudo que veio depois, de sua passagem: a religião a igreja etc..., ou seja tomar como base apenas suas palavras, mesmo que por vezes, mau transcrita por quem redigiu:

Parábolas e simbologismo eram as maneiras  mais efetivas de atigir os homem e mulheres daquela época, porisso havemos de aprofundar-nos na interpretação de textos aparentemente enfadonhos.

FOCO central: O Evangelhio do Reino.
 
    Reino é um conceito orgânico que remete a hierarquia. Num reino há superiores e súditos, alguém que orienta e os que seguem a orientação.
    Como seguendo suas palavras "O Reino de Deus está dentro do homem" , Entendemos que isso se refere unica e exclusivamente a nós, pois refere-se a valores e fatos que integram a natureza humana. Então por esta definição seu Evangélio são nossa leis internas que regem o livre arbítrio humano, o resto é simbologia para entendimento, mesmo que arcaico das pessoas daquela época.


Abraços.

 



Offline Fernando Silva

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #5 Online: 01 de Março de 2009, 10:47:14 »
    Como seguendo suas palavras "O Reino de Deus está dentro do homem" , Entendemos que isso se refere unica e exclusivamente a nós, pois refere-se a valores e fatos que integram a natureza humana. Então por esta definição seu Evangélio são nossa leis internas que regem o livre arbítrio humano, o resto é simbologia para entendimento, mesmo que arcaico das pessoas daquela época.
Esta é a interpretação dos que tentam explicar o fato de Jesus não ter voltado enquanto alguns daquela geração ainda viviam.

Outros dizem que o Reino de Deus veio no ano de 70, quando os romanos destruíram Jerusalém.

A maioria dos cristãos, creio eu, acha que a vinda do Reino de Deus é um acontecimento futuro, a ser anunciado por efeitos audiovisuais perfeitamente visíveis a todos.

Por outro lado, acho que as Escrituras devem ser entendidas literalmente. Se foi isto que Deus disse, então é isto que temos que entender, e não ficar procurando significados ocultos. Se Deus quisesse dizer outra coisa, teria dito outra coisa. Claramente.

Offline Gaúcho

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #6 Online: 01 de Março de 2009, 15:17:42 »
E se ele for sádico e gosta de nos ver confusos? :teehee:
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Fernando Silva

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #7 Online: 01 de Março de 2009, 15:36:08 »
E se ele for sádico e gosta de nos ver confusos? :teehee:
Também é uma possibilidade, mas tentei me limitar às opções que fariam algum sentido para um cristão.

Offline Imperador do Mundo

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #8 Online: 18 de Março de 2009, 14:17:36 »
todo seu texto humanista se resume a uma única conclusão: "inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos" Romanos 1:22

Offline Orbe

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #9 Online: 18 de Março de 2009, 14:48:21 »
todo seu texto humanista se resume a uma única conclusão: "inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos" Romanos 1:22

E sua resposta se resume a: Não tenho argumentos então jogo uma citação bíblica.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Imperador do Mundo

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #10 Online: 18 de Março de 2009, 15:29:27 »
invoque de dentro de si todo o seu conhecimento e sabedoria e tente alcançar estas palavras. Pois afirmo que não vai conseguir

Offline Orbe

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #11 Online: 18 de Março de 2009, 15:43:48 »
invoque de dentro de si todo o seu conhecimento e sabedoria e tente alcançar estas palavras. Pois afirmo que não vai conseguir

Invoque dentro de si todo o seu conhecimento e sabedoria e tente formular uma idéia própria. Pois afirmo que não vai conseguir.
Se você se importasse não estaria discutindo e sim agindo...

Offline Gigaview

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #12 Online: 18 de Março de 2009, 15:54:18 »
invoque de dentro de si todo o seu conhecimento e sabedoria e tente alcançar estas palavras. Pois afirmo que não vai conseguir

Efeitos de excesso de xarope bíblico. Logo, logo seremos desafiados a enxergar a verdade verdadeira do deus verdadeiramente verdadeiro que habita nossos corações.

QUEREM APOSTAR?
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Imperador do Mundo

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #13 Online: 18 de Março de 2009, 16:03:31 »
me desculpe mas Ele não habita em seu coração...se habitasse, vc reconheceria que Ele é Deus...

Offline Imperador do Mundo

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #14 Online: 18 de Março de 2009, 16:06:14 »
se eu formular uma idéia própria, não falarei a verdade...pois não há verdade em homem nenhum...como Ele próprio disse: "Não há um justo sequer"...por isso falo das coisas Dele...pois Nele não há mentira

Offline Gigaview

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Re: A moral provisória de Jesus
« Resposta #15 Online: 18 de Março de 2009, 16:15:36 »
se eu formular uma idéia própria, não falarei a verdade...pois não há verdade em homem nenhum...como Ele próprio disse: "Não há um justo sequer"...por isso falo das coisas Dele...pois Nele não há mentira

Já te denunciei à moderação por proselitismo. Se quiser pregar, melhor procurar uma praça pública, longe da minha janela, pois senão vai levar uma chuva de ovos na cabeça.  :)
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