Autor Tópico: "Ditabranda" da Folha de São Paulo  (Lida 1664 vezes)

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Offline Renato T

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"Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Online: 06 de Março de 2009, 10:37:34 »


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Fonte: http://www.butucaligada.com.br/2009/03/02/manifestacao-contra-a-ditabranda-da-folha-de-spaulo/




Manifestação contra a “ditabranda” da Folha de S.Paulo
02/03/2009 - 08:31 - por Raphael Perret

Um protesto em frente à sede da Folha de S. Paulo, na Alameda Barão de Limeira, 425, na capital paulista, está marcado para o sábado que vem, dia 7 de março, às 10 da manhã. A manifestação, organizada pelo Movimento dos Sem Mídia, será um ato em repúdio ao episódio da “ditabranda” e em solidariedade aos professores Fábio Konder Comparato e Maria Victoria Benevides.

Não está sabendo? Na calada da noite pré-carnavalesca, em 17 de fevereiro, a Folha publicou um editorial sobre a vitória de Hugo Chávez no referendo que lhe valeu a possibilidade de reeleição ilimitada. Tudo ia dentro dos conformes democráticos quando, em um trecho, lia-se o seguinte:

    Mas, se as chamadas ‘ditabrandas’ -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso.

Pulularam críticas à Folha sobre o uso do eufemismo “ditabranda”. Duas cartas, as dos professores Fabio Konder Comparato, de Direito da USP, e Maria Victoria Benevides, da Faculdade de Educação da mesma universidade, receberam uma resposta grosseira do jornal, que chamava os missivistas de cínicos e mentirosos. Dias depois, novas cartas de ambos seriam publicadas, mas sem resposta (leia o teor das missivas e a reação da Folha no artigo do jornalista Luis Antonio Magalhães, Direita, volver!).

A indignação é óbvia e justa. Afinal, o período em destaque trazia pelo menos duas afirmações acintosas nele embutidas:

(1) o regime militar no Brasil teria sido uma ditadura pero no mucho e mereceria alguma classificação mais amena, sabe-se lá por quê. Ora, foi uma ditadura, sim, e uma ditadura terrível, por uma série de atitudes perpetradas desde o núcleo do governo até os porões de delegacias. Se a assinatura do AI-5 e a morte de Vladimir Herzog, para ficar em dois exemplos célebres, não são típicos de uma ditaDURA, uma revisão de conceitos se faz urgente.

(2) o termo “ditabranda” seria comum, popular, consensual. O jornalista Luis Antonio Magalhães, poucos dias depois do editorial, fez uma pesquisa no Google. Os únicos resultados da busca por “ditabranda” se referiam, exatamente, ao editorial da Folha. Ou seja, ninguém nunca usou essa expressão por aqui. Mas descobriu-se, depois, que a palavra foi dita por um homem de alma caridosa e totalmente insuspeito.

É um absurdo que um veículo jornalístico amenize a estrutura política de uma ditadura. Como diz Eugênio Bucci em seu (ótimo) Sobre ética e imprensa, não há jornalismo sem democracia, pois a ética jornalística - e, consequentemente, o exercício do jornalismo - depende da existência de um ambiente minimamente equilibrado e plural para os meios de comunicação. Ainda conforme Bucci, o compromisso do jornalismo deve ser um compromisso com a observância e o aperfeiçoamento das regras democráticas. Portanto, relativizar a ditadura é um desserviço às instituições brasileiras, é uma admissão de inaptidão para a atividade jornalística e, ainda, uma contradição com o papel que a Folha tanto gosta de divulgar que teve em 1984.

Ainda bem que, hoje, o respeito à democracia é mais cristalino e permite manifestações como a do próximo sábado. A reação da Folha revelará o quanto ela sente saudades da tal “ditabranda”.

Atualização (02/03, às 22:44): acrescentei o endereço do jornal.


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Fonte:http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=526JDB001

"DITABRANDA" NA FOLHA
Direita, volver!

Por Luiz Antonio Magalhães em 23/2/2009

Há males que vêm para o bem, lembra o dito popular. No último dia 17 de fevereiro, em Editorial contra o presidente venezuelano Hugo Chávez, a Folha de S. Paulo qualificou, assim como quem não quer nada, en passant, de "ditabranda" o regime militar que vigorou no Brasil entre 1964 a 1985.

Para que não reste nenhuma dúvida sobre o que foi escrito na Folha, vai a seguir a transcrição do trecho que vem provocando tanta polêmica:

"Mas, se as chamadas ‘ditabrandas’ -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso."

Para começo de conversa, causa espécie que o jornal escreva "as chamadas ‘ditabrandas’" quando não há notícia de que alguém tivesse, antes da Folha, a idéia de jerico de qualificar o regime militar de tal forma. Este observador fez uma busca no Google e constatou que a pesquisa retorna apenas as referências à polêmica iniciada pela Folha. Ninguém antes qualificou a ditadura brasileira de "ditabranda".

Aliás, a busca no Google já vem carregada de ironia, pois antes da primeira indicação de link, o buscador pergunta: "você quis dizer dieta branda?" Como bem sabem os iniciados, toda vez que alguém erra a digitação da palavra, o Google cuida de corrigir ou sugerir o nome correto. Ditabranda, portanto, é coisa lá da rua Barão de Limeira mesmo. Dieta branda teria sido realmente mais feliz.

Mas até aqui, é justo dizer, a direção da Folha e seus editorialistas têm todo o direito de achar que os militares pegaram leve. É uma questão de gosto e escolha, provavelmente o assinante do Estadão jamais leria tamanho despautério, ainda que o jornal se posicione de maneira muito mais conservadora do que a Folha em várias questões. A razão para isto é simples: O Estado de S. Paulo sofreu bem mais com a censura e sabe o quão duro foi o dito governo. De toda maneira, o diário da família Frias não precisa se envergonhar em qualificar de ditabranda o regime em questão, da mesma maneira que a turma da Abril não só pensa que pegaram leve como anda saudosa de um novo período semelhante, especialmente para tirar essa gente barbuda e mal educada que insiste em permanecer altamente popular em meio à maior crise do capitalismo.

Nota da Redação: jornal muda de rumo

Não foi no editorial, portanto, que a Folha perdeu a mão. Nos dias que se seguiram à publicação daquela jóia do pensamento que emerge no nono andar do belo prédio do jornal, os leitores naturalmente reclamaram, enviando cartas indignadas à redação. O Painel do Leitor publicou algumas nos dias 18 e 19, mas foi no dia 20 de fevereiro que o jornal mostrou a sua verdadeira cara. Depois de uma sequência de cartas de leitores, apareceram duas de "figurões", seguidas por uma inacreditável resposta da Redação, como segue abaixo.

"Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de "ditabranda’? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar "importâncias" e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi "doce" se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala -que horror!" MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES , professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)

"O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana." FÁBIO KONDER COMPARATO , professor universitário aposentado e advogado (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua "indignação" é obviamente cínica e mentirosa.

É preciso ler com calma a tal Nota da Redação. Que a Folha respeite a opinião dos leitores é o mínimo que se pode esperar. Imagine o grau de arrogância, que já não é baixo, se não respeitasse... Mas o que realmente choca neste caso é a Redação classificar de "obviamente cínica e mentirosa" a indignação de Fábio Konder Comparato e Maria Victoria Benevides, como se para que os dois se indignassem com a barbeiragem do jornal fosse necessária a indignação prévia com Fidel Castro.

Este observador aprendeu com seu avô, pioneiro do ensino de Filosofia na Universidade de São Paulo, que o fiofó nada tem a ver com as calças. Ou, como diria outro filósofo, este da esfera futebolística, "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa". Comparato e Benevides não têm "autorização" da Folha para se indignarem, precisam antes bradar que não gostam de Fidel e seus amigos e, principalmente, que Cuba é uma DI-TA-DU-RA. Ou será que se os eméritos professores também qualificarem o regime cubano de "ditabranda" a Folha já deixaria de considerar "cínica e mentirosa" a indignação dos dois?

O pior de tudo realmente não foi o editorial, bem lamentável, mas a Nota da Redação de 20/2. Pior, sim, porque todo foca que passou uma semana em qualquer redação do país sabe que uma nota dessas não é publicada sem a anuência da direção do jornal. Por mais que o editor do Painel do Leitor vista a camisa do jornal, ele não tem autonomia para chamar Fábio Konder Comparato de cínico e Maria Victoria Benevides de mentirosa. A nota veio de cima, o que só reforça a ideia de que também o editorial foi cuidadosamente pensado para que o jornal emitisse o juízo de valor que tem, hoje, sobre a ditadura brasileira.

Não será surpresa se a Folha roubar Reinaldo Azevedo ou Diogo Mainardi da Veja. A esta altura, é bem provável, inclusive, que ambos já tenham sido sondados. E, ironia das ironias, não demora muito para o leitorado paulista de esquerda migrar para o Estadão. Há mesmo males que vem para o bem: nível de azia na leitura será bem menor...


Aqueles que idolatram a Folha devem ter aberto um sorriso quando toda essa história de "ditabranda" surgiu. Difícil dizer se foi de vergonha ou de nervosismo.
A maior das irônias é o fato de que, aqui, recebo críticas como "as revisões da história feita pela esquerda são gritantes e absurdas", algumas chegão ao ponto de dizer que não há parcialidade na mídia, enquanto um dos principais jornais do país fala pelos cotovelos e muitos aqui, sem dúvida, devem ter grande parte da opinião política formada com bases nele.

Offline Herf

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #1 Online: 06 de Março de 2009, 10:54:13 »
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É um absurdo que um veículo jornalístico amenize a estrutura política de uma ditadura.
De acordo. Um exemplo infinitamente mais marcante desta prática da mídia aparece quando se lê sobre a história de Cuba e o regime cubano. Trata-se de Fulgencio Batista como "ditador" e de Fidel e Raúl Castro como "presidentes de Cuba".
« Última modificação: 06 de Março de 2009, 10:56:25 por Herf »

Offline Dr. Manhattan

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #2 Online: 06 de Março de 2009, 11:13:03 »
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É um absurdo que um veículo jornalístico amenize a estrutura política de uma ditadura.
De acordo. Um exemplo infinitamente mais marcante desta prática da mídia aparece quando se lê sobre a história de Cuba e o regime cubano. Trata-se de Fulgencio Batista como "ditador" e de Fidel e Raúl Castro como "presidentes de Cuba".

Hmm... Em geral chamavam o Fidel de "lider cubano". O que nao deixa de ser um eufemismo ridículo.
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Offline HFC

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #3 Online: 06 de Março de 2009, 11:39:56 »
Ridículo o comportamento da FSP em relação ao Fábio Konder Comparato e a Maria Victoria Benevides. Ao que parece os editores da FSP sentem saudades de publicar receitas de bolo na  capa de seu jornaleco.
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Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #4 Online: 06 de Março de 2009, 12:09:46 »
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É um absurdo que um veículo jornalístico amenize a estrutura política de uma ditadura.
De acordo. Um exemplo infinitamente mais marcante desta prática da mídia aparece quando se lê sobre a história de Cuba e o regime cubano. Trata-se de Fulgencio Batista como "ditador" e de Fidel e Raúl Castro como "presidentes de Cuba".

E enfiam sob o tapete as centenas de pessoas que ele assassinou.

Offline Ricardo RCB.

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #5 Online: 06 de Março de 2009, 13:03:01 »
Ainda que eu discorde do termo usado, "ditabranda", pois foi uma ditadura, o que já é deplorável, eu fico pensando.

Afinal, a FSP mentiu?

A ditadura brasileira foi tão violenta como as ditaduras chilena e argentina? Ou devemos colocar todas no mesmo saco? Porque se for assim, porque a ditadura cubana não é incluída ai?

A ditadura brasileira matou tanto quanto a ditadura cubana?

Quem defende uma ditadura como a cubana tem moral para criticar outra? Ou se é ditadura de esquerda pode, mas associada a direita não pode?

O novo autoritarismo latino americano não mudou a maneira de se fixar no poder?

Edit: Eu não defendo a ditadura brasileira, antes que alguém queira distorcer o que eu escrevi, mas acho que a crítica deve ser proporcional aos crimes que cada regime cometeu.
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Donald Kendall

Offline O Grande Capanga

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #6 Online: 06 de Março de 2009, 14:42:47 »
"A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua ‘indignação’ é obviamente cínica e mentirosa."

Nota da Folha de S.Paulo em resposta aos dois missivistas

Offline Herf

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #7 Online: 06 de Março de 2009, 14:47:40 »
Ou se é ditadura de esquerda pode, mas associada a direita não pode?
Sim, o critério adotado por eles é esse. Tanto pelos dois professores quanto por todo o pessoal que vai participar desse protesto.
« Última modificação: 06 de Março de 2009, 14:50:00 por Herf »

Offline O Grande Capanga

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #8 Online: 06 de Março de 2009, 15:31:17 »
Ou se é ditadura de esquerda pode, mas associada a direita não pode?
Sim, o critério adotado por eles é esse. Tanto pelos dois professores quanto por todo o pessoal que vai participar desse protesto.

Gostaria de entender por que na cabeça desse povo as merdas esquerdistas não são merdas, mas as direitistas são. E não são merdas proporcionais. Se você juntar toda a merda direitistas das ditaduras que houve no mundo, não deve nem chegar perto do que Mao fazia numa ensolarada manhã de domingo quando estava de muito bom-humor.

Como pode haver grupos universitários nas melhores universidades do país, professores universitários com pós-graduação no exterior, nas melhores universidades européias, que se dizer maoístas e stalinistas, acham um genocídio a invasão no Iraque (sim, a invasão foi uma merda, mas nada comparado ao que os regimes comunistas produziram), mas seguidores de ideologias assassinas?

Offline FxF

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #9 Online: 06 de Março de 2009, 15:39:05 »
Gostaria de entender por que na cabeça desse povo as merdas esquerdistas não são merdas, mas as direitistas são. E não são merdas proporcionais. Se você juntar toda a merda direitistas das ditaduras que houve no mundo, não deve nem chegar perto do que Mao fazia numa ensolarada manhã de domingo quando estava de muito bom-humor.

Como pode haver grupos universitários nas melhores universidades do país, professores universitários com pós-graduação no exterior, nas melhores universidades européias, que se dizer maoístas e stalinistas, acham um genocídio a invasão no Iraque (sim, a invasão foi uma merda, mas nada comparado ao que os regimes comunistas produziram), mas seguidores de ideologias assassinas?
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Offline HFC

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #10 Online: 06 de Março de 2009, 16:28:49 »
Ainda que eu discorde do termo usado, "ditabranda", pois foi uma ditadura, o que já é deplorável, eu fico pensando.
Nisso concordo com vc.

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Afinal, a FSP mentiu?

A ditadura brasileira foi tão violenta como as ditaduras chilena e argentina? Ou devemos colocar todas no mesmo saco? Porque se for assim, porque a ditadura cubana não é incluída ai?

O fato de não ter sido não a faz ditabranda, nem dá o direito a FSP de ofender o Comparato e a Benevides.


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A ditadura brasileira matou tanto quanto a ditadura cubana?
Isso não melhora para nossa ditadura. Só verifica que a ditadura cubana dos últimos 50 anos é ruim.

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Quem defende uma ditadura como a cubana tem moral para criticar outra? Ou se é ditadura de esquerda pode, mas associada a direita não pode?
Acho que não pode nem de direita, nem de esquerda. Sou esquerdista por natureza, mas não vou defender ditaduras e perseguições a liberdade alheia.

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O novo autoritarismo latino americano não mudou a maneira de se fixar no poder?
Vc se refere a Chaves ?

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Edit: Eu não defendo a ditadura brasileira, antes que alguém queira distorcer o que eu escrevi, mas acho que a crítica deve ser proporcional aos crimes que cada regime cometeu.
Percebi que vc não defende. Mas não acho que a avaliação sobre a natureza autoritária deva  se basear na barbárie cometida pelo grupo que coordena a ditadura.
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Offline Ricardo RCB.

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #11 Online: 06 de Março de 2009, 16:48:24 »
Ainda que eu discorde do termo usado, "ditabranda", pois foi uma ditadura, o que já é deplorável, eu fico pensando.
Nisso concordo com vc.


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Afinal, a FSP mentiu?

A ditadura brasileira foi tão violenta como as ditaduras chilena e argentina? Ou devemos colocar todas no mesmo saco? Porque se for assim, porque a ditadura cubana não é incluída ai?

O fato de não ter sido não a faz ditabranda, nem dá o direito a FSP de ofender o Comparato e a Benevides.

E no que consistiu a ofensa? Que eu saiba foram chamados de cínicos. E gente que defende uma ditadura, e critica outra, usando dois pesos e duas medidas é o que? Honesto? Que eu saiba tanto um como a outra não organizam marchas, manifestações e condenações públicas das atrocidades do regime cubano.

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A ditadura brasileira matou tanto quanto a ditadura cubana?
Isso não melhora para nossa ditadura. Só verifica que a ditadura cubana dos últimos 50 anos é ruim.

E ambas são iguais apenas por serem ditaduras? Na minha opinião não. E sim, melhora, ou melhor, deixa menos pior.

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Quem defende uma ditadura como a cubana tem moral para criticar outra? Ou se é ditadura de esquerda pode, mas associada a direita não pode?
Acho que não pode nem de direita, nem de esquerda. Sou esquerdista por natureza, mas não vou defender ditaduras e perseguições a liberdade alheia.

Onde a FSP defendeu a ditadura? E onde estão perseguindo a liberdade alheia? Chamar de mais branda uma ditadura como a brasileira, se comparada com as outras do continente é uma mentira?

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O novo autoritarismo latino americano não mudou a maneira de se fixar no poder?
Vc se refere a Chaves ?

Também.

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Edit: Eu não defendo a ditadura brasileira, antes que alguém queira distorcer o que eu escrevi, mas acho que a crítica deve ser proporcional aos crimes que cada regime cometeu.
Percebi que vc não defende. Mas não acho que a avaliação sobre a natureza autoritária deva  se basear na barbárie cometida pelo grupo que coordena a ditadura.

Não deve se basear somente na barbárie, mas também na barbárie.
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Donald Kendall

Offline Ricardo RCB.

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #12 Online: 06 de Março de 2009, 16:50:18 »
Ou se é ditadura de esquerda pode, mas associada a direita não pode?
Sim, o critério adotado por eles é esse. Tanto pelos dois professores quanto por todo o pessoal que vai participar desse protesto.

E quem adota dois pesos e duas medidas para atacar uma ditadura e defender outra é o que?

Cínico me parece um bom adjetivo.
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Donald Kendall

Offline Christiano

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #13 Online: 08 de Março de 2009, 17:12:02 »
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Ditabranda? Ditabranda?!
by Pablo - 19. fevereiro 2009 23:48


Em editorial publicado na última terça-feira, dia 17, sobre os esforços de Hugo Chávez para se manter no poder na Venezuela, a Folha de São Paulo trouxe o seguinte absurdo:

"Mas, se as chamadas "ditabrandas" -caso do Brasil entre 1964 e 1985- partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça-, o novo autoritarismo latino-americano, inaugurado por Alberto Fujimori no Peru, faz o caminho inverso. O líder eleito mina as instituições e os controles democráticos por dentro, paulatinamente."

Não gosto de Chávez e lamento que tenha conseguido esta possibilidade de perpetuar-se no poder. Mas este post nada tem a ver com a Venezuela e sim com a classificação do período militar no Brasil como sendo uma "ditabranda".

"Ditabranda". "Ditabranda".

Filhos da puta. Suponho que, ao contrário de tantas outras famílias, os canalhas por trás deste editorial não perderam parentes para a "ditabranda". Nem tiveram parentes torturados pelos agentes desta "ditabranda".

Eu tive. Há, em minha família, pessoas que trazem nos corpos e nas mentes as seqüelas das torturas dos assassinos do DOPS e do governo militar. E estas pessoas que amo, por sua vez, perderam muitos amigos naquele período.

Como a Folha se atreve, por qualquer motivo que seja, a usar o adjetivo "branda" em relação à sangrenta ditadura brasileira? Tivesse o autor deste texto imbecil ficado pendurado num pau-de-arara por horas, tivesse ele levado choques nos genitais por dias, tivesse ele experimentado a agonia de um arame quente enfiado em sua uretra, tivesse ele sentido as unhas se despregando da carne, tivesse ele visto amigos morrendo sob pauladas, tivesse ele corrido o risco de ter o corpo descartado como lixo no mar ou enterrado em cova rosa como um cachorro sem dono, tivesse ele sentido dezenas de cigarros sendo apagados em sua pele, tivesse ele experimentado o pavor do afogamento em um tonel repleto de água, tivesse ele ouvido as companheiras sendo violentadas por torturadores ou sodomizadas com cassetetes, tivesse ele um mínimo de respeito para com quem passou por tudo isso, não escreveria uma barbaridade dessas. Ou, tendo escrito, se retrataria imediata e publicamente pelo absurdo cometido.

No mesmo texto, o imbecil escreve:

"Nesse contexto, e diante de uma oposição revigorada e ativa, é provável que o conforto de Hugo Chávez diminua bastante daqui para a frente, a despeito da vitória de domingo."

Pois em nossa "ditabranda", caro editor da Folha, a oposição não podia se dar ao luxo de se sentir "revigorada" ou provocar o "desconforto" do governo, já que estava sob constante e sangrento ataque, sendo punida não com uma derrota política, mas com a perda da própria vida.

O que há de brando nisso?
Fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2009/02/19/Ditabranda-Ditabranda!-Filhos-da.aspx
Mais: http://www.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2009/03/03/Pinochet-editor-da-Folha-de-Sao-Paulo.aspx
"A ridícula situação de alguém que critica o que confessa nunca ter lido ou estudado, já é suficiente para desqualificar a sua crítica."
http://cbp18.ideaboard.net/

Offline Moro

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #14 Online: 08 de Março de 2009, 21:32:51 »
 
Gostaria de entender por que na cabeça desse povo as merdas esquerdistas não são merdas, mas as direitistas são. E não são merdas proporcionais. Se você juntar toda a merda direitistas das ditaduras que houve no mundo, não deve nem chegar perto do que Mao fazia numa ensolarada manhã de domingo quando estava de muito bom-humor.

Como pode haver grupos universitários nas melhores universidades do país, professores universitários com pós-graduação no exterior, nas melhores universidades européias, que se dizer maoístas e stalinistas, acham um genocídio a invasão no Iraque (sim, a invasão foi uma merda, mas nada comparado ao que os regimes comunistas produziram), mas seguidores de ideologias assassinas?
Perfeito.

Exatamente isso. É a religião destruindo o cérebro...
Um ditador de direita que mata alguém é um assassino
Um ditador de esquerda que mata alguém está apenas fazendo o necessário para implantar a nova ordem
Neste caso,  Che é um herói e Pinochet é um assassino. Pura groselha. Dois escrotos similares.


E claro que não se pode apoiar a ditadura brasileira. E claro que também que não são todas iguais.
Para radicalizar o exemplo: Alguém preferiria morar no brasil em 70 ou na coréia do norte hoje? Esquecendo o fato de ser direita/esquerda, a resposta é meio óbvia.

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline HFC

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #15 Online: 09 de Março de 2009, 10:01:25 »

Onde a FSP defendeu a ditadura? E onde estão perseguindo a liberdade alheia? Chamar de mais branda uma ditadura como a brasileira, se comparada com as outras do continente é uma mentira?


Chamar de ditabranda é realmente abrandar e querer esconder o que foi a ditadura militar em nosso país.

Sinceramente, vejo que vc Ricardo RCB, se perdeu na leitura do artigo. Nem o Comparato, nem a Benvides defenderam a ditadura cubana, e nem precisariam se manifestar contrários a ela para protestar quanto a tolice do editorial da FSP, e a crítica a crítica do Observatório da Imprensa em relação ao mesmo editorial vem nesse sentido. Reforço a idéia que parece ter  passado despercebida para vc

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O pior de tudo realmente não foi o editorial, bem lamentável, mas a Nota da Redação de 20/2. Pior, sim, porque todo foca que passou uma semana em qualquer redação do país sabe que uma nota dessas não é publicada sem a anuência da direção do jornal. Por mais que o editor do Painel do Leitor vista a camisa do jornal, ele não tem autonomia para chamar Fábio Konder Comparato de cínico e Maria Victoria Benevides de mentirosa. A nota veio de cima, o que só reforça a ideia de que também o editorial foi cuidadosamente pensado para que o jornal emitisse o juízo de valor que tem, hoje, sobre a ditadura brasileira.

Espero que finalmente vc entenda.
« Última modificação: 09 de Março de 2009, 13:37:01 por Humberto Francis »
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Offline Ricardo RCB.

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #16 Online: 09 de Março de 2009, 10:38:09 »

Onde a FSP defendeu a ditadura? E onde estão perseguindo a liberdade alheia? Chamar de mais branda uma ditadura como a brasileira, se comparada com as outras do continente é uma mentira?


Chamar de ditabranda é realmente abrandar e querer esconder o que foi a ditadura militar em nosso país.

Sinceramente, vejo que vc Ricardo RCB, se perdeu na leitura do artigo. Nem o Comparato, nem a Benvides defenderam a ditadura cubana, e nem precisariam se manifestar contrários a ela para protestar quanto a tolice do editorial da FSP e a crítica a crítica do Observatório da Imprensa em relação ao mesmo editorial. Reforço a idéia que parece ter  passado despercebida para vc

Bom, eu não olhei com filtro ideológico, talvez você tenha feito isso. 

Citar
O pior de tudo realmente não foi o editorial, bem lamentável, mas a Nota da Redação de 20/2. Pior, sim, porque todo foca que passou uma semana em qualquer redação do país sabe que uma nota dessas não é publicada sem a anuência da direção do jornal. Por mais que o editor do Painel do Leitor vista a camisa do jornal, ele não tem autonomia para chamar Fábio Konder Comparato de cínico e Maria Victoria Benevides de mentirosa. A nota veio de cima, o que só reforça a ideia de que também o editorial foi cuidadosamente pensado para que o jornal emitisse o juízo de valor que tem, hoje, sobre a ditadura brasileira.

Espero que finalmente vc entenda.

Mantenho o que escrevi.

A FSP errou ao usar o termo 'ditabranda'.

Não é mentira que a ditadura brasileira foi "menos pior" do que as outras que ocorreram no continente, e muitas que ocorreram no mundo. Não quer dizer que isso a justifique. Não justifica. Mas ditaduras podem e devem sim ser comparadas, inclusive para evitar colocar tudo no mesmo saco. Não são a mesma coisa.

Quem critica uma ditadura e não critica outra é o quê?

Ou o Comparato já criticou pesadamente a ditadura cubana? Idem para a Benevides, nunca encontrei um ato de protesto ou condenação deles contra a política dos Castro em Cuba ou qualquer outra ditadura de esquerda.

Eles tem todo o direito de se manifestar. A FSP tem todo o direito de classificá-los como cínicos e/ou mentirosos. E eles tem todo o direito de protestar, processar se acharem que cabe isso. Aliás, quem persegue a liberdade alheia são eles, que parecem querer calar o jornal e impedir a FSP de emitir uma opinião contra a deles.

Ainda que essa seja realmente a opinião do jornal, o que não é necessariamente o caso, a FSP tem todo o direito de ter essa opinião, por mais que se discorde dela.

E estou pesquisando declarações de ambos contra ou a favor de Cuba e outras ditaduras de esquerda para saber qual a posição deles.

edit: Sobre a Benevides encontrei a citação de ser petista. Como o PT sempre apoiou Cuba acho correto assumir que essa é a postura dela. E quem apoia uma ditadura não tem moral para criticar outra ditadura.

fonte: http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=2304

trecho:

Citar
Maria Victoria Benevides é uma das mais importantes cientistas políticas brasileiras e uma petista de primeira hora. Empreendeu sistemático estudo da nossa vida política no período entre 1945 e 1964, que resultou em três obras originais: O governo Kubitschek, A UDN e o udenismo e o PTB e o trabalhismo.

Sobre o outro, o jurista, nada, nem uma única declaração dele censurando o regime cubano. Considerando que ele é de esquerda, já declarou apoio ao MST (vide wikipedia), que prega, fundamentalmente, a implementação de um estado muito parecido com o cubano no Brasil, eu acho que tenho motivo para concluir que ele é pró-cuba, ou no mínimo convenientemente silecioso a respeito:

Citar

Expoente da intelectualidade de esquerda, foi um dos advogados de acusação no processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor. É o autor de uma das ações populares contra a privatização da Companhia Vale do Rio Doce movida por um grupo de advogados e juristas de São Paulo.

É um simpatizante do MST, tendo por diversas vezes afirmado que ações consideradas criminosas realizadas pelo grupo seriam manifestações legítimas em defesa da causa por eles defendida, chegando a afirmar que era um absurdo criminalizar as ações promovidas pelo grupo, como invasões de propriedade, danos ao patrimônio público, cárcere privado entre outras.

http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1bio_Konder_Comparato

Então, Humberto, desculpe, mas gente que apoia ou se cala sobre Cuba, apoia os métodos ilegais do MST não tem moral para criticar outra ditadura. Se criticassem as ditaduras de esquerda com a mesma veemência com que criticam as ditaduras associadas a direita, eu consideraria a crítica deles válida. Se desconsideram, ou se calam, apenas porque o viés ideológico de uma ditadura é alinhado com o deles, então não merecem respeito meu.

Mantenho que a FSP errou apenas no uso do termo 'ditabranda', não na resposta aos dois.

Edit2 : Trecho em itálico adicionado para esclarecer uma associação de idéias que fiz.
« Última modificação: 09 de Março de 2009, 12:23:46 por Ricardo RCB. »
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Donald Kendall

Offline Renato T

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #17 Online: 09 de Março de 2009, 12:07:04 »
A folha também não tem muita moral pra chamar eles de cínicos e mentirosos.

<a href="http://www.youtube.com/v/7jInMYofct0" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/7jInMYofct0</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/D61i5xyPQcc" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/D61i5xyPQcc</a>

Já não é a primeira vez que eu escuto que a folha apoiou e colaborou com a ditadura. Rechaçar duas pessoas, chama-las de cínicas e mentirosas, ao mesmo tempo que critica a ditadura cubana, tendo em seu passado sido beneficiada e construída com a ajuda da ditadura brasileira me parece de um cinismo muito mais escancarado.

Offline Zeichner

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #18 Online: 09 de Março de 2009, 12:23:24 »
Para mim é apenas patrulha ideológica, tentando esconder o que realmente aconteceu na Ditadura Militar. O AI-5 só aconteceu por causa dos movimentos guerrilheiros e terroristas de esquerda, e não foi o AI-5 que causou a reação através da luta armada.

É considerar que apenas os esquerdatários são dono do bem, e quem não era do "movimento" era do mal. Visão extremamente maniqueísta do mundo.

Claro, cada morte feita por um governo contra seus cidadãos e muita, é demais. Mas o que o governo militar matou ou desapareceu é infimamente menor perto de Cuba ou da Guerra Civil Nicaraguense.

Foi um trocadalho infeliz, mas bom para acender o debate.


Offline Ricardo RCB.

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #19 Online: 09 de Março de 2009, 12:26:56 »
A folha também não tem muita moral pra chamar eles de cínicos e mentirosos.



Já não é a primeira vez que eu escuto que a folha apoiou e colaborou com a ditadura. Rechaçar duas pessoas, chama-las de cínicas e mentirosas, ao mesmo tempo que critica a ditadura cubana, tendo em seu passado sido beneficiada e construída com a ajuda da ditadura brasileira me parece de um cinismo muito mais escancarado.

Supondo que a FSP tenha mesmo sido ajudada pela ditadura brasileira (não estou dizendo nem que foi, nem que não foi), isso não muda em NADA o fato que as pessoas citadas como cínicas e mentirosas na resposta do jornal usam dois pesos e duas medidas para avaliar ditaduras conforme o viés ideológico destas, posição que mantenho até que alguém me apresente uma declaração de cada um criticando veementemente ditaduras de esquerda.

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Offline Ricardo RCB.

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #20 Online: 09 de Março de 2009, 12:28:16 »
Para mim é apenas patrulha ideológica, tentando esconder o que realmente aconteceu na Ditadura Militar. O AI-5 só aconteceu por causa dos movimentos guerrilheiros e terroristas de esquerda, e não foi o AI-5 que causou a reação através da luta armada.

É considerar que apenas os esquerdatários são dono do bem, e quem não era do "movimento" era do mal. Visão extremamente maniqueísta do mundo.

Claro, cada morte feita por um governo contra seus cidadãos e muita, é demais. Mas o que o governo militar matou ou desapareceu é infimamente menor perto de Cuba ou da Guerra Civil Nicaraguense.

Foi um trocadalho infeliz, mas bom para acender o debate.


Concordo totalmente.
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Offline FxF

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #21 Online: 16 de Março de 2009, 04:42:12 »
Para mim é apenas patrulha ideológica, tentando esconder o que realmente aconteceu na Ditadura Militar. O AI-5 só aconteceu por causa dos movimentos guerrilheiros e terroristas de esquerda, e não foi o AI-5 que causou a reação através da luta armada.

É considerar que apenas os esquerdatários são dono do bem, e quem não era do "movimento" era do mal. Visão extremamente maniqueísta do mundo.

Claro, cada morte feita por um governo contra seus cidadãos e muita, é demais. Mas o que o governo militar matou ou desapareceu é infimamente menor perto de Cuba ou da Guerra Civil Nicaraguense.

Foi um trocadalho infeliz, mas bom para acender o debate.
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Offline Luiz Souto

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #22 Online: 21 de Março de 2009, 10:43:21 »
Citar
Os nostálgicos da ditadura
     Léo Lince    
     Data:   19/03/2009
          
     Ao ser substituído no posto, o até então chefe do Comando Militar do Leste, general Luiz Cesário da Silveira Filho, despediu-se com um discurso de exaltação ao golpe de 64. O ato de força que derrubou o presidente Jango foi saudado como um “memorável acontecimento”. Na presença do comandante geral do Exército e do seu substituto no posto, o general se valeu de Garrastazu Médici para recolocar o que chamou de “página consagradora” nos “umbrais da glória”.

A efeméride foi noticiada, no último dia 12, pela “Folha de S.Paulo”, que lhe dedicou um quarto de página. Por suposto, não se trata de fato isolado ou raio em céu azul. O cidadão que acompanha com regularidade o noticiário tem observado, com preocupação, o aparecimento cada vez mais frequente de manifestações que expressam, para dizer o menos, certa nostalgia da ditadura militar. Aquela “página infeliz da nossa história”, da qual depois de tanta luta conseguimos nos livrar, alguns agora querem desvirar.

Não faz muito, o jornal “O Globo” publicou uma série de matérias para mostrar que a OAB, a ABI e a igreja católica apoiaram a ditadura nos seus momentos iniciais. Claro que, em certo período, tal fato ocorreu e, mais, os setores conservadores de tais instituições apoiaram a ditadura até o fim. Uma mancha que não invalida a verdade maior e fato histórico indiscutível: a CNBB, a ABI e a OAB foram pontos luminosos na luta da resistência democrática. A escolha de um período e não de outro, por certo, não foi casual. Assim como não foi casual a introdução do neologismo “ditabranda” no repudiado editorial da “Folha de S.Paulo”. Os dois maiores jornais brasileiros, que cresceram como conglomerados de negócios sob o manto protetor do autoritarismo, não por acaso definem como adequado para o atual momento político o mesmo objetivo: lavar a imagem da ditadura.

A linha editorial dos jornalões trabalha, todo santo dia e com a competência de sempre, a rearticulação do pensamento autoritário e a defesa dos interesses conservadores. Se o governo despeja bilhões para o capitalista encalacrado na roleta do cassino financeiro, não dá outra: será elogiado pelo bom uso da racionalidade econômica. Se a Justiça do Trabalho, pressionada pela mobilização sindical, susta demissões imotivadas, como foi o caso da Embraer, isso não pode, é “delírio ideológico”. Vejam, para exemplo, este trecho de editorial (Globo, 10/03): “o termo “criminalização dos movimentos sociais” passa a ter um outro significado. Não mais de defesa destes movimentos, supostamente criminalizados por agentes públicos, mas para designar a utilização dessas organizações com finalidades criminosas”. Logo, porrada neles.

A questão social, como na República Velha, volta a ser tratada como caso de polícia. Entre as causas de tal procedimento, sem dúvida, está o agravamento da crise econômica. A chamada “direita social”, os setores que dominam a economia e mandam nos governos, sabe onde lhe aperta o calo. Sabe que a crise, além de profunda e duradora, se destina a mexer fundo na dinâmica dos conflitos sociais. Os beneficiários da ordem injusta não brincam em serviço quando se trata de conservar os seus privilégios. Quem fala em “ditabranda” quer, de imediato, “democradura”. Quem fala em “choque de ordem”, com o teor da criminalização dos pobres e dos movimentos sociais, prepara a “ordem de choque”. Barbas de molho, todo cuidado é pouco com os nostálgicos da ditadura.
http://www.chicoalencar.com.br/chico2004/artigos_do.php?codigo=639
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline HFC

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #23 Online: 23 de Março de 2009, 11:57:50 »

Bom, eu não olhei com filtro ideológico, talvez você tenha feito isso. 
Localizar Ad Hominem virou filtro ideológico ? Interessante ...


Citar

Sobre o outro, o jurista, nada, nem uma única declaração dele censurando o regime cubano. Considerando que ele é de esquerda, já declarou apoio ao MST (vide wikipedia), que prega, fundamentalmente, a implementação de um estado muito parecido com o cubano no Brasil, eu acho que tenho motivo para concluir que ele é pró-cuba, ou no mínimo convenientemente silecioso a respeito:

E tem gente falando de patrulha ideológica ... Mas o filtro ideológico cabe muito bem aqui.


Citar

Então, Humberto, desculpe, mas gente que apoia ou se cala sobre Cuba, apoia os métodos ilegais do MST não tem moral para criticar outra ditadura. Se criticassem as ditaduras de esquerda com a mesma veemência com que criticam as ditaduras associadas a direita, eu consideraria a crítica deles válida. Se desconsideram, ou se calam, apenas porque o viés ideológico de uma ditadura é alinhado com o deles, então não merecem respeito meu.

Mantenho que a FSP errou apenas no uso do termo 'ditabranda', não na resposta aos dois.

Edit2 : Trecho em itálico adicionado para esclarecer uma associação de idéias que fiz.
Raciocinando pelo seu exemplo, fica bastante obscuro seu comportamento por não criticar a FSP por não criticar a ditadura de 1964 com a mesma veemência que faz contra o MST... E viva o filtro ideológico... Mas tem gente que não percebe.

Ponto claro: a FSP não tem direito algum de postar opinião difamatória contra qq um por simples disposição da lei. Isso compromete a imagem do jornal, assim como a infeliz matéria e "defesa" do editorialista contendo as ofensas publicadas em meio de comunicação.

 
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Offline Moro

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Re: "Ditabranda" da Folha de São Paulo
« Resposta #24 Online: 23 de Março de 2009, 16:26:56 »
Pelo amor de Che...

Não faz sentido comparar a ditadura cubana com o brasil e dizer que essa foi mais branda do que aquela? Quem é idiota ao ´ponto de achar que a ditadura brasileira foi tão estúpida e maléfica quanto a cubana? Alguém conhece alguém que não é enviesado que pensa uma asneira dessa?

A FSP não defendeu a ditadura na reportagem. Ela diagnosticou o óbvio. As duas foram violações. A Cubana foi mais dura.  Portanto a brasileira foi mais branda.
Isso não quer dizer que não houve vítimas da estupidez da ditadura brasileira aqui... houve menos vítimas da ditadura aqui e o país sofreu incomensuravelmente menos nas dimensões humanas, econômicas,  instituional, etc..

Meio porque Fidel e Che são/eram top idiotas... desculpem-me os religiosos

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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