Autor Tópico: Watchmen  (Lida 4903 vezes)

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Watchmen
« Online: 09 de Março de 2009, 15:34:28 »
'Nunca quisemos destruir os super- heróis', diz desenhista de 'Watchmen'

Dave Gibbons lembra detalhes da criação da HQ que redefiniu o gênero. Para britânico, filme é 'melhor adaptação hollywoodiana' de Alan Moore.


Capa do livro 'Os bastidores de Watchmen', lançado no Brasil pela editora Aleph (Foto: Reprodução)

Alan Moore, o autor, não quis nem ver. Os fãs da HQ também tentaram fechar os olhos para evitar o pior, mas acabaram seduzidos pelas primeiras imagens que foram surgindo na internet nos últimos dois anos. Já o desenhista Dave Gibbons, que se diz "um otimista", não quis esperar e foi logo pegando o telefone para descobrir quem era esse tal de Zack Snyder que queria fazer um filme baseado em sua criação mais famosa, a graphic novel "Watchmen".

"É a melhor versão hollywoodiana de seu trabalho até agora", atesta - depois de ver - o desenhista e velho parceiro de Moore, o gênio ranzinza dos quadrinhos britânicos que jamais concordou com qualquer transposição de sua obra para o cinema (em alguns casos com razão, como nas adaptações de "A liga dos senhores extraordinários" ou de "Constantine", em outros discutível, como nas versões aceitáveis de "Do inferno" e "V de vingança").

Graças à recusa de Moore em ter seu nome associado ao filme "Watchmen" - previsto para estrear em 5 de março próximo -, Gibbons levará boa parte dos os royalties pagos pela Warner para fazer a adaptação (outra parte vai para o colorista John Higgins), mas a julgar pelo zelo com que vem "vigiando" a cria desde sua concepção em 1986 até hoje, o desenhista não parece alguém que faria vista grossa diante de um trabalho mal-feito.

Lançado neste mês no Brasil pela editora Aleph, o livro "Os bastidores de 'Watchmen'" ajuda a entender melhor o pensamento de Gibbons. Dono de uma cordialidade britânica na conversa - pontuada por uma série de "talvez", "um pouco" e tambéns" -, o desenhista de "Watchmen" se mostra, nas páginas do livro, um criador convicto e detalhista que sabe bem o que quer.


Versão preliminar, ainda colorida a lápis, para uma das capas mais famosas da minissérie 'Watchmen' (Foto: Reprodução)

Fartamente ilustrado com itens originais do acervo pessoal de Gibbons, o livro revela os primeiros esboços que rabiscou em seu caderno de anotações quando ainda falava sobre o roteiro com Alan Moore ao telefone. Já estavam ali o famoso "smiley" que se tornaria a marca registrada da série, o símbolo atômico - e até o pênis, igualmente conhecido - do Dr. Manhattan. Trabalhando sempre em cima de um grid fixo de nove quadros por página, o desenhista elaborou thumbnails (espécies de guia, sem cores e detalhes) precisos para cada uma das páginas das 12 edições da série. Colocando-os ao lado das versões finais nas páginas de "Os bastidores...", vê-se que nada muda.

Às vésperas da estreia de "Watchmen" nos cinemas e com o lançamento da versão nacional de seu novo livro, Gibbons falou ao G1 por telefone, de seu escritório ao norte de Londres. Não fez anotações, como fazia com Moore, mas diz que continua à espera de um "novo 'Watchmen'". Leia a seguir a íntegra da conversa.

G1 - "Watchmen", a graphic novel, foi lançada há mais de 20 anos. Agora, com a HQ de volta aos holofotes, como se sente ao revisitar essa história?

Dave Gibbons -
É estranho, porque depois de todo esse tempo a gente já sabia que a graphic novel iria continuar vendendo, como vendeu nos últimos 20 ou 25 anos. Mas não achava que teria um filme sendo feito. Não é que eu ficasse desapontado ou que achasse que o filme seria o passo definitivo nessa evolução, mas quando ele apareceu e eu pude ver que estava sendo bem feito, com respeito ao material original, eu fiquei bem empolgado. E estou bem empolgado com o filme - que já foi feito. Quanto ao livro ["Os bastidores de 'Watchmen'"], foi bom voltar às anotações e rascunhos e todas as coisas que eu guardei nesses anos e levá-las às pessoas. Porque, com o grande interesse em "Watchmen", achei bom mostrar a elas exatamente de onde ele veio. Que veio primeiro de Alan Moore, e do trabalho que eu e o [colorista] John Higgins fizemos, para finalmente se transformarem em um grande espetáculo de Hollywood.

G1 - O lançamento do livro se aproveita deliberadamente da proximidade da estreia do filme?

Gibbons -
Sim, quando eu ouvi pela primeira vez que o filme sairia, eu fiz todo o esforço para entrar em contato com o Zack Snyder, o que fiz e, depois de falar com ele, pensei: sabe, acho que isso vai ser feito do jeito apropriado, tenho um sentimento de que esse cara realmente entende o livro então vai fazer direito. Aí, sugeri a Paul Lewitz, da editora DC, que este poderia ser um bom momento para lançar um livro que imprimisse todos os meus rascunhos, e ele concordou. Tanto eu como ele somos fãs e, como fã, adoro esses livros de anotação, que mostram a você o processo daquilo que acontece por trás da cena. E fiz um pedido especial para que o livro fosse desenhado por um cara chamado Chip Kidd, o que foi aprovado. Sabia então que teria um livro ótimo, não apenas informativo mas com uma ótima aparência também.


Primeiros esboços de alguns elementos de 'Watchmen' feitos ao telefone por Gibbons. Símbolo, olhos e até o pênis do Dr. Manhattan já aparecem aqui (Foto: Reprodução)

G1 - E exatamente onde você guardava todas essas coisas que acabaram indo parar no livro?

Gibbons -
Eu guardei-as com cuidado quando estava desenhando "Watchmen", lá atrás. Porque sempre tive de voltar a desenhá-lo e precisava de referências. Ficava tudo numa estante de fichário. Me impressionei quando olhei lá, depois de tantos anos, para ver o que eu tinha. Havia coisas de que eu me lembrava, mas outras que havia esquecido completamente. Foi um prazer tão grande para mim rever aquelas coisas, e espero que o leitor sinta o mesmo vendo o livro.

G1 - Você não é, então, o tipo de pessoa que se livra do seu 'lixo'?

Gibbons -
  (Risos) Geralmente, dos originais, das coisas que vão para a gráfica, eu me livro. Tenho sorte de poder vendê-los. Prefiro muito mais o dinheiro do que ter a obra original. Mas, quanto a rascunhos e outras coisas, para mim, sempre foram mais interessantes. Porque, se for para olhar a arte, você pode olhar no livro de quadrinhos, que é a fotografia direta da arte finalizada. Mas rascunhos são únicos. Eles mostram o pensamento, os becos sem-saída, as ideias brilhantes, mostram as coisas em um estágio que você não imaginaria que ganharia forma. Por isso escolhi guardá-los. Mas também sou um colecionador, tenho praticamente todo quadrinho que já comprei, tenho estantes e caixas cheias de livros. Então foi natural para mim me manter apegado àquilo.

G1 - Falando em rascunhos, é interessante ver no livro as anotações que você fazia enquanto falava sobre o roteiro de "Watchmen" com Alan Moore ao telefone. Trabalha sempre assim?

Gibbons -
Tivemos sorte com "Watchmen", porque nos deram um bom tempo para pensar no que íamos fazer. Muitas vezes, nas séries de HQ, você tem de criar o design dos personagens enquanto está desenhando os números da revista, então inventa o visual de um personagem muito rápido e depois fica preso a ele por muito, muito tempo. Mas, com os personagens de "Watchmen", eu tive todo o tempo de que precisei para refinar os designs. Eu ficava relaxado, sentava e rabiscava por um dia, ou então, quando estava ao telefone... mas não estou fazendo isso agora (risos). Às vezes, quando você está ao telefone, a parte relativa às palavras em seu cérebro está sendo usada, mas a parte das imagens, não. Então eu rabisco. E, muitas vezes, é aí que surgem as melhores ideias, quando você não está pensando, mas apenas passando o tempo.


Página dupla do livro 'Os bastidores de Watchmen' mostra o rascunho e a versão finalizada de uma das páginas da graphic novel de Alan Moore e Dave Gibbons (Foto: Reprodução)

G1 - Fala-se que os personagens de "Watchmen" foram inspirados nos super-heróis de uma editora americana chamada Charlton Comics. Quanto deles está na versão final do livro?

Gibbons -
A Charlton era uma companhia de bem menos sucesso. A DC e a Marvel sempre tinham os personagens originais mais empolgantes, e os da Charlton, ainda que alguns fossem muito interessantes e feitos com inteligência, eram personagens de segunda linha. Eles nunca tiveram a popularidade que os personagens da DC e da Marvel tinham. Mas o que eles encapsulavam eram os arquétipos dos heróis de quadrinhos. Você tem o super-herói com poderes divinos, que nos gibis deles eram o Captain Atom [e em "Watchmen", o Dr. Manhattan], o herói militarista que era o Peacemaker, que com nós era o Comediante, tinha a heroína gótica, glamourosa mas que lutava contra o crime, e o estilo Batman, que no caso da Charlton era o Blue Beetle [e em "Watchmen", o Coruja]. Havia esses arquétipos básicos desses personagens, e Alan pensou na história inicialmente com eles no lugar. Mas, nesse caso, não teríamos como fazer um grande salto para os personagens que nós criamos por conta própria, que também eram personagens arquetípicos, mas que poderiam trazer frescor e novidade. Como não estavam ligados aos personagens velhos da Charlton, não precisávamos garantir que houvesse uma continuidade. Então, para nós, foi tremendamente libertador, podíamos trazer uma riqueza aos personagens que talvez não estivesse lá nos livros da Charlton.


Testes com papel e tinta para a famosa máscara do personagem Rorschach (Foto: Reprodução)

G1 - Trabalhar com esses arquétipos de super-heróis ajuda na hora de contar uma história que fala justamente da decadência dos super-heróis?

Gibbons -
O fato é que eu e Alan nunca quisemos destruir os super-heróis, ou fazê-los parecer ruins ou bobos. Nós crescemos adorando super-heróis. Mas, à medida que fomos envelhecendo, o frustrante era que eles [os super-heróis] iam só até um ponto. Havia muitas perguntas que não haviam sido feitas. Então, na verdade, nós fizemos as perguntas que não tinham sido feitas, para tentar conhecê-los melhor. E, por lidar com personagens arquetípicos familiares aos leitores, podíamos fazer com que essas questões tivessem ecos na cabeça dos leitores com relação a outros personagens de quadrinhos que se encaixassem nos mesmos moldes deles. O deprimente é que, depois de "Watchmen", muitos criadores passaram a dizer que, dali em diante, a única forma de trabalhar com personagens fantasiados era criar esses heróis que fossem dark, cínicos, horripilantes. Mas essa não era a nossa ideia: estávamos apenas tentando mostrar um caminho possível a eles.

G1 - O livro "Os bastidores de 'Watchmen'" traz informações detalhadas sobre o seu processo de trabalho. Como a chegada do computador mudou tudo isso?

Gibbons -
Meu trabalho hoje é bem parecido com o que eu descrevo no livro: basicamente, é ler o roteiro, fazer desenhos ao telefone, trabalhar com as opções narrativas, fazer tudo se encaixar e, depois, os estágios de lápis e cores. E algumas dessas coisas ficaram muito mais fáceis com o computador. Adoro a flexibilidade que você ganha, pode reduzir as coisas, ampliar, espremer, girar... sem ter de redesenhá-las. Também a mecânica do dia-a-dia, de mandar roteiros e páginas de arte para serem aprovadas, ficou mais fácil. Quando estávamos fazendo "Watchmen", não tínhamos nem máquina de fax. Então, Alan tinha de fazer as páginas datilografadas do roteiro chegarem até mim, e isso levava um tempo que poderíamos ter economizado com o computador.

Mas uma coisa que agora é diferente é que, quando começamos a fazer "Watchmen", estávamos em uma bolha, fazíamos o que a gente queria fazer do jeito que a gente queria, sem muita referência externa. E o que percebo hoje é que, quando você está trabalhando em um quadrinho, assim que sai a primeira edição, imediatamente você tem um retorno na internet. É muito difícil não chegar até você. E você descobre que as pessoas são muito críticas com o que você faz, talvez porque não tenham a visão do todo ou porque que você tende a prestar atenção só às críticas negativas. Que são muito mais na internet. É muito mais fácil fazer um comentário cortante e esperto negativo, do que um positivo. E, mesmo que fossem incrivelmente positivos, acho que isso teria nos dado alguns problemas ao longo do caminho. A gente ia dizer: oh, meu Deus, todo mundo está esperando que isso seja tão bom, como a gente pode fazê-lo bom?

Outra coisa é que estávamos tão ocupados só em acabar que não tínhamos tempo para nos preocuparmos com como estávamos fazendo. Só tínhamos de fazer. Mas quando foi a vez de recolorir "Watchmen" [em 2005], aí foi muito bom ter o computador, poder mandar os arquivos para lá e para cá, entre eu, John Higgins e Nova York. Então, sim, eu realmente gosto de trazer o computador para meu trabalho. Eles têm o lado negativo, mas no geral são uma grande adição ao processo.

G1 - Você fala das possíveis críticas negativas, mas "Watchmen" teve exatamente o contrário: é considerado a bíblia contemporânea dos quadrinhos de super-heróis e foi a única HQ a entrar para a lista dos 100 melhores romances de todos os tempos feita pela revista "Time". Você concorda com isso? Se não, qual é a sua própria bíblia dos quadrinhos?

Gibbons -
(Ri, envergonhado) É tão difícil falar objetivamente sobre algo do qual você fez parte. Mas acho que faz tanto tempo que, hoje, consigo olhar como se tivesse sido desenhado por outra pessoa. E o fato é que "Watchmen", claramente, vendeu bem por quase um quarto de século, e não consigo ver essas vendas parando nunca. É uma daquelas obras que, quando as pessoas começam a se interessar por graphic novels - o que, ainda bem, continua a acontecer mais a cada dia - elas dizem: por onde começo, o que devo ler? E as pessoas nas lojas de quadrinhos talvez digam, leia "Watchmen". Acho que é uma introdução, porque lida com coisas adultas e complexas, mas o faz de uma forma bastante direta. Eu sempre quis que os desenhos fossem facilmente acessíveis. Não fizemos nada exagerado ou difícil de entender.

E sinto que ["Watchmen"] afetou o curso da indústria dos quadrinhos e, como um fã de longa data, me orgulho em ter deixado uma marca no setor que amo. É isso que penso: me sinto sortudo de ter estado no lugar certo, na hora certa, e do fato de eu e Alan estarmos na idade certa. Éramos ainda jovens e entusiasmados, mas tínhamos experiência suficiente para conseguir fazer o que queríamos tecnicamente. Então, acho que posso aceitar os elogios a "Watchmen". Mas fico impressionado por termos tido tanto, e que tenha continuado por tanto tempo.


Alguns testes de anatomia para o super-herói Dr. Manhattan (Foto: Reprodução)

G1 - Acha que precisamos de um "novo 'Watchmen'" para chacoalhar o mundo dos quadrinhos de novo?

Gibbons -
É sempre bom dar uma chacoalhada nas coisas, inovação é sempre bom e pode revitalizar as coisas que estão ficando um pouco moribundas. Acho que tem de tudo sendo feito nos quadrinhos agora, há escritores e artistas fantásticos trabalhando no meio e o nível é incrível se comparado ao que tínhamos na época, 25 anos atrás. Tenho certeza de que, quando algo aparecer, vai nos pegar a todos de surpresa. O difícil é prever essas coisas ou que forma elas vão tomar. Ainda que a economia esteja em um estágio terrível, acho que há muita criatividade e fôlego nos quadrinhos, mais até do que só super-heróis. E espero que atraiam mais fãs para as HQs e que o filme "Watchmen" leve as pessoas a comprarem mais graphic novels. Sou um otimista por natureza e me sinto bastante otimista pelos quadrinhos no futuro.

G1 - Tem seus autores favoritos?

Gibbons -
Tendo a seguir os trabalhos dos meus amigos, as coisas que Alan faz, Frank Miller, Mike Mignola. Não consigo ver muitas coisas porque estou sempre ocupado, mas li uma graphic novel outro dia chamada "Alan's War", do francês Emmanuel Guibert. É uma coisa autobiográfica sobre a Segunda Guerra Mundial de que gostei muito. Quem sabe quando toda essa loucura de "Watchmen" passar vou poder descer até a loja de quadrinhos e ver o que estava acontecendo enquanto eu estive rodando com esse circo itinerante.

G1 - Dois mil e oito, aliás, foi um bom ano para alguns artistas brasileiros. Conhece o trabalho dos brasileiros Gabriel Bá e Fábio Moon?

Gibbons -
  Sim, sim! E também há uma ligação com o "Watchmen" ali. Gerard Way, que escreve o "Umbrella Academy" [série com desenhos de Bá], é um grande fã de quadrinhos. E eles [o My Chemical Romance, banda de Gerard] fazem a música de encerramento do filme. Tenho uma certa familiaridade com esses caras. Mas me lembro o quão excitado eu fiquei quando descobri o que estava acontecendo nos quadrinhos no continente europeu. E certamente acho que temos um leitorado global hoje, não importa onde você more, com a internet, os grandes artistas do mundo todo, da Europa, da América do Sul, Ásia, conseguem ter seus trabalhos vistos em outros países. Fico feliz vendo essas pessoas disponibilizando seus trabalhos em todo o mundo. Acho que é o futuro.


Um dos poucos exemplos de páginas em que Gibbons amplia o tamanho dos quadros para dar maior impacto à cena. A estrutura rígida do grid de 9 quadros, porém, segue intacta. (Foto: Reprodução)

G1 - Última pergunta, que você já deve estar cansado de responder, mas continua relevante. Alan Moore já declarou milhares de vezes que é contra a realização de filmes baseados em sua obra. Você já falou com ele sobre "Watchmen"?

Gibbons -
A resposta curta é que Alan teve muitos problemas com Hollywood bem antes do filme de "Watchmen". Então, ele não queria ter nada mais a ver com isso, não queria seu nome no filme, nem nenhum dinheiro. E eu respeito completamente essa decisão, que não tem nada a ver com "Watchmen" e foi tomada por ele antes. Sinto muito que ele tenha ficado tão descontente e que não possa compartilhar do prazer que estou tendo. Porque eu tenho sido muito bem tratado e acho que o filme "Watchmen" é de longe a melhor versão hollywoodiana de seu trabalho até agora. Eu me dou bem com Alan, a gente troca cartões de Natal, ele sempre gosta de conversar comigo, só não quer conversar sobre "Watchmen". E é assim que tem sido por ora.

G1 - E ele cedeu mesmo os royalties do filme para você?

Gibbons -
Sim. Da mesma forma que os royalties do [filme] "V de vingança" foram cedidos a David Lloyd. Eu preferiria que ele estivesse satisfeito e que ficasse com o dinheiro, mas a decisão é dele e é isso que vai acontecer.

G1 - Acha que o dinheiro que o filme vai lhe trazer será maior do que ganhou com os quadrinhos de "Watchmen" até hoje?

Gibbons -
Não sei. Sei que, por exemplo, a família de Tolkien ainda não recebeu nada pela trilogia de "O senhor dos anéis". Porque, no papel, [o estúdio e distribuidores] não tiveram lucros. A ironia é que, provavelmente, a maior parte do dinheiro que eu e Alan vamos ganhar será do aumento das vendas da graphic novel. Nisso, obviamente, Alan participa. E isso me deixa feliz, porque Alan vai ganhar dinheiro e terá seu trabalho visto por centenas de milhares pessoas que não o conheciam antes.

http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1019636-7084,00-NUNCA+QUISEMOS+DESTRUIR+OS+SUPER+HEROIS+DIZ+DESENHISTA+DE+WATCHMEN.html

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Re: Watchmen
« Resposta #1 Online: 09 de Março de 2009, 15:52:24 »
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10 coisas que você não sabia sobre 'Watchmen'

A história por trás do 'smiley', o uso das cores, a capa desaparecida...
Livro 'Os bastidores de Watchmen' revela segredos por trás da HQ.



Acima, foto tirada pela Nasa mostra o desenho de um 'smiley' em solo marciano. A cena foi reproduzida em 'Watchmen' (abaixo). (Foto: Reprodução)

Escrita por Alan Moore - o rei das referências escondidas nos quadrinhos - e desenhada pelo perfeccionista Dave Gibbons, a graphic novel "Watchmen" vem sendo dissecada pelos fãs do gênero nas últimas duas décadas por conta de suas generosas entrelinhas e subtramas.

Em "Os bastidores de 'Watchmen'", livro lançado no Brasil este mês pela editora Aleph, Gibbons revela histórias curiosas, algumas praticamente desconhecidas, sobre a HQ.

Confira a seguir, uma lista das 10 coisas que você (provavelmente) ainda não sabia sobre "Watchmen":

1. O personagem Nite Owl - batizado simplesmente de Coruja, em português - foi uma das contribuições dadas pelo desenhista Dave Gibbons a Alan Moore. Quando tinha por volta de 14 anos, Gibbons criou um personagem chamado Night Owl e, mais tarde, achou que o herói funcionaria bem em "Watchmen". Alan acatou a sugestão, alterando apenas a grafia de Night (noite) para Nite (versão informal da mesma palavra, em inglês).

2. O broche amarelo com uma carinha sorridente - "smiley" - foi outra das sugestões de Gibbons para a história. A ideia surgiu quando estava criando o uniforme do Comediante e percebeu que o visual em couro e com uma máscara de criminoso o deixaria muito sério. Gibbons acabou desenhando o broche no peito do personagem, Moore gostou e acabou tornando-o um dos elementos centrais da graphic novel.

3. Uma das inspirações para o design do personagem Ozymandias foi o famoso cantor romântico espanhol Julio Iglesias. Outra referência para o visual do herói, de acordo com Gibbons, teria sido o ator de televisão britânico Barry Foster.

4. A paleta de cores secundárias adotada por John Higgins para colorir a minissérie tinha como objetivo distanciar "Watchmen" dos outros gibis de super-heróis que eram publicados na época, que faziam um uso marcante de vermelhos, amarelos e azuis.

5. O capítulo de "Watchmen" batizado de "Fearful symmetry" (Terrível simetria) traz exatamente o que o seu título diz: a divisão de quadros da primeira página é idêntica à da última página, a da segunda é igual à da penúltima e assim por diante. Para que o truque funcionasse, as páginas foram escritas e desenhadas sempre aos pares, de duas em duas.

6. O nome da empresa de fechaduras que aparece consertando a porta da frente de Daniel Dreiberg, Gordian Knot Lock Company (algo como Empresa de Fechaduras Nó Górdio), remete à fascinação do personagem Ozymandias pelo exemplo de raciocínio lateral de Alexandre, o Grande. A conexão surge mais tarde na HQ, em um painel pintado no QG de Ozymandias que traz uma imagem de Alexandre cortando o nó górdio com sua espada.

7. No capítulo em que Laurie Juspeczyk é transportada para Marte pelo Dr. Manhattan, o leitor pode ver um rosto sorridente na superfície rosada do planeta. A imagem não foi colocada ali ao acaso, mas inspirada em uma fotografia real divulgada pela Nasa em que as diferenças de relevo em uma porção específica do solo de Marte formavam um desenho que remete ao "smiley" usado na HQ.

8. O escritor britânico Neil Gaiman, autor da série de quadrinhos "Sandman", é um dos nomes citados nos agradecimentos de "Watchmen". Amigo pessoal dos criadores, Gaiman foi responsável por pesquisar as citações para os títulos dos capítulos da série.

9. As 12 imagens originais das capas de "Watchmen" foram arrematadas em um leilão por Gareb Shamus, criador da revista sobre quadrinhos "Wizard". De acordo com Gibbons, uma destas capas - a da edição nº 11 - estaria desaparecida atualmente. "Meu palpite é que ela pareceu branca demais em uma folheada rápida entre alguma pilha de papéis que ia para o lixo", sugere o desenhista.

10. A primeira versão de "Watchmen" lançada no Brasil em 1988 pela editora Abril poderia ter se chamado "Os vigilantes"; as pichações que aparecem nas paredes da cidade também seriam traduzidas para "Quem vigia os vigilantes". De acordo com o editor da revista na época, Leandro Luigi del Manto, isso não aconteceu "por pouco".

* Fonte: "Os bastidores de 'Watchmen'", de Dave Gibbons (ed. Aleph)

http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1020174-7084,00.html

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Watchmen: As influências científicas e filosóficas

O 100Grana convida o especialista Gian Danton para comentar sobre as bases conceituais da mais perturbadora obra de super-heróis já feita.

Por Gian Danton

Watchmen surgiu de um pedido que Dick Giordano, editor da DC Comics fez a Alan Moore. A editora do Super-Homem adquirira os direitos sobre os heróis da extinta Charlton Comics e a idéia era fazer uma minissérie em 12 partes com eles. Mas a proposta apresentada pelo roteirista era tão revolucionária que Giordano resolveu disassociá-la dos heróis da Charlton. Assim, entre outros, o Capitão Átomo tornou-se o Dr. Manhattan, o Pacificador tornou-se o Comediante e o Besouro Azul contentou-se com o título de Nite Owl, ou Coruja.



O enfoque básico de Watchmen partia de uma idéia que Moore já havia experimentado em Miracleman: o que aconteceria se os super-heróis realmente existissem?


Miracleman: outro grande trabalho de Moore

Moore havia pensado nessa possiblidade quando ainda era criança e lia as paródias do Super-Homem feitas por Harvey Kurtzman na revista Mad. Kurtzman usava o recurso para causar um efeito cômico, mas Moore pretendia, girando o parafuso, alcançar um efeito dramático.

Assim, Moore faz a pergunta: como seria um mundo sobre o qual os super-heróis realmente caminhassem? Como eles se relacionariam com os seres humanos normais, quais seriam suas angústias, que consequências isso teria?
Para responder a essas perguntas, Moore lançou mão de um dos princípios da teoria do caos: o efeito borboleta. Esse conceito foi elaborado a partir da grande dependência das condições iniciais apresentadas pelos fractais. A mudança de um único número pode transformar completamente o formato de um desenho fractal. A mesma regra vale para alguns eventos não lineares. Assim, o bater de asas de uma borboleta nas muralhas da China pode provocar uma tempestade em Nova York.

Moore transpôs o conceito para os quadrinhos. Se o bater de asas de uma borboleta pode ter consequências tão imprevistas, imagine-se o surgimento de super-heróis. Para Moore, o mundo jamais seria o mesmo. Com isso ele destruiu a ilusão de que deuses poderiam andar entre nós sem afetar radicalmente nosso cotidiano.
Até então, os avanços tecnológicos conseguidos pelos super-heróis não afetavam em absoluto o mundo em que viviam. Um exemplo disso são as histórias do Quarteto Fantástico, no qual apareciam foguetes estelares e computadores capazes de criar realidade virtual, mas essas mudanças não afetavam a vida das pessoas comuns.



O mundo de Watchmen que, até a década de 60 era semelhante ao nosso, transforma-se com o surgimento do primeiro herói com superpoderes de verdade: o Dr. Manhattan. Seu surgimento fez com que os EUA vencessem a guerra do Vietnã e, de certa forma, a Guerra Fria. O herói tornou possível a produção barata de carros elétricos, tornando os motores à combustão coisa do passado. Até mesmo nos detalhes a vida foi afetada, como na cena em que pessoas estão jantando um restaurante e o garçom serve um peru geneticamente modificado, com quatro patas.
É de se destacar que a própria transformação de Manhattan em um ser super-poderoso é provocado por um fato trivial: o esquecimento de um relógio numa câmara de campo intrínseco.

Essa nova perspectiva e a narrativa não-linear, repleta de flash-backs e de informações em variados níveis tornaram Watchmen a obra a mais revolucionária da época.

Vista sob a perspectiva dos anos 90, Watchmen destaca-se por ser uma obra nitidamente pós-moderna. Algumas características das obras pós-modernas podem ser facilmente encontradas na HQ. Entre elas o uso de formas gastas e da cultura de massas. Na época em que Watchmen foi publicada, a narrativa super-heroiesca parecia destinada ao desaparecimento.



A construção em abismo é outra característica que encaixa Watchmen no grupo de obras pós-modernas. A história inicia com uma trama básica, a respeito de um matador de mascarados, e, a partir dela, desmembram-se outras tramas. Como num fractal, à medida em que nos aprofundamos, a história vai nos revelando novas complexidades.
Temos ainda o uso de personagens reais (Nixon aparece na história), o pesadelo tecnológico (o mundo de Watchmen está à beira de uma guerra nuclear), o uso de citações e metalinguagem (um garoto lê, em uma banca de revistas, um gibi de piratas que pode ser considerado como uma metáfora de toda a história).
Mas a principal característica pós-moderna da história parece ser a mistura do sério com o divertido. Divertido porque Watchmen é uma história de super-heróis e, em certo sentido, policial, e guarda muitas características desses dois gêneros.

O caráter sério é a discussão sobre o mundo em que vivemos, sobre o que nos tornamos e sobre a ciência e a razão.
Um dos pontos-chave dessa discussão é o Dr. Manhattan que, graças a um acidente em um laboratório, torna-se onisciente e onipresente. Sua criação parte do princípio de que o universo é um relógio e que, sabendo-se como funcionam seus mecanismos, é possível prever sua trajetória. Essa noção do universo como um relógio remonta a Laplace, sendo uma promessa da filosofia das luzes do século XVIII. Acreditava-se que a natureza seguia regras fixas que podiam ser descobertas com o uso da razão, como no caso de um relógio.
A inteligência laplaciana seria onisciente, mas impotente para realizar alterações no mundo à sua volta. Uma vez que tudo é determinado, restaria a ela apenas um olhar entediado sobre o porvir, pois nada poderia ocorrer que não tivesse previsto.



A inteligência laplaciana, como uma metáfora da ciência clássica, é representada em Watchmen pelo personagem Dr. Manhattan. Manhattan é um ser superpoderoso, mas incapaz de tomar decisões que não estejam incluídas no curso dos acontecimentos. À certa altura o personagem diz: “Tudo é pré-ordenado, até minhas respostas. Todos somos marionetes, Laurie. A diferença é que eu vejo os barbantes”.
Manhattan vive uma sabedoria que, ao invés de libertá-lo, torna-o prisioneiro dos acontecimentos. Essa postura o exime de responsabilidades. Quando a Terra está ameaçada por uma guerra nuclear, ele não se preocupa em intervir, já que tudo está pré-ordenado. Ao ser informado da morte de um amigo, Manhattan responde simplesmente: “Um corpo vivo e um corpo morto têm o mesmo número de partículas. Estruturalmente não há diferença. Vida e morte são meras abstrações. Não me preocupo com isso”.



Em contraposição ao demônio Laplaciano, Moore cria Ozymandias, um herói que cria estratégias a partir do caos, como pode-se perceber na sequência em ele olha para mutitela e toma decisões.
Em frente à multitela, Ozimandias monta sua estratégia a partir das informações que recebe a respeito da velocidade das partículas que se aproximam da abertura. A partir da entropia inicial, Ozimandias consegue perceber uma forma, um padrão: “Homens musculosos portando armas… justaposição de violência e imagens infantis… desejo de regressão e tendência para subtrair responsabilidades… os itens configuram um quadro de guerra”.
É Ozymandias que nos brinda com um dos melhores momentos de Watchmen, quando Manhattan descobre que, por um momento, não pode prever o futuro. Privado de seu determinismo, ele parece extasiado como uma criança que descobre novidades num objeto que parecia completamente conhecido: “Eu quase havia me esquecido o excitamento de não saber, as delícias da incerteza…”.
Watchmen é muito mais que uma história em quadrinhos de super-heróis. Muito mais.

***Gian Danton é roteirista de quadrinhos desde 1989. É mestre em comunicação científica pela Universidade Metodista de São Paulo e professor universitário em Macapá. É autor do livro Watchmen e a teoria do caos. Visite o seu blog, Idéias de Jeca-Tatu.

http://100grana.wordpress.com/2009/03/09/watchmen-as-influencias-cientificas-e-filosoficas/

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Offline N3RD

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Re: Watchmen
« Resposta #2 Online: 10 de Março de 2009, 16:57:29 »
Este final de semana eu vou no cine, estou enrolando faz tempo e vou ver este filme mesmo.
Não deseje.

Offline tungah

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Re: Watchmen
« Resposta #3 Online: 06 de Abril de 2009, 02:37:49 »
Caro Unknown,
Só tenho uma coisa a dizer:
 :clapping: :louva:
(Tá bom, tá bom, foram duas coisas, mas achei que a carinha clapping também era merecida :D)
Seria exagero pedir para a administração um Stiky pra esse post?

N3RD, o filme é irado! Recomendo! :ok:
« Última modificação: 06 de Abril de 2009, 02:41:22 por tungah »
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Offline tungah

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Re: Watchmen
« Resposta #4 Online: 07 de Abril de 2009, 01:21:51 »
 :histeria: :histeria: :histeria:

<a href="http://www.youtube.com/v/AqRrpzPcNfs" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/AqRrpzPcNfs</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/1n3VSw1XBOo" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/1n3VSw1XBOo</a>
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Offline tungah

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Re: Watchmen
« Resposta #5 Online: 16 de Abril de 2009, 02:56:05 »
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Offline Ônix.

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Watchman - O Filme
« Resposta #6 Online: 17 de Janeiro de 2010, 02:20:51 »
Bem! Eu realmente o considero "O Filme"!

Na verdade eu nem conhecia nem jamais tinha ouvido falar de Watchman. Foi num cinema local que vi o cartaz anunciando a estreia. Mas que ridículo! Comentei com meu filho e com minha esposa. Mas como sou muitíssimo curioso, resolvi ver "aquela porcaria" só para poder comentar, caso alguém puxasse o assunto. Havia meia dúzia de "gato pingado' no cinema (meu filho e minha esposa acabaram resolvendo andar pelo shopping). Ao sair do cinema, minha mente fervilhava. Eu não tinha palavras. Até então, considerava o "Era Uma Vez No Oeste", como o melhor filme de todos os tempos, apesar de odiar o gênero. Mas depois de assistir "Watchman"...

Como pode, uma verdadeira obra de arte, que é o filme, em todos os seus aspectos, sequer ter sido indicado a pelo menos um Globo de Ouro?

Se você é do tipo que curte bons fimes e os assiste como crítico e não apenas como um mero espectador, assista "Watchman. O Filme". Está em cartaz no Cine Sky. Depois me diga o que achou.
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Offline Barata Tenno

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Re: Watchman - O Filme
« Resposta #7 Online: 17 de Janeiro de 2010, 11:20:52 »
Prefiro o gibi....
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Offline Moro

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Re: Watchman - O Filme
« Resposta #8 Online: 17 de Janeiro de 2010, 14:12:23 »
gostei do filme também... minha esposa dormiu
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Offline Ônix.

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Re: Watchman - O Filme
« Resposta #9 Online: 17 de Janeiro de 2010, 14:48:13 »
Esse é o grande problema de quem assiste o filme já tendo lido a HQ, o que não foi o meu caso.

Segundo eu pude entender, o telespectador, ao invés de entrar na realidade da trama e deixar fluir, passa todo o tempo comparando-a com a série nos gibis. Para mim, foi como comer chocolate pela primeira vez. Estou comendo até agora. Mas para os leitores da HQ é como se estivessem comendo um chocolate, comparando-o com o que haviam comido antes.

Imagino que a HQ deve ser mesmo uma verdadeira obra prima. Mas, como encaixar 21 gibis em duas horas e meia de filme sem que o resultado fique massante? Para vermos o quanto o diretor do "300" foi genial, basta compararmos o "Watchman. O Filme" ao "Dragon Ball. O Filme", que para mim e, eu acredito que para a maioria dos fãs do desenho mais maneiro de todos os tempos, dividindo espaço com "Cavaleiros do Zodíaco" e "Caverna do Dragão", foi um verdadeiro fiasco.

É preciso saber separar uma coisa da outra. "Batman. O Cavaleiro das Trevas", segundo muitos leitores de HQ, o melhor roteiro de todos os tempos, apesar da maioria ter Watchman como a Bíblia dos quadrinhos, não fosse a brilhante atuação do ator que interpretou o coringa, também teria sido um fiasco. Assisti ao filme diversas vezes e pude constatar que o Coringa foi o Sassá Mutema da trama.

Não li a HQ e, já que que assisti ao filme, prefiro não ler, justamente para não entrar em conflito.
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Offline Sr. Alguém

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Re: Watchman - O Filme
« Resposta #10 Online: 17 de Janeiro de 2010, 15:35:51 »
Bem, é Watchmen, no plural.
A Graffic Novel é composta de 12 revistas.Basicamente é a mesma história, aliás o diretor usou algumas revistas como Storyboard.
Pra mim o principal erro da adaptação para o cinema foi terem feito os mascarados praticamente indestrutíveis.Eles praticamente anulam a lei da gravidade, dando saltos inacreditáveis.O charme da HQ é justamente o modo realista com que trata os personagens.A unica excessão é, obviamente, o Dr. Manhattan.Mas concordo que é realmente um dos melhores filmes sobre super heróis já feito.
Se você acha que sua crença é baseada na razão, você a defenderá com argumentos e não pela força e renunciará a ela se seus argumentos se mostrarem inválidos. (Bertrand Russell)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo_secular
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Re: Watchman - O Filme
« Resposta #11 Online: 17 de Janeiro de 2010, 16:24:02 »
Bem, é Watchmen, no plural.
A Graffic Novel é composta de 12 revistas.Basicamente é a mesma história, aliás o diretor usou algumas revistas como Storyboard.
Pra mim o principal erro da adaptação para o cinema foi terem feito os mascarados praticamente indestrutíveis.Eles praticamente anulam a lei da gravidade, dando saltos inacreditáveis.O charme da HQ é justamente o modo realista com que trata os personagens.A unica excessão é, obviamente, o Dr. Manhattan.Mas concordo que é realmente um dos melhores filmes sobre super heróis já feito.

Valeu pela observação. Não tinha atentado para esses detalhes. Você tem razão no que se refere aos saltos fantásticos. O Adrian dá alguns saltos realmente exagerados. Sem mencionar a facilidade com que ele ergue o Comediante e o atira contra a janela. Contudo, como se eu estivesse conectado ao diretor, entendo o porque dele ter apelado um pouquinho. As cenas ficaram extraordinárias, o que não aconteceria se tivesse seguido o script ao pé da letra. Quanto a cena dele parando a bala com a mão, talvez fosse possível, já que ele usava uma luva especial. Além do mais, alguns atletas conseguem saltos de deixar qualquer um boquiaberto, sem contar que, com o devido treinamento, até mesmo eu, que sou magrinho, conseguiria erguer um saco de cimento sem muita dificuldade. No caso do Adrian Veidt, ele era um exímio atleta, além do cara mais inteligente do mundo. Talvez usasse de esteroides ou coisas ainda mais eficazes. Vai saber!

Para mim, o melhor filme de super heróis foi o "Homem Aranha 2". Considero o Watchman como o melhor filme de todos os tempos, devido a uma série de fatores. A nostalgia dos primeiros instantes, seguido de pura adrenalina sob aquela trilha sonora é, simplesmente formidável. Então, a cena do Ed caindo com a carinha feliz como que se o estivesse seguindo... As tomadas, as tiradas; os diálogos; a narrativa de Rorscharch; os efeitos sonoros; os efeitos especiais; todo o período entre Dan levando Laurie ao o taxi até o Comediante caindo, visto de baixo (luzes... cortinas...).

Uma outra questão, refere-se ao roteiro. Dizem que o roteiro de Watchman é a Bíblia dos quadrinhos. Para mim, é o roteiro mais bem bolado de todos os tempos, sobretudo porque acaba deixando o leitor ou o telespectador completamente atônito, em seu desfecho. Adrian teria sido a maior vilão já criado pela mente humana, pior até mesmo que Hitler. Ao mesmo tempo, teria sido o maior herói de todos os tempos, salvando o mundo de um holocausto nuclear que dizimaria a raça humana. E Rorscharch, protagonista da trama, que ao morrer daquela forma deixou todo mundo revoltadíssimo, na verdade, teria sido o grande vilão-inocente. Seu diário incriminaria o Adrian e, muito provavelmente, o mundo voltaria a ficar a beira de uma guerra nuclear. Só que dessa vez, não haveria remédio. 

Não tenho mais palavras.  
« Última modificação: 17 de Janeiro de 2010, 16:34:32 por MONTE CASTELO »
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Re: Watchman - O Filme
« Resposta #12 Online: 17 de Janeiro de 2010, 16:38:30 »
Eles chegam a comentar tanto no gibi como no filme que o Comediante tinha "físico de halterofilista" quando morreu. Acho que no gibi ele também dava saltos incríveis, mas o estilo de desenho da época não deixava claro esse tipo de coisa.

Esse é o grande problema de quem assiste o filme já tendo lido a HQ, o que não foi o meu caso.

Segundo eu pude entender, o telespectador, ao invés de entrar na realidade da trama e deixar fluir, passa todo o tempo comparando-a com a série nos gibis. Para mim, foi como comer chocolate pela primeira vez. Estou comendo até agora. Mas para os leitores da HQ é como se estivessem comendo um chocolate, comparando-o com o que haviam comido antes.

Imagino que a HQ deve ser mesmo uma verdadeira obra prima. Mas, como encaixar 21 gibis em duas horas e meia de filme sem que o resultado fique massante? Para vermos o quanto o diretor do "300" foi genial, basta compararmos o "Watchman. O Filme" ao "Dragon Ball. O Filme", que para mim e, eu acredito que para a maioria dos fãs do desenho mais maneiro de todos os tempos, dividindo espaço com "Cavaleiros do Zodíaco" e "Caverna do Dragão", foi um verdadeiro fiasco.

É preciso saber separar uma coisa da outra. "Batman. O Cavaleiro das Trevas", segundo muitos leitores de HQ, o melhor roteiro de todos os tempos, apesar da maioria ter Watchman como a Bíblia dos quadrinhos, não fosse a brilhante atuação do ator que interpretou o coringa, também teria sido um fiasco. Assisti ao filme diversas vezes e pude constatar que o Coringa foi o Sassá Mutema da trama.

Não li a HQ e, já que que assisti ao filme, prefiro não ler, justamente para não entrar em conflito.
SPOILER ALERT!!

Esses fãs são loucos. Eu vi o gibi depois de ver o filme, e sinceramente, é MUITO fiel.

Na verdade, é uma reconstrução das cenas do gibi, como se o gibi fosse um story-board do filme.

O gibi tem 12 volumes, mas gibis americanos não tem muitas páginas, tem só 30 páginas por volume. Basicamente ficam 3 páginas por minuto, o que é um timing muito bom.

As diferenças durante a história são mínimas. Eles cortaram umas história no gibi sobre um jornaleiro que eram "off-topic". E fizeram mudanças do gênero: no filme Rorschach enfia uma faca na cabeça do estuprador que deu a menina para os cachorros, enquanto no gibi ele incendeia a casa com o sujeito dentro.

Aqui eu selecionei umas páginas para você ver bem a semelhança com o gibi:
    


A diferença principal, obviamente, é que originalmente eles não lançavam uma bomba-atômica na cidade, e sim largavam uma lula gigante de outra dimensão. E fica evidente que as mudanças foram feitas para que quem não conhece o gibi não se perdesse na história psicodélica do gibi.

SPOILER ALERT!!

Offline Sr. Alguém

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Re: Watchman - O Filme
« Resposta #13 Online: 17 de Janeiro de 2010, 17:20:47 »
SPOILER

Realmente a cena final de Rorschach gera um dilema no leitor/espectador.Não havia como fazê-lo mudar de idéia e deixá-lo ir e contar ao mundo todo os planos de Veidt só colocaria tudo a perder.
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Re: Watchman - O Filme
« Resposta #14 Online: 17 de Janeiro de 2010, 17:48:46 »
SPOILER

Realmente a cena final de Rorschach gera um dilema no leitor/espectador.Não havia como fazê-lo mudar de idéia e deixá-lo ir e contar ao mundo todo os planos de Veidt só colocaria tudo a perder.
Exatamente! Colocaria tudo a perder. Mas Rorscharch nem precisava se preocupar com isso, já que seu diário, com revelações bombásticas, que viria a cair nas mãos de um editor de jornal, acabaria levando Adrian a um interrogatório, o que já seria escândalo suficiente para que logo se concluísse que Dr. Manhattan nada tinha haver com tudo aquilo. Nesse caso, não demoraria muito para que os ânimos das super potência esquentassem. 
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Offline Unknown

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Re: Watchmen
« Resposta #15 Online: 17 de Janeiro de 2010, 17:58:08 »
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Offline Ônix.

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Re: Watchmen
« Resposta #16 Online: 17 de Janeiro de 2010, 23:19:25 »
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Ótimo! Não sabia da existência do outro. Valeu!
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Re:Watchmen
« Resposta #17 Online: 21 de Agosto de 2014, 03:28:10 »
Na minha opinião o melhor filme de super- heróis, o mais próximo que um filme chegou de mostrar como seriam os super- heróis no mundo real.
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Offline Derfel

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Re:Watchmen
« Resposta #18 Online: 21 de Agosto de 2014, 09:25:45 »
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Offline Rocky Joe

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« Resposta #19 Online: 21 de Agosto de 2014, 10:28:48 »
Um amigo tem uma leitura engraçada de Watchmen, ele considera que todos os personagens são estereótipos de direita, e o livro é um comentário sobre o tipo psicológico usual de conservadores.

Eu pessoalmente o que mais acho interessante é o clima de guerra fria que os quadrinhos conseguem passar, você fica à flor da pele, pensando que a qualquer momento pode cair uma bomba atômica.

Sobre o filme: o que gostei foi o uso de algumas músicas, de resto, não há motivo para ver o filme se você já leu o quadrinho, e o filme o perverte em alguns pontos (nas cenas de ação, por ex).

Offline Lorentz

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Re:Watchmen
« Resposta #20 Online: 21 de Agosto de 2014, 11:07:43 »
Um amigo tem uma leitura engraçada de Watchmen, ele considera que todos os personagens são estereótipos de direita, e o livro é um comentário sobre o tipo psicológico usual de conservadores.

Eu pessoalmente o que mais acho interessante é o clima de guerra fria que os quadrinhos conseguem passar, você fica à flor da pele, pensando que a qualquer momento pode cair uma bomba atômica.

Sobre o filme: o que gostei foi o uso de algumas músicas, de resto, não há motivo para ver o filme se você já leu o quadrinho, e o filme o perverte em alguns pontos (nas cenas de ação, por ex).

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Offline Rocky Joe

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Re:Watchmen
« Resposta #21 Online: 21 de Agosto de 2014, 11:12:53 »
Yup.

Offline Sr. Alguém

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Re:Watchmen
« Resposta #22 Online: 26 de Agosto de 2014, 20:15:51 »
Reportagem da Folha de São Paulo sobre o lançamento da Graffic Novel no Brasil em 1988

http://www.motoca.net/motoca/edicao_luxo/watchmen_ilustrada_1988.jpg
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Offline Rocky Joe

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Re:Watchmen
« Resposta #23 Online: 26 de Agosto de 2014, 20:47:35 »
Uma boa matéria para 1988! Um pouco depois que eu nasci. :P

Não se é mais geek como antigamente.

(É curioso a falta de menção ao mangá ao falar de quadrinho em geral, mas em 1988, é mais que justificado.)

 

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