O pecado original (desobediência), combinado com o livre arbítrio, serve unicamente para justificar toda desgraça que há no mundo e, ao mesmo tempo, responsabilizar o homem por ela. Em suma, é uma forma de isentar Deus dos males do mundo, jogando toda a culpa no homem.
Mas vamos pensar um pouco. O próprio mito de criação contido no Gêneses afirma que antes do cometimento do pecado original, o homem não possuía a noção do bem e do mal. Segundo esse mito, foi somente depois que o homem comeu do fruto do conhecimento que ele passou a ter essa consciência.
Logo, antes disso o homem não tinha capacidade alguma de fazer qualquer juízo de valor acerca do que quer que fosse. Nessa condição era incapaz de entender o caráter negativo ou positivo de seus atos.
Mas Deus, mesmo sabendo da condição humana de inocência, acaba colocando uma árvore no meio do jardim e proibindo o homem de comer do fruto dessa árvore, sob pena de assim fazendo, morrer. Só que não sendo capaz de formular qualquer juízo de valor, o homem não poderia saber que a desobediência é algo negativo, tão pouco que a morte é algo negativo. Em um cenário como esse, a proibição divina não teria valor nenhum. Um proibição de faz de conta pra tentar livrar a cara da grande sacanagem que armara para a humanidade.
Pense bem, como poderia o homem, nesta condição, ser responsabilizado por alguma coisa? Se fossem julgados pelo direito moderno, Adão e Eva seriam considerados inimputáveis e, dessa forma, isentos de pena.
Mas, como gostam de proclamar os próprios religiosos, a justiça de Deus não é a justiça dos homens e ele, na sua suprema sabedoria, resolve punir, não só dois inocentes, mas toda a humanidade por todo o tempo do mundo e ainda culpar o próprio homem por isso.
Seria mais ou menos como alguém dar veneno a uma criança de um ano e achar que, por tê-la advertido dos males de sua ingestão, ficará isento de qualquer culpa, mas não só isso, que a culpa será da própria criança caso essa venha a ingerir o veneno. E todos sabemos que quem faz uma coisa dessas tem total consciência (nos caso de Deus presciência

) que a criança inevitavelmente ingerirá a substância mortal.
Carinha sacana esse Javé, né não?
