Autor Tópico: Revista Época - "A Fé Que Faz Bem À Saúde".  (Lida 735 vezes)

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Offline BetinhOzinhO

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Revista Época - "A Fé Que Faz Bem À Saúde".
« Online: 22 de Março de 2009, 22:36:48 »
Chegou hoje aqui em casa a Época da semana, a capa é "A fé que faz bem à saúde - novos estudos revelam que nosso cérebro nasceu programado para acreditar em Deus - e isso nos ajuda a viver mais e melhor"!

Não sei se vou ter saco de ler o artigo, mas já folheei e tem um cara que diz que quem nunca praticou nenhuma religião tem não sei quantas vezes, acho que duas vezes, mais chances de morrer nos próximos oito anos do que quem o faz uma vez por semana????

Como assiiiiiiiiiiiiimmmmmm...

Antes de mim: http://rv.cnt.br/viewtopic.php?f=1&t=18761
O GOOGLE NÃO É SEU AMIGO! HAHAHAHHOHOHOHO! http://www.google-watch.org/

Offline calvino

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Re: Revista Época - "A Fé Que Faz Bem À Saúde".
« Resposta #1 Online: 22 de Março de 2009, 22:45:24 »
por isso venham todos à minha igreja e não esqueçam dos dízimos! :biglol:
"Se a moralidade representa o modo como gostaríamos que o mundo funcionasse, a economia representa o modo como ele realmente funciona" Freakonomics.

Offline Penny Lane

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Re: Revista Época - "A Fé Que Faz Bem À Saúde".
« Resposta #2 Online: 22 de Março de 2009, 23:37:05 »
O Betinhozinho ainda existe também?!
Grandes nomes que não se perdem :D
::)

Offline BetinhOzinhO

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Re: Revista Época - "A Fé Que Faz Bem À Saúde".
« Resposta #3 Online: 28 de Março de 2009, 19:10:09 »
É...

Vejam, Daniel Sottomaior expõe comentários de outra pessoa sobre uma pesquisa com uma conclusão tipo essa que eu falei no tópico e sobre como os pesquisadores podem ser safados:

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=79090753&tid=5315011729468819869

Citar
Pesquisa sobre religiosidade e ateísmo

Postado em www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=13712500&tid=5314202574809954409 por Alexey (www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=17481216962264782759 )
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O relato abaixo é muito pertinente para ilustrar como algumas pesquisas já nascem comprometidas com uma ideologia panfletária e terminam, por conta disso, viciadas.

Dois anos atrás, fui assistir à apresentação de pesquisas de iniciação científica financiadas pelo CNPq, realizadas por várias faculdades. Era um encontro apenas de apresentação de pesquisas, e cada pessoa ou grupo tinha até meia hora para realizar uma exposição oral.

Uma das pesquisas me chamou a atenção, por seu título: "Demonstrando a relação entre a boa saúde de idosos e a fé religiosa". A pesquisa era orientada por uma psicóloga e uma médica, e estava sendo realizada por três estudantes de um curso de Psicologia.

O grupo fez pesquisa de campo [um tipo específico de pesquisa], entrevistou e acompanhou centenas de pessoas, todas com mais de 60 anos. Dois tipos de pessoas foram avaliados:

Tipo 1: idosos com grande fé numa determinada religião [variadas: católicos, evangélicos, espíritas, hare krishnas]. A condição era a de que a pessoa avaliada não seria apenas alguém que se diz religioso, mas alguém que pratica efetivamente uma dada religião, se envolve profundamente com o tema.

Tipo 2: idosos declaradamente ateus ou agnósticos, desvinculados de qualquer grupo religioso.

Ficou demonstrado, após rigoroso check up médico, o seguinte:

TAXA DE HIPERTENSÃO - alta nos ateus idosos; regular e baixa nos religiosos idosos.
DEPRESSÃO - média incidência nos ateus idosos; baixa nos religiosos idosos.
MALES CARDÍACOS - alta incidência nos ateus idosos; baixa incidência nos religiosos idosos.

Tudo isso, exposto em gráficos impressionantes, tudo bem detalhadinho.

Eles falaram, e falaram, demonstrando [e concluindo] o seguinte: ter fé religiosa melhora a saúde.

Diante dos dados, realmente era algo indiscutível. A platéia ficou hipnotizada.

Só que eu notei uma coisa estranha: nos gráficos apresentados, havia QUATRO curvas, mas eles só estavam falando de TRÊS delas. Uma curva estava sendo supinamente ignorada. Como era uma curva muito acentuada no grupo dos idosos religiosos e muito baixa nos ateus idosos, eu perguntei: que curva é aquela, sobre a qual vocês não falaram nada?

A psicóloga piscou os olhos e deu uma gaguejada. Vejam: não estou falando dos alunos, estou falando da ORIENTADORA.

Uma das alunas "confessou": é a curva da DIABETES.

O gráfico ilustrava o seguinte:

DIABETES - baixa incidência nos ateus idosos; altÍSSIMA nos religiosos idosos.

Ainda assim, podemos argumentar o seguinte: se entre 4 doenças avaliadas, 3 são minoradas ou extintas em grupos religiosos e apenas 1 é minorada quase à extinção em grupos de ateus, é mais vantajoso ser religioso do que ateu. Esta seria uma conclusão possível, o problema é que seria a conclusão... errada!

Explico porque é errada, e inclusive isso foi admitido pelas orientadoras que, sem graça, se viram envolvidas numa discussão com várias pessoas da platéia que também identificaram o erro da conclusão:

Se é razoável inferir que a fé religiosa melhora a saúde, porque o quadro de diabetes era tão alto?

Eis que outro professor de Psicologia aventou OUTRA hipótese, bastante razoável:

O comportamento religioso é agregador, congregador. Uma pessoa religiosa de idade avançada tem acesso a muitos eventos, participação em grupos, tem uma interação social imensa.

O ateísmo e o agnosticismo não envolvem, por si mesmos, reuniões, congregações, nem grande interação social. As pessoas se juntam porque crêem em algo, mas dificilmente irão se juntar porque descrêem.

Até porque, se eu descreio, este pode ser o único ponto em comum que tenho com outra pessoa. A outra pessoa pode ser igualmente atéia, mas não ter nada em comum comigo, a não ser a descrença.

Resultado: é natural que, diante de uma vida social mais ativa e feliz, a taxa de hipertensão, depressão e males cardíacos seja baixa. Um ateu solitário seria mais predisposto a estas doenças.

Contudo, essas reuniões sociais, festas e congregações envolvem, geralmente, um consumo enorme de açúcar, incompatível com o organismo de uma pessoa mais fragilizada. Isso é verdade. Hare Krishnas, por exemplo, não comem carne, mas se entopem de açúcares e doces. Eu tenho uma tia freira que vive envolvida com festinhas e eventos em que o alimento básico é brigadeiro e coca-cola. Não é à toa que a diabetes deu tão alta.

Uma conclusão bastante razoável [não obstante seja a conclusão menos interessante para os interesses religiosos] é que UMA VIDA SOCIAL ATIVA protege o organismo de idosos contra doenças, ao mesmo tempo em que expõe o idoso a um risco maior de diabetes [que pode ser minorado, com orientações adequadas sobre alimentação].

Ficou sugerido, então, que o grupo entrevistasse um tipo específico de ateu: aquele que, por um motivo qualquer, tem uma vida social ativa. Mas - e isso é de pasmar - o grupo se recusou a considerar isso na pesquisa. Eles NÃO QUERIAM confrontar a pesquisa. Alegaram que "não tinham tempo" pra isso.

Outro grupo, então, um pouquinho mais comprometido com a verdade e não com interesses particulares, entrevistou 50 ateus que eram envolvidos em causas sociais: greenpeace, orfanatos, etc.

Adivinhem? Os resultados apresentados eram OS MESMOS dos gráficos dos idosos religiosos. Taxa de problemas cardíacos baixa, taxa quase nula de hipertensão, depressão beirando o zero.

Só que rolou uma surpresa adicional: a taxa de diabetes deu igualmente baixa.

Ora, isso não é de todo uma surpresa. Pesquisas que associam graus de instrução e escolaridade a grupos demonstram que a larga maioria dos ateus tem terceiro grau completo no mínimo. Já nos grupos religiosos, a maioria apresenta no máximo um segundo grau incompleto. Tirando o fato de que existem pesquisas que demonstram que ateus têm um quociente intelectual muito maior do que o normal [não é isso o que interessa aqui], é geralmente evidente que pessoas mais instruídas tenham melhor noção de hábitos alimentares e comam melhor. Essas pessoas mais instruídas podem ser atéias ou religiosas. O fato é: quem é bem instruído, tende a se alimentar com mais correção, não importa se crê em Deus, Afrodite ou no Minotauro. E quem mantém uma vida social ativa e feliz tende menos a determinadas doenças.

Eu trouxe esse caso, porque ele me chamou a atenção em várias coisas:

1. Metodologia adequada, mas conclusão precipitada, que atendia à empolgação emocional e interesses filosóficos pessoais dos orientadores. Eles eram católicos.

2. Impressionante demonstração de desonestidade intelectual, não sei se proposital ou inconsciente. Afinal, porque eles não falaram do gráfico da diabetes? Só falaram porque eu perguntei, e o fizeram com uma cara de evidente contragosto.

3. Recusa tácita em lidar com contestações à pesquisa. Eles não estavam em busca da verdade. Eles estavam apenas usando o financiamento do CNPq pra "comprovar" uma teoria que eles JÁ TINHAM COMO CERTEZA na mente deles.

4. Excessivo comprometimento emocional que obliterou a clareza do raciocínio.
« Última modificação: 28 de Março de 2009, 19:12:47 por BetinhOzinhO »
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