Autor Tópico: Exemplo Clássico (parte I e II)  (Lida 307 vezes)

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Rhyan

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Exemplo Clássico (parte I e II)
« Online: 24 de Março de 2009, 00:41:27 »
Exemplo Clássico




Por Leandro Roque




A atual crise financeira americana ilustra de modo tão claro as conseqüências das distorções que o estado provoca na economia que ela deveria figurar em todos os livros-texto.

Vejamos.

Em 2001/2002, os EUA estavam em uma leve recessão provocada pelo estouro da bolha da NASDAQ, pelo 11 de setembro e pelo colapso da Enron.

O que fez então o Federal Reserve para tentar evitar a recessão?

(Adendo: os governos, em todos os lugares, sempre partem do princípio de que recessões são coisas infaustas que devem ser evitadas a todo custo - quando, na verdade, recessões nada mais são do que desejáveis correções em uma economia que foi artificialmente inflada por injeções monetárias do banco central).

Repetindo: o que fez então o Federal Reserve para tentar evitar a recessão?

Ele trocou o toner da sua impressora e colocou-a em plena atividade. Tudo parte daquela velha ilusão keynesiana de que basta imprimir dinheiro e toda a riqueza será criada. Dali em diante a impressora nunca mais foi desligada.

Em dezembro de 2001, a base monetária era de 605 bilhões de dólares. http://research.stlouisfed.org/publications/usfd/20011227/usfd.pdf (página 2)

Em agosto de 2007, ela já era de 860 bilhões de dólares. http://research.stlouisfed.org/publications/usfd/page3.pdf

Um aumento de 42%.


Em termos de M1, o aumento foi de 24,5%:

 


Em termos de M2, o aumento foi de 46%:







Em termos de MZM (Money of Zero Maturity - Dinheiro de Maturidade Zero; é uma medida da oferta monetária criada nos anos 1990. É igual ao M2, menos os depósitos a prazo, mais todo o dinheiro em fundos mútuos que investem em dívidas de curto prazo. Inclui todos os tipos de instrumentos financeiros que podem ser facilmente convertidos em dinheiro sem penalizações e sem riscos de perdas de capital. Em resumo: ele mede a quantidade de dinheiro que está imediatamente disponível na economia para gasto e consumo), o aumento foi de 64,5%:








Porém, a inflação de preços, em todo esse período, foi de 17%.   (http://www.measuringworth.com/inflation/#)



Mesmo sabendo que as estatísticas do governo americano não incluem alimentação, energia e imóveis em seus cálculos de inflação, por considerarem que esses itens têm preços muito voláteis - o que por si só já mascara em muito a inflação real -, ainda assim é válido perguntar: por que todo o aumento da oferta monetária não se transmutou em aumentos de preços?

Resposta: porque boa parte desse dinheiro não vai direto para a "economia real"; a maior parte é aplicada em modismos, como bolsa de valores e imóveis. E foi justamente nessas áreas que vimos o surgimento de bolhas insustentáveis.

A Teoria Austríaca explica que o aumento indiscriminado da base monetária - que conseqüentemente causa o aumento dos agregados monetários M1, M2, M3 E MZM - irá causar inflação de preços, investimentos errôneos e, finalmente, ciclos econômicos.

E foi exatamente esse tipo de distorção monetária criada pelo governo americano que gerou a febre imobiliária. Como previsto.

E como se não bastasse esse descontrole monetário, o governo ainda criou leis populistas que obrigavam os bancos a conceder financiamentos a pessoas sem qualquer condição financeira e/ou com histórico creditício duvidoso (ver mais aqui) - uma insensatez típica do ideal americano que proclama que ser dono de um imóvel é um direito natural.

Deu no que deu - e não tinha como dar algo diferente.

E o que fazer agora?

Nada. Absolutamente nada. Apenas deixar que o mercado encontre sozinho a solução.

Infelizmente, não foi essa a opção do governo americano. Lembre-se que toda a crise (o estouro da bolha) começou no final de julho de 2007 e, desde então, o governo americano só fez intervir, crente de que assim poderia resolver a situação. Ele já patrocinou a compra do Bear Stearns pelo JP Morgan Chase, criou um programa de devolução de dinheiro de impostos (tax rebates), encampou as semi-estatais Fannie Mae e Freddie Mac, emprestou $85 bilhões para a AIG, criou linhas de crédito direto para o Tesouro, inventou instrumentos bizarros de auxílio através do Fed (ver mais aqui), e agora vem tentando aprovar esse pacote de $700 bilhões de dólares para salvar seus camaradas das finanças. Já temos mais de um ano de intervenções diretas.

Isso ajudou a melhorar a crise? Não. Ao contrário, piorou.

F.A. Hayek ganhou o Prêmio Nobel por ter demonstrado que é a manipulação arbitrária dos juros por parte do banco central que cria os ciclos econômicos. Em 1932, no auge da Grande Depressão, ele fez a seguinte descrição a respeito das estúpidas políticas monetárias que estavam sendo implementadas naquela época:

"Ao invés de facilitar a inevitável liquidação dos investimentos errôneos que foram induzidos pela expansão econômica dos últimos três anos, todos os meios imagináveis têm sido utilizados para impedir que o processo de reajustamento ocorra; e um desses meios - que tem sido repetidamente tentado, ainda que sem sucesso, desde os primórdios até os mais recentes estágios da depressão - é justamente a política da expansão deliberada do crédito...

"Combater a depressão por meio de uma forçosa expansão do crédito é tentar curar o mal fazendo uso do próprio meio que o criou; por estarmos sofrendo de uma crise oriunda de uma má alocação da produção, estamos querendo criar ainda mais más alocações - um procedimento que servirá apenas para levar a uma crise muito mais severa assim que a expansão creditícia acabar.... É provavelmente por causa desse experimento, bem como por causa das tentativas de se impedir quebradeiras logo que a crise surgiu, que estamos vivenciando uma depressão de duração e severidade excepcionais."


Parece até que Hayek deu essa palestra recentemente.

A idéia por trás desse pacote de $700 bilhões que o governo americano insiste em querer aprovar pode ser perfeitamente resumida da seguinte forma: tirar dinheiro de pessoas que fizeram bons investimentos e dar esse dinheiro para pessoas que fizeram maus investimentos na esperança de que essas pessoas que fizeram maus investimentos irão fazer bons investimentos no futuro e que as pessoas que fizeram bons investimentos irão continuar fazendo bons investimentos ainda que elas tenham menos dinheiro para tal.

Nessa mesma linha, quando perguntado o que pensava sobre a idéia de o governo socorrer os mutuários afundados em toda sorte de dívidas, Ron Paul, inspirando-se em Bastiat, respondeu:

"Se eles gastaram mais dinheiro do que tinham e agora não estão conseguindo pagar suas dívidas, restam-lhes duas opções: ou eles cortam gastos e trabalham mais para quitar suas dívidas, ou, se necessário, entram com pedido de concordata. Mas eles não têm o direito de requerer que outras pessoas paguem a conta, pessoas essas que podem ser bem mais pobres e que mal estejam conseguindo se manter. Quando você pede que o contribuinte faça isso, uma outra pessoa certamente vai ficar em apuros. Essa é uma verdade absoluta: Alguém sempre vai ter de pagar a conta final. Essa idéia de que não haverá vítimas é uma completa falácia."

Em resumo: o que os EUA estão vivenciando agora é uma auto-correção do mercado a toda violência e distorção que lhe foi imposta pelo estado. O mercado pode ser enganado por algum tempo, mas, no final, sua realidade sempre prevalecerá. E o mercado está dizendo que os preços atuais dos imóveis e de todos os ativos baseados em imóveis estão artificialmente sobrevalorizados (artificialmente porque foi essa injeção monetária do Fed que causou esse fenômeno). Por isso, o mercado está demandando a correção desses preços.

Se o governo não se intrometer, deixar que os preços caiam normalmente e parar com essas nacionalizações de empresas insolventes, a recessão (leia-se: correção) será profunda, porém curta. Mas, se o governo ficar inventando paliativos, estratagemas e artifícios vários para manter os preços artificialmente elevados - como o pacote de US$700 bilhões - a recessão será muito mais longa, conquanto sua intensidade possa ser ligeiramente menor.

Toda e qualquer recessão sempre vai durar o tempo que o governo do momento estiver disposto a agüentar.

E os EUA estão vivenciando esse exemplo clássico.

Fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=166

Rhyan

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Re: Exemplo Clássico (parte I e II)
« Resposta #1 Online: 24 de Março de 2009, 00:44:03 »
Exemplo clássico - parte II




Por Leandro Roque

 

Na primeira parte dessa postagem, escrita a 1° de outubro de 2008, comentei que o surgimento da atual crise seguiu exatamente a mecânica dos ciclos econômicos descrita pela Escola Austríaca.  Foi um caso de exemplo clássico de livro-texto.

Agora que estamos no desenvolvimento da crise, estamos sendo brindados com outro exemplo clássico. Tal exemplo comprova, ao mesmo tempo, que a teoria austríaca estava certa e que a teoria keynesiana nada mais é do que um engodo.  Mais uma vez, como sempre, o keynesianismo se revelou um fracasso.  A abordagem pregada por Keynes jamais funcionou em lugar algum e jamais deveria ter sido levada a sério.

Vejamos.

Como teorizado pela Escola Austríaca, as recessões nada mais são do que necessárias correções pela qual uma economia que foi artificialmente inflada por injeções monetárias de seu banco central precisa passar para que possa expurgar os maus investimentos que foram induzidos pela manipulação dos juros.  Nessa fase de correção, o governo não deve fazer absolutamente nada que não seja cortar gastos, impostos e regulamentações.  Se o governo resolver interferir no processo de ajuste, aumentando salários, estimulando preços, incorrendo em déficits e aumentando seus gastos desmedidamente, o processo de ajuste não só irá se prolongar, como também, dependendo da intensidade da intervenção, a recessão poderá se agravar. (Leia mais aqui e aqui).

Por outro lado, Keynes dizia que recessões são causadas por uma queda na demanda agregada.  Os consumidores repentinamente ficavam esquisitos, paravam de gastar, começavam a poupar, o desemprego subia, o que diminuía ainda mais os gastos, o que reiniciava o ciclo, até que essa espiral incontrolável jogasse a economia em uma profunda depressão.  Para evitar isso, o governo deveria entrar gastando para suprir a ausência do consumo privado.  Keynes chegou a dizer que não importava em que o governo gastasse; o importante era gastar.  Caso o governo não tivesse dinheiro em caixa, ele deveria se endividar ou imprimir dinheiro, sem se preocupar com o aumento da dívida e/ou da inflação.  O governo tinha de gastar igual a um marinheiro bêbado.

Pois bem.

A atual crise começou em agosto de 2007, quando as bolsas mundiais começaram a cair (nada mais do que o mercado demandando a correção das economias hiperinfladas pelos bancos centrais mundiais, que agiam concertadamente com o Fed).  Desde aquela data, assustados e desnorteados, os governos mundiais sacaram seu manual keynesiano e o aplicaram ipsis litteris.  Juros foram cortados para os menores níveis da história, dinheiro foi injetado em quantias magnânimas em toda a economia mundial, bancos foram nacionalizados, os déficits orçamentários atingiram níveis inauditos, as dívidas internas atingiram cifras praticamente fictícias e a gastança "anti-recessiva" promovida pelos principais governos do mundo parece algo saído de um quadro de Salvador Dali.

Qual foi a conseqüência disso tudo na economia real?  O desemprego disparou.  Exatamente o contrário do que Keynes dizia que iria acontecer já no curto prazo - pois no longo, ninguém mais estaria aqui.

Após 19 meses de intervenções desbragadas, a taxa de desemprego nos EUA pulou de 4,7% para 8,1%.  Mais de 4,5 milhões de empregos sumiram desde dezembro de 2007.  No Reino Unido, outro que seguiu Keynes à risca, tendo como timoneiro um entusiasmadíssimo Gordon Brown, o desemprego foi de 5,2% para 6,3%, também um dos níveis mais altos de sua história.  Em todo o mundo, mais de 15 milhões de empregos sumiram.

E olha que a crise ainda não chegou aqui no Brasil...

Não apenas as intervenções não conseguiram evitar o desemprego, como também destroçaram completamente a saúde fiscal dos governos dos países desenvolvidos.  As dívidas internas atingiram níveis pornográficos.  Jamais serão pagas.

A título de comparação, veja que interessante: no ano 2000, o orçamento total do governo dos EUA foi de 1,8 trilhão de dólares. Em 2009, esse será o tamanho do déficit!

Em 2008, o orçamento total foi de $3 trilhões, indicando que em 8 anos os gastos cresceram 66%.  Ou seja, já tinha havido uma explosão nos gastos governamentais antes que toda essa balela de "estímulo" fosse implantada.  Por que esse aumento de 66% nos gastos em 8 anos não impediu a depressão?  De acordo com Keynes, era para a economia americana estar bombando.

O que isso prova, mais uma vez, é que gastos governamentais não "estimulam" a economia; ao contrário, eles a deprimem.  A boa teoria já explicava isso.  Quanto maior é o gasto ("estímulo") governamental, mais deprimida fica a economia real - isto é, o setor privado.  O "crowd-out" (o fenômeno em que o investimento privado é deslocado pelos gastos do governo) de fato ocorre.  O Japão fez exatamente isso na década de 1990.  Até hoje o país não se recuperou.

Tomar medidas como aumentar os gastos, aumentar o endividamento e facilitar o crédito para resolver um problema que foi causado justamente por gastos excessivos, endividamentos excessivos e juros excessivamente baixos não é uma solução racional.  Até um leigo em economia sabe disso.  Aparentemente, parece que o requisito necessário para se acreditar nesse absurdo é ter algum doutorado em economia.

Mas por que a economia keynesiana é dominante?  Simples.  Porque ela diz ao regime exatamente aquilo que ele quer ouvir.  Ela fornece o amparo intelectual que justifica a expansão do poder governamental e a tomada de propriedade que os burocratas estatais querem fazer de qualquer forma.  Não é a toa que tal teoria é defendida fervorosamente por professores universitários, lobistas e por todos aqueles que dependem do capital alheio.

A mão invisível?

Não bastasse tudo isso, a moda agora é dizer que o livre mercado falhou fragorosamente e que, por isso, precisamos de mais socialismo.  Ou seja: você pega o mercado, estrangula-o, cria uma miríade de impostos, inventa uma cornucópia de regulamentações, cria subsídios para os protegidos, sai imprimindo dinheiro sem qualquer restrição, pune aquele que lucra, recompensa aquele que perde, restringe o setor de capitais, estrangula os consumidores, sai estatizando tudo e criando todas as barreiras possíveis ao comércio, impede falências, proíbe demissões e, ainda assim, chama isso de mercado.  Aí quando todo o esquema entra em colapso, surge a gritaria: "Ah, viram só? O livre mercado falhou! É óbvio que agora precisamos de um estado mais autoritário!"

O livre mercado sempre é o culpado quando o socialismo fracassa.  Segue uma citação interessante:

"Pode-se supor que haja uma outra mão invisível que atua na direção oposta.  A mão invisível do livre mercado produz ordem e sucesso como conseqüência não-premeditada de vários produtores, vendedores e compradores perseguindo independentemente seus objetivos.  O mercado controlado, por sua vez, produz caos e decadência como conseqüência não-premeditada de vários políticos, burocratas e eleitores perseguindo independentemente seus objetivos.  Ao contrário da mão invisível do livre mercado, a mão invisível do intervencionismo não é benevolente.  Ela é maligna.  Ela é a principal causa dos ciclos econômicos e dos concomitantes êxtases e infortúnios gerados pelos lucros exorbitantes e prejuízos escandalosos que ocorrem ao mesmo tempo em uma economia dirigida".

É por isso que o capitalismo puro e irrestrito (ou, como alguns chamam, "um sistema laissez-faire") é a única forma de sistema econômico que deixa o poder nas mãos dos indivíduos e que coloca sua fé nas decisões tomadas por aquela enorme comunidade onde as trocas são totalmente voluntárias: o livre mercado.

Todas as outras formas de sistema econômico não confiam em ninguém que não pertença àquele aparato de coerção conhecido como o estado.  Esse aparato sequestra o poder decisório da comunidade e o coloca nas mãos de uns poucos privilegiados, sejam eles burocratas, chefes de estado ou reis.

A mão invisível que funciona no livre mercado nada mais é do que a mente conjunta de todos os indivíduos agindo dentro de sua própria razão e vontade.  É daí que advém o poder de cada indivíduo.  Delegar esse poder a uma autoridade central significa colocar uma coleira em mim mesmo e entregá-la para meu mestre e controlador, eleito democraticamente.  E só quando meu pescoço estiver vermelho e dolorido, e eu, ofegante e sem ar, é que perceberei o erro que cometi ao confiar nesse sistema.

A bolsa e seu dinheiro

Para finalizar, vale a pena apontar o que foi dito pelo investidor americano Peter Schiff, um dos poucos que previu a atual crise (assista a esse vídeo, já visto por mais de um milhão de pessoas).

Segundo Schiff, a General Motors e a General Electric, hoje ambas à beira da falência completa, tiveram boa performance no final dos anos 90 por uma única razão: ambas se afastaram de sua especialidade produtiva e passaram a se dedicar mais aos serviços financeiros, algo bem atrativo à época.  A GM não estava ganhando dinheiro construindo carros (na verdade, ela estava perdendo dinheiro construindo carros); ela ganhava dinheiro financiando carros.  Houve uma divisão da GM - a GMC - que chegou até a mexer com hipotecas.

O mesmo ocorreu com a GE.  Ela se tornou uma financeira.  E todos os ganhos da GE vieram na verdade de serviços financeiros.

As ações de ambas atingiram seu pico no ano 2000.  Desde então, já se desvalorizaram em incríveis 90%.  Isso significa que quase todos os ganhos dessas empresas foram falsos.  Assim como o crescimento econômico americano, tudo foi uma ilusão.  Toda a economia americana se baseou apenas em gastar dinheiro emprestado.  Mas como todo esse dinheiro emprestado foi gasto em consumo - e não em investimento - ele jamais poderia ser pago. 

(O que é algo bem óbvio.  Se você empresta dinheiro para seu amigo fazer um investimento (tipo abrir uma padaria), você ainda tem chance de reaver seu empréstimo com juros.  Mas se você empresta dinheiro para seu amigo comprar uma televisão ou fazer um cruzeiro, então você pode se preocupar.  Ele está apenas consumindo e não investindo.  Foi isso o que ocorreu na economia americana.  Juros artificialmente baixos induziram ao consumo puro e simples, e não ao investimento em projetos viáveis.  Os empréstimos de fato não poderiam ser pagos).

Percebendo isso, Schiff alertou, ainda em 2002, que a GM era insolvente e fatalmente iria quebrar.  Afinal, uma empresa que está ganhando dinheiro apenas com finanças, em uma ambiente em que os juros são manipulados pelo governo, não pode durar muito.  Sempre chegará o dia em que os mutuários (no caso, os compradores dos carros) começarão a dar calotes.

Quanto a GE, Schiff já dizia naquela época que a ela havia se tornado uma hedge-fund disfarçada de empresa de fabricação.  E embora a GE ainda tenha hoje setores viáveis, como o setor aeronáutico, o setor de radiologia e o setor de utensílios, seu passivo adquirido no setor de finanças supera enormemente seus ativos.  Se não fosse pelas intervenções do Fed, a empresa já teria quebrado.

Resumo: duas empresas de fabricação em larga escala estavam tendo lucros apenas em seu setor de finanças e não em seu setor de produção.  Isso não aconteceria em um ambiente de moeda sólida, onde os juros não fossem manipulados por uma autoridade governamental.  É esse tipo grave de distorção que a manipulação dos juros pelo governo provoca.

Conclusão óbvia: nessa crise, não invista em empresas cujo lucro provenha apenas de atividades financeiras.  Uma empresa pode estar indo muito bem na bolsa, porém seus ganhos podem estar vindo apenas de atividades especulativas.  Observe se a empresa tem uma sólida base manufatureira, que lhe permita ganhos futuros.  Caso não tenha, é fria.

As leis econômicas são as mesmas, tanto nos EUA quanto no Brasil.


Fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=243

 

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