Governo investirá R$ 34 bilhões na construção de moradias popularesO presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta quarta-feira, o programa “Minha casa, minha vida”, que prevê a construção de um milhão de moradias populares no País, e entra em operação no dia 13 de abril. O governo investirá R$ 34 bilhões no programa. Desses, R$ 16 bilhões serão destinados às famílias com renda de zero a três salários mínimos (R$ 1.395). A parcela mínima para essas famílias será de R$ 50.
Do montante a ser investido, R$ 25,5 bilhões virão da União, R$ 7,5 bilhões do FGTS e R$ 1 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDES).
O pacote habitacional do governo federal tem o objetivo de
reduzir em 14% o déficit habitacional do País, estimado em 7,2 milhões de moradias, sendo que 90,9% estão concentrados na faixa de renda de até três salários mínimos; 6,7% na de três a seis e 2,4% na de seis a dez.
A
região Sudeste será a mais beneficiada com o programa, com a construção de 363.984 (36,4%), sendo 183.995 apenas no Estado de São Paulo. Em seguida está o Nordeste, com um total 343.197 moradias (34,3%). No Sul, a previsão é que 120.016 moradias (12%) sejam construídas, com destaque para o Rio Grande do Sul, com 51.795, e para o Paraná, com 44.172.
A Região Norte soma 103.018 casas (10,3%) e a Centro-Oeste irá receber 69.786 moradias (7%), a maioria em Goiás (27.613).
O valor máximo do imóvel a ser financiado nas regiões metropolitanas (SP, RJ e DF) será de R$ 130 mil. Nos municípios com mais de 500 mil habitantes e demais capitais estaduais será de R$ 100 mil. Para os demais cidades será de R$ 80 mil.
A prioridade do programa será para famílias com deficientes e idosos e o registro do imóvel será feito, preferencialmente, no nome da mulher.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, explicou que a primeira prestação dos imóveis só será paga na entrega do imóvel. Isso, segundo ela, tem o objetivo de evitar que os beneficiários do programa tenham de acumular despesas com duas residências, "uma precária e uma nova".
Veja as regras do plano habitacional:
Até três salários mínimosDe acordo com o programa, as famílias com renda de até três salários mínimos não poderão comprometer mais do que 10% da renda com o pagamento das parcelas. O financiamento será por dez anos e a intenção do governo é construir 400 mil moradias para essa parte da população. Essas famílias terão subsídio integral com isenção do seguro e das despesas de cartório para registro do imóvel.
Nesta faixa, a União irá alocar os recursos e as construtoras apresentarão os projetos em parceria com Estados, municípios, cooperativas e movimentos sociais. A análise dos projetos e a contratação das obras será feita pela Caixa Econômica Federal (CEF).
De três a seis salários mínimosQuem tem renda familiar de três a seis salários mínimos pode gastar até 20% da renda com as prestações. O total de moradias para essa faixa também será de 400 mil unidades, com a previsão de investimento de R$ 10 bilhões. Para esse grupo haverá aumento do subsídio parcial em financiamentos com redução dos custos do seguro e acesso ao Fundo Garantidor.
Estes beneficiários contatrão com abatimento de 90% nas despesas com cartório.
Para quem recebe de três a cinco salários mínimos, os financiamentos devem ter juros de 5% ao ano e para quem tem renda de cinco a seis salários mínimos será de 6%.
De seis a dez salários mínimosAs demais 200 mil moradias serão destinas às famílias com renda entre seis e dez salários mínimos. Para essa faixa haverá estímulo à compra, com redução dos custos do seguro e acesso ao Fundo garantidos.
RefinanciamentoO plano prevê ainda um total de
R$ 1 bilhão para refinanciamento de prestações em casos de perda de renda. Para as famílias com renda entre três e cinco salários mínimos, o número de prestações garantidas pode chegar a 36. Quem tem renda entre cinco e oito salários mínimos, o total de prestações é de 24, e para famílias com renda entre oito e dez salários mínimos, 12 prestações.
Recursos do FGTSO Conselho Curador do FGTS aprovou, na última terça-feira, a liberação de R$ 12 bilhões. Dilma explicou que, deste valor, R$ 7,5 bilhões serão destinados ao programa, e o outros R$ 4,5 bilhões serão destinados a programas já existentes.
Impacto na economiaSegundo um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o pacote de 1 milhão de moradias deve criar 532 mil novos empregos e acrescentar 0,7% no crescimento do PIB. As liberações para saneamento básico e melhoria do transporte devem criar 260 mil vagas de trabalho até o final do ano que vem, com crescimento adicional de 0,3 ponto percentual do PIB.
O anúncio do governo aconteceu no Palácio Itamaraty e foram convidados todos os governadores e prefeitos de capitais e de cidades com mais de 150 mil habitantes, além de empresários do setor, senadores, deputados e representantes de movimentos sociais ligados a habitação.
http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/03/25/governo+investira+r+34+bilhoes+na+construcao+de+moradias+populares+5044928.html
Programa habitacional prevê construção de casas com sistema de energia solarO ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou nesta quarta-feira que as casas que serão construídas por meio do programa habitacional do governo federal terão sistemas de captação de energia solar e aproveitamento da água da chuva. Com isso, as famílias economizarão por ano entre R$ 300 e R$ 500.
“Lutamos muito por isso e está no Plano Clima, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em dezembro. Isso vai gerar economia para as famílias e deixar de emitir oitocentas e trinta mil toneladas de carbono. Além disso, não precisaremos construir uma usina de quinhentos e vinte megawatts.”
Nos próximo dia 15, informou o ministro, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) vai votar a simplificação das regras para concessão de licença ambiental num prazo de 30 dias.
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Plano de moradia tem direção correta, mas efeito incertoO plano habitacional do governo pode dar algum ânimo à economia, gerando empregos e demanda doméstica num momento de turbulência externa, mas analistas não batem o martelo sobre quando os efeitos serão sentidos.
Há também dúvidas em relação ao impacto do programa em um Orçamento já apertado.
Anunciado nesta quarta-feira, o plano envolve 34 bilhões de reais entre subsídios em financiamentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para moradias e investimentos em infraestrutura. O alvo são famílias com renda de até 10 salários mínimos.
"Da maneira como está desenhado, o plano tem incentivos reais, como alívio tributário para construtoras voltadas à baixa renda e juro pequeno para a população", afirmou Amaryllis Romano, economista da Tendências Consultoria Integrada, onde acompanha o setor de construção civil.
"Fica difícil não ter adesão do setor privado, dos municípios... Algum impacto vai ter."
Adriano Biava, professor de finanças públicas da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, lembrou a importância social do setor além do fato de ser um dos mais adequados no combate às turbulências externas.
"É um setor que vai exigir bastante mão-de-obra e existem poucos componentes importados. Então, é importante para enfrentar a crise", disse ele.
Pressão extra nas contas públicasBiava, no entanto, ponderou que os efeitos podem demorar um pouco para aparecer.
"Tem tempo para avaliação de documentos, contratação dos financiamentos, por exemplo", exemplificou.
Os analistas são ainda mais cautelosos na avaliação dos efeitos mais abrangentes do plano.
Para o professor titular e coordenador do núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP, João da Rocha Lima Jr., o programa terá forte impacto na geração de empregos e na atividade em geral, mas não será "a mola da retomada do crescimento da economia".
Além disso, o elevado montante de recursos federais envolvidos, em um momento em que o governo começa a enfrentar forte queda na arrecadação, deve colocar pressão adicional sobre o Orçamento e sobre a viabilidade da meta de superávit primário.
Felipe Salto, da Tendências, considera alta a probabilidade de o governo ter que ajustar o Orçamento deste ano.
"Em última instância, (o plano) reforça o cenário de que vai ter aumento das despesas", explicou. Como consequência, Salto afirmou que "cada vez mais está clara a possibilidade de o governo adiar o reajuste do funcionalismo público".
A expectativa de que o governo pudesse adiar a concessão de um reajuste a funcionários públicos, cujo impacto é de 29 bilhões de reais em 2009, já existia antes mesmo do anúncio do novo plano. Até o momento, nenhuma decisão foi anunciada.
Em relação ao superávit primário, na semana passada o governo anunciou uma nova estimativa de despesas e receitas para 2009 e a redução da meta fiscal de 3,8 para 3,3 por cento do Produto Interno Bruto devido aos gastos com obras consideradas prioritárias.
Alguns economistas, no entanto, acreditam que essa redução não será suficiente. Se quiser mesmo cumprir a meta, dizem, ela terá que ser mais modesta.
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