A questao que vou propor é mais velha que a minha avó, mas a abordagem e a analogia são criações de quem se lançou a tarefa de aprender a pensar direito (sério).
Mas vindo de quem vem, pensem na possibilidade de que seja uma grande besteira.
Suponham um pobre-diabo que viva em uma época onde as doenças eram tratadas mediante sangrias ou rezas e que tenha o inacreditável azar de sofrer um AVC e se vir a mercê de uma condição um tanto exótica, conhecida na medicina como "Locked-in syndrome".
Suponham tambem que não possam, a maneira de Stephen Hawking (Hawking nao tem L-I), mover nem um dedo sequer e nem uma pálpebra sequer, como fez um jornalista francês (eis o "inacreditável" (ou não) do azar).
Está plenamente consciente e com as faculdades mentais intactas, exceto quanto a se vir presa de um corpo 100% paralisado e alem de qualquer possibilidade de comunicar com quem quer que seja e de nenhuma maneira imaginável...
Seus compadres o julgarão morto ou presa de alguma possessão. Em todo o caso, o sujeito esta f*dido.
Quero mostrar que crer ou não crer, em termos absolutos (objetivos) na existência de um criador e a partir daí argumentar defendendo sua crença, equivale a condição de um amigo do doente que quisesse saber se a "mente dele ainda está lá, presente" ou "se já era...".
Sem um EEG ou outro recurso similar para investigar o que está ocorrendo no cérebro do sujeito no momento, tal tarefa é impossível.
Quer deus exista ou não objetivamente falando, a minha crença subjetiva na não-existência objetiva dele não faz nenhuma diferença.
Quer Deus exista ou não objetivamente falando, a crença subjetiva de Erivelton, Fausto & cia na existência objetiva do "Senhor Deus" (ou como queiram chama-lo) não faz nenhuma diferença.
Claro que sempre existe a possibilidade de mudar de lado (pra mim isto, seria sinal de insanidade), mas as crenças continuam a não fazer diferença alguma em termos objetivos: vou continuar a viver como se deus não existisse e eles vão continuar a viver como se deus existisse e fosse assim e assado (no inferno, de preferência) tal como dizem a escritura X, o livro Z e o sacerdote Y.
Acho que isto faz de mim um agnóstico e não um ateu.
E não creio que a lógica, a fé ou a persusão e a retórica sejam como um EEG!
Óbvio que Erivelton & CIA irão discordar.
De qualquer forma, tenho um palpite de que a questão que daí deriva, que é a de saber se temos ou não um EEG em mãos para poder verificar o que ocorre no cérebro da vítima, tem o mesmo caráter insolúvel da questão original e é tão crença quanto ela.
O que não significa que não possamos mostra que a existência de um deus particular como o IHVH do VT é, segundo a lógica e o bom-senso, no mínimo altamente improvável.
Estou pensando mais em termos de existir ou não Deus e não em existir ou não "este" ou "aquele" Deus de uma religião e escrituras particulares...
No entanto, continuo a respeitar gente como sto Anselmo, sto Tomas e outros, não pelo valor teológico de seus raciocínios, provas & etc, mas sim pela forma, pelo valor enquanto são objeto de estudo de lógica, retórica, argumentação e filosofia. Mas sou suspeito para falar disso, já que gosto de filosofia.