Texto muito ruim e bisonho.
Aproveitando que esse assunto foi colocado, irei comentar sobre as diferentes formas que o estado foi visto em diferentes épocas por diferentes pessoas/grupos.
Os primeiros pensadores a tratar de política na Europa começaram tendo frescos na mente uma verdade bastante clara que parece fugir à mente dos atuais anarquistas: o "natural" do ser humano é a prática de atos predatórios por parte de umas pessoas contra outras, no caso, dos mais fortes contra os mais fracos. Em qualquer época ou lugar, haverá pessoas (que não são poucas) que praticarão homicídios, saques, roubos, escravidão e outras práticas predatórias. É assim que ocorre no mundo animal e é assim que ocorre com as pessoas. Inevitavelmente, algumas pessoas mais fortes se armarão e terão o controle sobre as demais. O que chamamos de "estado" é apenas uma forma sofisticada e "benigna" de um grupo armado que controla as demais pessoas, estabelecendo aí uma ordem, que em 99,9% das vezes torna a vida das pessoas muito mais fácil, tranqüila e cômoda do que em sua ausência, já que ele cria uma "ordem", que se não reduz os atros predatórios praticados entre as pessoas, ao menos torna esses atos predatórios mais previsíveis, regulares e na grande maioria das vezes menos danosos do que os atos "naturais".
O estado sempre torna a vida das pessoas mais tranquila, as diferenças nessa tranquilidade variam conforme o tipo de estado: começando por uma tirania, passando por governos oligarcas e aristocratas até chegarmos nas democracias
Tendo o que foi dito acima fresco em suas memórias (e também diante dos seus ohos quase sempre), pensadores como Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel afirmavam a suprema necessidade do estado como único meio de impedir que as pessoas se dilacerem mutuamente. Esses pensadores eram tão incrédulos na "bondade" natural das pessoas ou em sua capacidade se conviverem naturalmente em harmonia, que achavam que o governo necessariamente teria que ser absoluto.
Tempos depois, após a formação dos Estados Nacionais e das monarquias absolutistas na Europa, com uma estabilização e uma ordem social como nunca se via antes desde o Império Romano, algumas pessoas começaram a achar que esse estado de convivência pacífica entre as pessoas era algo "natural". Enquanto no caos da Idade Média era a força e a habilidade com as armas o principal determinante do poder e do status (os nobres são pessoas originárias de classes guerreiras e que tinham o monopólio do uso de armas), com a estabilização promovida pelo estado
essas capacidades guerreiras se tornaram dispensáveis, já que a segurança pessoal era bem mais garantida do que antes. Essa segurança permitiu (como sempre ocorre em qualquer época) o florescimento do comércio e da economia livre, de mercado, com aumento das riquezas. O status agora estava nas habilidades econômicas, e não nas guerreiras, que se tornaram dispensáveis.
Dentro dessa conjuntura, os pensadores passaram a achar que essa ordem social era o "natural" do ser humano, e embora ainda reconhecessem a necessidade do estado, passaram a pregar por mais abertura, por um governos mais controlado pelos governados. Séculos antes, no final da Idade Média, as pessoas com habilidades e poder econômicos (empresários, "burguesia") apoiaram o fortalecimento do poder de uma só pessoa entre os detentores de habilidades e poder militares (o rei), para que este os protegesse das inconstância e da rapina dos demais detentores de habilidades e poder militar (os nobres, senhores feudais). A posição nessa época era essa: de um lado, havia os empresários e demais pessoas apoiando a formação de um estado unificado, com vistas à lhes dar proteção, garantia de estabilidade e uniformidade frente aos desmandos dos fortes armados da época (os nobres); do outro lado havia os fortes armados (nobres) lutando contra o fortalecimento estado, querendo manter as suas supremacias em seus domínios, onde eram mais que reis. O estado só viria para lhes atrapalhar e "cortar o barato".
Já na época iluminista, após a formação dos Estados Nacionais e a estabilização social que permitiu o florescimento da economia e a ascenção em importância das habilidades econômicas em detrimento das habilidades guerreiras, os mesmos empresários que no passado apoiaram a formação e o fortalecimento do Estado como meio de redução do poder dos senhores feudais, agora passavam a ver o estado bem menos indispensável, apenas como um meio de serem espoliados pelos nobres. Como o mundo dá voltas! Se antes os nobres (detentores do poder militar) viam o estado como um corta-baratos, agora que o poder militar se tornou praticamente monopólio estatal, passaram a ver o estado como o único meio de continuarem tomando um pouco da riqueza dos demais, isso porque as monarquias da época os mantinham privilegiados por questão de "tradição", embora em termos práticos (força militar) já não servissem mais para nada.
Assim, pensadores como John Locke, Montesquieu, dentre outros, passaram a combater o poder absoluto ao invés de defendê-lo, como fizeram os pensadores de séculos antes. Com Rousseau, chegou-se ao extremo de inverter-se as coisas ao afirmar que as pessoas são naturalmente boas e que é a "sociedade" (entenda-se, estado) que as corrompe! Ou seja, alguns séculos de relativa estabilidade social foram mais do que suficientes para criar a idéia de que a ordem, e não o caos, é o estado normal e natural das sociedades.
Com o passar do tempo, os últimos vestígios da ordem aristocrática, incluindo o absolutismo, forma abolidos. Os nobres, antigos detentores do poder militar que passou a significar nada frente à ordem imposta pelos estados, foram definitivamente banidos das esferas do poder, onde ainda permaneciam como parasitas privilegiados pela tradição. O estado agora passou a ser definitivamente "burguês", ou seja, a ordem no plano "militar" foi conseguida, sendo agora o poder e as habilidades econômicas o deferencial entre as pessoas em questões de status.
Assim, os empresários (os detentores da habilidade/poder econômico), mais livres e desimpedidos do que nunca, ampliaram seus negócios, fizeram a Revoluçãp Industrial e passaram a empregar milhões de pessoas em suas empresas (na maioria fábricas) em condições não muito boas... isso ocorreu devido a um paradoxo: os pobres da Idade Média (servos, artesãos, etc) também tinham alguns "privilégios" (não apenas os nobres!): eles não poderiam ser expulsos e ficar sem terras, por exemplo; os artesãos tinham controle total da produção de manufaturados, etc...em suma: pelo menos uma terra era garantida aos mais pobres.
Com o fim definitivo do feudalismo, essas garantias desapareceram. As máquinas tomaram o totalmente o lugar dos artesãos na produção de manufaturados e os pobres perderam a garantia de pelo menos um pedaço de terra para produzir terem... resultado: a miséria crsce entre os mais pobres,paradoxalmente ao aumento da riqueza no geral.
Nessa nova situação, surge uma OUTRA opinião sobre o estado: o estado seria nada mais do que um instrumento da classe dominante. Os motivos por trás dessa afirmação são o seguinte: embora os pobres tenham mais força do que os ricos em um embate "físico", esse embate físico é impedido pelo estado, que criou uma ordem que embora impeça o embate físico, deixe completamente liberado o embate econômico. Assim, os ricos deitam e rolam explorando a fraqueza econômica doe pobres enquanto o estado criaria uma "ordem" que impede a ação dos pobres para mudar essa situação, uma ordem que eles chamam de "ordem burguesa" e coisas do tipo. Juntando isso com o fato de realmente apenas os mais ricos terem participação no poder à época, surgiu essa idéia de que o estado é apenas o instrumento da classe dominante, e que precisava ser destruído (anarquismo) ou substituído por um estado "proletário" (socialismo/comunismo). Essa é a idéia dos socialistas/comunistas (Marx, Bakunim, etc).
Passado algum tempo, outras mudanças vieram: ao mesmo tempo em que as previsões e as experiências socialistas/comunistas fracassavam (os defensores dessa última opinião sobre o estado que eu mostrei), os detentores do poder/habilidade econômicas (empresários, "burgueses", etc) passaram a ter menos liberdade como tnham antes: leis trabalhistas dos mais diversos tipos foram criadas, aumentando as garantias e os direitos dos trabalhadores. Programas de suguridade social e o fortalecimento dos sindicatos tiveram o efeito de aumentar o poder de negociação dos trabalhadores frente aos empresários, que já não conseguia pagar muito pouco a eles como antes (além do fato desses programas de Welfare State serem um pouco de transferência de renda dos mais ricos paras mais pobres, na maioria dos casos). Além disso, após a Grande Depressão, o papel e a necessidade do estado como um regulador e estabilizador da economia, aparando suas arestas, foi estabelecido. Frente a essa nova situação, com uma amnésia já quase completa da situação das sociedades humanas na ausência de um poder central predominante, surge a opinião sobre o estado mais atual, presente no texto qe abre esse tópico: a de que o estado é um "limitador" da "liberdade econômica" das pessoas e que é dispensável, alguns chegam até a defender que o estado nem mesmo para dar segurança física e ordem social serve... o que paradoxalmente revela a eficácia do estado nesses séculos desde a Idade Média em tirar o caos e a desordem social da memória das pessoas.