Ruanda marca 15 anos de genocídioRuanda marcou nesta terça-feira o aniversário de 15 anos do início do genocídio que matou mais de 800 mil pessoas.
A matança no país começou pouco depois que o avião do então presidente ruandês, Juvenal Habyarimana, foi derrubado. Durante cem dias, uma milícia de origem étnica hutu massacrou pessoas de origem étnica tutsi e também hutus moderados.
O presidente de Ruanda, Paul Kagame, que liderou um grupo de rebeldes tutsis que ajudou a acabar com o genocídio, participou de uma cerimônia onde colocou flores em valas comuns.
As valas ficam no local onde tropas da ONU abandonaram milhares de pessoas que buscavam abrigo em uma base da organização.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/multimedia/2009/04/090407_genocidioruanda_ir.shtml (com vídeo)
Presidente de Ruanda acusa ONU de covardia no genocídioEm um discurso nesta terça-feira para marcar os 15 anos do genocídio de Ruanda, o presidente do país, Paul Kagame, acusou a ONU de ter culpa e de ter agido com covardia na época do incidente.
"Não somos como os que abandonaram aqueles que eles vieram proteger", disse ele para cerca de 20 mil pessoas reunidas na capital, Kigali.
"Eles os abandonaram para serem mortos. Não seriam eles culpados? Acho que foi também covardia. Eles se foram sem disparar um único tiro."
"Não somos covardes. A comunidade internacional é parte dessa história e está na base desse genocídio", afirmou.
Abril de 1994O genocídio em Ruanda começou após o avião do presidente Juvenal Habyarimana ter sido derrubado em abril de 1994.
Nos cem dias seguintes, cerca de 800 mil pessoas, a maioria integrantes da etnia tutsi, foram mortos por milícias da etnia hutu.
O genocídio terminou quando rebeldes tutsis, liderados por Kagame, assumiram controle do país. Cerca de dois milhões de hutus se refugiaram no vizinho Congo desde então.
O discurso do presidente foi feito no bairro de Nyanza, onde cerca de cinco mil pessoas foram massacradas após as tropas de paz belgas da ONU terem deixado o local pouco depois de dez de seus homens terem sido mortos, no dia 7 de abril daquele ano.
Nyanza se transformou em um símbolo do fracasso da ONU durante o genocídio.
PresenteCorrespondentes dizem que Ruanda é um país que ainda luta para superar o ocorrido e conciliar as populações das duas etnias.
Alguns dos responsáveis pela violência foram julgados em um tribunal especial na Tanzânia, mas a maioria dos principais suspeitos continua sem ser indiciada.
A ativista Mary Kavitesi Blewit, fundadora do Fundo de Sobreviventes do Genocídio de Ruanda, perdeu 50 de seus familiares no evento.
Ela diz que conhecia vários dos responsáveis hutus e que "não houve justiça e, portanto, não é possível perdoar".
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/04/090407_ruanda_rc.shtml (com vídeo)