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MAICON TENFEN - 23/04/2009O Brasil na NewsweekÉcuriosa a forma como os analistas internacionais avaliam a nossa situação. Quando comparado a países como Equador, Bolívia e Venezuela, o Brasil sempre sai ganhando por ser “mais estável”. Segundo artigo publicado na última edição internacional da Newsweek, “o Brasil vem se transformando (...) em uma potência regional única, ao se tornar uma sólida democracia de livre mercado, uma rara ilha de estabilidade em uma região conturbada e governada pelo Estado de Direito ao invés dos caprichos dos autocratas”.Sólida democracia de livre mercado? Fico feliz com a boa repercussão no estrangeiro, mas lamento lembrar que peido de égua não é foguete. Somos frutos de uma sociedade colonialista que nunca deixou de influenciar nosso cotidiano. Contaminado pelo ranço das instituições e das “famílias” que o comandam, o Estado brasileiro insiste em agir com o paternalismo dos coronéis e dos senhores de engenho. Na mão esquerda, o pão; na direita, o chicote.Veja que não estou falando de um projeto de poder específico ou de um partido em particular, não me refiro exclusivamente ao PMDB, ao PSDB ou ao PT, mas ao sistema político brasileiro como um todo. Se Sarney recorreu a leis remanescentes da ditadura para proibir a exibição de certos filmes durante o seu mandato presidencial, Lula fez o mesmo quando tentou expulsar o correspondente estrangeiro que escreveu sobre a presença do uísque na rotina republicana.FHC, por sua vez, não perdeu tempo com picuinhas e moralismos. Aliou-se aos maiores corruptos do Planalto e foi direto ao pote da reeleição. Graças a Deus, Lula resistiu às sereias do terceiro mandato, mas só fez isso ao perceber que, se não se amarrasse ao mastro do bom senso, deixaria de ser o “político mais popular do planeta” e seria enquadrado na gangue de Chávez, Morales e Correia. Preferiu indicar a Dilma (para perder, coitada) e voltar tranquilo em 2014, carregado nas cestas do Bolsa-Família.Pra que se iludir? Se tirarmos as filas para o saque da esmola mensal concedida pelo Estado, qual a participação popular na nossa “sólida democracia de livre mercado”? Infelizmente, ainda somos os analfabetos políticos de Brecht, amamos o populismo e os discursos messiânicos. Esse negócio de puxarem o nosso saco com a instabilidade dos vizinhos não está com nada. Ou olhamos para os próprios umbigos e reconhecemos que há muito pela frente, ou continuaremos sendo os mesmos barnabés de sempre.