sadismo divino
Por mais que se queira descrever Deus como um ser magnífico e bondoso, a bíblia não esconde que o “Divino” não é tão bondoso assim. Por isso, os argumentos de gênero místicos são indispensáveis para defender as travessuras de um deus descrito como amor, mas que na verdade trata-se de uma divindade cruel e impiedosa.
Deus não é bom, e sim o ser humano é que o tenta fazê-lo como tal. O crente é como uma mãe super-protetora que tenta encobrir os feitos perversos de seu filho.
O amor do crente ao seu deus não passa de um profundo anseio por um pai ou uma mãe que possa amenizar a dor da solidão cósmica. Pois não há nada dentro do ser humano concernente a fé além de um desejo voraz de vencer a desilusão de saber que não há ninguém lá.
Mas além desse sentimento avassalador de inexistência de um pai Maior, há ainda o terrível esforço por protegê-lo de seu comportamento sádico e cruel. Essas mães sofrem (os crentes) tentando ocultar as “travessuras” desse filho ( Deus). A bíblia, a História do cristianismo e das religiões está repleta de fatos que mostram que tal deus não passa de uma inventiva de alguém interessado em manipular alguns.
Enquanto uns conclamam a virtude e a grandeza de um ser supra-bondoso, desconhecem sua origem. Origem que é marcada pelo massacre de inocentes. A história do cristianismo, como todo leitor de bom senso admite, é construída por derramamento de sangue e consumação de muitas vidas. A bíblia, contraditoriamente, compara Deus como uma árvore BOA; diz que uma árvore boa não produz frutos ruins. No entanto, não é isso que as estatísticas mostram. As guerras, as mortes, a destruição de culturas, a imposição de dogmas, o machismo, as disputas religiosas, a marginalização dos homossexuais; a Inquisição, as Cruzadas, O massacre dos huguenotes, o Anti-semitismo e muitos outros eventos históricos não podem, de maneira alguma, ser considerados como frutos bons. E, o cristianismo, assim como muitas invenções religiosas, foi alicerçado sob as mais diversas absurdidades que se possa imaginar.
Ainda que se mencione alguma coisa boa produzida pela fé, não se compara com o universo de coisas negativas e malévolas produzidas pela crença no místico – sobretudo àquelas vinculadas ao comportamento fanático por parte de muitos.
Sabe-se que as divergências entre credos e crenças são antiqüíssimas. Judeus versus mulçumanos; budistas versus católicos; Islamismo versus Cristianismo; Catolicismo versus Protestantismo; Islamismo versus Hinduismo; Protestantismo versus religiões afro-brasileiras etc., etc.
Muitos recorrem ao argumento do famoso livre-arbítrio, mas não vêem que o próprio Deus bíblico é muito confuso e iracundo. Por mais estranho que possa parecer, o Deus da bíblia matou muito mais gente que Satã. Basta ler o livro sagrado pra constatar.
Enquanto o sadismo divino domina o âmbito místico e espiritual, muitos não percebem que o amor verdadeiro não se sustenta no fanatismo. O fato de um indivíduo não professar nem um tipo de religião, ou mesmo de ser ateu, não lhe impede de ser alguém amável, educado, solidário etc.
Não é a religião que promove a paz; pelo o contrário, sabe-se que foi a crença em algum deus que foi responsável por muitas atrocidades. A Santa Inquisição – tanto católica como protestante – foi responsável pela morte de muita gente.
O próprio Deus (protegido pelos crentes) foi responsável pela destruição de muitas vidas; às vezes direta, outras, por meio de suas ordens.
Eu só não entendo por que os crentes vêem um “ímpio” como alguém que mereça ser incinerado por toda a eternidade só por não concordar com suas crenças. Não importa seu caráter, para o crente fundamentalista, o ateu, o agnóstico, o descrente, o cético; não importa seu grau de respeitabilidade pelos direitos humanos e pelos direitos à vida; estão todos condenados a agonizar sem cessar no inferno. Tal pai, tal filho.
Se isso não é sadismo, Hitler, Mussolini, Gengis khan e Mao Tsé-tung formariam um ótimo júri de justiça divina. Regozijar-se com o sofrimento de pessoas só por pensarem diferente não é uma proposta de amor muito convincente. Aliás, o ato de conceber a construção de um inferno em chamas só pra se vingar de seus inimigos não é muito típico de alguém visto como o mais amoroso de todos. Há uma grande contradição aí, ou não?
Pergunte a uma criança que ainda não foi doutrinada pelos sermões religiosos o que é ela acha dos ardores do inferno. Pergunte também o que ela acha da ira divina espelhada pela bíblia. Mas antes, é claro, você precisar ler a bíblia. Mas não esqueça, precisa ser de olhos e pensamentos livres; do contrário você não vai ver as perversidades contidas lá... Eu não entendo como os crentes não conseguem ver tantas injustiças feitas em nome de Deus.
Mas devo lembrar também que se trata de uma mãe (os crentes) protegendo seu filho traquino (Deus). Assim, fica mais fácil de entender. Mas que Deus é sádico, Ele é. Não tenho dúvidas.