Sem contar que qualquer um poderia construir programas complexos sem necessidade de dominar essas linguagens de computação existentes, bastaria a pura, simples e eficaz sintaxe mental que todo ser humano praticamente já nasce sabendo.
Um instrumento de comunicação ligado diretamente ao cérebro seria também uma revolução na educação: imagine termos todos os conteúdos de várias bibliotecas (romances, enciclopédias, dicionários, atlas, livros didáticos...), programas de operações matemáticas e tradutores de línguas estrangeiras gravados em nossas supermemórias expandidas?
Teríamos a facilidade de conversar por telepatia com nossos amigos tão facilmente quanto se conversa pelo ICQ (com a opção invisível, claro!)
E como seriam os videogames controlados pelo pensamento? Quanto ganharia em jogabilidade? E se formos capazes de fazer nossa própria imaginação alterar o jogo para nos agradar mais?
Talvez pudéssemos até mesmo escolher com que gostaríamos de sonhar.
Mas tem o lado ruim também... A preocupação com segurança seria fundamental; se bem que a criptografia quântica promete proteger os sistemas de informação dos hackers de uma vez por todas. E Spam direto no cérebro ninguém merece!
E deveria-se inviabilizar qualquer forma de controle mental também. Em tese, se podemos nos comunicar diretamente com o cérebro de alguém, podemos também fazer sugestões a ele... Talvez sugestões tão discretas que a pessoa nem possa distinguir de suas próprias. Sabe aquela vontade repentina de comer um chocolate de vez em quando? Como garantir que não foi a Nestlé que aprovocou?
Poderíamos talvez alterar a memória de uma pessoa, suas crenças, seu time de futebol e sabe-se lá mais o quê. Poderíamos criar legiões de cidadãos exemplares superinteligentes e infinitamente felizes que não cometem crimes, não jogam lixo no chão, não falam palavrão, se vestem muito bem, trabalham o dia inteiro sem cançar, sem reclamar, sem precisar de altos salários, diversão ou mesmo de família e a amigos e que tem lealdade e amor eternos pelo Partido. Uma ditadura mais perfeita do que ade Orwell em 1984, o Grande Irmão nem precisa descobrir o que as pessoas estão pensando, uma vez que ele mesmo já controla seus pensamentos.
Para essa tecnologia maravilhosa poder ser aproveitada seria necessário inviabilizar de alguma maneira qualquer possibilidade de controle mental. Talvez até de pequenas sugestões, como a de experimentar o novo chocolate branco com amêndoas da Nestlé.
E mesmo que seja possível barrar esses problemas, ainda viria a parte mais difícil: convencer a população a confiar na tecnologia, provar que o governo está dizendo a verdade quando afirmaque a tecnologiaé segura...