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Mais perto da origem da vidaCientistas revelam como a primeira molécula de RNA teria se autorreplicadoSteve Connor Do IndependentDe todos os mistérios científicos, o maior de todos, provavelmente, é como a vida na Terra começou. Não se trata de como ela evoluiu para a diversidade de formas que vemos hoje. Mas sim de como tudo se originou. Agora, um estudo publicado na revista científica “Nature” demonstrou como a primeira molécula se replicou quando a Terra era, como qualquer outro planeta, sem vida, há cerca de quatro bilhões de anos.O próprio Charles Darwin não chegou a uma resposta.Ele dizia que, fosse qual fosse o mecanismo que levou à primeira replicação de formas de vida, muito provavelmente isso ocorreu num “lago um pouco aquecido”, ou seja, uma sopa primordial de ingredientes onde a semente da vida germinou primeiro nos primórdios da Terra.O pesquisador John Sutherland e colegas na Universidade de Manchester (no Reino Unido) conseguiram avanços ao sintetizar em laboratório, quase a partir do zero, dois dos quatro blocos que formam o RNA (o ácido ribonucleico). Esta molécula, que muitos acreditam ser capaz de se auto reproduzir, é agora a candidata mais provável à molécula original de toda a vida. Sutherland afirma que a sua equipe conseguiu identificar como foi possível fabricar todos os pedaços de RNA a partir de simples substâncias químicas que estavam disponíveis há quatro bilhões de anos.— Fizemos blocos de RNA a partir do que havia nos primórdios da Terra e ainda existe hoje em torno do espaço interestelar e na atmosfera de Titã, lua de Saturno — disse o cientista. — Não sintetizamos a molécula de RNA em si, mas duas de suas quatro subunidades ou módulos. Isso sugere que é possível obtê-la — explicou o pesquisador.Teoria ganhou força na década de 80O RNA é o primo menos conhecido do DNA, o código da vida; e também pode se replicar e armazenar informações genéticas, além de atuar no metabolismo, uma função inerente às proteínas.À semelhança de seu parente famoso, o RNA pode carregar e transmitir informações de uma geração à outra. Ao contrário do DNA, o RNA é relativamente simples e muitos cientistas acreditavam que ele poderia ser facilmente sintetizado num ambiente inóspito. O problema é que a formação dessa molécula era analisada como a associação de três partes diferentes, que teriam de surgir separadamente.A questão com esta hipótese — pensada há mais de 40 anos— é que ninguém foi capaz de juntar esse três componentes — os açúcares, fosfatos e bases — que compõem cada um dos quatro blocos de RNA, simulando as condições que existiam há quatro bilhões de anos. Porém a equipe de Sutherland, demonstrou que isto é perfeitamente possível.Acontece, segundo Sutherland, que o olho humano vê os três componentes do RNA e o cérebro humano pressupõe que, para fazer a molécula, é preciso combinar aqueles três componentes. O grupo mostrou que eles não precisam se formar isoladamente para depois se unirem. Podem se formar já interligados.Na tentativa de explicar como a vida começou na Terra, cientistas têm formulado teorias para saber como a primeira molécula se replicou, dando origem à existência de todas as espécies. Uma das primeiras teorias foi a sopa primordial, onde simples moléculas misturadas num caldo foram estimuladas regularmente por luz ultravioleta e tempestades elétricas.Ao longo do tempo, essas simples moléculas teriam se combinado para formar as substâncias mais complexas contendo os ingredientes essenciais à vida (oxigênio, carbono, hidrogênio e nitrogênio). Embora cientistas tenham fabricado proteínas desta forma, eles falharam em obter o mesmo com o DNA ou RNA.Nos anos 60, cientistas desconfiaram que o RNA precedia as proteínas, mas só na década de 80 isto ficou evidente. Thomas Cech, na Universidade do Colorado, e Sidney Altman, em Yale, descobriram que o RNA poderia atuar como um catalisador, acelerando uma reação química e ainda sair imutável no processo, proeza reservada às enzimas. Cientistas, agora, apostam num “mundo RNA”, a partir do qual toda a vida descende