Derrubando Falácias: Revolução Industrial Dom, 17 de Maio de 2009 15:09 Juliano Torres
Condenar o capitalismo e a liberdade utilizando a história da revolução industrial é um tema recorrente de conversa. Até entre os defensores do livre mercado existe um certo mal estar quando esse assunto é tratado. O que eles não sabem é que essa visão apocalíptica da revolução industrial é puramente falaciosa. E para resolver esse problema de uma vez por todas nada melhor que explicar as falhas nesses argumentos, uma por uma.
O primeiro argumento utilizado é que quando tivemos liberdade total, ou seja, no período da revolução industrial, os trabalhadores foram largamente explorados pela burguesia, chegando a trabalhar 18h diárias. E de acordo com eles isso só foi possível devido às revoluções burguesas. Mas tem algo de errado ai. Como que tivemos liberdade total se as revoluções burguesas são claramente definidas por todos como a apropriação do Estado pela burguesia, substituindo os nobres como mandatários políticos?
Dada a contradição acima, fica claro que não existiu a apregoada liberdade plena. O que existiu foi uma aliança Estado-burguesia que criou uma série de monopólios, como as primeiras patentes, registro de livros, cartas de monopólio e restrições ao comércio internacional de algumas mercadorias. Teríamos liberdade plena na verdade se o Estado tivesse sido destruído junto com a nobreza. E isso não aconteceu.
Outra confusão que fazem é a questão dos cercamentos. O nome cercamento é usado para descrever a expulsão dos servos das propriedades dos nobres quando a burguesia adquiria os terrenos. Esse fato ocorreu porque a nobreza estava falida e a única solução encontrada por eles era dispor de suas terras para os burgueses. Então, apartir dessa venda a maioria dos servos eram expulsos das terras dos nobres (que foram parar nas mãos dos burgueses) e ai se aglomeravam nas cidades, sem oportunidade de trabalho e em alguns casos até sem condição de se alimentar adequadamente. E para piorar a situação, a fome da época foi creditada aos burgueses terem comprado as terras e terem deixado elas improdutivas para gerar a fome.
Afirmar que os burgueses compraram as terras e deixaram elas paradas é ignorar a realidade econômica e a natureza humana. Se os burgueses estava atrás do lucro, logicamente as terras não ficariam paradas. Já na questão da migração das cidades, elas ocorreram porque as condições (mesmo que degradantes para os padrões atuais) eram infinitamente melhores que as de servidão no campo. Além disso, com dados de censos feitos na época, contata-se que não houve essa invasão das cidades pelos servos como é comumente descrito. O que pode e deve ser questionado é se os nobres ou os servos eram os donos legítimos das terras que foram vendidas aos burgueses, porque provavelmente o problema começou por ai.
Por último temos a falácia mais usada contra o livre mercado, que se o Estado não intermediar as relações de trabalho as pessoas vão voltar a trabalhar 18h por dia; e não se esquecendo, que a qualidade das condições de trabalho atuais devem ser creditadas as lutas dos sindicatos.
Como foi demonstrado acima, nesse período descrito a burguesia tinha se apropriado do Estado, e isso acarretou no uso da polícia para obrigar as pessoas a trabalhar mais do que decidiriam voluntariamente; além dessa mesma polícia ser usada para massacrar impiedosamente as greves. Mas existe também uma explicação econômica: as pessoas eram pagas de acordo com a sua produtividade, e como a produtividade na época era muito baixa, para poderem se alimentar elas deveriam ter que trabalhar a maior parte do dia. Esse problema seria resolvido com o tempo (e foi resolvido), mas não devido às lutas dos sindicatos, mas devido a cada vez mais intensa divisão do trabalho que fez com que os trabalhadores cada vez se especializassem mais, assim aumentando sua produtividade e conseqüentemente a qualidade do seu trabalho.
Como a produtividade de praticamente qualquer trabalhador hoje em dia é muito superior ao mais qualificado trabalhador da época, não existe o menor perigo de remover completamente qualquer lei trabalhista, como fez a Dinamarca. Por lá, ao contrário do que se imagina, o desemprego é de apenas 2,1% e os trabalhadores não trabalham uma hora sequer a mais do que trabalhavam antes.
Está na hora dos trabalhadores tupiniquins acordarem e começarem a preocupar eles mesmos com seus salários e condições de trabalho, que são largamente prejudicados pela CLT.
Fonte:
http://www.libertarianismo.com//menuartigos/artigos/582-derrubando-falacias-revolucao-industrial