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Eleições podem acentuar divisão política no Líbano
« Online: 06 de Junho de 2009, 02:54:50 »
Eleições podem acentuar divisão política no Líbano, dizem analistas

As eleições parlamentares do próximo domingo podem acentuar ainda mais a divisão política no Líbano, na opinião de analistas ouvidos pela BBC Brasil.

Nas eleições, estão em jogo as 128 cadeiras no Parlamento, e o bloco majoritário que sair vencedor vai formar o novo governo.

Especialistas indicam uma disputa apertada entre os movimentos rivais 14 de Março (pró-Ocidente, que junta os principais grupos sunitas, cristãos e drusos do país), atual maioria no Parlamento, e o 8 de Março (liderado pelo Hezbollah, reúne xiitas, drusos e cristãos pró-Síria), apoiado por Síria e Irã.

Para o diretor do Centro Carnegie para o Oriente Médio em Beirute, Paul Salem, uma eventual vitória da coalizão liderada pelo Hezbollah pode provocar uma polarização ainda mais acentuada no país.

"Não estariam descartados confrontos armados entre os dois lados por causa da pressão que isso causaria sobre o novo governo", avalia.

O cientista político Hilal Khashan, da Universidade Americana de Beirute, diz que o Líbano continuará dividido entre dois campos após o pleito, mas terá seu mapa político redefinido.

"Nós não acordaremos com um Estado islâmico no dia seguinte, em caso de vitória do Hezbollah, mas teremos sim uma nova estagnação política, que só será resolvida com uma negociação entre os dois lados", avalia o pesquisador.

Vantagem

Pesquisas de opinião realizadas por universidades libanesas indicam uma pequena vantagem para a coalizão 8 de março nas eleições.

Na avaliação de Salem, nenhum dos lados deve obter uma maioria muito ampla em caso de vitória, embora o grupo liderado pelo Hezbollah tenha maiores chances de formar a maioria.

"O apelo do Hezbollah aumentou, com uma forte coalizão baseada em alianças com vários grupos, incluindo cristãos", afirma.

Salem acrescenta, no entanto, que nenhum dos dois lados poderá governar sozinho. "No Líbano, um lado só governa em acordo com o outro, e eu só vejo um novo governo de união nacional como solução", diz o professor.

Para Paul Salem, o presidente Michel Suleiman - considerado neutro e confiável por ambos os lados - pode ter um papel decisivo para intermediar a criação de um novo governo.

"O Ocidente deveria encorajar a formação de um governo de coalizão, o que seria o melhor para a estabilidade do Líbano", sugere Salem.

O cientista político Hilal Khashan também espera que um governo de união nacional seja criado e que o 14 de Março não decida boicotar um possível governo liderado pelo Hezbollah.

"O 14 de março servirá muito mais aos interesses do Líbano, se participar de um governo mesmo como minoria", diz Khashan.

Hezbollah

No mês passado, declarações do vice-presidente americano, Joe Biden, indicaram que o futuro da ajuda dos Estados Unidos ao país vai depender do resultado das eleições deste domingo.

Em visita ao Líbano, Biden disse que os eleitores libaneses deveriam tomar cuidado com "sabotadores da paz", em uma referência velada ao Hezbollah.

Poucos dias depois, no entanto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que a comunidade internacional terá que reconhecer o resultado das eleições, seja qual for a coalizão vencedora.

"É importante que o resultado destas eleições seja reconhecido não apenas pela sociedade libanesa, mas também por todos que estão interessados no desenvolvimento contínuo e natural do Líbano como um Estado", disse Lavrov.

Na opinião de Paul Salem, diante de uma eventual vitória da coalizão liderada pelo Hezbollah, "os Estados Unidos e a comunidade internacional poderão reagir de forma exagerada".

"Haverá uma comparação de uma vitória democrática do Hezbollah com a tomada de poder feita pelo Hamas em Gaza, ou pelo Talebã em Islamabad (no Paquistão)", afirma.

Já Hilal Khashan avalia que outra consequência seria o aumento da tensão com Israel, diante da possibilidade de o grupo xiita utilizar sua chegada ao governo como um pretexto para se rearmar.

"O governo israelense poderia agir de forma precipitada e veria um governo do Hezbollah, apoiado por seus inimigos Irã e Síria, como uma ameaça à sua segurança", afirma Khashan.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090605_analisetariqebc.shtml

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Re: Eleições podem acentuar divisão política no Líbano
« Resposta #1 Online: 06 de Junho de 2009, 22:15:42 »
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Líbano escolhe entre Estados Unidos e Irã

No domingo, o Líbano decide se fica com o Ocidente ou com Irã. O país tem 10 mil km² e 4 milhões de habitantes dos quais 95% são árabes divididos em 17 religiões e seitas oficialmente reconhecidas, mas 59% são muçulmanos e 39% cristãos. Tais percentuais são fundamentais, pois deles resulta a institucionalização da divisão dos poderes.

Existem sunitas, xiitas, druzos até assírios e caldeus, uns poucos que restam de grandes impérios da antiguidade. Há disso no Oriente Médio. No mundo palestino ainda sobrevivem samaritanos. A formal divisão de funções e cargos foi o meio encontrado para tornar possível a coexistência, pondo fim a uma guerra civil de 25 anos em finais de 2008.

Há libaneses por todos os cantos. Todos os milhões de brasileiros de origem libanesa têm familiares na velha terra, único país árabe com um sistema democrático, mesmo considerando-se suas originais características. O único centro de liberdade de expressão no mundo árabe que, como quase todos os demais, acolhe população de palestinos aos quais nunca se concedeu direito algum de cidadania. São qualificados de refugiados para não abrirem mão do direito de retorno no caso de uma paz com Israel.

O país é pequeno e de grande importância. Das eleições parlamentares dependerá se continuará vinculado ao Ocidente, Estados Unidos e Europa, de onde recebe substancial assistência econômica e militar, ou se desta vez o eleitorado optará pelo Irã, com efeitos e influências por todo o Oriente Médio. Numa recente visita de um dia o vice-presidente americano, Joe Biden, foi pouco sutil ao declarar: “urge que o povo não opte pelos grupos radicais”.

Todos entenderam a sugestão: que não fizessem do Hezbollah, o Partido de Deus, o maior poder político. Qualificado de terrorista e ligado ao Irã, persa da seita xiita, cuja ambição é ser poder atômico e o maior do Oriente Médio, considera-se ameaça aos países árabes de maioria da seita tradicionalista sunita, a começar pelo Egito e pela Arábia sunita, aliados de americanos e europeus. E é ameaça direta à sobrevivência de Israel. O Líbano do Hezbollah perderá toda a assistência ocidental.

A eleição equivale a escolha do “bellwether”, a ovelha com sininho no pescoço ao qual todo o rebanho segue, como o efeito da banda de música que atrai a garotada, como na saída da banda de Ipanema no carnaval. A vitória do Hezbollah, mesmo por pequena margem, tenderia a inspirar outros povos. Sinalizando o crescimento da influência do Irã, tenderá a endurecer ainda mais as posições do Movimento Islâmico de Resistência Palestina, Hamas, complicando a questão israelense-palestina.

Terá repercussões por todo o mundo, por onde espalham-se simpatizantes do Hezbollah e implicará problemas de segurança. É sinal de crescente influência do Irã, cujas eleições terão lugar em poucos dias e nas quais o que acontecer no Líbano poderá influir a favor dos candidatos mais extremistas. Hamas e Hezbollah não reconhecem o direito de Israel de existir. O avanço do Hezbollah aumentará a influência da Irmandade Muçulmana egípcia, de oposição ao governo. O som do sininho vai muito longe.

http://ultimosegundo.ig.com.br/opiniao/nahum/2009/06/06/libano+escolhe+entre+estados+unidos+e+ira+6579922.html
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Entenda como serão as eleições no Líbano

Os libaneses vão às urnas neste domingo para eleger os novos representantes das 128 cadeiras do Parlamento do país. Segundo analistas, estas eleições podem ser decisivas para o futuro do Líbano e para o balanço de poder na região.

A coalizão 14 de Março (pró-Ocidente, que reúne os principais grupos sunitas, cristãos e drusos do país), atual maioria no Parlamento, enfrentará nas urnas o grupo 8 de Março, liderado pelo Hezbollah e que é apoiado por Síria e Irã.

O bloco que conquistar a maioria das cadeiras será o responsável por formar o novo governo libanês.

Pesquisas de opinião realizadas por universidades libanesas apontam uma pequena vantagem para a coalizão 8 de Março nas eleições.

A BBC preparou uma série de perguntas e respostas sobre como serão as eleições no Líbano neste domingo.

Quais são os antecedentes?
A coalizão 14 de Março conquistou, por uma pequena margem, a maioria das cadeiras do Parlamento nas eleições de 2005.

A vitória veio em meio a uma grande insatisfação popular contra a longa influência da Síria no Líbano, provocada pelo assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri.Os apoiadores de Hariri responsabilizaram a Síria pelo assassinato, embora o governo de Damasco tenha negado qualquer envolvimento.

Após as eleições, um longo impasse político entre a coalizão liderada pelo movimento 14 de Março e a oposição sobre a eleição de um novo presidente culminou, em maio de 2008, em conflitos violentos por todo país.

Depois de uma série de negociações infrutíferas e de episódios de violência, os dois grupos chegaram a um acordo após negociações na capital do Catar, Doha, que resultaram na formação de um governo de união nacional, com a oposição conquistando 11 dos 27 ministérios do país.

Como funciona o sistema eleitoral?
Os membros do Parlamento libanês são eleitos por meio de um sistema confessional. Por esse sistema, todos os grupos religiosos do país têm representação garantida na casa.

As 128 cadeiras do Parlamento são divididas de maneira igual entre muçulmanos e cristãos, com cada grupo ficando com 64 assentos (embora a proporção de cristãos na população tenha declinado desde que o sistema foi elaborado).

Pelo sistema, os muçulmanos sunitas têm 27 cadeiras, o mesmo número concedido aos muçulmanos xiitas. Os drusos têm direito a oito assentos e os alauítas (vertente distante dos xiitas), duas.

Entre os cristãos, 34 cadeiras são reservadas aos maronitas, 14 para os ortodoxos gregos, oito para católicos romanos, seis para devotos da Igreja Armênia, e duas para outras minorias cristãs.

Os parlamentares são eleitos para mandatos de quatro anos por 26 distritos eleitorais. Todos os libaneses acima de 21 anos têm o direito de votar, morem ou não no Líbano.

Embora os candidatos concorram contra outros de sua religião pelas cadeiras reservadas ao seu grupo em cada distrito, os eleitores podem votar em candidatos que não são de sua religião, em um sistema desenvolvido para evitar candidatos que defendam apenas os interesses de sua minoria.

O distrito eleitoral de Baabda, por exemplo, elege seis cadeiras, três para maronitas, duas para xiitas e uma para drusos (divisão que, de maneira geral, reflete a constituição confessional do distrito).

Neste distrito, todos os eleitores podem votar em seis candidatos, e os vencedores serão aqueles que conseguirem mais votos entre seu grupo confessional.

Críticos desse sistema afirmam que, no passado, ele estimulou a criação de "currais eleitorais", ou a divisão de uma zona com o objetivo de favorecer determinado partido.

Os limites dos distritos eleitorais foram alterados pelo Parlamento em setembro de 2008.

Quais são as alianças eleitorais que disputam?
A espinha dorsal da atual maioria no Parlamento, a coalizão 14 de Março, é composta majoritariamente pelo movimento sunita Futuro (Mustaqbal, em árabe), que é liderado por Saad Hariri, filho do ex-premiê assassinado Rafik Hariri.

A aliança também inclui o Partido Socialista Progressista, grupo druso liderado por Walid Jumblatt, o grupo cristão Forças Libanesas, liderado por Samir Geagea, o Partido Falangista cristão, assim como outros grupos menores.

A coalizão de oposição, conhecida como coalizão 8 de Março, é liderada pelo grupo xiita Hezbollah - apoiado pelo Irã - e o Amal, pró-Síria, e liderado pelo atual presidente do Parlamento, Nabih Birri.

Também fazem parte do bloco da oposição o cristão Movimento Patriótico Livre, liderado pelo antigo chefe do Exército, Michel Aoun, e dois partidos cristãos pró-Síria.

A eleição será livre?
Embora se espere que o processo eleitoral seja em geral justo, jornais libaneses têm feito denúncias de compra de votos pelos grandes partidos antes mesmo das eleições.

Milhões de dólares estariam sendo gastos para comprar votos ou para comprar passagens para que libaneses que morem no exterior cheguem ao país para votar.

Observadores da União Europeia, da Liga Árabe, da Fundação Carter e do governo turco acompanharão as eleições.

http://ultimosegundo.ig.com.br/bbc/2009/06/06/entenda+como+serao+as+eleicoes+no+libano+6574948.html

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Re: Eleições podem acentuar divisão política no Líbano
« Resposta #2 Online: 07 de Junho de 2009, 19:54:37 »
Se não me engano, o Hezbollah é considerado um grupo terrorista. Então se ganharem será muito ruim para o Líbano. Como eles têm um apelo bem grande entre a população, têm grandes chances. Tomara que os eleitores pensem nas últimas declarações do Barack Obama, na proposta dele de novas relações com o mundo árabe.
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Re: Eleições podem acentuar divisão política no Líbano
« Resposta #3 Online: 07 de Junho de 2009, 23:56:43 »
Coalizão governista declara vitória no Líbano

O líder governista Saad al-Hariri declarou que sua coalizão 14 de Março, apoiada pelo ocidente e contra a Síria, ganhou as eleições libanesas e a maioria no Parlamento do país.

A contagem de votos continua pela madrugada desta segunda-feira, mas alguns políticos do movimento rival 8 de Março, liderado pelo Hezbollah e apoiado por Síria e Irã, já admitiram a derrota através de declarações nas emissoras locais.

Hariri fez um discurso no início da madrugada parabenizando a coalizão governista pela vitória.

"Em minha opinião, sim, o 14 de Março voltará como a maioria", disse ele para as emissoras.

Mas muitos preferem esperar os resultados oficiais, inicialmente previstos para serem divulgados na madrugada, mas que foram remarcados para saírem no início da manhã.

Entretanto, analistas do país disseram que os resultados finais deverão mostrar uma diferença apertada.

Segundo eles, muitos distritos ainda não receberam as contagens e as eleições deverão ser decididas pelos cristãos do país, uma comunidade dividida entre os que apoiam governistas ou oposição.

Divisão

Candidatos disputam 128 cadeiras no Parlamento, divididos em 64 vagas para cristãos e 64 para muçulmanos.

Segundo os resultados preliminares 68 cadeiras deverão ir para os governistas, enquanto que o Hezbollah e seus aliados ficariam com 57 assentos no parlamento, além de outras três cadeiras para candidatos independentes.

O grupo xiita declarou que ainda esperava pela contagem de outros distritos e que não estava preocupado com uma eventual derrota no pleito. No entanto, um político importante, próximo à ao bloco liderado pelo Hezbollah já teria admitido a derrota em declaração a jornalistas.

De acordo com o próprio Hezbollah, o partido elegeu todos os 11 candidatos que disputaram as eleições.

Governo de união

A votação terminou às 19 horas horário local (13 horas, horário de Brasília). Cerca de 3 milhões de eleitores estavam aptos a votar, mas o comparecimento ficou em 52% de votantes, um aumento de 20% em comparação às eleições de 2005, de acordo com o ministro do Interior, Ziad Baroud.

O governo colocou em torno de 50 mil soldados e policiais pelo país para prevenir violência, mas não houve maiores incidentes.

Mesmo com uma vitória do 14 de Março, analistas acreditam que haverá a formação de um governo de união nacional que agregasse as principais forças políticas da oposição.

O 14 de Março recebe apoio dos Estados Unidos, que temiam um governo libanês controlado pelo Hezbollah, que consta na lista americana como grupo terrorista.

A atual maioria governista chegou ao poder em 2005, depois do assassinato do ex-premiê Rafik al-Hariri, pai do atual líder Saad al-Hariri, em um atentado à bomba em Beirute.

A Síria foi acusada de ordenar a morte de Hariri e a pressão da comunidade internacional forçou os sírios a retirar suas tropas do Líbano depois de 29 anos de presença militar no país.

O governo sírio sempre negou veementemente qualquer envolvimento no atentado contra Hariri.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/06/090607_libanoatualizafn.shtml

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